Pov Jesse

Acordo de repente, meu corpo ainda sentindo os efeitos do meu sonho. Levo alguns segundos pra lembrar que meu sonho não foi inventado pela minha mente.

Rachel. Eu a tornei minha.

Nunca sonhei com isso, nem sequer havia pensado por um segundo. Nem quando era um pré-adolescente na puberdade, nunca me toquei pensando nela. Em minha mente, ela sempre foi intocável, e eu me sentiria desprezível só de tentar imaginar.

E agora, eu a tornei mulher.

Ainda é cedo, e o sol ensaia timidamente a sua aparição pelas frestas da minha cortina. A faixa de luz solar está iluminando as costas de Rachel, que está sentada na beirada da minha cama, de costas pra mim. Ela ainda está nua.

Me ergo devagar. Ela está com um olhar distante, segura a blusa no colo, passando os dedos sobre o espaço onde deveria haver um botão. Me lembro de tê-lo arrebentado enquanto abria sua blusa.

Toco seu ombro.

“Você está bem?” – pergunto, e ela se vira para mim. Estou tentando não olhar seu corpo nu, o mais lindo que já vi.

“É estranho.” – ela diz – “Não tenho vergonha de você.”

Entendo o que ela quer dizer, e não posso evitar que meus olhos escorreguem para o meio de suas pernas. Meu corpo reage, e ela me olha, também. Não tenho vergonha alguma dela.

Ela se senta sob as pernas, como sempre fez, e elas estão abertas. Preciso me segurar no lugar para resistir à enorme vontade de penetrá-la.

“Doeu.” – ela diz, e encara a cama.

“Desculpe.” – digo, me dando conta de que ela não sentiu o mesmo que eu. Nunca estive com uma virgem antes, e temo não ter sido delicado o bastante, que não tenha sido para ela como foi para mim.

Há um pouco de sangue em meu lençol, em seu corpo, e no meu corpo também. O sangue dela. Eu fiz isso.

Não consigo, e não quero me arrepender. Espero que ela não me odeie muito.

“As coisas entre nós não vão mudar, não é? Por causa disso?” – ela me pergunta, olhando nos meus olhos.

“Não.” – minto, porque tudo já mudou. Estou hipnotizado pela curva de sua cintura, o subir e descer dos seus seios enquanto respira, e é só quando ela ergue meu rosto com as mãos que eu percebo que ainda estava com os olhos vidrados no meio de suas pernas.

Ela está olhando nos meus olhos, e engole em seco. Olha pro meio de suas pernas, também.

“Acho que preciso de um banho.” – ela diz, e se levanta. Está indo em direção ao banheiro, quando de repente para no meio do caminho e se vira em minha direção. Nos olhamos por uns 20 segundos, antes de ela suspirar e dizer o que está pensando.

“Você quer vir comigo?” – ela pergunta. E eu me levanto imediatamente da cama.

Pov Rachel

Dói um pouco quando me levanto. Ai está a parte chata de se perder a virgindade. Mas continuo feliz que tenha sido com ele.

Eu acordei de madrugada, e ele estava ao meu lado, dormindo profundamente, e com o braço em volta do meu ombro. Vê-lo dormindo, depois de tudo o que aconteceu, me fez sentir uma das melhores sensações da minha vida. Mas quando acordei pela manhã, a culpa me atingiu em cheio.

Finn. Eu era namorada dele. Eu o amei por todos esses anos. E agora eu acho que não sinto nada.

Preciso de um banho. Estou suada, melada e quente. Quando Jesse acordou, eu não pude resistir a olhar o seu corpo por completo, e agora todo o meu corpo está quente.

Fiquei pensando em tudo isso antes de acordar. Jesse gostando de mim, eu sem saber o que sinto. Pensei em quanto minha mãe se sentiria traída se soubesse que eu transei com ele, em todas as vezes em que imaginei como seria a minha primeira vez. Fiquei lembrando do toque dos seus lábios no meu corpo, dos movimentos do seu corpo no meu. Pensando no quanto eu o amo, e que não sei mais de que forma. Sempre pensei que ele fosse o meu melhor amigo no mundo, como um irmão ou um primo. Mas é mais do que isso, e não sei o que é, mas quero tê-lo o mais perto o possível enquanto descubro.

Levanto para tomar banho, e meu corpo reage à falta instantânea que sinto dele. E eu o chamo para vir comigo.

Nós já tomamos banho juntos quando éramos mais novos, obviamente usando roupa de banho. Dessa vez, não há nada entre nós além da cortina de água.

Sinto a água batendo no meu corpo. Ele está ao meu lado, esperando para se molhar. Saio de baixo do chuveiro, e ele entra. A água está molhando seu cabelo, descendo pelo abdômen, e seus olhos me encaram, tão azuis quanto a água. Quero tocá-lo, mas não sei se devo, e nem como fazê-lo. Quero que ele me toque, mas não tenho palavras pra pedir. Ao invés disso, pego o meu sabonete e o entrego, virando-me de costas para ele.

