***POV HARU***

Naquela noite, vemos na TV uma notícia sobre um falsário que se fazia passar por agente da Interpol e que abrira fogo contra os civis de uma padaria, sendo parado por uma estrangeira de cabelos azuis identificada como “Tokaku Azuma”. Há uma ferramenta de colocar legendas automáticas na televisão, o que ajuda um pouco: linguagem escrita é mais fácil do que linguagem falada. Meu espanhol está evoluindo a passos largos, o que me deixa bastante feliz.
– Então foi isso que aconteceu! – exclamo. Tokaku-san parece não ter entendido nada, exceto as imagens e seu nome estampado em letras ocidentais.
– Seja lá o que for, sim, é isso – ela confirma, mudando sua expressão fofa de “não entendi” rapidamente para um “não me importo”, que também é muito fofa. Sinto vontade de abraçá-la e beijá-la. Não resisto ao impulso. Ela responde com o mesmo entusiasmo. “Eu conheço minha Tokaku”, penso, satisfeita.

***POV DAIGO***

Então agora, estou sozinho. Vou seguir o plano de Kobayashi-kun: elemento-surpresa a meu favor. Só tenho que me lembrar que estou lidando com uma Azuma. Preciso acabar com ela primeiro, com um só tiro, direto na cabeça. Ichinose será um alvo fácil depois disso. Se eu errar, se ela perceber minha presença, sou um homem morto. Ah, como é bom ser sniper. Eu não teria coragem de ir no corpo-a-corpo contra uma Azuma, como Kobayashi fez. Nota mental: parabenizá-lo por sua valentia assim que nos vermos de novo.

***POV HARU***

Tento levantar em silêncio para não acordar Tokaku, mas meu esforço é em vão. Ela se põe de pé e parece bastante séria.
– Eu disse que ia te acompanhar para qualquer canto que você fosse até darmos um jeito nesse sniper – frisa ela.

E me acompanha mesmo. Até a entrada do laboratório, não sai do meu lado nem por um segundo. Mantém a guarda alta. E na saída, a mesma coisa: me espera na porta. Não dou um passo fora de casa ou do trabalho sem a sua presença. Lembra um pouco o que era a Tokaku da Classe Negra, mas dez vezes mais protecionista.
– Tokaku-san, e o nosso casamento? – pergunto, um dia, durante o café-da-manhã. Ela deposita a xícara onde bebia seu café e me encara com uma expressão enigmática.
– Verdade... assim que cuidarmos do Sniper, vamos resolver isso – e dá aquele seu sorriso ligeiro e quase imperceptível.

Existe uma linha de ônibus que leva do centro da cidade direto para o laboratório e depois de volta para o centro da cidade. Quase todos os passageiros são trabalhadores de lá, exceto Tokaku-san. O ponto onde ele para é a uns 50 metros da entrada. Tokaku sempre prefere descer comigo e me acompanhar até lá, e depois voltar e esperar por uns 30 minutos pelo ônibus seguinte para voltar pra casa.
– Não precisa se preocupar tanto, Tokaku-san.
– Precisa sim – replica ela, calmamente. Sempre sentamos na última fileira. A maioria dos empregados que vão de ônibus são zeladores, assistentes ou coisa parecida. Os pesquisadores, diretores, e o resto do pessoal de cargos mais altos costuma ter carro próprio. Eu sou a exceção. Tem vários estrangeiros entre os pesquisadores por lá, também. A maioria são poloneses por causa de um concurso que fizeram numa universidade de lá, mas também tem alguns ingleses, dois bolivianos, uma coreana, alguns argentinos e uma pesquisadora da Áustria, que veio junto com a leva de poloneses.
– Já se passaram 3 semanas, tem certeza de que você viu ele?
– Eu vi E senti. Não abaixe a guarda, é isso que ele quer.

Penso que é muito bom poder falar à vontade em lugares públicos – ninguém vai nos entender, de qualquer forma.
– Você deve estar certa – admito, depois de pensar um pouco. Seus sentidos nunca falharam.

