Pov Rachel

Desta vez, tudo acontece lentamente. Jesse nos coloca sentados em sua cama, e quando nosso beijo inicia, nenhum dos dois tem pressa alguma. Passamos vários minutos apenas abraçados, curtindo o nosso beijo, e sua língua explora a minha boca com uma facilidade indescritível, como se sempre tivéssemos feito isso. Eu sinto seu cabelo por entre os meus dedos, tão macio, e brinco com seus cachinhos sem nunca parar de beijá-lo. E quando ele se deita sobre mim e eu permito que nossos corpos se aconcheguem melhor na cama, eu já não sinto nervosismo, insegurança ou medo alguns. E nós continuamos assim, sentindo cada momento, tirando cada peça de roupa um do outro, descobrindo nossos corpos, e quando estamos prontos, eu o observo quando ele se inclina no criado mudo, pega um preservativo, o coloca e se encaixa em mim outra vez. E enquanto ele me guia da forma que ele quer, meu corpo também o guia para me fazer sentir o que eu quero, o que eu gosto e o que já aprendi a sentir com ele, e no momento certo, nossas mãos se entrelaçam e sentimos tudo o que há no mundo. Juntos.

Ele se desencaixa de mim, e estamos respirando, e ele está olhando em meus olhos como se eu fosse preciosa, e eu o olho como se ele fosse o melhor tesouro que eu já tive, porque ele é. Ele me beija suavemente, e eu não faço ideia de como sair daqui, desse momento mágico.

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Estamos sentados em sua cama, ainda despidos, meu corpo ligeiramente sob o dele, e apesar da tv ligada ao fundo, nenhum dos dois olha pra ela. Eu passo todo o tempo olhando seus olhos azuis e seus lábios corados e os cachinhos do seu cabelo que eu sempre amei, mas que ele insiste em nunca deixar crescer por muito tempo. Jesse também observa meu rosto, embora seus olhos desviem ligeiramente para o meu corpo de tempos em tempos. Ele parece ter alguma estranha fixação pelos meus seios, e é sempre o primeiro lugar para onde os seus olhos vão.

"Você sabe que pode tocar neles se quiser, né?" - eu digo em tom de provocação, quando o pego os observando mais uma vez. Ele solta uma risadinha envergonhada, e volta a me olhar nos olhos.

"Estou parecendo um maníaco sexual agora, não estou?"

"Eu não me incomodo." - respondo, e ele ergue as sobrancelhas - "quer dizer, você já viu tudo e fez tudo comigo, né? Esse é o menor dos problemas." - o sorriso dele explode numa gargalhada sincera, e eu sinto cócegas por todo o meu corpo só de vê-lo sorrir - "Só não entendo muito bem porque você gosta tanto. Eu nem tenho quase nada."

Jesse me olha com um sorriso safado escapando do seu rosto. É um olhar novo, uma risada nova, e eu gosto tanto dessa pessoa que estou conhecendo agora. E enquanto eu penso nisso tudo, ele se inclina e toma um dos meus seios nos lábios. E quando ele termina e troca para o outro seio, eu vejo seus olhos pegando fogo outra vez enquanto ele olha pra mim.

Ele beija meus lábios e me abraça, aproximando minha cabeça do seu peito.

"Não sei explicar." - ele diz, entre respirações e uma risada leve.

Levanto a cabeça do seu peito, e observo o seu rosto.

"É alguma coisa biológica? Você também era assim com a Quinn?" - pergunto, um pouco envergonhada. Tenho curiosidade de entender como ele se sente, do que gosta, e enquanto eu não sei nada sobre nada e tudo é tão novo pra mim, sei que ele descobriu muitas coisas com ela. Ele não responde, mas seus olhos me dizem que sim, que eles também tiveram esses momentos. E sou atingida com um soco tão forte no estômago que é como se eu pudesse cair da cama. Eu não esperava me sentir assim.

Ele acaricia meu rosto.

"Rach…"

"Não precisa responder." - digo, e tento me desvencilhar do seu toque, mas o olhar dele é tão intenso que me sinto presa ali. O que sinto é irracional e não faz o menor sentido, mas de repente, começo a me sentir insignificante e insegura.

