Capítulo 4

Hyuk demorou a se recuperar do riso nervoso, enquanto Leo esperava pacientemente batendo o pé no chão seu dongsaeng decidir ficar ‘normal’ de novo. Os dois voltaram a caminhar pela floresta, o mais velho apenas querendo voltar para o acampamento. Estava com sede. Porém quando Hyuk reconheceu a trilha, percebeu que estavam muito próximos da única área que não conseguiu explorar com Ken. Era uma chance única estar ali. Tinha certeza que era lá que N estava.

Conforme se aproximava, um barulho de água ficava cada vez mais forte. Qual foi a surpresa ao verem uma pequena nascente ali? Leo não estava mais irritado, bebendo água e matando sua sede. Hyuk também aproveitou a deixa.

—O que você tanto olha ali? - O mais velho perguntou, intrigado demais para continuar quieto.

—Ah, ali... É o único lugar que não consegui explorar com o Ken-hyung... Quase certeza que o N esta lá.

Leo ficou feliz com a informação. Isso quer dizer que estavam no fim daquele acampamento de resgate maluco e finalmente iriam recuperar o líder.

—Então, vamos! - Os olhos do mais novo brilharam, empolgado com a permissão e companhia para explorar.

Subiram a leve inclinação deparando-se com uma única trilha à direita e um abismo à esquerda. Quaisquer movimentos em falso poderiam cair ou se machucar bem sério. Hyuk olhou para trás, buscando novamente aprovação do outro para continuarem. Apesar de estar confiante, nunca se perdoaria se acontecesse algo à Taekwoon.

Assim que o mais velho assentiu e começaram a subir a trilha, Hyuk sentiu um impacto e dor. Ao olhar para o lado, um corte nada legal em seu braço. A pessoa estava no topo, já preparando a próxima flecha para atirar nele. Leo olhou em volta, achando um tronco grosso e resistente. Não hesitou a pegar, e logo estava em cima da pessoa, que se defendeu do golpe com o arco, tirando o mais novo da sua mira.

E a única coisa que ela conseguia fazer, era se defender ora com o arco, ora com uma das flechas, a maioria se quebrando. Leo era rápido e forte, não dando chances para que ela contra atacasse. Na verdade ele estava bem empenhado em não deixá-la reagir e machucar alguém de novo, ao mesmo tempo tentando dar um golpe mais certeiro que a deixasse inconsciente.

Hyuk aproveitou a deixa, se aproximando com o objetivo de desmascarar quem era.

Ela percebeu a movimentação, e de alguma forma conseguiu rebater o golpe de Leo com seu arco, empurrando-o para longe de si, então girando o corpo e acertando o mais novo com o arco, o fazendo cambalear. Empurrou os dois mais uma vez para trás, deixando-os instável, e então novamente usou a sua arma mais detestável.

Com a fumaça, ambos os loiros começaram a dar passos para trás por instinto de sair logo daquele lugar. O que não perceberam, é que ela havia os empurrado próximo demais do abismo. Quando a visão começou a melhorar, estavam encurralados, e mesmo por debaixo da máscara, sabiam que existia um sorriso vitorioso. Leo olhou para baixo, se arrependendo logo depois. Era uma altura muito considerável.

Leo até chegou a levantar o galho novamente, mesmo sabendo que não teria muitos movimentos a fazer. Em vão. Ela atirou próximo aos pés dele, tirando sua estabilidade, e então o mais velho caiu.

—Hyung!!!!! - Hyuk entrou em desespero.

—Deveria se preocupar com você ao invés de ficar procurando por um já morto.

Antes de cair também, Hyuk usou toda sua força para jogar uma pedra considerável. Atingiu-a, vendo o ferimento que fez no ombro. O mais novo não sentiu por muito tempo a queda, sendo segurado por alguém. Leo havia conseguido fincar o galho que segurava no barranco do abismo, ficando pendurado. Segurou o mais novo pelo pulso.

Ambos sabiam que ou o mais velho não aguentaria tanto tempo segurando-os, ou o galho se partiria ao meio com o peso. Hyuk engoliu seco, fechando os olhos e respirando fundo. Precisava pensar em uma maneira de sair daquela vivo. Começou a analisar a altura que restava até o final, e mesmo que já tivessem caído a metade do abismo, era uma queda e tanto. Mesmo se saíssem vivos, teriam alguns ossos muitos fraturados. Negou com a cabeça, não, não era bom. Era péssimo!

