Akuma No Riddle: Nove Anos Depois

Capítulo 6 - Uma Garota Invasiva e Jogos de Tiro ao Alvo


***POV AZUMA***
– Tokaku-chaaaaaaaaaan! – uma voz enjoada e já conhecida, logo atrás de mim.
– Ai, saco – deixo escapar, me virando para encarar Inukai – que que você quer? Já esqueceu de novo onde é o andar das lojas de roupas?

Inukai Isuke dá aquele sorriso arrogante dela. Desde que descobriu onde trabalho, aparece quase sempre nesse shopping, e tenho certeza de que o seu prazer aqui não está nas compras e sim em vir me encher a paciência. Sempre inventa alguma pra dar uma de garota em apuros ou pra me tratar como empregada, o que sou de fato, mas não preciso de ninguém pra ficar me lembrando.
– Só pensei em passar por aqui e dar um oi a uma velha amiga – olho ao redor.
– Onde? Não estou vendo – Inukai ri, aquele riso meio idiota e meio psicótico.
– Ai, você é boba mesmo, Tokaku-chan! – e me abraça apertado, como se tivéssemos alguma intimidade. Tento evitar pensar nos olhares dos transeuntes.
– É Azuma-san pra você.

Imagino que isso tudo seja algum tipo de vingança por eu tê-la vencido na Classe Negra. Não costumo enfrentar esse tipo de problema com Kirigaya e Namatame. Aparecem de vez em quando, mas ficam na delas. Já vi Sagae por aí umas duas vezes, também. Porque Inukai não pode simplesmente esquecer?
– Mas falando sério agora – ela assume um tom totalmente oposto ao zombeteiro de antes – soube que vai haver uma nova Classe Negra? – ela fala baixinho. Fico em dúvida quanto a acreditar ou não.
– Como você sabe?
– As notícias se espalham rápido, sabe como é. E pelo o que eu ouvi falar, é Hashiri Nio quem vai ser a professora.
– Quanta idiotice. E o próximo ano letivo começa só daqui 3 meses, porque fariam uma Classe Negra agora? – Inukai dá de ombros – você tá inventando.
– Juro que não! – ela levanta as mãos num gesto defensivo, mas sua expressão divertida me faz continuar duvidando – ok, eu conto! Conheço uma garota que foi chamada pra lá. Uma assassina de Osaka.
– Veja bem, ao contrário de você, eu tenho trabalho a fazer, então me deixa em paz. Se você continuar me incomodando, vou ter que te expulsar – meu tom polido carrega um quê de ameaça.

Hashiri Nio. Acho que ela é a única das integrantes da Classe Negra que eu nunca mais tinha ouvido falar. Takechi Otoya fora presa e escapara várias vezes nesses últimos 9 anos. Atualmente está numa prisão de segurança máxima numa ilha isolada, se não me falha a memória. Passou na televisão por uma semana inteira todos os detalhes da recaptura triunfal do Jack Estripador do século 21. Sagae, Inukai, Namatame e Kirigaya eu já vi algumas vezes. Kaminaga apareceu na televisão há uns 4 anos denunciando uma organização de assassinos no seio da Igreja e depois fugiu sabe-se lá para onde. Hanabusa vive dando as caras em programas jornalísticos para falar dos avanços na robótica que a sua empresa alcançou e é vista como uma “jovem prodígio”, como se fosse ela a engenheira que tivesse criado todas aquelas geringonças. Vi Shiena umas duas ou três vezes no centro colando panfletos e distribuindo folhetos contra o bullying. Shuuto foi um dos nomes que apareceu numa limitada lista dos primeiros portadores de highlander a receberem um tratamento experimental, pouco depois da Classe Negra. Banba foi morta no ano passado num caso que chocou o país inteiro: arrumou briga em algum lugar por aí, matou várias pessoas e foi morta no nascer do Sol. Quem a conhece sabe que não houve coincidência nenhuma. Já Hashiri... essa esteve totalmente fora do mapa durante todos esses 9 anos.

É no que estou pensando quando o rádio vibra.
– Azuma-san, responda.
– Sim, estou aqui.

***POV KOBAYASHI***
– Muito esperto você, Kobayashi-kun – zomba Daigo-senpai – contar para a esposa da sua vítima que você vai matá-la e ainda pedir informações. Você é burro?
– A culpa é sua também, você é outro que não leu os relatórios – retruco – e depois, tecnicamente elas são só namoradas. Não há nada sobre casamento, aqui. Aliás, isso não é proibido no Japão?
– Sei lá. Como consertamos isso, agora?
– Você descobriu onde a garota mora, não é? Vamos simplesmente emboscá-la e lhe dar um tiro na testa.
– Agora que você ergueu uma placa luminosa dizendo “eeeei estamos indo aí te matar, mas fica tranquila porque vamos levar cookies” não vai mais ser tão simples assim. Elas com certeza já tomaram precauções e talvez até já tenham se mudado. Além disso, a outra é uma Azuma. Eu é que não quero bater de frente com esses monstros.
– É só uma garota apaixonada que se acha muita coisa porque tem nome – replico.
– Juro pra você! Eu já trabalhei com uma velha dos Azuma, uma vez! Tenho arrepios até hoje! Aquela louca psicopata era capaz de acertar uma faca numa ervilha a 50 metros de distância!
– Pare de exagerar.
– Se aquela velha já fazia aquelas coisas, imagina essa garota de 20 e poucos anos no auge da forma! Ela vai comer suas tripas com você ainda vivo! – reviro os olhos, bufando de desprezo.
– Daigo-senpai, só meu braço já pesa mais que o corpo inteiro daquela garota. Talvez dê até pra gente se divertir um pouco... eu prefiro ruivas. Você fica com a Azuma.
– Sem chances. Eu fico com a ruiva. Essa Azuma deve ter lâminas na buceta – não tem como não rir. Ele tem idade pra ser meu pai, mas agora estou sentindo que sou eu o maduro da situação – estou pensando em desistir do trabalho. Não quero me meter com esse clã de birutas. Juro pra você, eles devem beber sangue no café da manhã. Quem sabe o que a Azuma não ensinou para o alvo? Ela vai rir enquanto arranca seus olhos com um alicate enferrujado!
– Um alicate enferrujado? – rio de novo – você imagina coisas demais.
– É sério! Faz 25 anos, mas eu lembro como se fosse ontem! Aquela velha ficava arremessando facas em pássaros enquanto traçávamos o plano para matar o alvo, tão serena quanto se estivesse enchendo uma jarra de água, e a cada faca que arremessava, ela dizia “25 pontos”, “50 pontos”, “100 pontos”, “500 pontos”. Tinha uma bolsa nas costas cheinha delas! Umas trinta facas dessas que você corta o dedo só de encostar!
– Daigo-senpai, cala a boca.