"É o meu passado, Rach. Eu não posso mudar ele." - ele respira fundo, e continua me olhando enquanto fala - "Então, sim e não. Eu gosto… dessa parte do corpo feminino. Mas isso…" - ele aponta pros nossos corpos, tão próximos, acaricia meu rosto, e leva minha mão até o seu peito, que bate tão aceleradamente apesar de não estarmos fazendo nada no momento - "Essa confiança, estar tão confortável com alguém, deixar que alguém me veja desse jeito por tanto tempo… isso eu nunca tive, Rach. E agora eu não consigo parar de olhar pra você." - e quando os seus olhos observam toda a extensão do meu corpo, eu permito que ele faça isso e acho que tudo isso é perfeito. Um sorriso tímido escapa pelos meus lábios.

"Então, eu quero que você entenda que não há motivo pra gente ter ciúme do passado um do outro, tá bem?" - ele me pergunta. Eu ainda me sinto um pouco enciumada, apesar de tudo. Mas me sinto bem melhor agora.

"Pra você é fácil falar. Eu nunca tive ninguém antes de você."

"Eu tive uma namorada antes de você, Rach. Uma. Você também teve um. E você beijou mais pessoas do que eu, aliás. Como eu deveria me sentir com relação a isso, hein? Devo voar pro Canadá e bater em todos eles?" - ele me provoca com o sorriso que me hipnotiza.

"Pois eu duvido! Você sabe que eu só beijei 3 caras na vida antes de namorar com o Finn: Jonathan, que era um docinho, mas acabou descobrindo que era gay" - ele dá risada da minha má sorte - "Cory, e a gente até ficou por umas 2 semanas, mas não deu muito certo. E Brody, que era um completo idiota."

"Exato." - ele diz - "E eu beijei a Michelle num jogo da garrafa. Depois, a minha namorada Quinn Fabray. E ninguém mais." - ele diz, e eu estou um pouco chocada. Jesse é estonteantemente lindo, e depois da mudança esquisita de voz na puberdade, adquiriu uma voz e um olhar de príncipe da Disney. Sempre achei que ele não me contasse sobre as garotas com quem ficava por achar esquisito, e não que, de fato, ele não ficasse com ninguém.

"Ótimo, ria da minha cara, vamos lá." - ele diz, e estou involuntariamente rindo da situação.

"Agora entendo porque você sonhou comigo quando teve sua primeira ereção." - digo, e ele arregala os olhos.

"Você…sabia?" - ele pergunta. Dou de ombros.

"No início não, mas depois de alguns anos eu deduzi. Quer dizer, a única razão pra você não me contar é porque deveria ser algo bem vergonhoso, então só podia ser eu, ou a Emma, ou a minha mãe, mas essas hipóteses me pareceram estranhas demais para considerar." - ele faz uma careta de nojo quando apresento as opções.

"Você, definitivamente você." - diz.

"Agora você pode me contar o que foi, certo?" - pergunto, e ele se inclina na minha direção e me dá um selinho.

"Só isso?" - pergunto, e ele acena com a cabeça - "Você teve uma ereção sonhando com isso?"

"Eu.tinha.treze.anos, Rachel." — ele diz - "E porque você passou todos esses anos pensando na minha ereção, hein?" - está me olhando com seu novo olhar safado.

"Essa nossa conversa não faz o menor sentido, estamos pelados falando sobre ereção e primeiros beijos!" - digo, e ele me abraça e ri.

"Eu amo isso, caramba, eu amo você."

"Também amo você." - digo - "E não faço ideia de como vamos ficar 4 semanas sem… isso tudo!" - aponto para nossos corpos, que continuam unidos. Ele observa meu rosto como se quisesse me perguntar algo.

"Rach…"

"Fala" - digo, e ele parece considerar se deve continuar.

"Você nunca…" - ele para de falar.

"Eu nunca?"

"Nunca… se… tocou?" - ele me pergunta, e meu coração acelera - "Não precisa responder se não quiser."

"Não." - confesso. Antes dele, eu nunca tinha sentido um impulso sexual que me fizesse querer sentir alguma coisa. Que me fizesse querer tentar. - "Você já?" - pergunto. Ele pressiona os lábios e desvia o olhar.

