Capítulo 3

Hyuk acordou, sentindo seu corpo reclamar de ter dormido torto no saco de dormir. Hongbin ocupou quase todo espaço, fazendo o loiro acordar praticamente em cima de um tronco. Espreguiçou-se tentando melhorar a sensação, e sentiu cheiro de café. Apenas Ken já havia acordado, acendido uma fogueira e esquentado um café. Sorriu com a eficiência do mais velho, sentando-se ao lado dele para se servir também.

—Bom dia, hyung! Dormiu bem?

—Ah, eu acabei nem dormindo. Acho que estou ansioso demais para isso. - Apesar de responder isso, sua expressão era calma. O loiro apenas arqueou as sobrancelhas e tomaram o café da manhã em silêncio.

Hyuk percebeu que os outros não acordariam tão cedo, mesmo já sendo por volta das onze horas da manhã. Não queria ficar parado esperando. Se corroía querendo seu hyung de volta.

—Hey, hyung, vamos explorar já que estamos de pé?

—Hun… - Ken olhou em volta, terminando de arrumar o que usaram para comer. -Pode ser! Não temos mais nada para fazer e eles são um bando de preguiçosos!

Riram, pegando o que acharam que seria necessário para explorar ao redor.

—Fique de olho no caminho. Sabe que me perco fácil! - Cutucou o mais novo.

—Então não imite mosquitos por que estamos na floresta, ok Hyung? - O loiro riu, indo a frente.

Não sabiam há quanto tempo estavam caminhando, mas aquela floresta era densa demais. Ela parecia maior e mais funda do que as fotos na internet mostravam. Acharam um campo de caça, treino de arco e flecha, e se surpreenderam que houvesse até mesmo algumas cavernas e abismos dentro daquele lugar.

Ken olhou para o céu, percebendo o pôr-do-sol.

—Hyuk, melhor voltarmos! Os outros devem ter se preocupado que não avisamos nada e nem voltamos. Sequer almoçamos!

—Ah, mas só falta àquela área ali, hyung.

—Hyuk! - Ken nunca ficava nervoso daquele jeito, mas alguma coisa estava o deixando inquieto. Mexia com ele, como se algo fosse acontecer a qualquer momento.

O loiro não queria dar o braço a torcer. Chegaram tão longe, voltar agora quando faltava um único lugar para explorar. Era um desperdício. Nem que tivesse que ir sozinho. O que nenhum dos dois esperava, é que o pôr-do-sol se transformasse rapidamente em uma lua cheia e brilhante, e tudo ficasse escuro de uma vez só.

—Nós… Realmente precisamos voltar. Sem discussão, ok? - Apesar de ter encerrado como uma pergunta, não deixou aberturas para uma resposta ou uma reclamação do menor. Pegou a lanterna, que falhou um pouco antes de iluminar novamente o lugar.

Hyuk foi à frente, procurando a trilha por aonde vieram, vez ou outra a lanterna do mais velho falhando. Porém eles caminhavam, caminhavam, caminhavam, parecia horas, quase uma eternidade. E não chegavam a lugar algum.

Hyuk parou um tanto ofegante. Lembrava-se de onde estavam e sabia em qual direção ir, só não parecia adiantar.

—Ahhhh eu não estou gostando disso. - O mais velho resmungou. -Devíamos ter voltado quando eu falei.

—Ahh, mas isso não faz sentido Hyung. Eu me lembro do caminho, por que não conseguimos voltar? - Bufou, cruzando os braços.

Os dois tiveram tempo apenas de sentir um cheiro estranho, e uma explosão de fumaça acontecer. Ambos não hesitaram em se jogar no barranco ao lado deles, rolando para fora da fumaça. Quando conseguiram parar de ‘rolar’ o barranco, voltando a ficar de pé, Hyuk percebeu uma nova trilha.

—Ok... Podemos ir por aqui. - Apontou, tossindo um pouco. Mesmo que tivessem sido rápidos, não escaparam de inalar a fumaça. Olhou para si mesmo, estava sujo e com alguns lugares ralados.

—Estou começando a achar que não vai ser nada fácil chegar ao Hakyeon... - Comentou para o nada, cabisbaixo e um pouco angustiado.

O loiro pensou a mesma coisa, mas não queria focar nisso. Precisavam voltar e contar tudo aos outros, para se prepararem melhor. Seguiram a nova trilha, a floresta ficando menos densa, e mais reconhecível para ambos. E antes que pudessem respirar aliviados, uma expressão de choque e desespero tomou conta deles.

Fora da floresta, ainda era dia.

—Hyuk…

Uma nova explosão ocorreu, separando os dois. Ken conseguiu dar um jeito de desviar da fumaça, tentando não inalar, escondendo-se atrás de uma grossa árvore. O pânico estava vindo forte, deixando-o ofegante.

Não conseguia pensar, por que nada fazia sentido. E ainda havia perdido o mais novo. Pegou sua lanterna, respirando fundo e se arriscando a voltar para dentro da floresta. Mesmo que se perdesse, não poderia voltar agora. Não sem mais um integrante.

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Hyuk corria com toda força que seu corpo jovem e treinado permitia. Alguém o seguia, atirando flechas e bombas de fumaça, seguidamente. Não conseguia pensar em como desviar, para onde ir, ou em como contra atacar. Pelo menos o fato de estar sendo seguido, significava não estar envolvendo o mais velho.