Ele o esfrega delicadamente nas minhas costas, tirando meu cabelo do meu pescoço. Esfrega a parte de trás dos meus braços, e eu estou respirando tão fundo, tão rápido. Ele me abraça por trás, seu rosto no meu pescoço, passando o sabonete pela minha barriga. Quero que ele continue, que vá mais além do que isso, mas ele permanece desse jeito, seu peito tocando minhas costas, suas mãos ensaboando minha barriga. O desejo explode dentro de mim, e eu levo suas mãos até meus seios.

Ele morde meu pescoço. Toca meus seios, e eu estou morrendo de novo. Ele está respirando no meu pescoço, e sei que está olhando por sobre os meus ombros quando desce o sabonete pela minha barriga e não para. Ele me ensaboa, e seus dedos estão brincando com aquela parte do meu corpo, até que ele joga o meu sabonete no chão, e suas mãos estão livres para tocar todas as partes do meu corpo, e acho que virei sabão também, porque meu corpo está derretendo.

Ele nos encosta na parede, e está me tocando devagar, e é tão bom, tão leve, e a água bate no meu corpo, tirando a espuma, e eu encosto minha cabeça no seu pescoço, e mesmo quando ele para de me tocar, é tão bom que eu poderia ficar ali pra sempre.

Ele vira meu corpo, e eu fico de frente para ele, seus olhos no meu corpo, suas mãos em minha cintura.

“Você é tão linda.” – ele diz, sua voz transbordando uma emoção tão verdadeira, que eu me sinto a mulher mais bela do mundo. Quero que ele me olhe, que me toque, e separo a distância que há entre nossos lábios quando o beijo, encostando meu corpo no dele.

Nos beijamos intensamente, minhas mãos deslizando por seu corpo, e eu não penso em nada além desse momento. Estou gostando das sensações, até que ele afasta minhas pernas e me possui outra vez. Ainda dói um pouco, mas estou me acostumando com essa dor e esse prazer que caminham juntos, e não quero que ele pare.

Ele me ergue pelas pernas, e as envolve em sua cintura. Suas mãos me seguram em seu colo, e ele se mexe dentro de mim, tão fundo, tão rápido, e gira nossos corpos, minhas costas agora pressionadas na parede, e ele está se mexendo dentro de mim, e respirando no meu pescoço, e eu sinto dor, dor e prazer, e dor, prazer e prazer, e prazer, e prazer, e dor, e prazer e prazer e prazer, e a dor está sumindo enquanto ele se mexe, e estou me acostumando em tê-lo dentro de mim, e estou respirando, respirando, e sentindo, sentindo, sentindo...

Ele me pressiona com força, e seu rosto se contorce quando ele explode dentro de mim.

“MERDA!” – ele diz, e me coloca sentada na pia do banheiro. Separa minhas pernas, e está me tocando de novo, e eu volto a flutuar e sentir que sou feita de fumaça e nada mais, e começo a sentir prazer, e prazer e prazer e dor, e prazer e dor, e dor...

Estou sangrando de novo. Não como ontem, mas está ardendo, e ele para de me tocar.

“Desculpe.” – diz, e está beijando meus lábios. Me ajuda a descer da pia, e eu limpo a pequena quantidade de sangue que está em meu corpo e em suas mãos.

Ele está excitado de novo, e se enfia embaixo do chuveiro gelado.

Pov Jesse

Não sei o que fazer. A água está molhando seu corpo, descendo pela sua barriga, e não sei o que fazer, não sei o que ela espera de mim. Tenho medo de me aproximar, de fazer o que desejo, e assustá-la. Não sei o que ela sentiu ontem, e temo tê-la machucado.

Ela me entrega o sabonete, e eu estou ensaboando o seu corpo. Pega minha mão, e estou ensaboando seus seios. Não resisto, e mordo seu pescoço, meu corpo inteiro reagindo.

Desço minhas mãos para o meio de suas pernas, e sinto o quanto o seu corpo também reagiu ao meu.

Entendi o que ela quer. E não pretendo desapontá-la.

A estou tocando, a estou sentindo, e não se trata só de sexo. Mesmo quando só estamos nos beijando, sinto o mundo explodindo ao meu redor, e me sinto completo.

É delicado quando eu a penetro, e ela suspira. Estou me movendo, e meu corpo está derretendo debaixo da água, e estou completamente despido, porque a amo com toda a minha alma, e a estou fazendo minha outra vez.

