Amarelo- Lírio e Fogo Azul

Capítulo 18- Zero


Zero

Depois que recebemos a notícia da explosão, ficamos o resto do dia no quarto, anestesiados. Alice ficou lá sentada, mexendo no celular. Eros voltou a dormir. Não falamos uma palavra. Quando acordou, Eros vomitou novamente. Aparentemente, ele não era muito bom com remédios.

Ou com se sentir responsável pela morte de outras pessoas.

No outro dia, Eros realmente ainda parecia estar com raiva de mim. Mas era uma raiva diferente- como se ele não tivesse energia para interpretar o Eros furioso e agressivo que jogava indiretas pelo ar. Era uma raiva dolorida e silenciosa, o tipo de raiva que fazia Eros evitar meu olhar e se encolher um pouco mais do normal.

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Eu odiava aquilo. Odiava não conseguir me comunicar ou me entender, e quanto mais eu pensava que tinha magoado ele, mais eu queria me afastar para não magoá-lo novamente.

Entretanto, com Eros ali, do meu lado- do outro lado do quarto- eu me sentia cada vez mais tentado a tentar esclarecer as coisas. Não sabia bem esclarecer o quê, mas o que quer que fosse necessário para voltarmos ao normal.

Ao menos o máximo de normal que conseguirmos.

Eu estava tomando coragem para o chamar, quando Hugo entrou no quarto, e logo depois bateu na porta como se já não tivesse entrado.

Eros desenhava algo em seu caderno, e o ignorou, como se não estivesse vendo ou ouvindo o irmão.

Observei Hugo atentamente, com raiva, o cabelo raspado que estava começando a crescer e o uniforme dos professores. Eu odiava admitir, mas ele se parecia muito com Eros. Na verdade, todos os irmãos se pareciam.

Hugo ficou ali parado até que o ódio de Eros falasse mais alto.

—O que foi? — Eros finalmente cedeu. — Você não pode simplesmente entrar nos dormitórios assim.

—Tecnicamente, eu posso.

Mantive meus olhos fixos em Hugo. Desde que o carro quebrou, eu estive suspeitando dele. Ele pareceu perceber meu olhar atento, porque desviou o olhar de Eros por meio segundo e me analisou.

Parecia cansado. Eu esperava que Hugo estivesse qualquer coisa menos feliz, principalmente depois de ele ter decidido que eu ser amigo de Eros era motivo o suficiente para começar a me tratar mal nas aulas.

O que você quer? — Eros repetiu.

—Eu, nada — falou. Um aluno passou pelo corredor e Hugo olhou para trás, assustado. — Papai só queria saber se você tem algo a ver com o incêndio no prédio.

Senti que Eros ficou tenso, mas ele era um ótimo mentiroso. E, tecnicamente, ele não tinha nada a ver com o incêndio em si.

—Sim, claro. Eu coloquei fogo lá, não é óbvio? — ironizou, revirando os olhos.

Todas as vezes que Eros e Hugo conversavam, a conversava terminava sempre no mesmo ponto: Wendy.

Eu estava esperando algo como: "sim, espero qualquer coisa de você depois do que fez com a Wendy" ou variáveis.

Ao invés disso, Hugo observou o irmão por mais alguns segundos, com o olhar raivoso. Ele virou as costas e começou a mexer nas coisas de Eros.

Eros levantou da cama rapidamente, como se estivesse pronto para socar o irmão. Ele puxou um pincel da mão de Hugo, e eu vi que se encolheu um pouco ao mover o braço tão rapidamente.

—Será que dá para não mexer nas minhas coisas? — reclamou. — Você já falou o que queria — apontou para o lado de fora. — A saída é ali.

O irmão soltou uma risada irônica. Algo na forma como ele estava mantendo o tom baixo me assustava.

Hugo encarava Eros. Mais do que o normal. Como se...

Como se os dois não se vissem havia muito tempo.

—Então você não teve nada a ver com o incêndio? — repetiu.

Eros bufou, como um adolescente irritado. Ele sempre parecia um pouco mais novo quando algum dos irmãos o irritava.

—Eu já falei que não! Agora tchau.

—De qualquer forma... — falou, virando as costas — É melhor você tomar cuidado.

Parecia um aviso.

Não, não era isso.

Parecia uma ameaça.

Eros bateu a porta e deitou na cama, reclamando sozinho. Eu ainda estava parado, processando.

—Eros? — chamei. — Pensei que Hugo não ficasse aqui nos finais de semana.

—O quê? — falou.

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Repeti.

Eros deu de ombros.

—Eu sei lá o que ele faz ou não faz no final de semana — falou, irritado, e virou para o lado.

Será que Eros estava emocionalmente envolvido demais para perceber?

