Lisa fazia uma curva quando, o agente perguntou:

-Então, você e o seu amigo...

-Não rola nada,foi só o calor do momento, sabe?

-Sei, então. Eu ainda não tive tempo de te fazer aquelas perguntas e ... - ele foi interrompido por uma cantada dos pneus. -Vem cá, você não fez auto-escola não?

-Ah, é que eu costumo voar, enquanto estou dirigindo. É uma coisa normal. Deve ser por isso que o John nuca me deixa dirigir quando ele está no carro comigo.

-Ah, então por que você está dirigindo agora?

-Por que eu gosto, apesar de nunca saber onde estou.

-Como assim, nunca saber onde está? Você se perde?

-Não. -ela riu. -É que eu leio muito. Principalmente os livros de mitologia grega. E sempre quis escrever um livro sobre isso, mas nunca tive a oportunidade. Por isso fico imaginando histórias e personagens,para quando tiver o meu livro. Em todos os lugares. E isso me deixa meio sem direção.

-Ah, você quis dizer sem noção.

-Não eu quis dizer sem direção mesmo. Normalmente, começo a voar e aí não sei onde eu estou. Fico literalmente sem direção.

-Ah. Mas consegue pelo menos dirigir?

-Sim, eu... -ela foi interrompida por uma cantada de pneus.

-Tô vendo.

-Na verdade se eu nunca tivesse começado a ler mitologia grega, eu dirigiria muito bem. Eu era a melhor da minha turma.

-Hum. Vamos voltar para o seu pai, ok?- O outro agente perguntou interveio.

-OK.

-Do que você se lembra dele?

-Apenas lembranças, sensações, nada mais.

-Hum, lembranças de que?

-Não são bem lembranças, são só sentimentos que aconteceram naquela hora, entendeu?

-Sim, eu entendo. -o outro agente interveio.

-Vem cá, seu amigo aí, é meio caladinho, né? Qual é o seu nome?

-Carlos.

-E o dele?

-Kendall.

-Hum, nome legal.

-Obrigada. - Kendall disse.

-Você tem alguma foto ou lembrança sobre a aparência física dele?

-Não. Na verdade não sei absolutamente nada dele. Acabei de descobrir que o sobrenome era dele.

-Hum. Gostaria de ver?

-O que?

-Seu pai. Gostaria de ver uma foto de seu pai?

-Claro, eu adoraria. -disse Lisa empolgada.

Lisa parou o carro em uma esquina. Carlos tirou um papel de sua bolsa,e a entregou. No papel, havia uma foto de Philipe Stone, seu pai, e também continha algumas informações sobre ele. Philipe era um cidadão comum, como qualquer outro. De acordo com o papel não era casado ou possuia filhos. Lisa pareceu surpresa mas não falou nada.

Ligou o carro, e deu a partida. O carro começou a andar. Kendall começou a olhar para o relógio em seu pulso, frequentemente.

-Ah, senhorita Stone? -Kendall falou com timidez.

-Sim, caladinho? - disse Lisa caçoando da frequência em que Kendall falava.

-Poderia andar mais rápido? Nós estamos atrasados. -Kendall disse baixinho.

Lisa respirou fundo e acelerou.

-Aonde fica a delegacia mesmo?

-Á algumas quadras daqui. Na rua Belcon, 1943.

-OK.

Eles já estavam chegando mas ninguém falou mais nada. Quer dizer, exceto Kendall que agora cantava músicas que ouvia em seu MP3. Lisa ligou o rádio na frequência da polícia.

-E agora uma notícia direto da DOL (delegacia oficial de Londres). Localizada na rua Belcon, 1943.-o locutor começou a falar. - Vocês lembram daquele assassinato da semana passada? Foi encontrada a filha perdida da vítima, Lisa Stone. E eles já tem um suspeito. E... -Lisa desligou o rádio antes que o locutor pudesse continuar.

Ninguém falou mais nada até chegarem à delegacia. Lisa abriu a porta do carro e logo os outros dois agentes. Ela encostou na porta do carro para fechá-la, mas Kendall fechou a porta para ela. Lisa estava tão concentrada que nem se deu ao trabalho de sorrir. Mas ele sorriu mesmo assim.