"Já, né." - ele fala, e isso é uma coisa que eu nunca havia pensado antes. Que Jesse é um homem. As coisas que ele pensa, que faz, que sente. - "Frequentemente." - ele completa.

"E como é que… você… faz?" - Há tantas pausas na minha voz. Tenho curiosidade, mas não sei se ele se sente à vontade para falar sobre isso comigo, apesar de tudo o que já fizemos. Ele fica vermelho, e tenta desviar o olhar.

"Eu só… só faço." - ele encara os próprios pés - "As coisas passam pela minha cabeça, e… e eu faço." - Eu seguro o seu rosto e o faço olhar nos meus olhos. Não quero que ele tenha vergonha de mim.

"Você nunca quis…tentar?" - ele me pergunta, e é a minha vez de ficar vermelha.

"Nunca." - respondo - "Acho que nunca senti nada assim antes. Meu corpo nunca falou comigo desse jeito, sabe? Até…" - perco minhas palavras, estou envergonhada.

"Finn Hudson." - ele diz, um pouco decepcionado.

"Não. Até aquele dia no meu quarto, quando cantamos juntos e você me beijou." - sussurro, confessando. Ele presta atenção nas minhas palavras - "Depois que você foi embora, eu fui no banheiro e meu corpo estava…" - eu poderia dizer, contar a ele e usar as palavras que são ditas quando se está nua ao lado do cara com quem você acabou de transar, mas eu não consigo, as palavras não saem. Então pego sua mão e a levo até a minha intimidade, e o faço entender o que eu quero dizer - "Estava assim".

Respiramos tão fundo e tão rápido que eu me pergunto como ainda temos oxigênio no quarto.

"Quando você faz isso…" - pergunto, e ele afasta lentamente sua mão do meu corpo - "Você já...pensou… em… mim?"

"Nunca." - ele responde, me olhando nos olhos - "Nem uma vez sequer.".

"Porque?" - pergunto. Ouvir isso dele faz com que eu me sinta indesejável, de alguma forma. - "Eu não sou... atraente?"

"Não é isso. É que… não parecia certo, sabe? Você sempre foi tão especial pra mim… eu não podia pensar em você. Não é uma coisa...bonita, Rach."

"Que ironia, não?" - digo, e nossos olhares vão para a forma como estamos agora. Ele dá um sorriso leve.

"Que ironia." - responde. Ficamos em silêncio alguns segundos, e há algo em minha cabeça que quero dizer e que não sei de onde veio, mas é o que sinto.

"Você pode pensar em mim, de agora em diante. Se quiser. " - eu digo, um pouco tímida. Não quero que ele pense em uma garota aleatória, nem mesmo nesses momentos. Quero que se lembre de tudo o que fizemos juntos. Quero que pense em mim.

"Eu acho que não conseguiria mais evitar, de qualquer forma…" - ele diz, e seus olhos parecem envergonhados.

O silêncio paira no ar, e eu poderia deixar o assunto morrer por aqui e diminuir o constrangimento que estamos sentindo agora, mas há um impulso dentro do meu peito, e eu quero que ele saiba como eu me sinto.

"Você me ensina?" - pergunto, e ele me olha com um misto de curiosidade e incredulidade - "Me ensina como você gosta?"

"Não precisa fazer isso, Rach…" - ele diz, e eu o interrompo.

"Mas eu quero. Eu quero aprender a fazer isso com você." - digo, porque quero mesmo. Quero aprender a fazê-lo delirar, e nem sei bem o porquê disso, já que ainda não sei como ficará a nossa vida daqui a 4 semanas. Mas por hoje, tudo o que eu quero é fazê-lo sentir.

Ele me olha nos olhos e eu me sinto como nunca me senti antes.

"Eu posso fazer em você, também?" - pergunta, e estou muda. Meu coração bate descompassado no peito - "Podemos aprender juntos do que você gosta." - ele completa. Balanço a cabeça em afirmação.

"Podemos." - é tudo o que eu consigo dizer. E nos perdemos em nosso beijo mais uma vez.