Adotada Pela Loucura

Capítulo 53- He Comes


Alicia me olhou com um sorriso de canto, apesar de eu estar assustada.

– Mas...Mas...- Eu tentei falar mas a frase ficou travada em minha garganta.

– Mas o que Malennie? Eu sei que você provavelmente teve viver bem calma aqui, sem problemas.

– Você quem pensa.- Eu disse baixo, desviando o olhar.

– Disse algo?- Ela perguntou.

– Não,não, pode continuar.- Eu disse,abrindo um sorriso pequeno.

– Então, aí, eu pensei " Ela nem deve ter muitos amigos, além daquela garota lá que eu esqueci o nome."

– LIA!

– Essa aí mesmo. Não me interrompe, menina.- Ela disse balançando a mão.- Ah, onde estava?... Me lembrei, então, vim lá da Alemanha, no meu canto, feliz, pra te convidar. E AGORA TU VAI!

Eu olhei séria.

– Me.Obrigue.- Eu disse.- Você mudou muito sabia? Isso é estranho. Por que... eu também mudei, não só fisicamente. Mentalmente. E sabe de mais uma coisa? A minha vida não é nada monótona. Quase perder a vida; conhecer demônios; ser possuída; conhecer meus familiares, que são muitos mas não vem ao caso; conhecer o passado dos dois malucos que chamo de pais... É incrível a vida humana. Tão monótona aos olhos, porém tão... cheia.

Ela começou a bater palmas com sarcasmo.

– Okay, a velha garotinha "psicótica",- Ela disse fazendo aspas com o dedo.- mudou mesmo, parece até mais... Feminina.

– Pelo jeito não fui só EU, QUE MUDEI. Olha pra você, parece uma mimada de quinta categoria. Cadê a Alicia que chora com medinho de nunca encontrar os pais em? EM?- Eu empurrei ela.- Olha para suas roupas, vestidos de grife, coisinhas caras, quem é você? EM?

– Pelo menos EU, NÃO SOU DOENTE MENTAL!

Eu fiquei boquiaberta.

– Como ousa?!- Eu disse.- Eu não sou doente mental, e se fosse teria orgulho de mim mesma, por que pelo menos NUNCA PRECISEI SER DEPENDENTE DE ALGUÉM, SUA MIMADA! Agora, eu tenho o nome de dois foragidos da polícia, e do país inteiro? Será que entende isso? Ou eu vou ter que te mostrar?!

Charlotte entrou na nossa frente.

– Minha irmã não é mimada. E você não é doente mental.- Ela disse séria.- E se quiserem discutir, pelo amor de Deus, tenham uma discussão a altura de duas damas!

– Dama.- Eu ri.

– Você realmente acha que ELA, é uma dama?- Ela apontou o dedo pra mim.

– Acho melhor você tirar o dedo da minha cara, antes que eu o quebre, ou arranque fora!- Eu gritei batendo no braço dela.

Ela bufou.

– Charlotte, vamos logo embora.

– Na-na-ni-na-não.- Ela disse puxando o braço da Alicia.- Pede desculpas!

– EU?! Ela que começou!- Ela disse arregalando os olhos.

Charlotte bateu a mão na cara.

– Qual é, até eu que tenho 7 anos, não ajo como um bebê de dois.

– Ai.- Eu disse baixo.

– Você também não se exalta não, fera.- Ela disse olhando pra mim. - Não importa quem começou, vai logo, pede desculpas. E ABRAÇO!

– Hurgh.

– Que merda.- Alicia disse.

A gente se abraçou, e Charlotte deu um sorriso amarelado.

– Se você quiser ainda pode ir na minha festa, mas se der treta, a culpa é toda sua.

– A culpa já é Instinto.

– Um instinto que deveria acabar, mas tudo bem.- Alicia disse dando de ombros.

Eu ouvi barulho de passos e quando olhei pra escada vi a cabeça de Jeff.

