Akai ito_ Reader insert

The Dark Rose - Subaru Sakamaki X Reader


Você encarou o próprio reflexo antes de suspirar e virar-se para a porta de madeira, pegou o casaco que estava jogado num canto qualquer de seu apartamento e saiu pela porta. Os cabelos (c/c) eram bagunçados pela brisa fria da noite, que vinha acompanhada pelo cheiro de fumaça, terra molhada e esgoto.

Cruzando os braços, você atravessou a rua e parou num ponto de táxi, ajeitou o capuz sobre a cabeça, distraidamente. O asfalto molhado ressoava o baque surdo dos vários pares de sapato contra ele, o som dos carros passando em alta velocidade, chegava aos seus ouvidos, assim como o som das vozes abafadas das pessoas que estavam na rua, conversando aos resmungos ao telefone ou simplesmente conversando com alguém que estava ao lado.

Sem prestar atenção, você sinalizou assim que viu um táxi, fazendo o carro amarelo parar ao lado da calçada. Abrindo a porta com brutalidade, você entrou e fechou a porta atrás de si.

—Qualquer lugar longe daqui._sua voz saiu num murmúrio sufocado, que por milagre o motorista conseguiu entender.

Não demorou muito, estava num bairro elegante. Os imensos casarões eram chamativos e bonitos, mas o máximo que você conseguiu foi bufar com desdém e suspirar.

—Estamos longe o suficiente?_indagou o motorista, a voz grossa e rouca soando levemente preocupada.

Você entendeu aquilo como um sinal, sinal de que ele já havia notado que longe significava fora dali. Suspirando, você sacou a carteira da bolsa e tirou de lá um maço de notas, separou o dinheiro da corrida e entregou-o ao motorista, que parou ao lado do acostamento.

Descendo do carro, você pôde observar melhor o cenário extremamente luminoso. Todas aquelas casas dignas de cenário de filme, com jardins escandalosos e estatuas ridículas. Quando finalmente viu o carro amarelo sumir na esquina, você respirou aliviada e começou sua caminhada, rumo ao longe o suficiente.

“Nem se estivesse na Sibéria seria longe o suficiente!” _pensou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco.

Inconsciente de seus próprios atos chutou o asfalto duro sob seus pés, percebendo o quão alto aquilo soara na rua deserta você se encolheu minimamente, mas percebendo que aquilo não parecera incomodar ninguém, você voltou á sua caminhada.

O capuz deslizou um pouco para trás, deixando seu rosto mais visível sob as luzes doentias dos postes, algumas sombras faziam desenhos disformes em seu rosto enquanto você lutava consigo mesma, num debate interior para saber se era melhor ficar com ou sem o bendito capuz.

Desistindo de tentar ser discreta, puxou o capuz para trás e continuou a caminhada, os passos firmes e lentos ressoando pela larga rua úmida, deserta e bem-iluminada... Bem-iluminada até demais!

Parou por fim, na frente de um imenso casarão de aparência intimidadora. Os portões de ferro pareciam ranger apenas de fitá-los, o belo jardim era iluminado pela luz da lua. Sem conter a curiosidade e a vontade de entrar e ver os tipos de flores que ali haviam, você escalou os portões com graciosidade e saltou quando chegou ao outro lado, tendo a queda abafada e levemente amortecida pela grama fofa e orvalhada.

Olhou ao redor, desconfiada e caminhou silenciosamente até a parte onde tinham mais flores. Rosas brancas, vermelhas, azuis, amarelas e rosa preenchiam-lhe a visão até onde a vista alcançava, mais flores de diferentes espécies enfeitavam o chão e os pequenos murinhos que separavam uma parte da outra.

Sorriu quando chegou a uma rosa diferente.

Esta ao contrário das outras não tinha uma cor alegre, pois era negra.

Inclinando-se delicadamente sobre a rosa, pôde perceber o quão fascinante ela era apenas por sua diferença. Os espinhos eram menores, mas não menos fatais. Apenas sua aparência já espantaria quem ousasse se aproximar.

—Tão linda..._murmurou.

Não se preocupou muito com quem podia encontrá-la ali, afinal o máximo que podiam fazer era acusá-la de invasão de propriedade. Suas mãos coçavam para pegar a rosa e levá-la, afinal, não dariam por falta de uma no meio de tantas, certo?

Errado!

—Se eu fosse você, nem sequer pensaria em tocar nela!

Você se virou para ver o dono da voz. O garoto de cabelos róseos, e olhos vermelhos lhe encarava, uma pequena carranca formada em seu rosto angelical.

—Por quê?

Um sorrisinho brotou nos lábios dele.

—É a única rosa negra em meio á todas essas outras, qualquer um perceberia que ela sumiu.

—Sério?_sua voz soou sínica.

—Não brinque comigo, garotinha...

—Garotinha é o seu nariz, idiota!_exclamou, cansada de jogar o mesmo joguinho._Estou saindo daqui, nem sei por que entrei aqui!

—Curiosidade?_opinou.

Sua maior vontade no momento era poder ter o super-poder da mudez para calá-lo.

Mas para a sua infelicidade o garoto parecia bem disposto a vê-la saindo dali o mais rápido possível, ou talvez fazê-la ficar para ver no que daria.

—Ei!

—O que foi?_indagou irritada, enquanto ajeitava a bolsa e preparava-se para se despedir da única flor que realmente lhe chamara atenção.

_Por que está aqui?

—Você mesmo respondeu!_resmungou, desistindo de despedir-se da rosa.

