Eu já estava cansada de ficar presa naquela cela e minhas costas doíam de tanto estar sentada. Susana resmungava a todo momento de cansaço e tédio, e eu ficava cada vez mais irritada com isso. Minutos pareciam horas e horas pareciam dias, afinal quanto tempo já estou aqui? pensei.

Me joguei no chão frio e acabei dormindo, porém não sonhei com nada naquela noite, mas às vezes eu acordava e ficava pensando em Logan e onde ele poderia estar naquele momento.

Dormi como uma pedra e acordei como uma... Louca gritando, e claro que o motivo disso era óbvio: Susana.

– Loirooo! Eu to com sede! - Susana gritou alto e de repente, quase morri pensando que era algum tipo de invasão.

– Sua louca! Que susto! Precisa gritar assim! - Agora era eu quem gritava, pois se tem uma coisa que odeio é ser acordada aos gritos.

– Ai eu to com sede Astrid! - Ela fez uma voz de choro - Pede pro seu elfo trazer água aqui!

– O que? Meu elfo? Ficou doida? - Ralhei com Susana demonstrando raiva na voz, afinal além de acordar no susto tinha que ouvir as piadinhas dela.

Passou-se alguns minutos e uma elfa de longos cabelos negros apareceu com uma bandeja de frutas e água.

– Obrigada! - Susana a agradeceu afoita - Você vai nos tirar daqui?

– Não! Eu apenas vim trazer a comida como o rei me ordenou. - Ela respondeu com um tom suave e ao mesmo tempo sério.

– Quero sair daqui! - Susana começou a chorar.

– Já é noite? - Indaguei a elfa, afinal aquela cela era escura e a luz que havia do lado de fora mal iluminava lá dentro.

– Sim! - Ela me olhou seriamente, porém mantinha um sorriso discreto.

A elfa não falou mais nada, apenas me entregou a comida e a água e eu a agradeci. Depois se retirou e novamente Susana e eu estávamos sozinhas.

Após terminar minha refeição que no momento era baseada apenas de frutas e legumes, eu voltei a dormir.

Acordei com um barulho de portas se abrindo, então me levantei aos pulos e percebi que era Légolas quem abria as celas pedindo para que nós o acompanhássemos.

– Finalmente você vai nos salvar loiro! - Susana já estava tendo seus ataques de euforia.

– Thranduil quer conversar com você! - Ele olhou para mim sério enquanto eu saia da cela.

–Thrantuin?Quem é? - Perguntei confusa, pois não conhecia tal nome.

– É Thranduil - Ele me corrigiu educadamente - Ele é o rei.

– De novo? Ele vai roubar o que agora? Minhas botas? Meu colar? - Eu encarava Légolas como se ele também fosse culpado. E era realmente , ele entregou meu arco para aquele elfo, que mais parecia uma estátua de mármore brilhante quando fica no sol.

– E eu? - Questionou Susana desesperada - Não vou com ela?

– Não! Lori vai te acompanhar! - Légolas apontou para a elfa que havia nos trazido comida noite passada.

– Vamos! - Ela pegou Susana pelo braço e a levou para outro corredor.

_ Espero que me leve para um quarto bem arrumado, confortável e que tenha banheiro - A garota disse entojada.

_ Claro senhorita! Terá tudo isso não se preocupe! - A elfa falou com tanta paciência que me surpreendi, como que alguem poderia aguentar Susana assim.

Segui Légolas até o trono do rei. No caminho senti uma dor no pé direito onde a aranha havia agarrado, ignorei e continuei mesmo que contra minha vontade.

– Ada! - Légolas chamou o rei e eu fechei a cara quando percebi que ele me observava.

– Pode ir! Nos deixem a sós! - Thranduil disse inexpressivo arqueando uma das sobrancelhas, então Légolas assentiu e se retirou.

– Me conte sobre este colar! - Ele se levantou do trono e foi descendo as escadas até ficar frente a frente comigo.

– Ele me foi dado! - Respondi seriamente encarando-o, mas senti a pressão dos olhos dele em mim e logo baixei o olhar para o chão.

– Por quem? - Ele levantou meu rosto para que eu o olhasse, e pude perceber que os olhos dele eram de um azul muito cristalino, assim como os de Légolas.

– Meu tio! Logan! - Abaixei a cabeça e fiquei mirando o chão.

– Logan? Tem certeza? - Ele pareceu duvidar e ficou pensativo.

– Acha que sou o que? Mentirosa? Como eu poderia mentir depois de passar por poucas e boas... - Encarei ele com firmeza demonstrando minha raiva.

– Você é muito ousada! - Ele se virou de costas e cruzou os braços.

– Você é muito chato! - Rebati - Vai querer roubar meu colar!

– Eu não quero roubá-lo! - Ele me encarou novamente - Apenas quero saber mais sobre ele.

– Porque? É só um colar comum! - Elevei um pouco mais meu tom de voz.

– Não é o que parece! Esse é um pingente élfico! - Thranduil se aproximou de mim e segurou o pingente nas mãos. - Me acompanhe! - O elfo começou a caminhar.

– Aonde vamos? - Perguntei confusa e comecei a segui-lo.

– Vamos falar com Fahir! - Disse sério e indiferente quanto as minhas perguntas.

– Quem é esse Fahir? - Indaguei ainda curiosa.

– Um de nossos Sábios! - Thranduil respondeu um pouco impaciente.

– E pra que vam... - Eu ia fazer outra pergunta, mas acabei tropeçando em um degrau justo com o pé machucado.

– Ai... meu pé droga! - Eu estava sentada no chão e segurava o pé com força tentando controlar a dor. Thranduil se virou e ofereceu a mão para que eu me levantasse.

– Espere... - Eu tirei minha bota e vi que o machucado estava em carne viva - Trinquei os dentes ao sentir meu pé arder.

Ele olhou para o ferimento e continuou andando devagar, então me levantei rápido apoiando o peso no pé esquerdo e carregando as botas nas mãos.

Passamos por muitas passarelas e escadas até chegarmos em um grande salão com duas portas. Thranduil abriu a da esquerda.

Era uma grande sala de cura, pois havia algumas prateleiras com ervas, bandagens, alguns livros e também muitos leitos distribuídos em duas fileiras.

Havia uma elfa com longos cabelos castanhos e olhos verdes. Ela e o rei trocaram algumas palavras em élfico, depois ela me puxou pelo braço e me fez sentar em uma cadeira.

– O que vai fazer? - Perguntei assustada com o movimento brusco da elfa.

– Vou curar esse ferimento! - Ela sorriu e apontou para o meu pé.

A elfa pegou algumas ervas e colocou em cima do machucado. Murmurou algumas palavras que eu não fazia ideia do era e ,de repente, senti meu pé formigar e a dor sumir.

– Ah Obrigada! E Que coisa é essa? - Perguntei arregalando os olhos, fazendo com que a elfa sorrisse com minha expressão.

– Isso minha jovem é Medicina élfica! - Ela me respondeu e me ajudou a calçar as botas.
– Obrigado Arya! - Thranduil a agradeceu e ela assentiu.

O elfo se retirou majestosamente e me coloquei a segui-lo antes que o perdesse de vista, além do mais eu estava extremamente curiosa e ansiosa para o que estava por vir. Afinal que tantos segredos há com relação a minha pessoa?