Glen abriu seus olhos lentamente. Notou que estava no quarto de Zach. Levantou-se precipitadamente, e partiu para a sala, na esperança de encontrar mais alguém na casa. Por sorte, encontrou Jackie. Chegou perto dela. Jackie, ao notar Glen, disse:


- Até que enfim acordou.


- Que horas são? – perguntou Glen coçando os olhos.


- Quatro horas.


- Ainda é cêdo.


- Meu bem, são quatro horas da tarde.


- O quê? Eu dormi tanto assim?


- Está dormindo há quatro dias.


- Quatro dias?!


- Brincadeira. – riu Jackie. - Mas você está péssimo. Está com o cabêlo bagunçado.


- Que dia é hoje?


- Segunda feira, dia 19.


- Segunda?! Mas já?! Então não foi um sonho...


- Querido, está se sentindo bem? – Jackie colocou a mão na testa de Glen. – Está um pouco febril.


- Onde estão os outros, Jackie?


- Grace passou por aqui, pegou umas roupas e saiu com a amiga. Diane, naturalmente, trabalhando. E Zach, saiu. Não disse aonde ia.


- Disse quando ia voltar?


- Há! Você acha que o Zach dá satisfação da vida dêle p’rá alguém? Aquêle garôto é um pôço de segrêdos.


- Se me der licença, eu vou tomar um banho.


- Ah, pode ir, filho. Qualquer coisa, pode me chamar.


Glen entrou no banheiro. Ligou o chuveiro, e entrou debaixo d’água. Agradeceu por aquilo ter sido real. Tinham se beijado. O beijo que Glen almejara. Em seus lábios, ainda se sentia o gôsto daquela bôca. E ansiava por mais. Se Zach tinha feito aquilo, é porque sentia o mêsmo. Era correspondido. A bôca de Glen era virgem, antes do beijo, òbviamente. E não queria perdê-la com nenhuma outra pessôa.


Ao terminar, Glen se enxugou e vestiu a melhor roupa que tinha para que Zach notasse. Usou o perfume que, uma vêz, embriagara seu amôr. É. Êsse mêsmo.


Diane chegou do trabalho e chamou Glen para conversar:


- Glen, o julgamento é dia 28. Acha que pode nos aturar por mais um tempo?


- Claro. Bem, se não fôr um incômodo para a senhora.


- Incômodo nada. Você sabe que sempre será bem vindo aqui em casa. E Glen... Tem outra coisa que quero falar.


- Diga.


- Você gosta do meu filho?


- Gosto. É um pouco teimoso, mas ainda é uma bôa pessôa.


- Não. Eu digo gostar de verdade.


- Está tão na cara assim?


Diane acenou positivamente com a cabêça. Glen tentou dizer:


- Me perdôe srª. Clark. Eu não pude evitar. A gente não escolhe por quem se apaixona. E devo confessar que amo o seu filho.


Uma lágrima rolou. Diane a enxugou. E ainda tentou consolá-lo:


- Não chore. Seus olhos são bonitos demais para molhar na tristeza. Não teria nada contra se você namorasse meu filho. Mas isso só depende dêle. Meu filho pode demorar a ver que você é a melhor coisa que apareceu na vida dêle. E na nossa também.


Glen sorriu. Abraçou Diane como se tivesse acabado de receber um valioso conselho da própria mãe. Esperaria Zach por tôda vida. Quase enlouqueceu de tanto amôr e felicidade que estava recebendo naquela casa. E assim ficaria, se a vida parasse.