Adotada Pela Loucura

Capítulo 46- Alicia?


A minha consciência anda a cada dia mais pesada, por essa maldita sociedade que vivemos.

[...]

– Tenho ainda muitas coisas pra resolver. Não posso ficar aqui, vendo minha vida passar, e esperar o mesmo final que todos têm. Uma vida feliz. Pai, Mãe, bicho de estimação...- Eu parei e suspirei.- e irmão.

– Como você...- Jane disse.

– Eu sei de várias coisas que vocês não sabem. E por exemplo, esse filho, Jane. Tive um sonho, pesadelo, com você.- Eu parei e apertei minhas mãos com força.- E lá, você tinha um bebê, e ria sem parar de mim.

Ela não respondeu.

Jane estava com a cabeça baixa, até ela começar a rir alto. Ela parou e me encarou, se levantando.

– Ora, ora... Parece que chegamos a um ponto crítico, não?- Jane disse.- Você tinha que se encaixar na minha vida? Em?

Ela colocou o dedo embaixo do meu queixo, o forçando pra cima. Ela se virou pra mim e depois voltou me encarando.

– Não é culpa minha Jane...

– É SIM! Eu já estou farta de ter que levantar e ter que ver sua cara! Esse, filho... Vai ser mais aceito por todos, que você. Você foi só uma fase, uma lembrança que será esquecida, em breve. Encare os fatos, você nunca foi nada pra nós. E como você vai embora, esse próximo membro, será o dono de metade da força, de Zalgo. Então, porque não me faz esse favor, e vai embora?

Jeff não olhava pra nem uma de nós, ele passava a abrir com os dedos, o seu sorriso, cada vez mais, a carne podre e seca, rasgando, fazendo um barulho, e sangrando.

– Eu não quero ir embora, não agora. Só preciso esfriar minha cabeça. E além do mais, eu não daria essa vitória a você, Jane.

– Já cansei do seu blá-blá-blá, vamos acabar logo com isso!- Ela pegou a faca e veio em minha direção, eu não me protegi. Apertei os olhos esperando a dor.

Por um instante, abri meus olhos e vi Jeff, segurando a mão que Jane tinha a faca. Ele a retirou, e segurou com força.

– Isso não acabará em nada bom. Problemas com Zalgo já estou FARTO!- Ele suspirou.- E se Malennie quer ir, ela tem essa decisão. Jane eu te ajudo com esse... Bebê, ou filho.

Eu senti um aperto no meu coração, algo se remexendo. Como pode? Prometeu ser meu pai... e Honrar meu nome, não o jogar como lixo. Não vou deixar isso acontecer.

– Eu sou sua única FILHA!- Gritei pegando a faca, e apunhalando no estômago de Jane, que caiu.

– VOCÊ É MALUCA?!- Jeff gritou.- Não mataria só ela, mas um bebê!

– EU NÃO ME IMPORTO COM ESSE BEBÊ!- Eles olharam pra mim sérios, e eu respirava ofegante.- Quer saber, Jeff? Eu esperava mais de você. Errei novamente, pensando que seira feliz. Sempre erro nisso. Espero que seja feliz, com seu único, e novo, filho.

– Malennie eu...- Ele iria continuar, mais o interrompi.

– Vou sair pra esfriar a cabeça, se é que se importam, com o que faço. Quando eu voltar, quero te contar cada ponto e vírgula do que sua queridinha, fez comigo.

Olhei pra Jane e Jeff, e sussurrei "Tchau", abrindo a porta e indo pra rua. Corri bastante, até chegar novamente naquele pequeno riacho, ou lagoa, e olhar pra meu reflexo distorcido. O sangue ainda escorria, e pingou na água, a transformando em avermelhada.

Limpei o sangue, e voltei a perambular, e olhar pro chão. Acabei parando na rua do Orfanato, precisava desabafar com Alicia.

Bati na enorme porta de madeira, e olhei pra placa já desbotada, escrito "O.C.C, O Cantinho do Céu." Uma freira me olhou de cima a baixo e esfregou os olhos. Eu abri um sorriso bobo.

– Malennie Jackson Clementin?- Disse ela.

– A própria.