Eles subiram as escadinhas da porta da frente, e entraram. O detector de metais logo aptou, e Lisa deixou sua bolsa no guarda-volumes. Eles entraram. O lugar era estranho para ela apesar de já ter o visitado, quando sua irmã adotiva batera o carro. O lugar não lhe trazia boas lembranças. Sua irmã tivera de pagar caro pelos danos do carro na época que visitou a delegacia. Ela tentou se acalmar, e se concentrar. O lugar era um ambiente normal. Nada de pessoas correndo, policiais aprisionando ladrões, chamados urgentes pelo rádio, como nos filmes. Apenas várias mesas de trabalho, com homens uniformizados sentados. Algumas mulheres também. Também não como nos filmes, a maioria dos policiais não era o galã, eram apenas homens sentados a mexer em seus computadores. Também, nada de rosquinhas. Nenhum dos funcionários comia nada. Apenas trabalhavam como todo mundo.

Carlos e Kendall cumprimentaram a todos. Lisa só sorria e fingia que aquilo era uma situação normal para ela. Carlos chegou em frente a uma mesa.

-E aí, cara! Como vai?

-Tudo bem, né cara, e com você?

-Também.

-Então em que posso ajudá-lo hoje?

-Eu apenas gostaria de marcar uma reunião com a “chefa”.

-Com a “chefa”, hum. Deixe-me ver. É muito urgente?

-Mais ou menos, a dama aqui está envolvida no caso nº 4561.

-Ah. Então acho que talvez possa apressá-los. E quem é a cidadã que está com vocês?

-Coronel Pena,está é Lisa...

-Lisa Stone, senhor. - ela o interrompeu. - Sou a fi...

-Filha da vítima. -uma das policiais interveio. -Não se preocupe querida, eu vou dar um jeito de arrumar uma reunião rapidinho para você, ok? Vai poder sair rapidinho.

-Ah... -Lisa checou a placa com o nome da mulher. -Sargenta Lôran. É assim que se fala? Sargenta Lôran?

-Sargento Lôran. Minha família tem origens alemãs.

-Ah. Legal. E qual é o seu primeiro nome?

-Sargento. Você não está pensando em revelar seu nome completo à um estranho, está? Isto seria completamente irresponsável. -interveio o Coronel.

-Homens... -Lisa fez um comentário.

-É Camille. Camille Rebecca Lôran, para ser mais especifica. Mas eu não uso muito o nome do meio.

-O meu é Wade. Kendall Wade Livgns. - interveio Kendall.

-Agora marque a reunião mais rápida possível para estas senhoritas.

Lisa riu.

-Muito engraçadinho, não é sargento? -Carlos a corrigiu.

-Estou tentando ser legal com esta cidadã. E parece que eu sou a única. Não zombe de minhas piadas. Ela riu não é? Então ria. Ah,falando nisso, voltem à seus postos. - a sargenta pareceu brava.

-Já estamos em nossos postos. -Kendall disse.

-Seus postos oficiais, meus senhores. - Respondeu Lôran.

-Você não pode fazer isso sargenta, nós estamos oficialmente neste caso.

-Não. Não estão. Só foram encarregados de ir até a casa da cidadã, e trazê-la aqui. Nada mais que isso. Estão dispensados. Eu assumo daqui. -A sargenta os mandou.

-Agora sargento, volte à seu posto oficial, EU assumo daqui. - o Coronel interveio.

-Ah, é mesmo?Tem certeza? Quem é você para me mandar voltar a meu posto? -a sargento se impôs.

O coronel se levantou.

-Eu sou seu superior. -seu tom de voz ficou mais grosso.

-Ah, claro, meu senhor. Desculpe por NÃO ACEITAR ORDENS DE HOMENS. -seu tom de voz ficou anda mais alto e mais grosso do que o do coronel. -mas deixemos que a jovem decida, certo? -ela olhou fixamente para os olhos de Pena, com um olhar nada submisso. - Então, minha jovem, quem você quer que te acompanhe? - ela disse isso com um tom suave e leve, e seu olhar para Lisa foi de total amor. Um olhar tão reconfortante,que você poderia dormir nele se ela olhasse para você por mais de dois minutos daquele jeito.