—Hyuk!

Olhou para cima, a expressão do loiro mais velho demonstrando toda força que ele fazia para aguentar os dois, fazendo-o morder o lábio inferior. Culpa novamente. Vendo que não conseguiria falar de novo por estar ficando sem forças, Taekwoon tentou apontar com a cabeça a entrada de uma caverna próximo onde estavam presos. Hyuk conseguiu captar o que ele apontava, quase chorando pela sorte que tinham.

—Hyung, eu sei que já esta ficando sem forças, mas... Me balance o mais próximo da entrada. Depois eu seguro você! - E os dois se encararam, mostrando a confiança que um tinha no outro.

Como combinado, Leo usou mais de sua força, balançando o mais novo e o lançando na caverna. Por pouco, ele conseguiu se agarrar na entrada, subindo com certa dificuldade para dentro dela. Não tinha tempo para ficar aliviado ou se recuperar, o outro poderia cansar e cair a qualquer momento. Fez um sinal a ele. Tudo o que tinha que fazer era não deixá-lo cair.

Taekwoon tentava lutar contra seu medo de altura, e ter mais confiança no mais novo. ‘Vai dar tudo certo’ repetia para si mesmo. Fechou os olhos, respirando fundo, e com a pouca força que lhe restava, deu um impulso com seu corpo, se lançando na direção de Hyuk.

Quando ambos caíram de costas no chão da caverna, a risada foi inevitável. O que diabos estava acontecendo? Uma floresta louca, com uma pessoa mais louca ainda, e havia uma caverna no meio de um abismo.

—Desculpa… - O mais novo soltou quando se acalmaram.

—Hun? - Olhou intrigado para ele.

—Eu não deveria ter levado a gente até aquela trilha... Na verdade, eu que quis trazer Ken-hyung para dentro, e… - Sentiu um peteleco na testa e um tapa no ombro, lembrando-se de seu ferimento e gemendo de dor.

—Fique quieto. Não pense assim. Eu vim por que quis, e sei que JaeHwan também. Você não obrigou ninguém. - Olhou para ele, sério. E então mirou o machucado. -Dói muito?

Hyuk apenas negou com a cabeça, envergonhado demais para voltar a falar. Mesmo ouvindo aquilo, ainda se sentia bastante culpado. Mesmo sem trocar mais palavras, decidiram em comum acordo descansarem um pouco antes de procurarem pela saída.

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Voltava despreocupada e com um sentimento de vitória muito grande. Não sabia que conseguiria se livrar de dois deles em uma tacada só! Eles facilitaram muito também. Entrou na casa, acionando todo sistema de segurança e indo ao local onde havia trancado o maior pecador.

—Ah, Cha Hakyeon vai chorar tanto agora ao saber dessa noticia. - Soltou uma risada amarga por trás da máscara, empurrando a porta enferrujada com um pouco mais de dificuldade que o normal. Franziu o cenho, olhando dentro do quarto.

Apenas o vazio e o frio lhe receberam, tirando a máscara para enxergar melhor, o que suspeitava se realizara. Hakyeon não estava em lugar algum do quarto. Soltou um grito de raiva, que pode ser escutado pelo líder. Havia conseguido escapar, mas percebeu que toda a casa tinha um sistema de segurança muito difícil de driblar. Decidiu então se esconder em algum lugar até que seu raptor voltasse, desligando os alarmes para entrar, e aproveitar a deixa para sair.

Tudo deu tão certo, que quando ele finalmente saiu da casa sendo envolvido pela floresta, um sorriso largo surgiu em seu rosto. Liberdade. Vento, céu, cheiro de plantas úmidas. Certo, também não podia comemorar tanto assim seu plano genial, precisava continuar correndo. Olhou em volta, duas trilhas diferentes e suspeitas, e um caminho não marcado se seguisse em frente. O ideal seria esse, por mais que se perdesse, as chances de despistá-la eram maiores.