– JEFF SAÍ DAÍ!- Jane disse e eu segurei o riso.

Alicia foi pra trás com medo e segurou Charlotte. Mesmo reconhecendo o rosto do próprio.

– Os pais dela não estão aqui...- Ele disse.

– Tanto faz, elas precisam ficar sozinhas!

–... Eu juro, que pensei bem pouco, mas bem pouco, algo malicioso.- Ele disse.

– Elas estão ouvindo a gente né?- Jane disse baixo.

– Sim, genialidade.

Jane desceu e puxou Jeff. Ela se arrumou e Alicia continuava com cara de assustada, e Charlotte abriu um sorriso.

Ela correu até Jeff e Jane e abraçou os dois. Ao mesmo tempo.

– Mas que merda ela está fazendo?- Disse pra Alicia, que estava respirando com dificuldade.

– Eh... Bem... Digamos que a Charlotte conhece eles...

" Fangirl. Ah Zalgo. Me ajuda."

Jeff ficou com os olhos mais arregalados, e Jane apenas passou a mão na cabeça dela.

– Eu sabia que o nome de vocês era familiar!- Ela disse com o rosto grudado na barriga da Jane.

Jeff olhava pra gente e apenas mexia a boca dizendo " Me tirem daqui."

Eu comecei a rir e Alicia balançou a cabeça negativamente.

– Do que ri tanto? - Ela disse brava.

– É engraçado porque o Jeff não gosta de fangirls.- Eu disse e ela me olhou brava.

– Claro, é bem notável. Só que eles me conheceram. Eles vieram no meu orfanato procurando você... Você tem sorte, Malennie.

Ouvi o barulho de um carro e a buzina.

Alicia abriu um sorriso, parecendo que o nervosismo sumiu. Ela puxou o braço da sua irmã, e me deu o convite da festa, junto com seu telefone.

Ela abriu a porta rápido, e a irmã foi na frente. Lena acabou fazendo um barulho alto e antes que Alicia saísse. Eu chutei o sofá.

– O que...- Ela iria continuar mas deu de ombros. Quando ela iria sair de novo Lena disse alguma coisa.

– CALA A BOCA!- Eu disse olhando pro sofá. Alicia saiu da casa assustada, e eu fui pra janela, vendo ela ir embora.

Quando me virei bati a cabeça na parede, Jeff magicamente tinha se teletransportado para atrás de mim.

– SEU FILHO DA...

– Não fala!- Ele disse abrindo mais o sorriso.- Você precisa ir!

– Why?- Eu disse triste.

– Eu e a Jane precisamos ficar a sós.

– A sós, certo?- Eu disse maldosamente.- Sei... ainda suspeito como esse bebê, foi feito.

– Depois quando eu mato a pessoa todo mundo diz que eu sou do mal.- Ele disse bravo.

– Mas isso é irônico, você é do mal.

– Dane-se.- Ele disse.- DE QUALQUER FORMA, como você está um tanto quanto... "Estranha", a gente vai com você.

– O QUEEEEE...- Jane olhou pra mim.

– Bem, acho melhor vocês irem na frente, por que mulheres são lerdas.

" Isso é mentira..."

Ele subiu e Jane se aproximou de mim.

– Como a gente vai ir achar sua mãe agora?!- Ela disse assustada.

– Eu também não sei! Que diabo de horas é esse voo?

– Hum... 4:30 da manhã.

– Oi? Eu vou levantar a este horário pra perguntar pra uma velha por que ela me abandonou? Isso é sério?

– Você vai ou não?!- Ela disse elevando a voz.

– Tá,tá. Só que... e se a festa acabar muito tarde?

– Bem, isso você resolve. Só vou ficar lá pra te ajudar a sair se passar da Meia-Noite. Eu vou subir, arranjar alguma...- Ela olhou pra roupa que eu usava.- Coisa, pra você usar.

