P.O.V Effy

Isso não era possível, eu não sou louca! Não podem me mandar para esse lugar, aquele lugar é para gente insana, problemáticos e criminosos! Meus responsáveis haviam me colocado em um táxi que as malditas freiras enviaram para me buscar. E como sempre pode ficar pior, haviam colocado dois policias enormes para me acompanhar, caso eu tentasse qualquer tipo de fuga, ou caso eu tivesse um surto. Eu estava sendo jogada em um manicômio, um lugar chamado Briarcliff.

Segundo os “profissionais” que se tornaram responsáveis por mim, eu sou uma assassina perigosa, viciada em remédios, cigarros e bebida. Todos eles pensam assim, principalmente a polícia, desde matei meus pais com uma faca de caça.

Meu nome é Effy Stonem, e fui diagnostica como sociopata, depressiva, e deixaram bastante claro que tenho tendências suicidas e também disseram que eu tenho transtorno de personalidade borderline. Segundo minha família hipócrita, eu me tornei uma pessoa diferente,disseram que sou o tipo de pessoa que me tranco em meu quarto e que posso ficar dias lá, sem precisar ver alguém, ou comer.

No momento em que o táxi parou, eu me libertei de meus pensamentos insanos, e logo direcionei meu olhar para a janela. Aquele lugar era medonho, não podia acreditar naquilo, eles realmente queriam se livrar de mim.

Me disseram que neste lugar, as freiras são extremamente rígidas, tanto quanto os médicos. Desci do carro e assim que pisei lá, eu estremeci. Os policiais desceram logo atrás de mim, me segurando violentamente pelos pulsos, eu fui obrigada a usar algemas e tinha que admitir que não eram nenhum pouco confortáveis.

_Moça, é só ir até a porta. Estão te esperando. –O motorista do táxi falou, assim que percebeu o quão estática eu me encontrava. –

_Hã, espere! E as minhas malas, onde estão?

_Seus responsáveis não me deram nenhum de seus pertences, sinto muito. –O motorista respondeu-me. –

_Como assim? Que porra é essa?! –Perguntei aos policiais parando de caminhar. –

_Não admitem pertences pessoais aqui. E não ia precisar de nada mesmo. –Respondeu o policial dando um sorrisinho de canto nojento. –

_Escute aqui seu filho da puta...

_Eu poderia te prender agora mesmo por desacato a autoridade mocinha, mas como já vai ter o seu castigo lá dentro, acho que eu posso deixar passar. –O mesmo policial nojento falou. –

_Vá se ferrar idiota! –Cuspi. –

_O quê está havendo aqui?! –Uma freira veio quase correndo em direção a mim. –

_Viemos deixá-la senhora, mas acho melhor que tome cuidado. Ela é bem selvagem. –Disse o policial a freira de meia idade que veio me receber. –

_Não se preocupe, já cuidei de casos piores do que este. –Respondeu. –

_Pode mandar esses idiotas tirarem essas malditas algemas dos meus pulsos? –Pedi me dirigindo à freira. –

_Elizabeth Stonem, já haviam me falado sobre você, o caso típico de uma vadiazinha mimada. Podem soltá-la, eu assumo daqui. Obrigada.

_Não sou nenhuma vadiazinha mimada, sua vaca! –Respondi enquanto ela tentava segurar-me pelo braço. –

_Rebeldia não é uma boa ideia aqui, senhorita Stonem, e pode me chamar de Irmã Jude. –Disse ela, me fazendo entrar no prédio. –

Preferi ficar calada por enquanto, não ia aguentar essa vaca estúpida me dando sermão o dia inteiro.

_Você vai ter tirar essas roupas, não aceitamos esse tipo de roupa.

_O que diabos há de errado com as minhas roupas? –Perguntei, senti uma onda de raiva circular pelo meu corpo, pude sentir meus olhos queimarem de ódio, quem aquela velha acha que é, já não era o suficiente eu estar ali? –

_São vulgares, e caso a senhorita não saiba não são apenas mulheres em tratamento nessa instituição.

_Okay, vamos ver se eu entendi Irmã Jude, você acha que durante estes cinco minutos em que estou aqui, vou seduzir algum de seus pacientes, simplesmente por usar uma saia? –Disse com sarcasmo. –

_Se eu fosse você, não faria tanas piadas. Você não se encontra nessas condições Elizabeth.

_Oh, pelo amor de Deus. Me chame de Effy.

A freira me encarou por um momento, e não demorou muito para que ela me ignorasse e saísse, e me deixasse falando sozinha, apenas fazendo um sinal para que eu a seguisse. Como não tinha muita escolha, assim o fiz.

***

_Venha até o meu escritório. –A freira se virou para mim, sinalizando a porta de seu escritório. –

Fui até lá, sem dizer nem uma única palavra. No momento em que entrei, havia um cara sentado em uma das cadeiras em frente a mesa.Ele parecia concentrado em algo completamente aleatório. Logo que notou a presença da Irmã Jude, o mesmo se virou para a porta e começou a falar.

_Irmã Jude eu...

Ele parou de falar quando notou minha presença na sala. E por algum estranho motivo ele continuou a me encarar, como se me analisasse.

_Apenas diga Sr.Walker! –Irmã Jude pareceu não ter muita paciência para o modo como ele me encarava. –

_Eu só ia dizer que... o Dr. Arden me mandou chamá-la, ele disse que precisa vê-la agora. –Ele completou a frase se enrolando com algumas palavras, o que me fez sorrir discretamente. –

_Já estou indo. –Ela estava prestes a sair da sala quando se lembrou de que eu ainda estava ali. – Ah, Sr. Walker leve a Effy a sala de de recreação, e mostre a ela o que ela deve saber, e faça questão que ela tire estas roupas. –

Por alguma razão, tive um breve arrepio na espinha quando ela pronunciou meu apelido, ela nos deixou sozinhos em seu escritório, e pelo que notei o “Sr. Walker” ainda me encarava curioso.

_Elizabeth Stonem. –Me pronunciei. –

_Kit Walker. –Sorri, era um nome bastante curioso. –

_Por favor, não me chame de Elizabeth, pode me chamar de Effy. –Disse. –

_Okay Effy, acho que você tem muita coisa para aprender por aqui. Acho melhor eu pegar uma roupa para você, antes que a Irmã Jude decida castigar nós dois. Venha, tenho que te levar à nossa “Sala de recreação”. -Ele falou entre aspas. –

_Espere um pouco, o que quis dizer com, castigar? –Perguntei tentando entender. –

_Posso te explicar depois, mas agora acho melhor sairmos daqui. –Disse ele me puxando para fora da sala. –

***

_Kit, posso lhe perguntar uma coisa?

_Diga. –Ele acendeu um cigarro enquanto me encarava esperando minha pergunta. –

_O que você fez para estar aqui?

_Eu devia estar aqui, na verdade. Sou mesmo inocente.

_Então... O que houve? –Perguntei pegando um cigarro de seu maço e pegando meu isqueiro. –

_Fui acusado de matar várias mulheres e arrancar a pele delas, claro que já ouviu falar disso. Fui acusado de ser o Cara Sangrenta.

_É, eu ouvi falar disso. Mas ainda não entendo, o que fez você levar a culpa?

_É, uma longa história, espero que tenha tempo. –Ele riu. –

_Parece que tempo é exatamente o que não vai me faltar por aqui.

_Então seja bem-vinda à Briarcliff Effy!