P.O.V Narrador

–Então, você realmente não matou ninguém. Já tentou convencê-los disso? –Effy questionou dando um longo trago em seu único cigarro. –

–Sim ,mas também mesmo se eu tentasse fazer qualquer outra coisa além disso, não funcionaria. –Kit respondeu com uma risada irônica. –

–Já pensou em alguma maneira de escapar? Algum lugar escondido aqui dentro, que ninguém saiba que existe?

–Effy, você é nova aqui. Mas vou fazer questão que você saiba de uma coisa. Não existe nenhuma saída! –Kit completou a frase simplesmente, e no momento em que o fez. Sentiu-se estranho, como se não acreditasse em nem uma palavra se quer do que tinha acabado de dizer. –

–Kit, ainda preciso saber de algo. –Effy queria saber, ela se sentiu nauseada por um segundo, apenas imaginando o que aconteceria em seguida, o que aquilo significava. –

Kit a encarava curioso, não pela pergunta que estava prestes a fazer, mas curioso pela mulher a sua frente. Effy parecia o tipo de garota que nunca se intimida com nada, muito menos se rende a nada. Ela era perigosa, ele sabia disso. Mas algo o impedia de se afastar, era estranhamente o contrário, algo nela o atraía.

–Eu sei que as coisas por aqui não são normais, algo é anormal. Essas pessoas podem ser realmente loucas, mas algo me diz que as pessoas que se dizem sob controle deste lugar podem ser muito mais loucas do que qualquer paciente aqui. –Effy, havia colocado isso em sua cabeça desde o primeiro momento em que pisou naquele manicômio de merda. –

–Pode ser que tenha razão. –Ela o encarou levantando uma sobrancelha. –Tudo bem, sei que tem razão, mas se aprendemos algo aqui, é a não questionar.

Os dois ainda caminhavam pelos corredores escuros, Effy continuava se perguntando, do que todos tinham tanto medo naquele maldito buraco. Mas pelo menos, por mais estranho que possa soar, ela estava mesmo tentando confiar em Kit, ele fora até agora, a única pessoa que não a havia tratado como insana psicopata.

–Ainda não me disse. –No momento em que Kit quebrou o silêncio, Effy fitou-o por alguns instantes, pareceu não ouvir a frase, mas no fundo ela sabia que não queria respondê-lo, muito menos falar sobre o assunto. –

–Não te disse o que?

–O motivo de você estar aqui. Digo, você não me parece tão...

–Tão perigosa? –Questionou a garota retribuindo o sorriso irônico que Kit lhe dera mais cedo. –

–Só quero saber o motivo, quem lhe colocou aqui?

–Estou sob a guarda do governo, agora, sob a guarda de Briarcliff. Me colocaram aqui, porque matei meus pais. Disseram que eu tive um surto e que queria matá-los a todo custo, porque eles n ão me davam atenção o suficiente, ou até mesmo amor o suficiente. –Effy sussurrou a última frase para si mesma como se isso fosse fazê-la esquecer o acontecido. –

–Mas isso é somente o que eles dizem não é? –Kit se virou para ela e pode jurar que viu uma lágrima descer pelo seu rosto tão solitária quanto sombria. –

–Não sei mais, eu estava com medo. Relutante, mas com medo. Nem me lembro mais o que eu disse à eles, tudo o que eu queria era ir para casa. –Effy apenas deu o último trago e jogou o cigarro no chão, logo pisando em cima do mesmo. –

***
P.O.V Effy

Me senti mau por ele, pelo que havia me contado. Ele realmente amava sua esposa. O que me fez questionar mentalmente, o que as pessoas era capazes de encontrar de tão maravilhoso e cativante no amor. Não vejo nada de bom nisso tudo. Apenas dor.

Não tinha nenhum certeza, não sabia se podia mesmo confiar em Kit. Ele não me parecia como o resto deles. Por isso, logo percebi que ele me intrigava. Ele não pertencia a aquele lugar, havia algo de misterioso e com certeza atraente em Kit Walker.

Assim que chegamos à “Sala de Recreação” uma música invadiu meus ouvidos, era irritante, mas como Kit havia dito, achei melhor não questionar. Ele caminhava ao meu lado, eu me senti particularmente estranha sem minhas roupa, aquele macacão não era exatamente melhor do que as roupas que eu estava usando quando cheguei. Mas do ponto de vista da Irmã Jude era bem menos vulgar do que minhas próprias roupas.

–O que há de errado? –A voz de Kit me libertou de meus pensamentos. –

–Essa roupa. –Tentei rir da situação pelo menos ironicamente mas não deu muito certo. –

–Vai ter se acostumar. Mas acho que devo te dizer uma coisa.

–O que é?

–Sinceramente, eu gostava mais de sua saia. –Ele se aproximou do meu ouvido e sussurrou. –

Sorri.

***

Fui obrigada a tomar remédios, dos quais eu não exatamente precisava, mas aceitei. Talvez algum desses me ajudasse a dormir. Esqueci a dor, e adormeci. Por algum motivo, Kit Walker era a única pessoa na qual eu conseguia pensar agora. Dormi melhor do que em qualquer outro dia, desde que tudo isso começou não fui capaz de sonhar, até agora.