A proposta. Catradora AU

Bom dia, segunda-feira!


Manhattan, NY. Residência de Adora GraySkull

Segunda-feira 8:01 AM

Vida de assalariada é um porre. Dormir tarde, acordar cedo, nem no final de semana se tinha paz. Adora poderia dormir mais 5 minutinhos sem nenhuma consequência, não é? Afinal, não estava atrasada pois o despertador não tocou ainda. O sol batia forte em seu rosto, esqueceu de fechar a cortina mais uma vez, aquela luz em sua cara não a deixava descansar bem em suas manhãs.

Adora estava largada em sua cama, vestindo apenas uma cueca feminina estampada de patinhos e seu top cinza, revirava de um lado para o outro tentando voltar a dormir, pois aquela luz estava atrapalhando seu precioso sono. Em um estado semiconsciente, resolveu dar uma olhada no seu celular apenas para ver quanto tempo lhe restava antes de se levantar e ir trabalhar, mas ao ver as horas não conseguiu se conter em gritar:

— PUTA QUE PARIU EU TO ATRASADA! PUTA QUE PARIU! PUTA MERDA CORRE! CORRE! MALDITO DESPERTADOR! — Adora saiu da cama em um pulo e foi trombando pelo corredor de seu apartamento, tentando correr para se arrumar e pegar o metrô, não poderia nem pensar em se atrasar.

Provavelmente o prédio inteiro ouviu seus xingamentos, mas já estavam acostumados com a estranheza da loira. Era corriqueiro os episódios de uma grande mulher loira xingando o próprio despertador e saindo desesperadamente do prédio com uma mochila nas costas, como se a vida dela dependesse totalmente disso, bom, pelo menos o emprego dela dependia.

Adora agradecia mentalmente por ter um porte físico avantajado, pois sem ele e seus fiéis tênis de corrida, jamais chegaria a tempo no prédio em que trabalha na parte nobre de Manhattan.

A mulher loira chama atenção por onde passa, não somente pelo tamanho, mas também por sua beleza, seus cabelos dourados amarrados em um perfeito rabo de cavalo, seus olhos azuis cianos e sua feição gentil, chamava atenção de todo o que é tipo de humano e híbrido.

Apesar de não ter tido tempo de se arrumar apropriadamente e passar uma maquiagem leve para cobrir as olheiras, seu terno de trabalho vermelho - que estava milagrosamente sem amassados - com uma blusa social branca e uma calça social, lhe caia muito bem, a deixando muito bonita e elegante. Mas sua elegância é facilmente ofuscada enquanto corre desesperadamente contra o relógio, trombando nas pessoas e correndo destrambelhada pelas ruas do distrito até o destino final.

— 8:42… Vai dar tempo! — Adora teve que parar para recuperar seu fôlego, olhou seu relógio de pulso e suspirou pesado, correu sem parar do prédio em que morava até a estação de metrô e de lá até a uma rua de distância da editora.

Por hábito, olhou seu celular para conferir as mensagens e proferiu mil e um xingamentos em sua mente quando recebeu a mensagem que tanto temia.

[8:11] Gata do capiroto: “Hey Adora, passe naquela cafeteria e traz meu espresso descafeinado.”

[8:12] Gata do capiroto: “Sem atrasos”.

A cafeteria que sua chefe gostava ficava uma rua para trás, teria que voltar e ainda enfrentar uma fila para fazer o pedido do maldito café. Mas Adora não era boba, estava nessa vida há 3 anos e na primeira oportunidade que teve, conseguiu o contato da moça da cafeteria, até fezendo amizade com ela, a loira perdeu as contas de quantas vezes ela salvou sua vida só naquele mês.

Ela não perdeu tempo em ligar para a amiga:

— SCORPIA! EU TO ENRASCADA! Desculpa gritar a essa hora, preciso de dois expressos descafeinados! Isso, aquele que o meu diabo gosta. Já to chegando ai! — A loira aperta o passo indo em direção a cafeteria, empurrando as pessoas que estavam no seu caminho sem se importar com as reclamações e xingamentos.

Quando a loira chegou na cafeteria, já percebeu os olhares indignados dos outros frequentadores, já a conheciam e não gostavam nem um pouco dela, pois vivia furando a fila ou empurrando os outros dando apenas um sorriso fraco e dizendo desculpas pois estava muito atrasada, apenas para amenizar sua situação.

— Oi Adora! Pega aqui! — Scorpia, a gerente da cafeteria, uma linda híbrida de escorpião alta e musculosa, mas com um sorriso doce, entrega os copos de café para uma outra atendente para que ela levasse o pedido até Adora.

— Scorpia, não sei o que eu faria sem você! Muito obrigada! — ainda afobada, Adora agradece aos berros e vai em direção a bancada pegar os copos, mas reparou que essa atendente era nova no estabelecimento, loira com o cabelo florido e sardas bem pintadas em seu lindo rosto, fez uma rápida nota mental para voltar e pedir o número de telefone da moça.