Ela está com as pernas em volta da minha cintura, e eu me mexo dentro dela, e ela está gemendo, e me sinto culpado por não poder fazê-la se sentir do mesmo jeito radiante que eu me sinto, quando ela respira fundo e cada vez mais rápido, e sua respiração começa a falhar, e seu corpo começa a se mover na direção do meu, e eu entendo: ela está começando a sentir.

Quero que ela sinta tudo.

Estou indo mais rápido, e estou tentando não perder a cabeça e estragar tudo antes do tempo, quando ela geme alto e eu não resisto em olhar seu rosto. Ela está de olhos fechados, seu corpo encostado na parede e conectado ao meu, está mordendo os lábios enquanto a água bate nos seus seios e seu corpo se mexe na direção do meu.

É demais pra mim.

“MERDA!” – reclamo comigo mesmo, porque não consegui levá-la ao ápice antes de chegar ao meu. Estou focado em conseguir, quero que ela sinta, quero que ela entenda que eu perco a noção do tempo e do espaço e do universo quando estou dentro dela, que minha pele queima em todos os lugares em que seus dedos tocam, que o som dos seus gemidos é combustível pra mim, que quero vê-la mordendo os lábios e perdendo a fala, que isso é tudo o que mais quero, e que nunca senti algo assim antes. A estou tocando, e estou perdido no seu rosto, quando sua fisionomia começa a voltar para o rosto que vi ontem a noite.

Dor. Eu a estou fazendo sangrar.

Idiota! Idiota, idiota, idiota, idiota, idiota!!!!! Perdi a noção, a toquei com força demais, e acho que a machuquei. Esqueci que ela é nova nisso, esqueci que eu também não sou lá tão experiente assim, esqueci o meu nome e o seu nome e em que país vivemos e em que ano estamos. E agora ela está sangrando de novo, e mais uma vez a culpa é minha.

Rachel sai do banheiro enrolada na minha toalha, que estava pendurada no box. Vou atrás dela, pingando água do chuveiro e molhando todo o quarto.

Ela joga a toalha que estava em volta do seu corpo bem na minha cara.

Eu a tiro, e ela está sorrindo, como em todas as outras vezes em que fomos à piscina ou à praia juntos, e ela fez a mesma coisa. Como se não tivéssemos acabado de transar no meu chuveiro. Como se não estivéssemos completamente nus na frente um do outro.

Como se eu não a tivesse machucado.

Encurto a distância entre nós dois, e a estou olhando nos olhos quando tomo seu rosto em minhas mãos.

“Desculpe.” – é tudo que eu consigo dizer.

“Não é sua culpa.” – ela também está olhando nos meus olhos quando responde, e vejo que acredita nisso.

“Eu não devia...”

Ela me cala com um beijo.

“Devia sim. Eu gostei de tudo o que fizemos. Gostei de que tenha sido com você.”

5 segundos se passam, enquanto observamos nossos olhos.

Meu relógio bipa, avisando que já são 7 da manhã.

“Eu devia ir pra casa. Minha mãe chega às 09:00.” – ela diz, e sai de perto de mim para vestir suas roupas. Visto as minhas também, as mesmas de ontem, que estavam espalhadas pelo chão.

Quando termino de me vestir, ela está tentando fechar a blusa que perdeu um botão. Desiste.

“Você pode me emprestar uma blusa?” – pergunta, e eu pego uma das minhas camisas. Não sei o que dá em mim, pois ao invés de entregar-lhe a camisa, eu fico parado em frente a ela, com a peça na mão.

Ela tira a blusa que estava tentando vestir. Ergue os braços, e eu ajudo-a a vestir a minha camisa.

Fica parecendo um vestido nela, e eu enrolo as bordas, dando um nó. Meus dedos roçam pela sua barriga, e minhas mãos param em volta de seus quadris. Estou com o universo preso na minha garganta, minhas mãos subiram para as curvas da sua cintura, e tudo que eu consigo pensar é no quanto ela é perfeita.

“Eu acho que eu já vou.” – ela diz, e se estica na minha direção. Não há dúvida nenhuma para nenhum de nós dois sobre qual é a melhor forma de nos despedirmos.

Ela beija meus lábios. Primeiro um simples estalo, mas então sorri pra mim e me beija de novo. Minhas mãos continuam em sua cintura quando nosso beijo de adeus se transforma num beijo de sim, e eu sei que sim, eu posso subir minhas mãos até seus seios, e sim, eu posso desabotoar seu sutiã e arrancar minha blusa pela cabeça dela, e ela está tocando minha barriga, e seus dedos estão brincando com o cós da minha calça, até que ela coloca sua mão por dentro da minha cueca e me toca.

Eu seguro seus braços, e me afasto.

“Não, Rach, eu te machuquei.” – digo, me sentindo o maior egoísta do mundo por sequer cogitar a possibilidade, por ter deixado que chegássemos até aqui.

“Eu quero, Jesse, eu quero você. Agora. Comigo.” – Rachel diz, e eu ouço em sua voz, eu vejo em seus olhos.