Respirei fundo. Eu nunca conseguia um bom momento para falar com ele e agora, além de toda a carga emocional não resolvida, eu precisaria tentar falar algo que ele certamente me acharia louco por pensar.

Já era de noite, e Eros dormiu. Ele normalmente não dormia fácil, mas achei que ainda estivesse cansado. Evitei fazer qualquer barulho, ciente de que qualquer coisa o acordaria.

Eu não tinha bem certeza do que era pior: o sono leve de Eros ou os pesadelos quando ele dormia de verdade. Eu me sentia tendo o pesadelo junto com ele pela forma que o garoto se revirava na cama, tremia e falava. Às vezes chorava sem nem mesmo acordar.

Deitei também, tentando me forçar a dormir. Mas, como de costume, eu nunca dormia. Não por mais de 20 minutos sem acordar desconfortável ou com dor.

Eros deveria saber disso. Eu sabia que ele sabia, que eu mal dormia. Então ele deveria estar muito desesperado ao tentar sair no meio da noite sem fazer barulho nenhum.

Ouvi barulho de um papel sendo amassado e ele levantando devagar. Pensei que fosse apenas ir no banheiro, ou algo assim.

Eu estava sem óculos, e a luz estava apagada, então tudo que consegui ver foi a porta se abrindo revelando a luminosidade e depois se fechando, bem devagar, como se estivesse evitando de fazer barulho.

Eros nunca escondia nada, não de propósito. Era o desgraçado mais descarado que eu já havia conhecido. E o mais irresponsável também.

Se Eros estava tentando esconder algo...

Coloquei meu óculos imediatamente, e sentei na cama assustado. Meus olhos conseguiram focar em Eros, sozinho, sumindo no final do corredor.

Acendi a luz e olhei para a pilha de papéis que Eros mantinha do lado da cama - desenhos amassados, embalagens que ele dizia que ia jogar no lixo depois, entre outras coisas que ele deveria ter se livrado fazia muito tempo.

Em cima das folhas de caderno amassadas, um papel bem menor se destacava. Deveria ter sido o que ouvi ele amassando.

Peguei e estiquei o papel nos meus dedos. Com letra cursiva, estava escrito:

Esquina da rua 5, depois da saída do estacionamento subterrâneo. 2 da manhã.

Olhei para o rellógio.

—Eu não acredito — murmurei.

Eros não poderia ter sido burro o suficiente para ter ido em direção ao que claramente uma armadilha. Não depois de quase ter sido morto. Não depois de o prédio que ele deveria ter estado ter pegado fogo.

Eu sabia que estavam tentando matar Eros - e eu, e Alice - e isso não me surpreendia, principalmente depois da escuta na sala de cinema.

Eu só não esperava que Eros iria andando até a morte certeira por vontade própria.

Saí correndo atrás dele. O amaldiçoei por me fazer correr, mas confiei que a adrenalina seria o suficiente para me impedir de desmaiar.

Felizmente, ele não estava muito longe. Eros andava tranquilamente, com calma, como se nada estivesse errado, o cabelo solto e uma calça de pijama combinando com uma blusa larga.

Eu quis o socar. Bem no meio da cara

—Ei! — gritei.

Ele virou para trás, assustado.

—Shh!

Olhou ao redor. Não queria acordar ninguém.

—Onde você está indo?

—Não grita! — respondeu, andando mais rápido.

Eu não conseguia o alcançar.

—Se você não me esperar, eu não consigo me comunicar a não ser gritando, Eros!

—Não! — falou, virando para trás. Agora era ele que estava gritando. — Volta para o quarto. Agora! Isso não é da sua conta!

Aquela intensidade estava de volta, mas dessa vez, eu sentia que estava sendo liberada. Que Eros estava explodindo. E eu também estava.

Você volta para o quarto! — gritei. — O que tem na sua cabeça? Eu vi o bilhete, Eros! O que você pensa que vai acontecer? Você vai acabar morto! — ele parou por um segundo ao ouvir a última frase, mas continuou. Me perguntei se havia ido longe demais, mas ele precisava ouvir. Aproveitei seu segundo de hesitação para correr até ele e segurar seu pulso. — Será que pode pensar por um segundo? Como você pode não ter percebido?

Eros virou para mim, de costas para o longo corredor que acabava na escada para o estacionamento.

Soltou minha mão de seu pulso com força, quase me fazendo perder o equilíbrio, mas não continuou andando.

—Como eu posso não ter percebido o quê? — gritou, aumentando o tom. Estávamos longe demais dos quartos para acordar alguém, mas ele parecia não se importar mais. — Que aquela porra de bilhete é uma armadilha? Quão burro você acha que eu sou? Você sempre faz isso! Me trata como se eu fosse estúpido!

