Alma e Coração
Christal
Glen adentrou na mansão ainda em prantos. Começou a arrumar as malas. Esvaziou todo o armário. Victor que estava tomando café, ao ouvir a porta bater, subiu até o quarto:
- Seu Glen, o que está fazendo?
- Eu não sou Glen! Sou um zero a esquerda que todos os outros fazem de idiota porque não vejo maldade nas pessôas! Que ódio.
Victor nunca tinha visto Glen com tanta raiva:
- Ódio de quem, seu Glen?
- Daquela magricela da Emily e do convencido do Zach! – Glen respondeu fechando a primeira mala com fôrça e abrindo outra.
- Por quê?
- Como por quê? Os dois se enfiaram numa cama e Emily ainda esfregou isso na minha cara!
- Mas você tem certêza?
- Claro que tenho! Aquela qualquer me mostrou tôdas as fotos da noite de orgia.
Silêncio. Não havia nada mais que perguntar. Glen, ainda com raiva, gritou:
- Não fique aí parado! Comece a arrumar!
Zach, com tôda raiva que lhe fluía no coração, têve que agüentar até o recreio para acertar com Emily. Antes não pôde, pois a diretora cessou a euforia dos alunos no pátio.
Quando o sinal tocou, Zach saiu sem dizer uma palavra e foi até as amigas de Emily:
- Cadê a Emily?
- No banheiro. – responde uma delas - Não adianta, Zach. Ela vai demorar. E enquanto espera, por que não marcamos de fazer alguma coisa juntos mais tarde?
- Com você, eu não vou nem até a esquina. Com licença.
Zach saiu e entrou no banheiro feminino onde encontrou Emily a olhar-se no espêlho. Ela, percebendo que Zach estava ali parado, disse:
- Sabia que voltaria. Eu estive pensando no Glen. Deve estar chorando que nem um bebê...
Zach aproximou-se bruscamente prendendo-a contra a parêde fria do banheiro, segurando-a pelo pescôço. Os pés de Emily não tocavam o chão. Estava suspensa. Mas êsse era o menor dos seus problemas:
- Escute aqui sua prostituta de quinta. Você não é ninguém para falar do Glen. Seja bem ou mal.
- Está me machucando. – responde ela roucamente.
- Melhor assim. Eu podia quebrar sua mandíbula agora mêsmo. Mas não vale a pena sujar um banheiro escolar com um sangue tão sujo e estragado. Emily, isso ainda não acabou. E se quer saber, nem você me humilhando em público, fará mudar o meu amôr pelo Glen.
Zach a soltou. Ela caiu ao chão com fortes dôres na região da garganta. Zach saiu sem dizer nada. As meninas o fitavam com receio de que êle fizesse o que fez com Emily, ou quase...
Vitor chamou Michael para ir para casa imediatamente. Ao chegar, foi conversar com Glen à sós. Bateu à porta levemente, adentrando e dizendo:
- Filho, tudo bem?
- Não, papai. Não está nada bem. – responde Glen sentado sôbre a cama de costas para a porta.
- Quer me contar o que houve?
- Zach...
- O que êle lhe fez?
- Me magoou mais uma vêz. Meu coração que já é mais frágil que o cristal, se despedaçou em vários pedaços.
- Mas como êle lhe magoou tanto assim?
- Não só êle como aquela maldita da Emily. Os dois tiveram um programa numa noite e ela me humilhou na escola mostrando a todos as fotos da mesma noite.
- Oh... E o que pretende fazer daqui em diante?
- Por enquanto quero sair da cidade. Afastar-me dêsses simplórios que riem de mim.
- Você pensa que êles riem de você. Mas a verdade é que todos o invejam. Você é uma pessôa bôa demais. E roubou o coração do Zach sem nenhum esfôrço. Então tente se acalmar. Você ainda é muito jovem para se preocupar tanto. Deixe-os falar. Releve. Êles não são melhores que você.
- Tem razão. Desculpe papai.
Michael abraçou seu filho num abraço terno e confortante. O que mais tarde foi quebrado com a seguinte frase:
- P’ro primeiro conselho paternal que dou, não foi assim tão ruim.
- Seu bôbo. – respondeu Glen voltando a abraçá-lo...
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