E eu estou mandando o mundo pro espaço, o restante de nossas roupas caindo rapidamente no chão.

Pov Rachel

Ele me penetra. O toque da sua pele na minha é como fogo, e ele se movimenta dentro de mim, e quase não sinto mais dor alguma. Nos encaixamos perfeitamente e estou esquecendo do mundo, de nós dois, de como se respira, e tudo o que consigo pensar é no movimento do seu corpo dentro do meu, e estou caindo, caindo, e a distância entre nós está diminuindo cada vez mais rápido, e percebo que sou eu, eu estou me movendo.

Ele respira fundo. Eu também respiro. Estamos encostados na parede, minhas pernas em volta de sua cintura quando ele se desencaixa de mim e me carrega até a cama. Se senta. E antes que ele tenha tempo de fazer qualquer coisa, eu me encaixo nele.

Me movo. Me movo, me mexo, me movo, me mexo, e o oxigênio está acabando, o mundo está quebrando em um milhão de pedacinhos, e estou caindo, caindo, e aperto os braços dele com tanta força que eles devem estar doloridos, e perdi totalmente o controle do meu corpo, estou caindo cada vez mais rápido quando ele segura meu rosto e me faz olhar em seus olhos.

E o mundo se estilhaça ao meu redor.

Um pico de energia que é tão grande que não cabe no meu corpo, que tira todo o ar dos meus pulmões, e escapa pela minha garganta.

Estou respirando fundo, meu corpo está mole feito manteiga enquanto ele continua se mexendo dentro de mim, até que respira pesadamente no meu pescoço e derrete também.

Nos desencaixamos delicadamente, e nos deitamos um de frente pro outro na cama.

Não poderia haver nada, não poderia haver nenhum lugar no mundo melhor do que esse lugar, melhor do que esse momento. Ao lado dele.

Pov Jesse

Estou respirando, meus olhos fechados, o coração batendo descompassadamente no peito. Eu a fiz minha, eu a tive por inteiro, e fui presenteado com a visão mais maravilhosa que já tive na vida, quando ela se desmanchou em cima de mim. Durante toda a minha vida, a vi crescendo, chorando, dormindo, cansada, e todos os seus primeiros momentos, todos. Vi cada parte e cada detalhe de sua vida, e não pode haver melhor lugar no mundo do que ao lado dela.

“Jesse...” – ela me chama, sua voz é doce e está a centímetros do meu rosto. Estou com o braço em volta de sua cintura, e ela acaricia meu braço. Abro meus olhos, e vejo o rosto mais perfeito que há no mundo. Seu cabelo está amassado, ela está suando. E ainda assim, é perfeita. Quero tê-la ao meu lado para sempre.

“Estamos namorando?” – ela pergunta, e o meu momento, tudo o que eu deveria dizer e toda a forma que eu deveria usar para expressar o que sinto por ela, tudo isso escapole pelo vento quando sinto a dúvida em sua voz.

“É o que eu mais quero no mundo.” - digo. Tudo que sei dizer é a verdade.

“Porque nunca me disse antes? Quando éramos mais novos?” – ela pergunta. Estou mexendo em seu cabelo agora.

“Eu não sabia. Só descobri depois que você voltou.”

“E porque não... Porque não me contou antes de eu começar a namorar com o Finn e...” – ela para de falar. Estamos finalmente conversando sobre isso tudo, nus, deitados na minha cama. O que sinto é uma eletricidade perfeita que corre do meu corpo pro dela e do dela pro meu. Não me resta dúvida alguma de que, se existe algo como estar destinado a alguém, é com ela que eu devo estar.

Mas ela não sente o mesmo.

“Teria feito alguma diferença?” – pergunto, e ela não tem resposta alguma.

Por alguns segundos, o silêncio paira entre nós, até que ela se senta na cama e recomeça a falar.

“Os nossos pais vão simplesmente nos matar se ficarmos juntos, sabe disso, né? Quer dizer, isso é tudo tão confuso!” – ela está falando descontroladamente agora, com seu jeito Rachel de ser – “ Eu estava com o Finn ontem e, e você era como um irmão ou um primo, sei lá, embora eu não possa negar que já te achava gostoso pra caramba e...”

“Eu amo você.” – digo, e ela para de falar instantaneamente. Olha nos meus olhos.

“Também amo você.” – a dúvida persiste em sua voz. E embora eu me sinta um pouco triste com isso, eu preciso entender que tudo isso é novo demais pra ela. Preciso dar a ela o tempo e o espaço necessários para organizar tudo em sua mente. Quero que fiquemos juntos, mas não porque ela acha que isso é o que eu quero ou porque fui o seu primeiro, mas porque ela me escolheu, da mesma forma que eu a escolhi.

E eu posso esperar por isso.