Ele estava chorando. E gritando. Eu não conseguia decifrar sua expressão facial. Medo? Raiva? Desespero?

Lembrei de Hugo entrando em nosso quarto e aquele bilhete aparecendo lá magicamente. Da forma como toda sua postura estava diferente, forçada. Eu poderia jurar ter visto uma cicatriz nova.

Não. Eu tinha certeza, Hugo havia me dado aulas o suficiente para eu saber.

Aquele não era ele.

—Eros, não era o Hugo! Você não pode ir! Você esteve fugindo do Henrique por todo esse tempo desde que descobriu que ele foi visto por aqui, e agora ele simplesmente bate na sua porta para te chamar e você vai?

—Eu sei que é ele, Zero! Por que você acha que eu estou indo?

Eros começou a soluçar. Eu sentia que ele iria cair no chão a qualquer momento de tanto que chorava.

—Como... — sussurrou — como eu posso não ir? Como eu posso algum dia seguir em frente sabendo que eu tive a oportunidade de encarar aquele monstro na minha frente e deixei passar?

Senti que meus punhos estavam fechados. Eu estava com tanta raiva.

—Você acha que é o que? — perguntei, chegando mais perto. Eu era maior que Eros, e também nunca havia gritado assim com ele. Nunca havia gritado assim com ninguém. — Algum tipo de justiceiro ou algo do tipo? O que você acha que vai acontecer? Eros, você pode morrer!

Minha voz falhou assim que as últimas palavra saíram. Senti lágrimas escorrendo.

Ele deu um passo para trás, se afastando de mim.

—Eu não me importo! — gritou. — E quem é você para vir até aqui e fingir que se importa comigo?

Senti que teria sido melhor se ele simplesmente me socasse.

—Como você pode dizer isso? Você é... tudo que eu tenho! Você é a pessoa que eu mais me importo no mundo. Eros, eu... Eu não sei o que faria se acontecesse algo com você! — gritei, com raiva.

Ele olhou para baixo. Abaixou o tom de voz.

—Esse não me pareceu ser o caso algumas semanas atrás quando você simplesmente decidiu que cansou de mim.

—O quê? Eu nunca- eu- — gaguejei.

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Eros deu um passo para frente, olhando intensamente nos meus olhos como se só sua presença pudesse me ameaçar.

—E você sabe o que é pior, Zero? — murmurou. — Eu não poderia estar me fodendo menos sobre você corresponder meus sentimentos ou não. Mas você só me cortou da sua vida sem me falar uma palavra! Como se nada disso tivesse significado nada! Como se eu não tivesse significado nada! — ele estava ficando nervoso de novo. Voltando a gritar. Mas ainda chorava.

— Eu sou assim tão descartável? — susurrou. — Se você quisesse terminar isso, o que quer que isso seja, deveria ter pelo menos me avisado! Eu teria te dado todo o tempo do mundo para pensar, Yan. Todo o maldito tempo que você quisesse! Mas, se eu significava tão pouco para você, se eu entendi a situação tão errada assim... — Eros soluçou — então você deveria ter tido pelo menos a coragem de olhar nos meus olhos e me falar!

Senti que as lágrimas ainda escorriam pelo meu próprio rosto. Eu me sentia... anestesiado. Dopado.

Eros tremia como se estivesse se forçando a manter a postura apesar de estar chorando desesperadamente.

—Não... — sussurrei — Eros. Eros, não.

Não o quê?

—Você entendeu tudo errado — murmurei.

Ele me olhou com o mesmo olhar de decepção daquele dia no hospital.

—Eu sei.

Eros virou as costas, e eu rapidamente segurei seu braço.

Por que as palavras não poderiam simplesmente se organizar sozinhas?

—Não foi isso que eu quis dizer! O que eu quis dizer- o que eu quis dizer foi...

Ele olhava para mim como se esperasse que eu quebrasse seu coração.

Travei.

Palavras eram inúteis.

Desejei não ser tão covarde. Ou tão assustado, ou tão confuso. Desejei ser qualquer pessoa menos eu.

Entretanto, no meio de todas essas coisas que eu não poderia fazer, como me transformar numa pessoa completamente diferente, havia uma coisa que eu poderia fazer.

Que eu queria fazer.

Olhei para Eros, os cabelos loiros bagunçados, os cílios molhados com as lágrimas que ainda desciam, a forma como estava ali parado, me olhando, com tantos sentimentos no olhar que eu não conseguiria apontar um só.

Então fiz o que eu deveria ter feito há muito tempo: o beijei.

Eros me beijou de volta antes mesmo que nossos lábios se encostassem completamente. Coloquei minhas duas mãos no pescoço de Eros e o beijei com toda a raiva e o amor e o desespero que eu estava sentindo.