***POV DAIGO***

A prisão de Kobayashi-kun me impôs um sério problema: não posso mais usar a identidade falsa da Interpol. Foi divulgado na mídia local cada detalhe sobre o caso, e seria muito estranho se de repente aparecesse outro agente fazendo exatamente a mesma coisa que o anterior. Ainda mais numa cidade pequena, onde as notícias se espalham rápido.

Checo o material que me sobrou. Uma sniper com silenciador, 20 balas, binóculo, notebook, tablet, uma submetralhadora com três pentes de 30 balas e silenciador, uma chave-mestra, máscara de esqui. A pistola 9mm foi apreendida com Kobayashi-kun, assim como seu arsenal de facas e um soco-inglês. Arrumo meus materiais em uma mochila e uma mala e saio do quarto de hotel onde estou hospedado, a 30 quilômetros de Ciudad de Allende. Alugara um carro para voltar pra lá. Todas as despesas estão sendo pagas através da conta de uma empresa multinacional hackeada, então não há com o que me preocupar.

Estaciono o carro escondido entre algumas plantas na entrada da cidade e faço o resto do percurso a pé. Um terno como o de Kobayashi chamaria muita atenção, por isso visto calça de moletom, camiseta preta com blusa e óculos escuros. Quem me vê provavelmente pensa que sou um mochileiro.

A cidade é tão pequena que só preciso caminhar por dez minutos para chegar até o centro. É onde vou montar minha vigília. Só há um prédio, e tem quatro andares. Todos os outros edifícios começam e terminam no térreo. Bem diferente de Tóquio. É um prédio do governo. Já estudei tudo sobre ele. Só o que preciso é chegar ao topo. Mas antes, é melhor não ser burro de subir sem nada para comer. Afinal, só vou poder descer à noite. Era no topo desse prédio que eu estava posicionado no dia em que Azuma surpreendeu Kobayashi-kun dentro da padaria.

É na mesma padaria que eu entro. A polícia fechara o lugar por um dia para uma enquete. Agora, tudo parece ter voltado ao normal. Em inglês, peço alguns pães, frios e um pacote de um confeito de chocolate que eu nunca vi mas parece muito bom.
– De onde você é? – pergunta a velha que me atende. Ela fala inglês fluente.
– Estados Unidos – minto. É o primeiro país que me vem na cabeça, e por eu ter morado em Nova Iorque por dois anos, tenho um sotaque parecido com o de lá.
– Tem aparecido muitos estrangeiros aqui, ultimamente. Mais que o de costume, quero dizer.
– Entendo – ela não parece desconfiada. Pelo contrário, parece bem feliz.
– Chegou na cidade quando?
– Hoje mesmo – abro um sorriso falso de gentileza.
– Ouviu dizer o que aconteceu aqui algumas semanas atrás? Foi bem nessa padaria, na minha frente mesmo!
– O que aconteceu? – pergunto, fingindo curiosidade.
– Hm, chegou um homem, parecia japonês... bem grandão mesmo, sabe? Ombros largos, jovem, parecia ter uns 30 anos, e mostrou uma identidade da Interpol, e depois as fotos de duas meninas bem novinhas mesmo, de uns 20 anos no máximo, e disse que elas eram procuradas por terrorismo, perguntou se eu as tinha visto, tudo isso em inglês, exatamente como eu estou falando com você agora. Aí eu disse que não tinha visto, porque afinal eu não tinha visto mesmo! – ela ri como se fosse algo muito engraçado, e continua – e eu disse que entraria em contato se as visse, mas aí sabe o que aconteceu?
– O quê? – finjo entusiasmo.
– Uma delas entrou na minha padaria! Assim, do nada! E eu gritei, né! Afinal, eu me assustei! Vai saber o que uma terrorista estaria vindo fazer aqui? E o “agente” já virou atirando, mas não sei como, ela conseguiu desviar! Agora, pensando nisso, parece ter sido muito divertido sentir aquela adrenalina toda, mas vou confessar que na hora eu fiquei morta de medo!
– E o que aconteceu? Prenderam a terrorista? – ás vezes eu penso que deveria ter tentado a vida como ator de teatro. Eu realmente consigo me fazer parecer muito entusiasmado com a história, tanto que quase acredito que estou mesmo.
– Aí é que está! Ela conseguiu derrubar o agente, uma menina bem pequenina, sabe? Magrinha, mais ou menos da minha altura, só que um pouco mais alta, e a polícia chegou em seguida. Ela não falava inglês nem espanhol. Mas depois eu fiquei sabendo que ela era uma mulher inocente e aquele “agente” na verdade era um impostor!
– Nossa! Que estranho! E o que será que ele queria com essa garota?
– Ninguém sabe! Tá todo mundo na cidade comentando! Só o que eu fiquei sabendo que ela é japonesa.
– Japonesa! Interessante.
– Sim, e... hm, como dizer? Eu não sei se é verdade, parece meio rude falar isso das pessoas, mas eu ouvi dizer que... hm, eu ouvi dizer que ela é lésbica.
– Ah, é?
– Sim, sim. Ouvi dizer que ela é casada com uma pesquisadora do Laboratório de Ciudad de Allende, chegaram juntas há uns dois meses. Assim, nada contra né? Cada um faz o que quer da vida, mas é o que andam dizendo por aí.
– Sim, claro. Cada um, sua vida, não é mesmo?
– Sim, concordo com você.
– E você sabe o nome dessa garota?
– Acho que era... Takaka... não, não, Tokaka... Hm... Tokaka Zoma, acho que era algo assim – rio por dentro com a ignorância da mulher. Por fora, sorrio gentilmente.
– Obrigado pela história, foi muito interessante. Enfim, tenho que ir agora. Quanto eu te devo?
– 37 pesos.

