Noah Smith, 19 anos. Eu desejava muito poder escrever cada palavra que estava presa dentro do meu peito, e é exatamente isso que estou fazendo agora.

Eu vivo em uma cidade chamada Needmore, Pennsylvania, e acredito que vá passar o resto da minha vida vivendo aqui, principalmente depois dos últimos acontecimentos que houveram na minha vida. Trabalhava em um apiário durante o verão, mas agora que terminei o colegial isso entrou de vez na minha vida, e embora não me paguem muito bem eu me sinto muito confortável trabalhando com abelhas. Elas não são tão ferozes quanto to Sr. Carl, meu chefe, mas ainda assim sou grato por ele sempre ter me deixado trabalhar lá no verão porque era a época em que muitas pessoas do colégio viajavam, namoravam e ficavam bêbados próximos aos poucos postos de gasolina das redondezas. Eu nunca fiz parte disso. Nunca planejei ir pra faculdade, nem morar em algum outro lugar desse mundo. Minha maior aproximação afetiva foi com uma vizinha chamada Jade, engatamos um romance durante 5 anos da minha juventude. Jade era uma pessoa tímida (não tanto quanto eu) e bastante delicada, em todos os sentidos. Sempre achei que fossemos casar, até que um dia ela se mudou pra Flórida com a família. Não fiquei arrasado de imediato, pois, Jade e eu estávamos nos vendo com cada vez menos frequência. Ao contrário de mim, Jade planejava ir para a faculdade e fazer algo a mais na vida. Não gosto muito de escrever sobre meu passado, mas precisava escrever essa estória e guardá-la no fundo do meu porão pra que um dia meus filhos, ou quem sabe até estranhos possam ler.

No início do verão de 2007 eu já estava com o emprego fixo no apiário, nunca precisei fazer nenhum aprimoramento, aprendi o que eu sei fazendo por conta própria. Talvez a maioria das coisas sejam assim na vida. Sempre fui o mais velho em casa, e sempre tomei conta dos meus 5 irmãos e da minha mãe, Madalene. Faço papel de pai há 3 anos, desde que o meu pai foi morto na Guerra do Iraque. Joseph Smith morreu como um herói, e todos nós nos orgulhamos muitos do meu pai, embora ainda não estarmos totalmente adaptados com essa perda; talvez nunca estaremos completamente adaptados. No início meus irmãos perguntavam muito pra onde o pai deles haviam ido, minha mãe sempre respondia dizendo que ele havia viajado a trabalho. Embora meus irmãos tenham entre 4 e 12 anos eu já não os vejo mais perguntar sobre o nosso pai. Talvez eles tenham entendido o que realmente aconteceu. Não somos ricos, vivemos em uma das casas mais simples da cidade. Minha mãe é professora e praticamente todo o seu salário vai para a nossa alimentação. Meus trabalhos de verão também ajudavam sempre, agora que estou trabalhando oficialmente no apiário eu posso dar a minha contribuição também. É pouco, e muitas vezes temos que sacrificar certas coisas, dentre elas empréstimos de roupa entre irmãos, remendos e visitas a feira da cidade. Várias vezes vi meus irmãos voltando pra casa com comida dada pelos vizinhos; embora minha mãe não gostasse muito disso ela não poderia recusar. Diariamente eu e minha mãe acordávamos cedo e arrumávamos todos os meus irmãos para a escola, depois íamos trabalhar. Eu chegava em casa à tarde para preparar a mesa para o jantar. Eu me divertia bastante com os meus irmãos, talvez fosse uma das poucas alegrias para mim e também para a minha mãe. Nos 2 primeiros anos após a morte do papai ela sofreu bastante, embora nunca demonstrasse isso para não nos fazer sofrer. Aos poucos minha mãe foi redescobrindo as coisas boas da vida, e acredito que meus irmãos tenham sido a principal. Brielle, Andy, John, Jim, e a pequena Christie de 4 anos são os maiores presentes de nossas vidas. Mas para mim ainda faltava algo...