P.O.V Emily

No dia seguinte do passeio, Rachel me contou que haveria um baile, mas parecido com uma festa no dia seguinte, eu não entendi muito bem a comemoração, mas seria algo mais por motivos políticos do que comemorativos mesmo. Até entendo, isso faz parte.

Todos estavam convidados, todos que moravam no castelo, inclusive a mim e Brianna claro, que não ficou muito entusiasmada pois teria que usar saltinhos de novo. Mas a lembrei que Erick é príncipe e ele tem o dever de estar na festa, e que ela poderia dançar com ele, e só assim consegui animá-la.

Passamos o dia andando por Asgard, conhecendo alguns pontos que ainda não havíamos visitado, e assim, tendo noção de quão grande Asgard era e tão bela é. Nunca me canso de dizer isso. Nada se compara a beleza de Asgard, nem Midgard.

O dia foi exaustivo, mas ao jantar à noite, percebi que Loki quis jantar bem na ponta, distante de mim e todo o resto, longe de pessoas que se importavam com ele. Segundo Thor, Loki teria que jantar por causa de uma conversa com generais, que sempre jantavam na ponta, nunca no meio como a gente.

Brianna, mais uma vez, foi para a cama me contando como Erick a olhou, ou sobre o quê conversaram, ou como ele a tocou nas mãos, minha filha estava tão apaixonada que não se dava conta que era justamente o comportamento que ela tanto reclamava por causa da Hannah quando se apaixonou pela primeira vez, que foi bem parecido.

No dia seguinte, o dia de baile, Rachel chegou nos conduzindo os tropeços de tanto sono até o Salão das Mulheres, um lugar que eu não sabia que existia, mas que, como o nome já falava, era exclusivo para mulheres, onde poderíamos conversar a vontade, nos arrumar à vontade e nenhum homem poderia interromper ou entrar, somente o rei, que estaria muito ocupado hoje de qualquer forma.

Algumas empregadas levaram nosso café da manhã, mordisquei alguns pedaços de frutas enquanto meu cabelo era hidratado ao extremo, minha pele massageada da cabeça aos pés, e minhas unhas feitas. Brianna estava fazendo a mesma coisa, porém, radicalizando, alguma coisa sobre o cabelo, eu não sei, ela havia falado de boca cheia.

O almoço também foi feito dentro do salão, que não era nada parecido com salões de beleza de Midgard. Eu poderia descrever mais como um quarto enorme, porém com algumas cadeiras acolchoadas e várias banheiras instaladas no chão. Pensando bem, parecia mais um SPA. Também haviam robustos guarda-roupas, onde provavelmente escolheremos nossos vestidos.

No final da tarde, eu já perdi a conta de quantas vezes uma criada cuidou de mim e meus cabelos hoje. Mas valeu a pena. Meu cabelo estava impecável, minhas unhas perfeitas, e minha pele tão macia que mais parecia seda. Me olhei no espelho e quase não reconheci a pessoa que estava no reflexo.

Meu cabelo agora tem uma franja lateral, o que não sou muito fã. Mas o penteado me fez esquecer o meu gosto por franjas. Absolutamente perfeito, cada fio no seu lugar, além do brilho extraordinário. Um coque alto preso por grampos com alguns fios em cachos soltos, num charme incrível.

E enquanto eu admirava as minhas unhas pintadas em vermelho escarlate, Rachel me chamou pedindo a minha opinião sobre sua maquiagem e cabelo. O que eu posso dizer? Ela estava deslumbrante. Talvez ela só estivesse insegura porque passou tantos anos recebendo o mesmo tratamento que até se acostumou. Mas para mim estava mais do que linda.

A maquiagem era algo sofisticado, e para mim complicado de fazer. Todo o olho dominado por uma maquiagem escura e brilhosa, com delineador e glitter na linha d’agua, e mais poderosos cílios postiços dando ainda mais sensualidade ao seu olhar. E a boca com apenas um gloss incolor para que os olhos tivessem sua atenção devida.

Me aproximei e logo tentando diminuir a surpresa e o encantamento pela minha melhor amiga. Até brinquei que se não fossemos casadas, eu até me tornaria lésbica por ela. Bom, nós duas rimos bastante, tomando cuidado para que o meu cabelo não afrouxasse e desmanchasse o penteado, mas isso não aconteceu.