***POV TOKAKU***

Como de costume, logo após deixar Haru no trabalho, dou uma corrida em torno da cidade antes de voltar pra casa. É até bom para manter os olhos sobre tudo o que acontece. Sendo uma pequena região, quarenta minutos de corrida é o suficiente para atravessar Allende inteira e voltar – o laboratório fica bem além dos limites da cidade.

Retornando para casa, arrumo a cama e lavo a louça por pura falta do que fazer, e treino um pouco na sala. Afasto a mesa para abrir espaço. Minha camisa já está molhada de suor quando o celular toca. Merda, o ônibus. Tomo uma ducha rápida e corro para o ponto. Mesmo que seja demorado, eu e Haru preferimos almoçar juntas numa pequena lanchonete da cidade do que se encontrar só à noite, depois do expediente. Espero que meu cheiro não esteja muito ruim. Fiquei umas três horas seguidas me exercitando e nem percebi. Bom, de qualquer forma está frio, então tenho uma desculpa a mais para cobrir o corpo com o máximo de tecido possível. Não que eu me importe com o que os outros pensam. Mas com o que Haru pensa, eu me importo sim.

Como de costume, a espero na última fileira do ônibus. Haru traz o jaleco branco pendurado no braço e veste um casaco azul-marinho. Senta ao meu lado sem dizer uma palavra, apoia a cabeça no meu ombro e envolve meu corpo num meio abraço. São momentos como esse que eu gostaria que nunca terminassem.

No momento em que descemos do ônibus, sinto um cheiro ruim no ar. É tão ruim que me faz torcer o nariz. Haru parece perceber.
– O que foi, Tokaku-san? – olho ao redor. O Sniper deve estar por perto. Se é um sniper, ele deve estar escondido em algum lugar. De alguma posição onde tenha visão privilegiada. Não há muito onde se esconder, numa cidade tão pequena. Empurro Haru para dentro de um estabelecimento qualquer, sinalizando para que se afaste da porta. Onde está?

Bingo.

***POV DAIGO***

Nada, nada, nada. Algumas boas horas de espera já, e nada aconteceu. Decido descansar um pouco. Há uma mureta de pedra em torno do terraço do prédio, onde posso me recostar. Me infiltrei através de um corredor de serviços em reforma, vindo até o terraço pelas escadas. O problema é que durante a tarde o lugar fica ocupado pelos trabalhadores da reforma, por isso tenho que esperar que eles vão embora para poder sair.

