P.O.V. Effy

O quarto estava escuro, senti-me acorrentada. Sabe quando sente uma sensação de que está caindo? Era exatamente a mesma coisa. Porém, não tinha como saber se eu iria parar de cair algum dia.

Abri meus olhos esperando sair do pesadelo. Não mudara muita coisa. O quarto escuro, a solidão, a queda.

–Kit? –Chamei esperando ouvir sua voz. –

Nada.

–Kit, está acordado?

–Agora estou. –Respondeu. –

–Me desculpe. Só achei que talvez quisesse conversar.

–Bom, acho que precisamos relaxar. –Assim que ouvi o que Kit disse, imaginei se estávamos pensando a mesma coisa. –

–Alguma sugestão?

–Estou pensando em algo. –Quase pude jurar que ele estava sorrindo. –

Sorri sozinha esperando ter alguma esperança, pelo menos naquele dia.

***

Assim que nos trouxeram o almoço, percebi que estava faminta, por mais que a comida fosse repugnante. Realmente não sabia o que era aquilo, parecia purê de batatas com carne, mas não pude evitar comer.

Me surpreendi pelo fato de que nos deixaram sair para tomar ar, mas como sempre...Sob supervisão.

Foi quando Kit me contou o que tinha em mente. Me dissera que havia conseguido subornar um dos guardas para lhe devolver um dos maços de cigarro que havia pego de um dos pacientes.

Era isso o que ele quis dizer com nós precisamos relaxar ? Não que eu esteja reclamando, nem consigo mais me lembrar da ultima vez que havia posto um cigarro na boca.

***

Fomos para o telhado, fiquei realmente impressionada pelo fato de que ninguém nos viu no caminho até lá. Kit e eu conseguimos uma vista bastante satisfatória da floresta escondida atrás do enorme e aterrorizante prédio de Briarcliff.

Por algum motivo estávamos em silêncio, não conseguia pensar em nada para dizer, mas senti que a ultima coisa da qual precisávamos agora era dizer algo.

Por mais estranho que possa parecer naquele momento, a única coisa que realmente vinha em minha mente era uma de minhas músicas preferidas do Nirvana, Heart Shaped Box.

Sorri com o mero pensamento se deveria ou não contar à Kit sobre meu gosto musical, pois na noite passada, o mesmo havia me perguntando quem eu mais admirava de qualquer banda de rock clássica dos anos 90, e eu apenas disse que pensaria na resposta certa.

–Kurt Cobain. –Eu disse quebrando o silencio gelado. –

–Como? –Questionou se virando para encarar-me. –

–Você me perguntou quem eu admiro, alguém de uma banda dos anos 90 certo?

–Sim, e não imaginava que uma garota tão perturbadamente perfeita fosse fã do Nirvana. –Ele sorriu, o que fez rir, ele me chamou de perturbadamente perfeita? –

–Do que me chamou ?

Ele riu.

–É eu sei, sou péssimo nisso.

–Ah, Kit não foi tão ruim. –Disse com sinceridade dando uma ultima tragada em meu primeiro cigarro de semanas. –

–Não minta para mim Effy. Isso machuca.

–Não minto. Não para você.

Nos encaramos por alguns segundos, meus olhos encontraram os dele, não fui capaz de protestar de modo algum a aquele momento. Kit se aproximava cada vez mais e então, ambos nos movemos sem protestos verbais, apenas aconteceu. Kit Walker é e daqui pra frente será sempre meu porto seguro.