—Espera!_segurou-lhe o pulso, puxando-a para perto.

—Ei! Idiota! O que pensa que está fazendo?!?_exasperou-se.

—Se gritar, sabe que vão te acusar de invasão de propriedade privada._resmungou.

—Antes na cadeia que atacada por um desconhecido!_retrucou._Eu vou te dar 3 segundos antes de gritar.

—Eles vão aparecer e vão fazer pior que eu.

—3...

—Vai continuar com essa palhaçada?

—2...

—Posso dizer que estava me provocando.

—Eu não sou nada sua!

—Eles não se surpreenderiam se eu dissesse que tenho uma namorada secreta!

Você parou a contagem repentinamente, procurando por um bom argumento.

—2,5._contou ele para você._Só comece a contagem quando tiver certeza e firmeza em sua escolha, okay?

Touché._resmungou contra a vontade.

O garoto de cabelos róseos sorriu.

—Gostei de você.

—Pois é... Mas os últimos aproximadamente 20 minutos de conversa estão virando um verdadeiro pesadelo para mim. Pode me soltar agora?

—Se eu te soltar você vai gritar e correr na direção daquele portão._respondeu._Quero que fique.

—Pra quê? Até onde eu saiba, ficar com vontade de colher uma rosa não é crime!

—Invasão de propriedade privada é!

—Poderia parar de dizer esses palavrões?_arqueou as sobrancelhas, sínica.

—Só se disser que vai ficar.

—Por que eu ficaria?

—Se eu respondesse: luz, água, comida, empregados e mais algumas regalias você ficaria?

—Nada que eu não tenha longe daqui._respondeu.

—(S/n)...

—Como sabe meu nome?

—Estudo com você!

—Quem é você?

—Subaru.

—O preguiçoso que vive cochilando durante as aulas? Ah! Lembrei!_sorriu, contente por se lembrar e ainda ter a oportunidade de provocá-lo um pouco.

Ele revirou os olhos.

—Quer mesmo acabar com o meu bom humor?

—Nunca te vi de bom-humor... Isso é um milagre? Caramba! Parem o mundo! SUBAR...

Ele tampou a sua boca antes que você berrasse. Você o encarou, assassina.

—Pare de gracinha e eu te solto, okay?

—Quantos okay’s já falou comigo só hoje?

—O suficiente para adivinhar o quão mal-humorada isso te deixa!

Você franziu o cenho, desistindo de lutar contra o garoto.

—E-eu volto... Apenas me deixe ir._pediu.

—Promete?

—Prometo.

Ele sorriu, levemente aliviado.

—Se eu te chamasse para conversar durante as aulas, você aceitaria?

Quando aquela ideia maluca surgiu em sua mente, você não sabia, apenas sabia que quando sua melhor amiga a visse cometendo tal loucura, pediria detalhes.

—Adoraria._respondeu.

—Quando se tornou tão tímido?

—Quando se tornou tão curiosa?

—Quando ficou tão chato?

—Quando ficou tão bonita?

—Sou assim desde que nasci!_piscou.

—Nossa! Modesta...

—Querido, a vida é curta demais pra ser modesta!_sorriu, piscando.

Ele riu.

—Nos vemos amanhã?

—Talvez, estou pensando seriamente em cabular aula, amanhã..._começou, sorrindo triunfante ao ver a expressão raivosa do garoto.

—Se fizer isso...

—Vai me bater?

—Não, vou fazer isso!

Ele puxou-lhe gentilmente para um beijo. O beijo fora profundo, encantador e tímido. Estava inebriada. Completamente entregue á aquele momento. As mãos dele estavam em sua cintura, enquanto as suas estavam apoiadas no peitoral largo dele. Ambos se separaram pela falta de ar. Você sorriu.

—Nossa! Preciso cabular aula mais vezes!_ofegou.

—Promete que vai voltar?

—Já prometi.

—Voltaria pra ficar?

—É cedo para definir. Isso foi apenas um beijo!_respondeu.

—Eu posso dizer que já...

Você pousou o dedo indicador sobre os lábios do rapaz, sorrindo levemente.

—Se disser essas palavras, eu vou desaparecer.

—Sempre tão misteriosa...

—O mistério deixa os romances mais atraentes.

—Gostaria de saber o que a deixou assim...

—Eu também, Subaru._suspirou, cansada._Quem sabe algum dia?

Ele sorriu, quando você se assustou ele já estava longe, num piscar de olhos ele ressurgiu diante de você, a rosa negra e bela em suas mãos.

—Promete?

Você sorriu levemente.

—Prometo.

Ele lhe entregou a rosa e sorriu, você retribuiu ao sorriso e correu até os portões, como escalou-os novamente e saiu sem deixar a rosa cair, foi um grande mistério.

Você sorriu bobamente enquanto caminhava pela rua, voltando para casa a pé.

Ele não precisava para você sentir.

E você não precisava escutar para saber...

Você o amava, e isso infelizmente não podia acontecer com você.

Enquanto caminhava pelas ruas e fitava o pálido e tímido luar, você sorria para a rosa negra com a qual brincava entre seus dedos. Uma prova concreta do que sentiam.

Apesar de novo.

Ambos sabiam que estavam agindo como adolescentes, loucos e inconseqüentes.

Mas quem se importava?

O que importava era que aquele laço único era forte o suficiente para nutrir um forte amor.

Mesmo diante do altar, anos depois você lembrou, com o buquê de rosas vermelhas numa mão e uma pétala delicada da rosa negra na outra.

Ele era, foi e sempre seria o seu único e grande amor...