—Mãe? – Brianna me chama tímida do banheiro, me viro e quase tomo um susto, o seu cabelo, antes cachos perfeitos e castanhos escuros, agora deu vez a um liso ondulado com uma cor roxa intensa. Algo que eu realmente não esperava – Gostou? – pergunta envergonhada e caminhando calmamente até nós duas, que não conseguíamos digerir no momento.

—Nossa... – Rachel comentou impressionada, e concordei com ela. Por fim, quando eu percebi que aquele silencio, além de estar preocupando minha filha, e de nós deixar com caras de idiotas, logo tratei de dizer tudo aquilo que passava pela minha cabeça no momento.

—Minha filha, você está linda! – elogiei logo a puxando para um abraço apertado, que ela retribuiu um pouco assustada – Eu adorei seu cabelo, adorei mesmo, combina perfeitamente com você – elogio mais uma vez.

—Obrigada – ela agradece acariciando uma mecha. Percebo como a cor a favoreceu. E o melhor, ficava discreto, não muito chamativo como ela odeia, assim como eu – Vocês também estão muito bonitas – ela elogia e agradeço, mas tenho que beliscar Rachel no braço para ela dizer alguma coisa também.

—Obrigada Bri. Nossa, uau, eu amei seu cabelo – a morena responde tudo rapidamente e logo passando a mão por uma das mechas da antiga morena, que sorri feliz com aquilo -Aposto que o Erick não vai conseguir tirar os olhos de você – Rachel comenta fazendo Brianna enrubescer e olhar para qualquer outro canto.

Porém, era hora de terminamos de nos arrumar e ir para o baile. Rachel contou que a maioria dos bailes era tudo a mesma coisa. Quinze minutos de papo-fiado, meia hora para a dança e uma hora para o jantar, e logo depois disso era o hora do discurso do rei, que geralmente demora mesmo. Depois disso, todo mundo pode ir para casa.

Empregadas abriram todos as portas dos guarda-roupas, revelando dezenas de vestidos deslumbrantes, todos de festa e elegantes. Demorei alguns minutos para escolher o meu, e fiquei realmente satisfeita com a escolha. Eu sabia que para ter um vestido daqueles em Midgard, teria que gastar o dinheiro da compra de uma casa para tê-lo.

Todo em tons de nude, revelando os ombros e braços, deixando todo o resto escondido por baixo do tecido macio. Havia uma fita da cor do vestido bem grossa que marcava a cintura, e mais outra no pescoço. A saia era solta, leve e em camadas. Quando eu andava um vento batia, era uma nuvem de tecido pelo chão.

Olhei de relance para o vestido de Brianna, e eu acho que ela teria um infarto na hora de se ver no espelho. Seu sorriso ocupava quase todo o rosto, e seus olhos brilhavam com a bela escolha, enquanto as criadas ficavam tão animadas com a minha filha, e até a ajudando a vestir.

Como a maioria dos vestidos de Asgard, esse também era nude, com um tom mais rosado, e linhas verticais incrustrado de pequenas pedras preciosas. O vestido de alças combinava perfeitamente com Brianna, e o decote no colo e corte nas pernas a deixava com um ar mais maduro do que o normal, e seu cabelo combinava com o vestido mesmo assim.

Já Rachel, me surpreendeu, com um vestido repleto de flores vermelhas, com muitas delas concentradas nos seios até o quadril, e diminuindo a quantidade aos poucos como um degrade, e todo o resto feito de um tecido transparente que nada deixava passar. Um detalhe que amei no vestido era que havia um braço coberto por flores por inteiro e outro não. Que charme!

—Bom, estamos dignas de asgardianas – comentei enquanto nos olhávamos nos espelhos, o que cada uma tinha um para si, assim nada de dividir espelhos, o que eu sabia que seria uma luta por espaço, uma luta bastante acirrada, afinal, que mulher não adora se olhar no espelho quando sabe que está mais bonita do que o normal?

—Eu poderia dormir sobre esse vestido que eu teria a melhor noite de sono de todas! – comentou Rachel levantando o vestido como se fosse se curvar. Ri dela retirando a franja do olho, o que acho que irá virar um hábito, ou um vício, um de muitos na minha coleção, como verificar o celular toda hora.

—Tem problema nos atrasarmos? – pergunta Brianna, e logo percebo o que ela tem em mente. Algo que está no sangue da família Stark. Sempre chegar atrasados a eventos e festas, como agora, sempre para chamar mais atenção. O que é compreensível, já que o que Brianna mais quer é chamar a atenção e mostrar o quanto linda ela está.