Ela subiu e eu encostei na parede, e sentei no chão.

– Isso vai ser a maior roubada da minha vida...- Eu suspirei e ri.- E também... a Maior loucura dela.

Me levantei e olhei o convite. Ele marcava 18:00. Olhei para o relógio, e eram 16:12.

– AI MEU DEUS!

Eu subi correndo e corri pra dentro do meu quarto, rolando pela cama. Abri o guarda-roupa e comecei a tacar as roupas e todas as coisas pra fora.

– Cadê, cadê, cadê... ACHEI!- Era um vestido que a Alicia tinha me dado de aniversário, um ano antes de eu ter sido adotada. Ele era branco com um laço enorme preto.- JAAAANE!

– QUE?!- Ela apareceu no meu quarto.

– Achei alguma coisa. Pode ser isso?!

– Tanto faz, vai de tênis mesmo, você tá atrasada!

Corri pro banheiro e esbarrei em Jeff. Ele me ajudou a levantar, e eu entrei e me tranquei no banheiro.

Me troquei rápido, e sai. Penteei meu cabelo, e desci, antes, fiz uma pausa e coloquei o papel com o endereço da casa em uma caixa no guarda-roupa.

Desci correndo e Jane já estava pronta.

Jeff desceu calmamente olhando pra gente surpreso.

– Ainda, são quatro e dezessete. Sério, pra que isso?!- Ele disse.

– É...- Jane iria responder e Jeff ficou mais curioso pelo quê, estava tanto com ela.

– Eu e a Jane precisamos conversar mais, só isso. A gente vai a pé!

Puxei Jane e fui a caminho da tal " festa". Eu não sei o motivo mas... Tenho um péssimo pressentimento sobre essa festa.

P.O.V Jeff

Elas estavam tão estranhas esses dias. Smile chegou do meu lado, estremecendo o corpo.

– Sup.

– O que eu perdi?

– Nada demais. Só a gente vai pra uma festa. Você estava sumido...

Zalgo... He comes.

– A cada momento que você fala isso, você me deixa com um cagaço. Bem, tem comida aí, e água, e pode comer a casa toda.- Eu disse.- Tenho que ver o que aquelas duas estão aprontando.

Eu bati a porta e ajeitando o moletom no corpo, Ouvi Smile.

É por isso que eu odeio quando não me entendem... Ele realmente, está vindo.

Senti algo gélido percorrer minha coluna, ao ouvir aquilo. Mais uma briga com ele? O que diabos ele queria demais nela?!

Comecei a correr, pra ver se as alcançava. Eu preciso que elas saibam, se não, Malennie está mais uma vez, em perigo.

P.O.V Malennie

– Então... é isso o plano?- Jane disse.

– É. Depois da festa, fugimos das vistas dele e vamos... Mas acho que vou deixá-lo partido.

– Como assim?- Ela riu.

– Já parti muitas vezes a confiança das pessoas, e não quero que isso aconteça novamente.- Disse séria.- Jane.

– Sim?

– Eu estou sentindo realmente algo estranho sobre essa festa. Eu não sei, é como se...

A minha vista ficou embaçada, e eu só ouvia estática. Tapei meus ouvidos com força, e ouvia só gritos.

– Mas... que merda...?- Eu disse cambaleando, ouvindo Jane me chamando. Jane me chacoalhou e eu voltei ao normal.

– SEU OLHO!- Ela disse assustada.

– O que?- Eu puxei o tapa-olho, e senti sangue descer pelos meus olhos. - MAS QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO?!

– Acho que deveríamos ir agora pra ca...

A estática voltou. A visão estava completamente cinzenta. Meu corpo estava firme, mas me sentia fraca ao mesmo tempo.

Eu te avisei...

" Mas que merda é essa?!"

Eu iria ter minha revanche, não iria perder dessa vez.

Eu te avisei...

Eu irei te fazer sofrer, mas não será agora. E nem irei aparecer. Mas se prepare, Malennie.