– Achei que tinha sido Adotada!

– E fui...- Falei sem ânimo.- Só vim fazer uma visita e uma velha amiga.

– Oh, claro, entre.- Ela disse fazendo um gesto para eu entrar.

Dei uma olhada ao redor, parecia maior. Talvez tivessem feito uma reforma enquanto não voltei. Acabei começando a ouvir alguém me chamar, e notei a freira me chamando e sai do transe.

– Senhorita Jackson?

–Hum? Ah, desculpe. - Eu disse passando a mão no meu braço, para disfarçar a vergonha.

– Vejo que continua a mesma, afogada em seu próprio mundo. Mas,bem, como tinha dito, que "velha amiga", você procura?

–Hum... Alicia.

– Alicia!- Ela disse abrindo um sorriso amarelo, e se direcionando até um balcão, que atrás tinha chaves dos quartos. Ela remexeu um pouco e eu fiquei esperando ficando na ponta dos pés e voltando, fazendo isso repetidamente.- Encontrei!

Ela me deu um envelope e eu estranhei.

" O que diabos aconteceu com Alicia?!" Eu coloquei o envelope no bolso.

– Não vai ler?

– Não agora, já tenho problemas para ajeitar.- Disse.- Mas, cadê as crianças?

– Ouve uma excursão, mas os índices de adotados subiram muito.

– Uau... e a...- Senti meu sangue borbulhar.- Stephany?

– Ela não passa aqui. Raramente.

– Ah, bem era só isso que queria falar com você. Obrigada senhora, tchau.

– Volte sempre senhorita Jackson.

Eu caminhei pra fora do orfanato e uma mecha de cabelo atrapalhou minha visão.

– Nem pense nisso.- Disse baixo sorrindo.

Arrumei a mexa, e continuei a caminhar, vendo o orfanato sumir.

Peguei a carta já um pouco amarelada, e abri o envelope.

Caminhei mais um pouco e me sentei em uma praça vazia. Me ajeitei e comecei a ler.

" Hey, Malennie!

Bem, provavelmente só agora você lembrou da minha existência, ou aconteceu alguma coisa e você veio me procurar mas ganhou essa carta quando chegou, porque notou que eu não estava lá. Pois é, estou escrevendo por isso.

Valeu por lembrar de mim, te adoro. Enfim.

Antes que preocupe, eu estou bem. Ótima. Se lembra do meu sonho de achar minha mãe? Pois é, vou contar a minha história esses últimos messes.

Em dezembro, perto do natal, as crianças já estavam ganhando alguns presentes. Já esperava não ganhar muitos presentes até...

– Alicia?- Perguntou uma médica.

– Sim?- Eu disse.

– Encomenda pra você!- Ela me entregou uma caixa roxa, dentro avia uma caixa de música. Fiquei super animada, e quando fui verificar quem era a pessoa que me entregou...

" Anonymus."

Eu me perguntei bastante, mas ignorei, estava animada. Alguém em mandou um presente! E assim continuou, presentes e presentes. Até que eu não aguentava, tinha que saber quem era esse tal "Anonymus".

Fiquei acordada um dia, esperando alguém colocar algum presente na porta do orfanato.

Vi uma mulher, cabelos escuros, olhos azuis, pele branca. De botas pretas, casaco preto, e uma calça leg.

Eu corri até ela e ela ficou assustada.

– Quem é você?! Porque em manda tantos presentes?!

– E-eu...- Ela olhou pra baixo.- Oi Alicia.

– Como você...

Ela sorriu pra mim.

– Filha.

Eu a abracei, eu era a única acordada de todo o orfanato, então ela entrou e ficamos conversando. O nome dela era Katherine, ela me abandonou pois estava depressiva, e não queria cuidar de um bebê sabendo que ele poderia também ficar assim.

Ela estava de passagem pois queria eu de volta, sua vida estava perfeita novamente. Ela mora na Alemanha, e começou assim, as visitas diárias dela.

Toda noite, as 4h, eu abria a porta pra ela e nós conversamos. Eu disse sobre você, e contei toda sua e minha história. Ela disse que depois, queria te conhecer.