A pessoa viu na câmera que Hakyeon já estava do lado de fora, preparando-se para fugir de vez. Outro grito de raiva, pegou um arco automático e um saco com flechas, correndo por um atalho para a saída. Se ele esperava sair vivo, estava muito enganado.

N se apoiou na enorme árvore, escalando as pedras que o separavam do caminho que havia escolhido. Quando faltava pouco, soltou um grito de dor, caindo para trás e perdendo todo seu progresso. Olhou para a perna, desesperado. Uma flecha muito bem fincada em sua coxa direita. Arregalou os olhos, encarando seu raptor. Ela ainda estava sem máscara, revelando seu rosto feminino e olhos esverdeados.

—Você realmente achou que ia fugir, Hakyeon?! AHN?! E VIVO?! - Gritava conforme sua raiva aumentava em relação ao outro. Viu-o tentar se levantar, se escorando na árvore. Caminhou até ele sem cerimônias, arrancando sua flecha de forma bruta da perna do outro.

O choque da dor foi tanta que nenhum grito ou gemido de dor saiu por seus lábios, apenas sentia o sangue escorrer lentamente, assim como algumas lágrimas. Ele ficava cada vez mais chocado em como a garota não tinha limites. Ela realmente estava disposta a isso. A lhe matar.

—Você me olha assim, chocado, como se não soubesse o porquê disso tudo. Ah, vocês... Vocês são tão mentirosos. Fazem promessas que não podem cumprir, iludem suas fãs… - Cuspiu sem nenhuma vergonha no rosto do mais velho, cerrando os dentes. -MAS QUEBRAR A MINHA PROMESSA FOI O PIOR DE TUDO!

Quanto mais ela falava, menos N conseguia se lembrar de alguma coisa. Não conseguia reagir, só conseguia sentir seu corpo perdendo forças de uma forma rápida demais. E quando ela começou a rir de uma forma estranha, voltou a encará-la.

—Sabe quem foi o primeiro a pagar pelos erros? - Novamente os olhos dele se arregalavam. -Ah, na verdade foram dois, assim, de uma vez sóooo! - Riu mais. -A expressão deles... Quase pagou pelos pecados de vocês.

—Quem... Quem você machucou?! - Gritou, se escorando novamente na árvore. Agora estava com raiva.

—Oh, ainda consegue reagir ao ouvir sobre seus dongsaengs? - Ela fez uma expressão falsamente doce e preocupada. -Han SangHyuk. - Pronunciou o primeiro nome com uma careta. -Ele foi um dos que mais me machucou aqui, sabe. - Colocou a mão sobre o peito esquerdo.

—O-o que… - Cravou o que restava de suas unhas na árvore, tentando controlar o impulso de chorar. Não na frente dela. Mas seu dongsaeng… seu mais precioso.

—Jung Taekwoon. - Pronunciou o segundo nome com uma cara meio confusa. -Ele eu pretendia perdoar, mesmo que ele tivesse que usar uma coleira que nem a música de vocês, pelo resto da vida.

—Leo?! - O choque foi tão grande, que seu corpo tomou impulso em direção a ela, quase a alcançando. Porém ela deu alguns passos para trás.

—Eh, você consegue se sentir mais mal por ele? Você tem preferência entre seus meninos, Hakyeon? Estou cho-ca-da. - Não mais do que ficou ao sentir a mão do rapaz atingir seu rosto com uma força que ele não deveria ter.

—Nunca mais ouse falar dos meus integrantes na minha frente assim.

Ela apenas o encarou com uma expressão superior, as sobrancelhas arqueadas. E então mais uma vez cuspiu na cara dele. De todos, os que mais tiravam ela de sua paz eram: Han SangHyuk, Lee Hongbin e Cha Hakyeon. Encarar o garoto com algumas mechas verdes em seu cabelo era algo que revirava seu estômago.

—Você realmente se preocupa com eles, hun? A ponto de tentar fazer o sumiço sobre o namoro dos mais novos nas mídias, não é mesmo? - O empurrou, vendo-o cair no chão e se arrastar para longe dela. -Deve se sentir tão orgulhoso por ninguém desconfiar, por todos acreditarem que não passava de um fanservice. Coitados né, só querem ter um romance em paz.