Eu te avisei...

Eu puxei o ar comigo e o sangue saiu dos meus olhos, tirando a cor preta. Não conseguia respirar, e Jane olhava pra mim assustada.

– Malennie? Você está...

– ZALGO!- Eu gritei.- A gente precisa sair daqui. Rápido.

– N-não podemos.- Ela disse, parecendo estar preocupada com algo.

– Por, QUE?!

– Você lembra do plano?! Se não aparecermos na festa, Jeff vai suspeitar!- Ela disse.

– Está bem... Mas... Essa vai ser a última vez que confio em você.

Ela abaixou a cabeça.

– Okay.

P.O.V Jane ( Chessus, quanto.)

" Ha-ha-ha... Ah, tola. Tenho nojo de você... Está tudo bem, vai ser mesmo a última... a última."

Tempo depois-

Eu tinha chegado na festa, tinha mais adultos que crianças. Jane não falou uma palavra sequer. Acho que fui grossa, mas tudo bem.

Tínhamos entrado, e depois de algum tempo, Jeff veio. Ele me chamou por um instante.

– Eu preciso te dizer uma coisa...- Ele sussurrou.

– Eu também. Bem é sobre...

Alicia me chamou e foi me empurrando até a parte de fora da casa dela, o jardim.

Ele era grande, cercado por um muro, e atrás uma floresta. Um piscina no meio, bem grande e funda. O que mas me deixou intrigada foi o fato de ter uma cruz no muro.

– Pra que...

– Charlotte. Ela diz ter visto várias vezes um cara sem rosto...

– Tio?- Eu disse baixo.

–... Tio? Um cara sem rosto, de terno e...

– SLENDER!- Eu gritei.- Lembra, o carinha da minha festa!

– Por que diabos ele mora em uma floresta?!- Ela disse.

– Não sei.

Paramos em frente a piscina, e do lado dela, sentadas em uma mesa, estavam garotas, conversando, se maquiando e provavelmente rindo da minha cara.

– Eu vou ter que respirar o mesmo ar que elas?- ( N/a: Tão eu :3)

– Yep. Elas são minhas primas e " amigas".- Ela disse fazendo aspas, com os dedos.

Ela me empurrou até elas, que fizeram uma cara de nojo.

– Oi...- Eu disse tímida, e ao mesmo tempo com ódio das garotas, mesmo sem as conhecer.

– Quem é essa garota?- Uma ruiva disse.

– É... olha pra ela. Ela está de tênis. Isso é uma festa de garota, maloqueira.

– Bem, pelo menos eu não tropeço a cada 5 segundos por usar isso, nos pés.- Retruquei.

– O que?!

– O que?!- Ironizei.- Isso mesmo que ouviu. Pelo menos, eu sou uma das únicas pessoas que ainda não foi influenciada pela Tv.

– Ui, ela fala bonito. - A garota foi me empurrando, e eu fiz o mesmo.

– Melhor do que só falar merda.- Respondi.

– Quer saber, você nem deveria ter sido convidada, a essa festa. É UMA FESTA DE GENTE DE CLASSE ALTA!

Eu comecei a rir.

– Parece que o fracasso lhe subiu a cabeça, que tal ir contar pro seus papais, que eu falei umas verdades pra VOCÊ, SUA ESTÚPIDA!

– JÁ CHEGA!- A garota gritou, e me jogou dentro da piscina, segurando meu pescoço e o apertando.

Eu arranhei os braços dela, e vi eles sangrarem, porém, quando ela me soltou, meu fôlego já tinha se esgotado.

Senti que fui puxada cada vez mais. Ouvi Alicia, tentando me ajudar, e as garotas a segurando.

A pressão foi espremendo minha cabeça; o meu corpo cansado; o sangue escorrendo dos meus olhos. E só uma coisa passando pela minha cabeça.

Eu te avisei.

[...]