Experimento um desses confeitos que comprei. Bem doce. É bom. Me levanto e dou mais uma olhada ao redor com os binóculos. Dessa vez, passo mais lentamente e presto mais atenção em cada rua. Alguma hora vocês vão ter que aparecer, desgraçadas.

Bingo. A garota Azuma é inconfundível. Está sozinha, e parece olhar desconfiada ao redor. Onde está Ichinose? Não, primeiro tenho que me ocupar da Azuma. Sem tirar os olhos de seu rosto pontudo, procuro o rifle com a mão direita enquanto seguro os binóculos com a esquerda. No momento em que encontro o cabo de ferro, ela vira a cabeça diretamente pra mim. Congelo. Seu olhar parece sentenciar minha condenação à morte.

***POV TOKAKU***

São dois quarteirões de distância. Corro a uma velocidade que me qualificaria para os cem metros rasos olímpicos fácil, fácil. Vai saber o que é esse edifício? Entro sem fazer cerimônia. Uma recepção com uma mulher que parece ser a secretária e um homem vestido em roupas azuis e com um cesto de lixo sobre rodinhas e vassoura. Ambos olham pra mim, curiosos. Não lhes dou atenção. Vou diretamente até as escadas. A mulher grita alguma coisa. Ignoro. Subo dois degraus de cada vez. Passo por uns dois homens de capacete laranja e roupas sujas, aparentando serem trabalhadores de alguma construção, mas não lhes dou atenção. No último lance de escadas, saco as três facas que trago comigo. Tenho que ser cuidadosa, ele provavelmente me viu e deve ter armas portáteis consigo.

***POV DAIGO***

Ela me viu. Já era. Estou condenado. Os Azuma são invencíveis. Os únicos que tem alguma chance contra eles são os Kuzunoha.

Não. Não posso me entregar assim. Tiro a submetralhadora da mochila e carrego um pente. Me posto ao lado da porta que dá no terraço, o mais silencioso possível, pronto para abrir fogo.

Já escuto seus passos na escadaria.

***POV TOKAKU***

Paro um pouco antes de abrir a porta. Um cheiro próximo. Um cheiro de medo, mas também de uma intenção assassina. E a respiração quase inaudível que deve pertencer ao Sniper. É quase como se eu pudesse ver sua silhueta por detrás do concreto cinzento e sem reboco das paredes. Passos atrás de mim. Um dos construtores, imagino. A julgar pelo volume e tom de sua voz, está no pé da escada que acabei de subir e me chama a atenção. Provavelmente, não tenho o direito de estar aqui. Sinalizo com uma das mãos para que ele fique quieto sem sequer olhá-lo. É justamente a mão que carrega as facas. Sua voz fica mais irritada. Passos. Ele está se aproximando. Viro o pescoço para encará-lo e lanço um olhar gelado de “cale-a-boca”. Então, volto a atenção à porta e me abaixo como se fosse dar um bote em alguém.

O construtor está bem perto, agora. Me toca o braço, dizendo o que imagino ser “dê-logo-o-fora-daqui”. Já pressenti o que vai acontecer, e empurro-o de volta escada abaixo no momento em que a porta se abre e um homem de meia-idade se mostra, atirando, embora o som dos disparos seja quase inaudível. Fiz bem em me abaixar – as balas passam por cima de mim. Escuto um grito de dor vindo do operário. Arremesso uma faca visando o pescoço do Sniper. Em cheio. Ele parecia muito nervoso, isso deve ter afetado a sua pontaria. Cai para trás com um grunhido agonizante enquanto o sangue esguicha pelo concreto. Chuto sua arma para longe, guardo as duas facas restantes tranquilamente e ligo para Haru.
– Chame os médicos e a polícia. Eu estou no topo de um prédio que parece ser o único da cidade, então vai ser fácil deles nos encontrarem.