—Bom, eu tenho – respondeu Rachel saindo da frente do espelho e abraçando Brianna primeiro – A gente se encontra lá, tenho que chegar junto com o Thor – completou e assenti com a cabeça recebendo seu abraço também – Só espero que Erick não tenha muito trabalho tirando os olhos de outros garotos de você, Brianna – brincou Rachel caminhando até a porta. Ri dela.

—Também acho – concordei me aproximando e ficando lado-a-lado com a minha filha, a segurando pela cintura na frente do espelho – Como você cresceu... – comentei mergulhada nos meu pensamentos, ela sorriu como sempre faz quando digo isso, um pouco envergonhada e feliz por ouvir isso.

Sei que Brianna tem dezesseis anos, mas parece que foi ontem, ou semana passada, não sei, quando eu a ensinava a ler e escrever, somar os números direito, ajudar com o dever de casa de matemática, ou quando fiz a besteira de liberar para ela experimentar dirigir com quinze anos, quase bateu na pilastra do estacionamento do supermercado.

—Pois é, mãe, cresci – a puxei para um abraço apertado, não sentindo falta de quando ela pequeninha, mas sim de quando ela dependia de mim, e agora, a vendo desse jeito, caiu a ficha finalmente que agora ela é uma mulher, com a própria vontade, suas próprias escolhas, já estou até vendo o choro que vou fazer quando ela for para a faculdade, igual como fiz com Hannah.

Assim que a soltei, vi alguém na porta, era Loki, com seu típico traje asgardiano, agora com a capa verde musgo tocando até o chão. Ele ergueu as duas mãos sendo pego desprevenido por eu o ter flagrado nos observando num momento mãe e filha. Sorri para ele que sorriu de volta voltando a ficar tranquilo.

—Desculpa interromper, mas eu desejaria leva-las comigo, aceitam? – ele pergunta com um sorriso enorme no rosto olhando para mim, apesar do convite também ser para Brianna. Ignorei esse fato, não é nada demais.

—Claro – aceito e Brianna concorda. Nos aproximamos dele e enlaçamos nossos braços, uma de cada lado enquanto ele nos conduzia até a saída, apesar de sabermos bem onde era.

—A propósito, estão lindas, perfeitas – ele elogia e vejo o quanto estava sendo sincero. Agradeço apertando mais seu braço com o meu, ele sorri de lado.

—Eu sei que estou – responde Brianna fingindo a estar convencida e jogar os cabelos para trás dramaticamente. Rimos juntos.

Ao chegarmos ao grande salão, onde eu já havia visitado inúmeras vezes antes, porém vazio, fui surpreendida por uma vasta imensidão de pessoas, todas entretidas em comer, conversar e até dançar. Dançavam no meio do salão, sempre em pares, algo parecido com a valsa, porém um pouco mais rápido e mais passos.

A música tocava transmitindo a todo o salão, para que todos pudessem escutar a melodia, que eu nunca saberia aonde encontrar em Midgard, talvez até não houvesse. Era uma das inúmeras singularidades que haviam em Asgard, mas que não havia em Midgard. Por esses motivos e outros que Asgard é tão bela e especial.

Descemos as escadas, antes onde estávamos numa sacada, com uma ótima vista para todo o salão. Alguém começou a chamar a atenção de todos, anunciando que seu rei estava chegando. As pessoas pararam de dançar, abriram espaço e se curvavam diante do rei por onde ele passasse. E Loki as cumprimentava de volta com um aceno de cabeça.

Eu estava nervosa, e eu sentia que Brianna também, mas tentei transmitir a ela com apenas um olhar para ficar calma, respirar fundo que daqui a pouco isso acaba. Daqui a pouco tudo irá voltar como estava antes e poderemos nos divertir como qualquer outra pessoa desse salão. Uma diferença enorme que temos com o meu pai é que não gostamos de ser o centro das atenções.

Logo, Loki nos olhou, delicadamente, desfez o nó com os nossos braços e explicou que teria que andar um pouco e procurar por uma certa pessoa importante que estaria aqui. Mas se ele era o rei, ele não poderia chamar alguém para ir até ele? E antes que eu pudesse perguntar, ele já havia ido.

Bufei e peguei na mão de Brianna, ela sorriu para mim ansiosa e disse para mim que iria procurar por Erick, concordei e a deixei ir. Então decidi ir até a mesa de buffet e procurar por alguma coisa para beber ou comer. E apesar de cheio, eu poderia andar tranquilamente sem esbarrar em alguém ou alguém esbarrar em mim. Meu vestido por si só não deixava isso acontecer, eu acho.