Meu coração batendo forte era o único som que eu conseguia ouvir. Senti as mãos de Eros nas minhas costas, se agarrando na minha camiseta. Era como se eu pudesse sentir cada átomo de nossos corpos, o meu e o dele. Como se fossemos feitos, não mais de matéria, mas de pura energia.

Ele apertou os braços ao meu redor, me puxando mais para perto. Eu conseguia sentir sua língua na minha, e suas lágrimas nas minhas lágrimas, e quis o segurar ali para sempre. Eu sentia que, se nos segurássemos forte o suficiente, nada mais importaria.

Nada mais precisava importar.

O beijo de Eros era intenso. Ou talvez nós que éramos intensos demais.

Por alguns segundos, e pela primeira vez em muito tempo, eu tive certeza. Eu tive certeza de tanta coisa.

Nos afastamos devagar e encostei minha testa na de Eros, as mãos segurando suas bochechas. Ele fechou os olhos.

Me afastei um pouco, para observar seu rosto, mas o mantive o mais perto possível.

—Eu sinto muito se te fiz sentir que eu não me importava com você — murmurei. Então tentei de novo. — Eu fui um babaca. Me desculpa. Eu não queria te magoar, mas...

Eros abriu os olhos, atento.

—Mas a verdade é que tenho medo do que sinto por você — continuei. — E eu sinto tantas coisas por você, Eros. Tantas coisas que eu nunca senti antes que eu fiz a única coisa que sabia fazer: fugir.

Passei minha mão pelos seus cabelos, e o puxei devagar para um abraço. Era a primeira vez que eu o abraçava- e digo eu abraçar ele. Todas as outras vezes, era sempre Eros passando os braços ao meu redor.

Eu sabia que ele odiava se sentir restringido, mas Eros se afundou no meu peito como se confiasse em mim mais do que qualquer coisa no mundo. Eu quis o manter ali para sempre, seguro, no meu abraço.

Mas, olhando para a porta do estacionamento que parecia ficar maior quanto mais eu pensava nela, eu sabia que não podia.

Abracei Eros forte, mas com cuidado. Como se fosse a última vez que fosse o ver.

Porque talvez fosse mesmo.

E nós dois sabíamos.

Ele se afastou devagar, olhando nos meus olhos como se pedisse desculpas.

Eu sabia que seria inútil, mas pedi de qualquer forma:

—Você não pode só... ficar aqui?

Eros segurou minha mão. Parecia uma despedida, mas eu não queria que fosse.

—Eu tenho que ir, Zero.

—Eu posso ir junto?

Ele negou com a cabeça.

—Eu preciso fazer isso sozinho.

Então Eros sorriu, e me deu um beijo na testa.

—Não me olha assim — pediu. — Eu vou voltar.

Ele se virou e saiu antes que eu pudesse falar qualquer coisa- e eu tinha muitas coisas para falar. Se eu não poderia ir junto, pelo menos queria ter certeza que Eros estaria seguro. Queria pedir para ele me deixar na linha, me dar sua localização, qualquer coisa para o manter o mais seguro possível.

Mas ele só saiu, antes que eu pudesse falar uma palavra.

Eu mal havia acabado de o beijar e já estava querendo o socar de novo.

E já sentia sua falta.

Peguei o celular e estava prestes a ligar para Eros- eu sabia que não conseguiria mais correr. Na verdade, estava tão sem ar depois de tanto tempo em pé que pensei que fosse desmaiar ali mesmo.

Sentei no chão, ofegante.

Eu estava tão preocupado com Eros que talvez deveria ter me preocupado um pouco mais comigo mesmo, não só porque ia desmaiar, mas também porque percebi, um pouco tarde demais, que as luzes de todas as câmeras de segurança na extensão do corredor estava desligada.

Ouvi passos.

Talvez a armadilha não fosse para o Eros, e sim para mim- com ele longe, eu era um alvo fácil.

Tentei levantar, e tudo girou. Me segurei na parede.

A única luz acesa do corredor se apagou, deixando tudo completamente escuro, e eu consegui ouvir a respiração e os passos, e sentir a presença de outra pessoa ali, em completo silêncio.

Fui jogado no chão com força antes que conseguisse identificar aonde a pessoa estava. Eu já estava desmaiando quando algo atingiu minha cabeça e eu perdi totalmente a consciência.

Quando acordei, ainda estava no escuro, mas não estava mais no corredor do Instituto. Eu não sabia bem onde estava, mas minhas mãos estavam amarradas e algo tampava minha boca.

Meu peito doía, e minha cabeça parecia latejar tão forte que mal consegui abrir os olhos.

A única coisa que passou pela minha mente era que eu ia morrer.

E que, pelo menos, eu havia tido tempo de falar para Eros o que sentia por ele.