Um dia, eu perdi a noção do tempo, e uma freira viu ela. Tive que dizer tudo. A freira sorriu, e disse que poderia passar uma semana com minha mãe na Alemanha. Antes, escrevi metade dessa carta, mas ficou uma merda e tive que ir. Fiquei alguns dias lá, e ela disse que iria me "re-adotar." Eu fiquei super feliz. Então, tirei algumas fotos da Alemanha pra você.

Tive que voltar, mas pra arrumar minhas coisas. Sim, eu estou vivendo na Alemanha. Já falo um pouco da língua... Você não sabe o quanto me senti com falta sua. Lembra do nosso pacto de sangue? Então, ainda tenho a cicatriz no dedo.

Isso é um adeus? Não. Nunca te deixaria, mas ficarei um tempo longe. Eu finalmente, encontrei minha felicidade! Finalmente! Não posso a deixar ir embora. Eu voltarei daqui a não sei quantos dias.

E adivinha? Tenho uma irmãzinha! O nome dela é Charlotte... Ela conversa comigo, mas não é a mesma coisa que você. Você, é uma irmã pra mim Malennie.

Eu te adoro por isso. Somos não só amigas, irmãs.

Sou uma piada, uma irmã, escudo, seu. E você, é a minha metade.

Dizem que só encontramos as pessoas que são nossas almas gêmeas quando elas praticamente vivem, com a gente. Então, acho que já a encontrei.

Só queria te dizer isso, saiba que sinto sua falta, espero que sinta o mesmo. Seja feliz! E vê se não volta pra adoção, se não eu te adoto! Cuide dos seus pais, que eu cuido dos meus.

Um pedaço, sempre é encontrado e remontado certo? Então nossos quebras-cabeças, irão voltar.

Abraço,

( PS: Vou mudar meu nome pra Alice, porque, vida nova, nome novo!)"

Eu comecei a chorar. Ela estava finalmente feliz! Isso era oque eu desejava pra ela, e vise-versa. Ela encontrou a mãe...

– Espero que volte logo.- Disse baixo.

Dentro do envelope, achei algumas fotos, da bandeira da Alemanha, uma garota de olhos verdes, e cabelo preto ondulado, quase igual a Alicia, parecia ter 3 anos. Sua mãe, também. E uma, dela da irmã e da mãe.

Ela estava com uma careta, um gorro, cachecol, um casado preto que era metade do seu corpo, calça leg preta e bota. Ela tinha luvas brancas também. No fundo parecia uma nevasca.

Ela colocou um desenho meu, colado junto com a foto. Achei um papel também, de um desenho meu e dela, ela tinha feito quando tínhamos uns cinco anos.

Guardei todas as coisas. Voltei a caminhar, em direção pra casa.

Quando estava na frente da casa, suspirei e abri a porta. Jane me olhou, e Jeff sorriu.

– Esfriou a cabeça?

–...

– Malennie?

– Me desculpa.- Eu disse sorrindo e chorando.- Eu deveria ser grata pela primeira vez, ter um pai e uma mãe. Mas sou muito burra pra ver isso. Obrigada por serem legais comigo, com exceção sua Jane. Eu... vou tentar ser legal, e enfrentar que vou ter um... irmão.

– Como assim?- Jeff disse.- Porque vocês se odeiam tanto?

Eu mostrei meu braços, e coloquei o cabelo pra frente.

– Jane fez isso em mim, e você não notou.- Eu disse.- Cortes, furos, e ainda cortou meu cabelo.

Jeff começou a fazer barulhos como se fosse rir. Eu achei estranho. Ele começou a rir sem parar.

– Jane, quantas vezes disse pra você tomar a merda do remédio contra Stress?

Ela revirou os olhos.

– Eu esqueci droga!

– O que...

– Jane precisa tomar remédios controlados pra cabeça. Se não ela começa a culpar deus, buda, zalgo, e o resto do mundo por sua existência. E acredite, todas as creppypastas já foram vítima dela.

Ela levantou as mangas da blusa, e vi cortes extensos e queimaduras, ele mostrou o pescoço, que estava totalmente furado.

– Jesus...-Jane disse.- Não é culpa minha.

