Am I a Nerd?

Capítulo 10 - Staying Alone


PDV SAM PUCKETT

Acho que eu tinha muita coisa para esclarecer para mim mesma. O meu surto repentino em beber Vodca, aquilo não me faria bem e eu sabia disto. Não que eu nunca tivesse bebido, afinal sou uma Puckett, mas a única vez que ingeri uma dose de álcool foi no verão passado, quando decidi ir numa festa de arromba organizada por uma prima presidiária. Aquela foi a única vez, e não foi para esquecer problemas e sim para me divertir. Mas agora, era por causa de um amor errôneo, ou que, pelo menos, eu achasse que fosse.

Nunca fui muito poetisa ou romântica, mas no momento o Nerd era como uma onda violenta para mim, que todas as vezes que eu tentasse enfrentar, ele me derrubava. Não adianta o quão ágil eu seja, essa onda sempre irá me derrubar. Sabe aquele vento forte que vem do leste e forma enormes ondas? Esse é o amor, o próprio amor, que dá potência a “onda” do Freddie para que ele me derrube.

(***)

Depois que o Freddie saiu do quarto, eu continuei deitada. A força já não era muito minha amiga. Tanto força física como emocional. Olhei pela janela, entreaberta, e vi que ainda era tarde. Droga! O que eu estou fazendo aqui?

Joguei os cobertores, da Carly, para um lado e pisei bruscamente no piso gelado e senti um calafrio me percorrer. Procurei a pantufa debaixo da cama, mas só achei um imenso vazio. Então abri o closet e peguei uma meia de veludo, branca com detalhes em lilás.

– Onde pensa que vai? - Carly perguntou da porta com uma bandeja na mão.

–Ah tá um tédio aqui Carls! Vou descer para vê se tem algo na TV.

Ela colocou a bandeja sobre a cama e fechou a porta do quarto. Pensei em protestar, porém ela foi mais ágil em me puxar para a cama:

–Sente-se aí! Você precisa comer! - mexeu a colher dentro da sopa, como se esfriasse para uma criancinha de dois anos – Que ideia é essa Sam? Beber?

–Eu já falei que não vai acontecer de novo Shay! - enfiei, de uma vez, a colher na boca – Até porque eu tenho meus motivos.

–Freddie! - ela confirmou para se mesma – Olha Sam, ele está sofrendo tanto como você...mas nem por isto sai por aí bebendo Vodca.

Talvez ela tenha razão. O Freddie pode ter ido a balada e ingerido alguns goles, mas não foi encontrado caído no chão com uma garrafa do lado. Ele voltou “consciente” para casa.

Pendi a cabeça para trás, grunhindo de raiva e soltei a colher na tigela.

–Eu ainda o amo, tá legal!? - levantei – Mas eu não quero namorar um Nerd idiota, igual ele é.

Carly levantou-se logo em seguida e segurou meus ombros.-Você gosta do lado Nerd dele Sam.

–Eu não gosto Carly! Não gosto!

Tirei as mãos dela do meu ombro e sai do quarto. Eu precisava de um tempo sozinha, mesmo que eu necessitava, de uma maneira louca, o calor dele. Então segui para o único lugar isolado daquela casa. O sótão. Sim, lá é cheio de tralhas mas, pelo menos, estarei sozinha comigo mesma.

Abri a porta, que rangia de um jeito assombrante, e acendi as luzes. Do mesmo jeito de sempre, caixas velhas, computadores estragados, tralhas do Spencer e até algumas esculturas exóticas.

Fechei a porta atrás de mim e corri os olhos procurando algo para me sentar. Achei dois pufs, um roxo e vermelho, então me joguei no roxo e fiquei olhando para o nada.

Mesmo que a Carly possa ter dito que beber não vai resolver, eu desejava ter uma garrafa de gym bem aqui nas minhas mãos. Talvez isto me animasse.

Minha vida se tornou muito melancólica desde aquele acontecido com o Benson e só agora eu percebi que era ele que fazia minha vida mais colorida.

–Sam, posso entrar?- Estremeci com a voz que vinha da porta, mas me aliviei quando vi que era o Freddie. Não foi um alívio por inteiro, mas enfim.

–O que está fazendo aqui? - perguntei ríspida, enquanto ele permanecia apoiado na porta.

–Eu precisava de um lugar para ficar sozinho, mas vejo que alguém chegou primeiro.

Se era para rir, ou não, eu acabei sorrindo disfarçadamente. Era uma recaída?

Não sei se permiti, mas ele acabou entrando de qualquer forma e se jogou no puf ao meu lado (o vermelho). O seu perfume passou, como num suave vento , e me permiti aspirar um pouco.

–Você lembra... - ele analisou o local, com um pequeno sorriso, e depois voltou-se para meu rosto - ...quando nós vínhamos para cá, quando queríamos nos beijar sem que ninguém visse?

Eu tinha uma expressão fechada, tentando, ao máximo, me manter rígida, mas eu não conseguia.

–E nós – ele prosseguiu – ficávamos aqui até...sei lá...até a Carly vim atrás de nós, estérica e gritando. Você sempre corava quando ela falava que não podíamos ficar nos “agarrando” o tempo todo.

Ele sorriu pelo nariz.

–Irônico! Ela nos junta e depois reclama.

Eu continuava calada, talvez porque se eu abrisse a boca sairia o que não devia, então preferi ficar olhando para uma caixa velha enquanto ele contava o nosso “Sweet Past”.

Ele se calou por um segundo e coçou os cabelos. Vi que ele ainda usava o anel.

–Por que ainda usa esse anel?

–Me diz você!

Eu já prepara um soco para mete-lhe no nariz, pela má resposta, mas ele voltou a me analisar.

–Você lembra o que eu te disse no dia em que te dei esse anel?

Eu não queria lembrar daquelas palavras, porque elas foram tão verdadeiras e claras, que se eu as confirmasse era como me entregar como culpada. Mas eu as disse com uma voz oscilante:

–Você disse que...que...não me amava com todo seu coração porque ele vai parar de bater, mas...com toda sua alma, porque...porque ela é perpétua e que ninguém nunca vai poder mudar isto em você.

–Por isso que eu não tiro esse anel Sam, eu não quero me esquecer de você nunca e mesmo se eu tivesse uma amnésia agora...a ultima coisa que ia sucumbir da minha memória, ia ser você.

Ele me olhou por mais alguns instantes, mas logo enfiou as mãos no bolso se levantando e eu repeti o ato.

–Mas você não quer um namorado Nerd né? Fica tranquila, você não terá!

Ele segurou minhas mãos e tocou meu pescoço com seus lábios quentes e deu beijo singelo. E saiu.

E por um momento eu achei que ele tinha desistido de mim.