— Que nome lindo, Adora. Prazer em te conhecer. — A nova atendente lhe estendeu os copos com um sorriso muito simpático e com um leve flerte na voz.

— O-o-obrigada! Mais tarde eu volto pra acertar. — um leve "gay panic" atingiu em cheio a loira, mas não podia se dispersar, precisava correr para chegar antes de sua chefe.

A corrida até o prédio não durou muito, chegou a tempo de pegar o elevador que já estava se fechando, trombando em todos ali dentro, e milagrosamente não derrubou uma única gota de café, mas ninguém poupava comentários irritados, afinal, eram todos seus colegas de trabalho.

"O trem-bala chegou atrasado…"

"Bom dia, poste de luz…"

" Ainda vai matar alguém, Adora…"

— Bom dia pra vocês também. — A loira comentou bufando meio sem graça, ainda tentando recuperar o fôlego.

Saindo do elevador, Adora foi em direção a sua mesa, mas acabou sendo repreendida pela secretária do setor, Gabriella, ou como ela gostava de ser chamada: Glimmer. Para a felicidade da loira, Glimmer é sua melhor amiga tanto fora quanto dentro do seu trabalho.

— Adora, você está muito atrasada! Eu posso bater seu ponto mas não posso te aliviar da chefe! Tem menos de 5 minutos antes que o diabo chegue! — a mulher baixinha de cabelo colorido e cheia de personalidade, grita para a Adora se apressar.

— EU SEI! Eu tô sem tempo pra ouvir você brigar comigo! — respondeu a loira, se virando para olhar a amiga ainda toda afobada.

E essa foi a pior escolha do dia, pois enquanto andava apressada de costas e virava rapidamente, acabou trombando no auxiliar administrativo Jr. do setor, o Kyle. Derramando todo o conteúdo de um dos copos em seu terno e no coitado do garoto.

— KYLE! EU VOU TE ESGANAR! — A loira gritava de raiva, enquanto o garoto a todo custo tentava sumir antes que sua chefe visse o estrago que causou.

O encontro acabou gerando um burburinho entre os funcionários, alguns riam e faziam piadas para a loira, outros sentiam pena em silêncio. Infelizmente, Adora não tinha um minuto a perder, eram exatamente 8:54 e sua chefe chegaria a qualquer minuto, ela correu pelo corredor até encontrar seu colega de trabalho e também melhor amigo, Bryan, ou Bow para os amigos.

— BOW! — A loira chega em passos pesados e bufando de ódio na mesa do amigo — Eu tenho 2 ingressos para o jogo dos Yankes contra Boston, você vai me dar a sua camisa e o seu terno e eu vou te dar os ingressos pra você levar a Glimmer pra assistir o jogo nesta quarta-feira! Você tem 5 segundos para dizer que sim. — ela dizia em tom autoritário, como se recusar seu "pedido" fosse uma péssima ideia e provavelmente era, considerando o estado de fúria daquela mulher enorme.

— Adora, calma! Você tá de brincadeira né? Pede pra alguma garota! — Bow tentou contestar, não queria usar o terninho feminino da sua amiga, primeiro que não era a cor que gostava e segundo que estava todo melado de café.

— Não tem uma única mulher aqui que usa meu número, agora entrega sua roupa. — A loira fuzilava o amigo com raiva, apesar do coitado não ter nada haver com seu acidente.

— Calma aí Adora, deixa eu ver co-

— Três! — A loira controlava o gênio para não arrancar a roupa do amigo.

— Mas, Ador-!

— Dois! — Adora elevou a voz, tentando a todo custo não gritar.

— Tá bom! Calma mulher! — Bow aceitou a contragosto, já desabotoando a roupa e a gravata para entregar a sua melhor amiga.

Os dois sabiam muito bem que não tinham muito tempo a perder, tiveram que se despir ali mesmo, ganhando muitos olhares e até alguns assobios, realmente os dois eram um pedaço de mal caminho para qualquer um no escritório.

Adora tinha músculos bem definidos e sua barriga até tinha alguns gomos bem salientes, os seios pequenos não deixava Adora menos atraente, eles eram muito bem moldados em seu top esportivo. Seu amigo Bow também não ficava para trás, os músculos dos braços, peitoral e barriga eram muito bem desenhados e definidos com a pele negra reluzindo com a luz ambiente.

Não demoraram muito após a troca e cada um foi para sua mesa, Adora tinha instantes até a sua chefe chegar, largou a bolsa de qualquer jeito e pegou seu tablet, o café que não havia sido derramado e foi correndo até a sala do diabo.

Arrumou o terno e a gravata enquanto tentava deixar seu penteado impecável, limpava sua mente e se esforçava para sorrir quando sua chefe pisasse na sala, ficou pronta quando colocou o café e o tablet em mãos.

O diabo chegou e fez o seu ritual de esperar para entrar exatamente às 9 horas em sua sala, Adora estendeu o copo de café para a chefe e lhe deu um sorriso bonito mas sem mostrar os dentes.

— Bom dia, meu querido café! — a híbrida chegou com aquele sorriso cínico e sem um pingo de educação.