Eu percebi que por onde eu andava, as pessoas olhavam para mim, eu não sabia dizer se era um olhar bom, de admiração ou algo do tipo, ou se era de inveja, por eu ser tão próxima do rei que até chegou junto a ele. Não importa qual fosse, isso me incomodava, eu sentia o olhar queimando na minha pele, principalmente quando eu estava de costas.

A mesa de buffet estava cheia de comida de todos os tipos, desde frutos do mar recheados e assados, até mesmo doces com inúmeras coberturas de vários sabores num só prato. Decidi apenas pegar um copo de vinho, não de hidromel, prefiro continuar a escutar os conselhos de Thor e Loki de que aquilo era realmente muito forte para mim.

Beberiquei um pouco, era doce e bem fraco, e continuei a observar as pessoas a conversar entre si e pensar o quanto Steve teria odiado isso, já que ele odeia esse tipo de festa, prefere ficar em casa assistindo televisão, ou lendo algo, a ter que ficar em pé mostrando que não está gostando de algo que a grande maioria está. Não muito diferente de mim.

Meu pai adora uma festa, desde fazer festa para um aniversário, ou comemorar o crescimento da empresa, ou até mesmo chegar ao extremo de dar uma baita de uma festa por um primeiro “A” que Howard havia tirado em matemática, com direito a todos os brinquedos que ele sabia que ele gostava na época. E eu era quase obrigada a ir em todas elas.

Pelo menos aqui é diferente, eu posso ir embora a hora que quiser, eu poderia até mesmo ter recusado o convite e a carinha fofa que Loki fez ao me convidar pessoalmente. Mas não neguei, eu achei que fosse ser mais divertido, e não que eu fosse ver as pessoas se divertindo, espero que com Brianna esteja sendo diferente.

—Oi – alguém se aproximou, eu não conhecia a pessoa. Era um homem, moreno, olhos castanhos e alto, bem alto, e novamente me senti uma baixinha.

—Oi – retribui simpática, deixando a taça de lado e tentando pelo menos me distrair com uma conversa.

—Sou Gustav Philco – ele se apresentou estendendo a mão, estendi a minha também achando que fosse um aperto de mão, mas me esqueci que aqui não é assim, ele levou a minha mão até os lábios aonde beijou delicadamente com a sua barba morena fazendo um pouco de cócegas. Disfarcei a vergonha que senti.

—Emily Rogers – me apresentei também e ele sorriu soltando a minha mão com tanta delicadeza quanto o beijo.

—Gostaria de me acom...

—Olá – outra pessoa havia chegado, Loki! Sorrindo simpático com as mãos atrás das costas.

—Vossa Majestade – Gustav logo tratou de se curvar em respeito a Loki, que o cumprimentou de volta com um aceno de mão. Ele corrigiu a postura – É uma honra – ele completou e tentei disfarçar a minha vontade de rir, mas Loki percebeu.

—Sim, eu sei – ele respondeu convencido e segurei ainda mais bebendo um gole pequeno do vinho – Vejo que conheceu minha amiga, Lady Rogers – e foi aí que quase cuspi vinho no rei, com tanta gente em volta prestando atenção em mim. O motivo? Eu ri.

—Me desculpe! – peço antes de mais nada enquanto tento limpar o canto da boca – Eu sinto muito! É que é um pouco estranho ser chamada de Lady – explico e vejo um pequeno sorriso no canto da boca de Loki.

—E como era chamada? – perguntou curioso Gustav.

—Bom, como eu sou de...

—Ela é de longe, do sul de Asgard, bem próximo as terras quentes de Asks – Loki me interrompeu e o olhei de maneira questionadora, não acreditando nisso, que ignorou.

—E o frio de Asgard lhe satisfaz? – perguntou Gustav contente.

—Estou quase o tempo todo no castelo, quase não saio, então não sinto muito o frio – respondo já não tão mais simpática assim.

—Bom, já que se conhecem então, gostaria de dançar comigo, Lady Rogers? – pergunta Loki estendendo a mão, aposto que o Lady só foi para me provocar, filho da...

—Sim, claro – aceito pegando em sua mão – Foi um prazer conhece-lo, Gustav – digo.

—O prazer foi meu, Milady – ele responde e assinto com a cabeça enquanto sou levada até o meio do salão para dançar com Loki. Ok, eu não sei dançar direito. Não faço a mínima ideia de como dançar da maneira como os asgardianos dançam. Espero me sair bem.