P.O.V. Kit

Depois que Effy e eu voltamos para a solitária, me peguei pensando no beijo. Não sabia como aquilo era possível. Me sentia diferente perto dela. Apesar de tudo, acho que Effy é uma das poucas pessoas com as quais eu me sentia bem de verdade para ser sincero. O que não era muito normal para mim.

Hoje ia ser um dia e tanto, acabei de me lembrar que tenho uma “consulta”. Não sou muito fã de consultas psiquiátricas, principalmente com Dr. Oliver Thredson. Algo nele é estranho, como se tivesse medo de revelar algum segredo.

***

–Bom dia Sr. Walker. –A voz metálica atingiu meus ouvidos e senti arrepios. –

–Bom dia Dr. Thredson. –Respondi apático. –

–Acho que tivemos algum progresso em seu caso Sr. Walker.

–Tiveram? –Estava mesmo confuso, que tipo de progresso ele teve a meu respeito sem que eu soubesse. –

–Sim. Desde que a senhorita Stonem chegou, você parece mais focado em sua sanidade. –O modo como ele introduziu Effy na conversa me deixou tenso. –

–O quer dizer? –Perguntei. –

–Quero dizer Sr. Walker que reconheço quando um homem está apaixonado. E você é um deles. –Ele sorriu, de uma forma tão perturbadora que me perguntei se ele não seria tão louco quanto seus pacientes. –

–Não estou apaixonado por Effy. –Neguei. –

–Isso é o que senhor está tentando dizer a si mesmo, não a mim Kit. –Disse, pegando um cigarro do maço em seu bolso. –

–Não é...

–Verdade? É o que ia dizer? –Ele me interrompeu. –

–Sim.

–Não minta para um psicólogo Sr. Walker. –Ele riu. –

–Aceita? –Ele ofereceu um cigarro. –Não posso negar a um homem um cigarro, é cruel. – Suas palavras eram tão diretas e frias que me deixavam congelado. Esse homem não podia ser normal. Se ele realmente acreditava que eu era o verdadeiro Bloddy Face, poderia ser tão louco quanto o verdadeiro assassino. –

Peguei o cigarro esperando ser liberado daquela tortura. Já não sabia mais se deveria tentar entender nossa conversa ou se devia simplesmente ouvir.

–Pode ir.

–O que? Quer dizer, já acabamos? –Perguntei um pouco atônito. –

–Sim, já tenho todas as informações de que preciso, obrigada.

Como diabos ele poderia ter todas as informações necessárias sendo que havia lhe dito absolutamente nada?

***

POV Effy

Kit não devia demorar tanto em consultas como essa, devia?

Na verdade ainda não estive em uma, aquele homem meio que me apavora, mas por outro lado talvez eu precisasse sim de uma ajuda psicológica. Não fazia ideia do que estava acontecendo entre mim e Kit. Não gosto de romances. Não gosto de me apaixonar.

Para mim, não existe absolutamente nada de bom no amor, tudo o que esse sentimento é capaz de fazer, é machucar. Criar feridas profundas das quais temos a sensação de que nunca irão cicatrizar.

Este é apenas mais um motivo para ninguém acreditar quando eu digo que ninguém parte meu coração.

***

Quando ouvi uma batida na porta, me assustei levemente, era um guarda.

–Eizabeth Stonem? –Perguntou com a voz rígida. –

–Sim.

–Venha comigo por favor.

–Aonde vamos? –Perguntei antes de me levantar. –

–Você tem uma consulta. –Meu coração congelou, não me sentia nem um pouco confiante perto dos “médicos” de Briarcliff. –

–Com quem é esta consulta? –Questionei. –

–Doutor Arden.