-Eu... -Lisa pareceu estar pensativa e distraída com aquilo tudo, mas respondeu. -É... Com a sargenta Lôran. -ela disse baixinho.

-Com quem? - o coronel perguntou.

-Com a sargenta senhor coronel, senhor.

-Tudo bem. -ele respirou fundo. Não era a primeira vez que ele perdia uma discussão para uma mulher e muito menos para aquela mulher. -Podem se sentar ali.

-Ah, e não se esqueça de agendar o horário para a jovem. -ela o lembrou.

-Pode deixar.

As duas se sentaram na sala de espera, que eram várias cadeiras juntas ao lado da mesa do coronel Pena.

-Então querida. Você já tinha visto seu pai antes?

-Não, é a primeira vez que eu vejo ele. Na verdade é a primeira vez que eu vejo alguma coisa dele.

-E não se lembra de nada?

-Não.

-Deve ter sido horrível para você crescer sem seu pais biológicos.

-Que isso. Meus pais adotivos são muito bons. Amo eles mais do que os biológicos. Sempre penso que, não importa o sangue ele sempre serão meus pais biológicos. - Ela sorriu. Então como toda as jovens, Lisa não aguentou tanta pressão. Tantas informações vindo de um vez só.

Uma lágrima ecorreu em seu rosto. Ela o limpou com a ponta do casaco.

-Ah, querida. Seu pai era um bom homem. Eu o conheci uma vez.

-Sério? Você conheceu meu pai?

-Sim. Uma vez quando uma garota bateu o carro, junto com sua irmãzinha de apenas quatro anos. Ele veio ver a garotinha menor. Ele disse que aquela garota tinha uma coisa que ele amava.

-Isto é sério?Ele disse que ela tinha uma coisa que ele amava? O que?

-Ele não disse o que. Na verdade só disse isso por que nós perguntamos à ele, por que estava a vigiar a garotinha.

Outra lágrima escorreu em seu rosto. E junto com ela vieram várias.

-Ah querida. -ela a abraçou.

Lisa pensou um pouco e então se levantou.

-Ei espere! Alguém viu ele mais uma vez?

-Claro, querida! Ele era um homem comum, como qualquer outro.

-Sério, quando, quem , onde?

-Ei! Nós entrevistamos alguns conhecidos deles. Vizinhos, amigos, pessoas que pegavam o metrô com ele.

-E... - Lisa ficou curiosa.

-Nós temos uma lista com os útimos lugares e datas que ele foi visto.

-Ai meu deus! Sério? -ela se empolgou.

-Ya, ya, ya! Nós temos!

-Então será que eu podia,você sabe, dar uma olhadinha?

-Claro, vou pegá-la para você.

-Ok.

Lôran se levantou e foi até uma salinha ao lado. Lisa estava ansiosa para descobrir mais coisas. Começou a obsevar bem o lugar algo dizia à ela,que ela iria visitá-lo muito um dia. Ela se virou para trás,para checar o que tinha lá. Ao se virar, notou que Kendall e Carlos estavam olhando fixamente para ela e conversando sobre alguma coisa. Pareciam estar muito interessados em observá-la. Ao ver que ela tinha notado os dois se viraram e voltaram ao trabalho. Lisa ficou sozinha na sala esperando, a sargenta chegar com a lista que tanto lhe interessara. Ela se distraiu facilmente e depois de alguns minutos Camille Rebecca chegou com uma pasta, e seu sentou ao seu lado.

-Aqui está querida.

Lisa pegou a pasta de suas mãos.

-Obrigada.

-Você quer que eu saia, meu bem?

-Acho que eu ficaria mais a vontade para fuçar na sua pasta.

Elas riram de seu comentário. A sargenta já estava saindo quando Lisa interveio.

-Ei Camille!

-Sim? -ela se virou.

-Obrigada. Por tudo. Obrigada mesmo.

Camille respondeu com um simples sorriso. Depois saiu da sala. Entrou em sua salinha, e voltou a trabalhar em seu trabalho do dia-a-dia.