Sentiu o cheiro e aviso de uma nova bomba de fumaça vindo, e ao invés de fugir, cobriu rapidamente o nariz, tampando a respiração e parou. Reação não esperada por quem o seguia. A fumaça não só sufocava, mas também acabava com a visão. Sentia os olhos arderem, a necessidade de respirar ficando forte.

Se usasse essa chance para escapar, era perfeita. A outra pessoa também não deveria ser capaz de enxergar naquela situação, já que sempre atirava quando a fumaça já estava dissipando. Desviou o caminho, mesmo não enxergando, apenas rezando para não ir sentido a algum dos abismos da floresta.

Quando saiu da fumaça, se permitiu respirar forte, recuperando-se, os olhos lacrimejando. O que não esperava era ouvir a voz de alguém.

—Hyuk! - Leo se aproximou do mais novo, surpreso de ter encontrado ele após se perder na floresta.

Não entendia por que ele havia paralisado no lugar, os olhos bem arregalados e vermelhos.

—Não! Hyung, corre, sai daqui! Sai! - Tentou avisar o mais velho, que chegou próximo dele confuso.

—O que houve, Hyuk? Por que está machucado assim?

TaekWoon continuou encarand-o, esperando por uma resposta. O mais novo pareceu perceber que não havia mais ninguém, e de certa forma se deixou cair no chão aliviado. Havia escapado e não envolveria o outro.

—Ah, que alívio. Achei que não ia escapar, há... Hahahahaha! - Começou a rir sozinho, sendo fortemente julgado pelo outro que só queria ir embora, cansado de estar perdido.

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A porta rangeu, indicando a presença da pessoa, deixando N em alerta. Apenas água e uma carta foram deixadas, a porta se fechando lentamente. Antes que se fechasse por completo, conseguiu emperrar a porta com vários parafusos grossos e enferrujados que passou horas retirando de tudo que havia dentro do quarto.

E como esperado, a porta não fez o ‘click’ enferrujado que fazia ao ser trancada. Mesmo fraco Hakyeon deixou-se dar um sorriso vitorioso. Tinha uma oportunidade para fugir agora. Com isso em mente, permitiu-se tomar toda água do copo, satisfeito. Pegou a carta, desinteressado. Sempre eram letras de músicas sobre um primeiro amor que não deu certo.

Abriu a carta lenta e tediosamente, começando a ler.

“Começou a caçada. Quem acha que será pego primeiro?”

E uma foto com Ken e Hyuk na floresta. N arregalou os olhos, depois amassando o papel. Ninguém brincava com seus dongsaengs assim. Agora iria fazer seu plano de fuga dar mais certo do que nunca.

—/-

Ravi e Hongbin estavam ficando irritados com o tempo que estavam gastando andando em círculo. Com um canivete, toda vez que passavam pelo tronco, marcavam. Não havia onde marcar mais. Já haviam judiado de quase toda árvore, por que sempre passavam por ali.

—Isso está me deixando irritado!!! - Ravi chutou uma pedra, bufando.

Hongbin tentava não se deixar afetar, analisando mais uma vez o ambiente que estavam. Era estranho, não importava a saída que escolhessem, voltavam para lá. Um barulho diferente chamou a atenção dos dois, vendo uma raposa.

—Uma raposa?! - Honbgin ficou confuso.

—Vamos seguir ela! - Ravi mal disse isso, o animal já corria para dentro da floresta.

A sorte de o animal ter aparecido, fez com que os dois conseguissem sair daquele ‘labirinto circular’ que estavam, porém a floresta ia ficando mais densa. A própria raposa parou uma hora, parecendo confusa com a quantidade de árvores que os cercavam. Uma flecha certeira atingiu-a, fazendo os dois olharem ao mesmo tempo para o lado. A pessoa toda de preto parecia os encarar friamente por trás da máscara, enquanto pegava outra flecha, mirando neles.

Ravi institivamente se colocou a frente do mais novo, sem deixar de encarar a pessoa. Às vezes mostrar segurança e confiança desconcertava os vilões. Péssima lição de algum filme aleatório que o rapper havia assistido. Ao contrário, a pessoa não se deixou afetar, atirando a flecha que passou de raspão pelo rosto de Hongbin.

Os dois se entreolharam. Eram dois, e poderiam ser mais rápidos que um arco e flecha. Separaram-se a cercando, prontos para qualquer movimento. A pessoa tentou atirar duas flechas de uma vez em direção de Hongbin, que quase não consegue desviar, Ravi logo conseguindo acertar um chute. Por trás da máscara, ela grunhiu irritada com a ação deles, começando a atirar as flechas seguidamente.

Eles desviavam e vez ou outra conseguiam chutar ou jogar alguma pedra na pessoa. Não sabiam se era seguro se aproximar e segurá-la e acabar com aquilo, não tinham ideia se haviam outras armas escondidas. Porém se mantivessem aquele ritmo, ela cansaria primeiro. Então era realmente um bom plano.

O que não esperavam, é que toda aquela provocação fez com que ela cansasse dos dois. Aquilo não estava mais divertido. Guardou o arco nas costas, vendo os dois franzirem o cenho, desconfiados e pegou sua famosa bomba de fumaça.

Mais uma explosão ocorria na floresta, deixando os dois confusos, tossindo e sem enxergar nada. Quando a fumaça dissipou, estavam sozinhos novamente.