— Bom dia, chefe. A senhora tem conferência via Zoom daqui a meia hora — Adora tentava disfarçar, mas seu sorriso morreu e seu rosto franziu com a fala de sua chefe, em três anos trabalhando para aquela híbrida e nunca ganhou um único bom dia, não deveria deixar que isso a abalasse, mas era frustrante demais fazer tanto esforço para nunca ganhar o mínimo de reconhecimento.

A loira a olhava de canto de olho enquanto a felina estava indo para sua mesa se sentar, por mais que detestasse o comportamento da chefe, ela gostava e muito de observar o jeito de andar da híbrida, sua cauda balançando e suas orelhas bem atentas, deixava a loira mesmo que sem querer, apreciando o corpo esguio e com a cintura bem marcada da felina. Era um deleite para seus olhos e jamais se cansaria dessa vista, mas ela nunca admitiria isso.

— Muito bem, o que temos para hoje? — a híbrida perguntava sem olhar para a Adora.

— Sua agenda está bem cheia hoje de manhã, mas já organizei tudo para que a senhora não se atrase para o seu almoço com os novos investidores. — a loira ajeitava os materiais e manuscritos na mesa de sua chefe, ela precisava revisar os textos até o final do dia.

— E sobre a equipe de marketing dos livros do próximo grupo de-

— Reunião com a equipe às 10:15, já estão com todas as pautas prontas para a senhora não perder mais que 45 minutos de reunião. — Adora interrompeu sua chefe para lhe dizer o seu cronograma daquela manhã.

— Certo. Você ligou para a, para aquela menina… Minha deusa como é o nome daquela menina com o rosto machucado? — Catherine sempre teve dificuldade em guardar nomes, diferente de Adora.

Ela não parava de gesticular com as mãos onde ela se lembrava que a menina tinha uma cicatriz horrível no rosto e tentava imitar seus cabelos de polvo.

— Octávia, já liguei para ela não se preocupe, disse que se ela não se apressar em trazer os manuscritos até o final da semana ela irá perder a data de revisão e edição de textos. — sem perder a compostura, Adora foi entregando um a um os livros e manuscritos nas mãos de sua chefe — Ah! Quase esqueci, o seu advogado da imigração ligou e precisa falar urgentemente com você, chef-

— Vou precisar de espaço na agenda de hoje, Adora. Remarque a conferência para outro dia e diga ao meu advogado que vou tentar arrumar tempo para ele até o final da semana. — A híbrida pegava os manuscritos e olhava rapidamente as anotações de cada um.

— Tudo bem, já vou providenciar isso. — Adora não teve um descanso merecido no final de semana justamente para deixar a agenda da sua chefe impecável. Ela tentava inútilmente não crispar os lábios com raiva e nem deixar que sua testa fique franzida tempo demais.

— Aliás, vá para o setor de mídia, converse com Mermista e a doida da Emily, quero um anúncio para a imprensa pra ontem. Frank aceitou fazer a entrevista no novo programa da Oprah. —Ainda sem tirar os olhos das anotações, a felina ditava ordens para a loira aborrecida.

Adora parou o que estava fazendo em seu tablet e olhou incrédula para sua chefe, há anos que o renomado escritor não aparecia na mídia, não respondia a ninguém, às vezes nem atendendo os telefonemas da editora.

— Ual, meus parabéns! — por um momento a loira se esqueceu que estava irritada com sua chefe, lhe sorriu sincera enquanto a parabenizava.

— Não fiz mais que meu trabalho, Adora. Mas reconheço que essa empresa não iria para frente sem que eu estivesse no comando. — a felina devolveu com um sorriso deixando uma presa à mostra, mas também colocou uma leve pitada de deboche na sua fala, fazendo a loira revirar os olhos em indignação, se arrependendo totalmente de elogiá-la.

Não demorou até que Adora terminasse de desmarcar a conferência, ela já estava de saída quando sua chefe lhe chamou a atenção com uma voz irritada.

— Adora, quem é Perfuma e porque ela quer que eu ligue para ela? — A voz rouca e irritada da híbrida fez a loira gelar dos pés à cabeça.

Sua chefe lhe mostrou o copo da cafeteria com o número de telefone e o nome de alguém que ela não conhecia. A assistente não sabia o que dizer, Catherine odiava essas situações, ela ficou de boca aberta tentando formular alguma coisa para que amenizasse a enrascada em que se meteu.

— É que… — a loira ria nervosamente enquanto passava a mão nos cabelos da nuca.

— Vamos Adora, vou te dar cinco minutos do meu precioso tempo para você colocar seus dois neurônios pra funcionar e me dizer de quem é esse copo. — a voz cada vez mais irritada.

Sua chefe chicoteava a cadeira com o rabo, com as orelhas baixas e caninos a mostra, sua feição séria e seu olhar intimidador demonstrava que estava muito irritada, deixando Adora, uma mulher feita de quase 1,92 de altura se tremendo que nem vara verde perante a pequena mulher híbrida que estava a sua frente, lhe inquerindo respostas sobre o copo de café.