***POV DAIGO***

Ela estava demorando muito. Meu nervosismo estava à flor da pele. Por isso, escancarei a porta e atirei sem nem ver onde eu estava mirando. Acertei uns três tiros num homem que não tinha nada a ver com a missão. Quando fui corrigir a mira para a garota de pequena estatura abaixada no meio da escadaria, ela me acertou uma faca na garganta. Uma lâmina fina e pequena, parece tirada de um estilete. Desgraçada. O pior é saber que foi a minha própria impaciência e nervosismo que me traiu. Se eu tivesse guardado o espírito calmo e concentrado como sempre, talvez tivesse uma chance de vencer.

Azuma chuta minha arma para longe – como se eu fosse conseguir utilizá-la enquanto uso as duas mãos para tentar estancar o sangramento – e faz uma ligação.
– Chame os médicos e a polícia – ela diz – eu estou no topo de um prédio que parece ser o único da cidade, então vai ser fácil deles nos encontrarem – sua voz me dá arrepios. Quantas pessoas será que ela já matou? Devem ser centenas. Argh. A dor é cada vez mais insuportável. Se ao menos ela tivesse mirado no tronco... estou usando uma camada acolchoada justamente para evitar golpes assim, embora isso fosse ser inútil contra armas de fogo.

Ela se encosta na parede onde eu estivera agora há pouco, ao lado da porta, dizendo:
– É melhor você não tirar essa faca daí. Ouvi dizer que, ás vezes, fazer isso piora o ferimento. Espere a chegada dos médicos – mais essa agora. Ela tá pensando que eu nasci ontem? Quem não sabe disso? E ainda quer dar uma de preocupada comigo? Ela parece ler meus pensamentos, porque me lança um olhar gelado e diz: – eu não dou a mínima pra você. Da mesma forma que não dou a mínima para aquele operário baleado ali embaixo. Mas prefiro que não tenha nenhuma morte aqui, hoje.

Ela me lembra Karami-sama. Droga, quase já tinha esquecido de Karami-sama. A filha da velha. Os mesmos traços, a mesma especialidade com facas e lâminas curtas, a mesma habilidade para lançá-las, a mesma frieza. Mas o que realmente me fez lembrar de Karami-sama foi a sua última frase. Eu lembro que, naquela época em que trabalhei com a velha dos Azuma, sua filha Karami-sama também se envolveu na missão um pouco mais tarde. Era guerra de peixe grande. Um CEO de uma multinacional japonesa queria acabar com o diretor de vendas prodígio da empresa rival. Por isso, nos contratou. Karami-sama me disse que era a primeira missão dos Azuma em várias gerações. Enquanto nos infiltrávamos para matar o alvo, topamos com um segurança imprevisto. Teoricamente, era pra ele estar do outro lado do prédio. A velha estava nos esperando do lado de fora e eu dava cobertura para Karami-sama enquanto isso – ou melhor, acho que era ela quem estava me dando cobertura. Karami acertou um golpe na cabeça que o fez perder a consciência. Eu perguntei porque ela não o matava de uma vez. Ela respondeu:
– Prefiro não matar mais do que o necessário – e depois de alguns segundos, completou – temos que fazer parecer um acidente, lembra?

O plano era capturar o alvo, forçá-lo a beber tantas garrafas de whisky quanto possível, e em seguida deixá-lo inconsciente no volante de seu carro. A velha iria cuidar de arrebentar as grades de proteção de uma ponte próxima da cidade e de lá, jogaríamos o veículo com o alvo no rio. Assim, todos pensariam que ele estava bêbado e causou a própria morte dessa forma. Minhas habilidades na missão eram requisitadas porque na época eu era conhecido como o melhor hacker do ramo no Japão, e só eu conseguiria desativar os sistemas de segurança sem ser detectado, mas já tinha um talento desconhecido com armas de fogo.

***POV "CONTRATANTE"***

Sorrio satisfeito, enquanto observo por uma das várias câmeras plantadas no material de Kobayashi e Daigo o resultado da missão que lhes dei. Eu tinha dito a eles para que matassem Ichinose Haru, mas essa nunca foi minha intenção. Minha intenção era ver a cena que estou presenciando agora. Ativo o programa de alteração vocal que uso para fazer minha voz parecer feminina só para brincar.
– Tokaku-kun, se você soubesse... – e rio.