A Última Chance

Parte I - Capítulo 2 - De Volta


Capitulo Dois

De Volta

O sol começava a nascer quando resolvi que já era hora de tentar voltar para casa. O único problema: como fazer isso?

O carro estava sem gasolina. Os arredores cheios de zumbis. E eu duvidava que tivesse algum humano completamente vivo para me ajudar. O jeito era achar um caminho rápido e livre de zumbis. Ou achar um posto de gasolina próximo. E mesmo para voltar para casa teria que passar aos arredores da cidade. O bosque por ali estaria, com certeza, infestado.

Peguei uma garrafa de água na mochila e acabei com ela em um minuto. Peguei uma grande linha que estava pendurada em minha roupa e arranquei-a, amarrando uma ponta na garrafa e a outra na ponta do galho da árvore. Não queria que ela fizesse barulhos que atrairiam a tão indesejada atenção para mim.

Fiquei de pé no galho me equilibrando o melhor que podia, segurando no galho acima, indo até a ponta pulando para o galho de outra árvore. Agarrei-me ao tronco dela antes que pudesse cair e repeti o mesmo processo.

Fui pulando de árvore em árvore (já estava me sentindo uma macaca), sempre olhando para baixo para conferir se não havia nenhum zumbi por ali. Fiquei cerca de meia hora repetindo o mesmo processo, e ainda não tinha visto nenhum deles. Pendurei minha aljava estrategicamente no cotovelo e comecei a descer a árvore em que estava. Deixei uma flecha pronta no arco e comecei a caminha lentamente, fazendo o mínimo barulho possível. Já não fazia a mínima ideia de onde estava, se mais perto ou mais longe da cidade, do meu carro... Continuei assim mesmo, agradecendo aos céus por não encontrar nenhum zumbi.

Com dez minutos, estava seguindo por uma rodovia repleta de carros que foram abandonados pelos donos ou com eles mortos dentro. Tentei controlar as náuseas ao ter aquela visão e continuei andando com o arco pronto.

Eu já conhecia aquela rodovia. Passara por ali milhares de vezes quando era criança e sabia onde levaria: para Detroit. Raciocinei por um minuto e fiz o caminho de volta, na direção onde devia estar meu carro e antes disso um posto de gasolina. Andei pelo que pareceu uma eternidade até encontrá-lo e arrumei meu arco, pronta para atirar. Poderia usar End, mas não queria dormir numa árvore novamente.

Peguei um galão de dois litros vazio e fui para o tanque da gasolina e peguei a bomba, apertando-a, apenas para constar que ali não havia mais gasolina. Fui para o segundo tanque fazendo o mesmo e dessa vez tinha. Enchi o galão até a boca.

Entrei na loja de conveniência do posto deixando o galão ao lado da porta e apontando o arco. Conferi corredor por corredor, e fui até a porta do fundo, que daria para o estoque da loja. Abri a porta de uma vez chamando a atenção dos dois zumbis que estavam trancados ali e atirei uma flecha no mais próximo, armando outra e atirando no outro. Fui até eles e peguei as flechas de volta, limpado-as num pedaço de papel que encontrei ali.

Peguei alguns artigos de higiene e comidas não perecíveis (principalmente coisas como cereais, biscoitos, salgados, etc.) e mais algumas coisas. Andei novamente pelo lugar e sorri ao ver uma caixa cheia de pacotes de pretzels com cobertura de chocolate branco e granulados, cada um com uma cor diferente. Peguei-a e coloquei todos os pacotes na mochila. Gael iria amar, eram os preferidos dela quando passávamos aqui...Um nó na garganta se formou com o pensamento, mas me forcei a prestar atenção no que fazia.

Voltei para a porta da loja e peguei o galão. A mochila pesava em minhas costas e eu me perguntava como andaria até o carro com tudo aquilo e provavelmente tendo que atirar flechas. Olhei pela loja até encontrar um tipo de mochila de um pano estranho. Coloquei o galão dentro e passei o braço livre pelas alças, agora segurando o arco com a flecha pronta para atirar.

Sai da loja e entrei no bosque, já que seria mais provável de encontrar um zumbi indo pela estrada. Segui por ali por cerca de cinco quilômetros até achar o carro. Haviam alguns zumbis em volta, mas neles eu conseguia dar um jeito.

Agachei-me atrás de uma árvore e mirei a cabeça do zumbi mais próximo, soltando a flecha acertando-o em cheio. Apontei para outro, mas como ele se movimentava acertei seu pescoço e ele parou de se arrastar, olhando em volta, para logo depois voltar ao seu lento caminhar – se é que pode chamar isso de caminhar. Atirei novamente, dessa vez acertando-o na cabeça. Menos um. Só faltavam cinco. Após algumas falhas, consegui acertar todos os que estavam ali.

Tirei o galão de gasolina da bolsa e corri para o carro, abrindo o tanque e despejando o líquido ali agilmente, o mais rápido que podia. Assim que terminei, andei pelo lugar recuperando minhas flechas; afinal, não é tão fácil encontrar flechas num apocalipse zumbi. Coloquei-as dentro da bolsa onde antes estava o galão da gasolina (teria que me lembrar de limpá-las depois) e corri de volta para o carro. Liguei rapidamente agradecendo mentalmente por ser um carro bem silencioso. Girei a chave na ignição e pisei fundo, voltando em direção á cidade.

Logo perto da cidade, continuei na interestadual ao invés de pegar novamente a pequena rua por onde havia saído. Dali a cidade parece calma novamente, mas era apenas na aparência. Continuei pelo mesmo caminho até achar a estrada que usávamos para pegar a interestadual sem precisar passar pela cidade. Virei ali e segui por mais cem quilômetros até finalmente chegar a uma pequena estrada de terra. Ali pude aumentar e velocidade até chegar a duzentos por hora, até que o inesperado aconteceu.

Com um impacto, o carro rodou na estrada de terra fazendo a poeira levantar e então ele finalmente parou. Mas, como se não fosse o bastante, um solavanco fez com que o carro derrapasse enquanto meu pé afundava no freio inutilmente. O carro parou batendo no que pensei ser uma árvore – minha visão estava turva demais para ter certeza – com um solavanco que fez meu corpo ir para frente, e então uma dor excruciante se abateu em meu corpo e não consegui manter meus olhos abertos. Minha ultima lembrança daquele momento era o grunhido insuportável que fez meu estômago revirar.