– É sim.- Jeff disse.- Vou ter que escrever na sua testa, quando têm que tomas aquele remédio?!

– Não!- Ela disse.

– Então... só foi uma crise?

– Yep.

– Sim.

– Foi mal...- Eu me sentei do lado deles.- Jane se você perder o bebê... eu tive justificativa.

– É, vou te dar um desconto.- Jane disse.

– Bem, então... vocês...

Jeff me olhou assustado.

– NÃO, NÃO,NÃO,NÃO.- Jeff começou a pressionar as mãos contra a cabeça.- Isso é culpa de ZALGO!

– Mas...- Eu comecei a ficar surpresa, tudo, era culpa de Zalgo?- Então como ela...?!

– Zalgo escolhe.- Jane disse.- O problema de ser mulher, e ainda, Creppypasta.

– Tá. Vocês deveriam ir a um médico ver se pelo menos o beb~e está bem.- Eu disse.

– Não, o bebê nasce em poucos dias.

– QUEEEEEEEEEEEEEEEE?!

– Medo?- Jeff disse.

– CLARO! Não me preparei mentalmente pra um pivete pela casa!

Jane me olhou colocando a boca pra dentro.

– Sem ofensa, mas, foi mal.- Disse.

– Tá, tudo bem. Eu também não me preparei fisicamente, ou mentalmente pra isso. Vou ficar obesa...

– Não só obesa, metade da população vai ser seu estômago.- Jeff disse.-Jane deu um soco no braço dele.- AI!

– Ouvi dizer que grávidas ficam mais fortes... É, comprovado.

– Obrigado por me dizer isso, agora!- Ele gritou.- Enfim, tô com vontade de comer doce, querem Gummy?

– Aquele doce horrível?

– HORRÍVEL O CARAMBA!- Jane disse.- Eu quero.

– Quando você virar Creppypasta, você sentirá o gosto. Mas acho que daqui a poucos dias isso ocorrerá.

Eu me levantei do sofá.

– COMO ASSIM?!

– A gente falou com Zalgo enquanto você esteve fora, e... queremos fazer um "ritual", pra te transformar em Creppypasta.- Jeff disse.

– Mas... como isso é possível?!

– Simples.- Jane disse.- Vida sofrida, felicidade. De repente ela acaba, vem a vingança e o distúrbio. Pronto, Creppypasta.

–...

– Se tá bem?- Jeff disse.

– Holly shit, eu vou ser uma Creppypasta?!

– Yep.- Jane disse colocando o doce na boca.- Só que você vai precisar ir lá em Scary sozinha pra falar com Zalgo pra realmente afirmar que quer ser uma Creppypasta.

– PRECISO FAZER ISSO AGORA!

– Você ainda não pode.- Jeff disse.

– Ah não. Preciso sentir o gosto desse doce, ter uma cara bugada igual a sua Jeff, e ser feliz.- Eu disse.

– Seu elogio não foi aceito pelo meu organismo.

– I don't care.

– Tá.- Jeff disse.- Você não falou seu ponto fraco...

– E nem vou falar!

– Ah, qual é! A gente disse.

– Não me importo.- Disse.

– AGORA VOCÊ VAI FALAR!- Jeff disse tentando me pegar, eu corri pra porta onde ficava as coisas deles, e me tranquei.- MALENNIE DAHMER WOODH SAIA DAÍ!

– Você não é minha mãe.

– Mas sou seu pai!

– Mas não é mãe, então não.- Disse.

– Tá bem, mas só pra te avisar... EU TENHO A CHAVE DAÍ!

" Fodeu."

Ouvi ele correr e abrir uma gaveta.

– O.k, cadê aquele bendito portal?!

– Achei.- Ouvi Jeff dizer.

Eu olhei pra trás, tinha o encontrado. Olhei pra porta e sorri.

– Eu também, achei.

Eu pulei dentro do portal, e tive a mesma sensação que antes.

P.O.V- Jeff

Eu destranquei a porta correndo e a abri rapidamente. Olhei pros cantos e não a vi.

– Meu deus.- Jeff disse.- Ela...

Jane se aproximou de mim.

– O que ouve?-Eu apontei pro portal. Nos entreolhamos.- De novo, não.

[...]