A Última Chance
Parte I - Capítulo 3 - Mais Uma
Capitulo 3
Mais Uma
O vento frio que batia em minha pele era desagradável, fazia-a se arrepiar, e meu sangue parecia gelado em minhas veias, mas apesar disso um calor reconfortante fazia com que o frio não fosse tão intenso.
Abri os olhos lentamente, Minha visão estava turva, mas conseguia ver um brilho intenso á minha frente. Veio á minha mente a famosa expressão “a luz no fim do túnel. Minha ultima memória eram os grunhidos nauseantes dos zumbis, e então mais nada. Então era isso? Eu estava morta?
Minha visão voltou e consegui ver de onde vinha o brilho. Eu estava deitada de frente para uma fogueira com um lençol fino sobre mim que não fazia muita diferença. Deitei as costas que doíam um pouco e olhei para o céu, que estava estrelado. Dormi tanto assim?
- Finalmente acordou. – ouvi uma voz suave. Sentei-me olhando em volta, mas não vi ninguém.
Comecei a cogitar que estava louca, mas se estivesse, quem teria feito aquela fogueira e me coberto com o lençol? Balancei a cabeça e ia voltar a me deitar, mas uma risada ecoou pelo espaço, me fazendo para no meio do caminho. Me endireitei e olhei novamente em volta.
- Estou aqui... – a voz falou, e vi uma garota saindo das árvores. – Meu nome é Savannah Campbell. E você, como se chama?
Fiquei calada por um minuto sem saber o que responder. Uma humana viva? Analisei-a. Tirando a jaqueta e a calça de couro, as botas de cano baixo e as varias armas presas em seu coldre, tudo nela exalava delicadeza. Os cabelos loiros caiam levemente, clareando nas pontas. A pele levemente bronzeada e os olhos cinza pareciam fazer a combinação perfeita.
Pigarreei tentando encontrar minha voz, que não usava há dias, para respondê-la.
- Delilah Valentine. – falei rouca.
- Muito prazer, Delilah. – Ela sorriu e se sentou de frente para mim, observando.
- O que... – pigarreei novamente quando minha voz falhou – O que aconteceu?
- Você estava em alta velocidade e atropelou um zumbi. E... Bem, não me orgulho de admitir isso, mas estava te seguindo e não consegui frear antes de bater na traseira do seu carro. Me desculpa! – ela abaixou a cabeça, parecendo envergonhada.
- Você estava me seguindo? Mas... Porque?
Savannah me olhou como se refletisse se contaria ou não. Então ela suspirou, soltando tudo de uma vez só.
- É só que... É difícil encontrar alguém. Alguém que esteja completamente vivo, pelo menos. – ela engoliu em seco – E eu perdi meu irmão mais velho há pouco tempo. Umas três semanas atrás. E agora estou sozinha, tentando sobreviver aqui.
Mordi o lábio inferior sem saber o que pensar. Sabia exatamente como era essa sensação.
- Tudo bem... – murmurei – Se quiser um lugar seguro, você pode ir para a minha casa. Tenho certeza que ninguém se importará com mais uma hóspede.
Sorri gentilmente e Savannah retribuiu com um sorriso animado, e seu olhar tinha um brilho que não estava lá antes. Um brilho de esperança.
- Então há mais pessoas?
- Sim, e muitas! – respondi rindo de sua animação – Tem a Emma, Gael, o Kalem, Ethan, que em minha opinião é o mais chato de todos.
O sol já estava nascendo e Savannah apagava a fogueira enquanto eu tentava andar sem que meu corpo inteiro doesse. Passamos a noite em claro para o caso de algum zumbi aparecer por ali. E por alguns momentos conversando com ela até me esqueci de que o mundo estava um caos.
Quando acabou, Savannah me guiou até seu carro que estava com o para-choque amassado e me entregou as chaves para que eu dirigisse até em casa.
- Mas antes eu preciso pegar minhas coisas no meu carro. – falei já seguindo para o outro lado, onde meu carro deveria estar.
- Não se preocupe, eu peguei tudo ontem á noite. – ela falou abaixando a cabeça novamente envergonhada. – Achei que precisaria de uma carona. Seu carro ficou bem destruído. Me desculpe!
- E a batida não chamou a atenção de nenhum zumbi? – perguntei confusa.
- De alguns, mas consegui dar um jeito neles. – ela sorriu orgulhosa de si mesma.
E foi a minha vez de me sentir envergonhada por deixa-la tendo que cuidar sozinha dos zumbis enquanto eu estava desmaiada. Ignorei a vergonha e fui para o lado do motorista. Girei a chave na ignição e dessa vez fui mais devagar, tentando evitar outro acidente.
Dez minutos depois eu e Savannah estávamos em frente a um muro cinza de cerca de vinte metros. A garota ao meu lado estava boquiaberta, não acreditando no que via. Cheguei o carro perto do enorme portão de ferro e abri a janela do meu lado.
- Delilah Valentine. – falei revirando os olhos. Nunca havia entendido para que serviria aquilo, se nem falar os zumbis sabiam.
- Bem-vinda, Delilah. – falou Huy, nosso sistema eletrônico.
- Está brincando que aqui tem energia! – Savannah praticamente gritou, arregalando os olhos. Ri de sua expressão e segui com o para dentro da propriedade quando o portão abriu.
- Bem vinda á fortaleza Valentine. – falei para ela, estacionando o carro e descendo, indo em direção á enorme casa.
Fale com o autor