Começou a balançar o arco, tentando conter a respiração que se alterava pela raiva novamente lhe acometendo.

—Hongbin e Hyuk se beijando em baixo da árvore lalalala. - Cantarolou sem ritmo, encarando novamente o líder. -A pior das traições. Mas! - Sorriu de canto. - Eu vou amar, com todas as letras e todo sentido da palavra, ver a cara do Hongbin quando eu contar a ele que o namoradinho delicia dele morreu. NÃO É, LINDO HAKYEON?!

—Você... Você é louca… - Foi sua única reação enquanto tentava se arrastar para mais longe dela, vendo-a gargalhar.

—Só percebeu isso agora depois de tudo que eu fiz até então? Achei que você era mais inteligente. Ah, o papo está bom, mas acho que podemos encerrar, certo? Eu estou na dúvida se apago você e te arrasto lá pra dentro de novo, ou se eu encerro isso de uma vez. Por que cara, cada vez que eu te olho eu tenho vontade de vomitar.

E ela realmente o encarou como se estivesse muito enjoada, e parecendo decidida do que fazer, pegou uma nova flecha, dessa vez mirando no peito esquerdo de Hakyeon. Poderia no final da brincadeira deixar JaeHwan como um pet onde o líder estava trancado, e fingir que nada nunca havia acontecido.

E o mesmo apareceu por trás das árvores, correndo e se jogando ao lado de N.

—Hyung! – Segurou-o pelos ombros, o estado dele pior do que esperava ao ouvir parte da conversa. Encarou a menina, assustado e com raiva ao mesmo tempo. Passou todo aquele tempo procurando por Hyuk, e nunca poderia perdoá-la por ter matado-o. E agora, ver como seu hyung estava... Imperdoável.

—Ken, o que?! O que faz aqui? Vai embora, foge. Ela me quer, você não precisa ficar. - Desandou a falar.

—JaeHwan….Eu pretendia te deixar vivo… - Falou baixo. Ken engoliu seco, mas não se movendo.

—Espera! Seu ódio é meu certo? - Conseguiu empurrar o mais novo para trás de si. -Deixe ele em paz…

—Que corajoso! Isso que é vontade de não deixar mais ninguém morrer, espera! Aplausos para Cha Hakyeon. - E ela realmente começou a aplaudir.

—N-hyung! - Uma voz estranhamente familiar foi ouvida da trilha oposta a que estavam. Os três se viraram lentamente, vendo um Hyuk ofegante e com vários machucados pelo corpo. -Eu sabia que você estava aqui!

—H-hyuk? - O mais velho não conseguia acreditar, as lágrimas que tanto tentou impedir escorrendo em seu rosto.

—O que? Vocês realmente acharam que eu tinha morrido?! Nunca! - Deu uma risada sem graça e encarou a garota. -Gostou da vista?

—Não a provoque! - Hakyeon gritou. -Vá embora! Se está vivo, aproveite e foge! Ela é louca, uma psicopata!! - E o mais velho gritaria mais, se outra pessoa não tivesse surgido atrás de si, lhe abraçando. Olhou para trás chocado, vendo um Leo desesperado.

—O que?! Você acha que depois de ficar assim! - Apontou para todos seus machucados. - Eu simplesmente vou sair andando?

A garota estava muito confusa para entender. Ela viu os dois caindo. Por que estavam vivos? Era impossível sobreviver àquela queda. Tão perdida estava, que não ouviu novos passos e até mesmo alguns gritos estranhos. Ravi e Hongbin apareceram pela última trilha, gritando e ao mesmo tempo se chocaram contra ela. O impacto foi tão grande, que a garota voou para dentro da casa, ficando largada.

—Conseguimos! - Ravi comemorou, chocando sua mão com a de Hongbin. -Agora vamos fugir, rápido!

N queria conseguir parar de chorar, mas ver todos seus dongsaengs ali e ter Leo agarrado a si também chorando, não estava ajudando. Com ajuda de Ken se levantou e eles se separaram novamente para fugir. Corriam o máximo que podiam, não sabiam quando ela podia acordar e o que seria capaz de fazer. Só deveriam parar ao chegarem ao acampamento.