A proposta. Catradora AU

Bom dia, segunda-feira! Parte 2


Manhattan, NY. Prédio da editora The Horde. Escritório de Catharine Melog.

Segunda-feira. 9:13 AM.

— Vamos Adora, estou esperando.— Catherine chicoteava o ar com sua cauda, estava irritada pois achava que era alguma gracinha de sua assistente e simplesmente odiava esse tipo de brincadeira.

Via Adora andar devagar até sua mesa, ela estava branca, mais que o normal, conseguia ver que ela estava tão nervosa quanto na primeira vez que lhe deu uma bronca.

Ela ficou assim até ter coragem de falar algo coerente com a voz baixa.

— Esse é meu copo de café, chefe. — Mesmo trêmula, a loira conseguiu falar sem falhar a voz.

— E porque estou com seu café? — inquiriu a híbrida, agora menos feroz com a nova informação, mas ainda bem atenta ao que sua assistente iria dizer.

— Porque seu café derramou na rua. — mentiu descaradamente, mas não podia dizer que trombou em outro funcionário e derramou todo seu café nele, deixaria sua situação ainda pior.

Catherine olhou a loira de cima a baixo, ainda com a feição séria, mas demonstrava estar menos irritada a cada segundo. Ela abriu o copo de café e cheirou tentando farejar algo de diferente no café de sua assistente, depois bebericou um gole após confirmar com seu faro apurado os ingredientes daquele líquido.

— Adora, me diz, você também gosta de beber café descafeinado com leite de amêndoas, e sem açúcar? — a felina perguntava com uma sobrancelha levantada, surpresa que sua assistente bebia exatamente a mesma bebida que ela.

— É… Que coincidência, né? — Adora ria nervosamente com sua cara de pau — Olha chefe, por mais que pareça, jamais tomaria o mesmo café que você quase todo dia, só por acaso do seu acabar derramando por aí. É patético, até mesmo para mim que só tem dois neurônios funcionais. — aos poucos assumia uma postura séria mas de sorriso gentil, rezando internamente para a Deusa lhe livrar de mais uma furada.

A híbrida a olhou uma última vez, desfazendo toda a pose de criatura feroz, dando um pequeno sorrindo de canto de boca, voltando aos seus afazeres em seu notebook enquanto ainda tomava seu querido café.

— É bom que seja bonita, por causa dela você quase leva uma advertência no RH. — Agora mais relaxada, Catherine se ajeita em sua cadeira e começa a responder seus e-mails — Dispensada.

Sem demora, a loira sai do escritório de sua chefe com o coração quase saindo pela boca, mas aliviada por não se meter em outra enrascada, mal começou a semana e Adora viu a Deusa mais de uma vez só essa manhã.

Foi até sua mesa e começou a organizá-la, mas teve que parar tudo o que estava fazendo, pois ouviu o telefone do escritório de Catherine tocar, se levantou a contra gosto e foi atender.

— Escritório da Editora-chefe, quem fala? — Adora atendeu robóticamente, devido as milhares de vezes que se levantou sem necessidade pois sempre esquecia que podia atender o maldito telefone direto da sua mesa de trabalho, ao invés da sala da hibrida — Ah, oi Lashor.

Adora automaticamente observa sua chefe, sabe que apesar de parecer concentrada em seu notebook as suas orelhas estavam bem atentas nela e no que dizia.

— Quer marcar uma reunião? — a loira olhava para a híbrida que mesmo olhando atentamente para tela, ela fez um sinal de mão que somente Adora saberia o significado e prontamente já sabia o que deveria falar — Claro, ela estará aí em 5 minutos. Tchau!

A assistente já trabalhava para a híbrida há três anos, entendia muito rápido as situações que sua chefe se encontrava e sabia que alguma coisa não estava bem, mas mesmo assim perguntou apenas para confirmar suas suspeitas

— Por que está indo para a sala do Lashor? — Adora pergunta ansiosa pois coisa boa não era, Catherine jamais atenderia um pedido de Lashor tão rápido assim.

A resposta veio em uma crispada forte dos lábios da chefe, junto com um olhar firme que só Adora reconheceria, sabia o que estava por vir e precisava compartilhar isso urgentemente.

— Me espere lá fora, já estou indo. — Voltando sua atenção para o notebook, a híbrida fala com a voz baixa para sua assistente.

Adora aperta o passo e corre para sua mesa, precisava avisar para todos o que estaria por vir. Ela procura o aplicativo de mensagem rápida usada pelos funcionários da empresa e digitou apressadamente:

"A gata selvagem vai caçar”

A loira olhou ao redor e como esperava, todas as outras mesas receberam o texto, fazendo um pequeno alvoroço de humanos e híbridos voltando para seus lugares pois não podiam perder o barraco que ia se armar. Ao ouvir a porta de Catherine se abrir, Adora correu para alcançá-la, era surpreendente como uma criatura tão pequena conseguia se mover tão rápido.

Sua chefe ainda estava com o café em mãos, bebericando aos poucos, mas não deixava de ter a pose altiva e olhar sério, sua cauda chicoteava o ar demonstrando que não estava confortável com a situação.

Para tentar tirar a chefe de seus pensamentos, Adora resolveu conversar até a sala de Lashor, que ficava do outro lado do setor.

— Chefe, a senhora leu o manuscrito que eu te dei? — Mesmo ansiosa, Adora tentava demonstrar confiança na voz.

— Não terminei de ler e também não estou impressionada. — Catherine foi um pouco mais rígida que gostaria, mas estava irritada com o alvoroço que estava se formando em seu departamento, às vezes ter boa audição era uma maldição e acabou por descontar sua raiva sem querer na sua assistente.

— Ah chefe, por favor! — Adora choramingava pelo corredor — Deixa eu te falar uma cois-

— Não quero ouvir. — interrompeu a loira sem rodeios, Catherine não estava com saco para ouvir o que sua assistente tinha a dizer.

— Catherine, por favor me escute! — Adora tocou levemente seu ombro para lhe chamar atenção e atrair seu olhar — Eu leio milhares de histórias todos os meses e esse é o primeiro manuscrito que entrego para você, sabe por quê? Por que é exatamente o tipo de história linda e cativante de romance que você sempre publica! Você tem que dar uma chance. — a loira quase implorava com sua voz baixa e olhar de cachorro perdido no meio da mudança.

Catherine tinha que tomar cuidado com os pedidos de Adora, a loira convive demais com ela, sabe seus pontos fracos e o jeito certo de lhe pedir alguma coisa sem que pudesse recusar.

Precisou desviar o olhar antes que cedesse aos pedidos dela.

— Não, Adora. Além do mais, está errada, não é o tipo de história que eu publico. — a híbrida procurava com os olhos algo para distraí-la de sua assistente, acabando por ver um dos seus funcionários com a roupa que Adora costumeiramente veste para vir trabalhar, era uma visão até engraçada já que era um homem grande com roupas femininas bem justas e com uma grande mancha de café em seu terno — Aliás, estou começando a achar que você realmente toma o mesmo tipo de café que o meu, só pelo acaso de você acabar derramado ele nas suas próprias roupas, o que é bem patético.

— Eu diria que é impressionante! — Adora tentou não transparecer que foi pega mentindo, dando o seu melhor sorriso cínico que aprendera com sua chefe.

— Impressionante seria se você conseguisse levar o meu café inteiro para o escritório.

Adora não conseguia disfarçar sua raiva com o comentário da sua chefe, revirava os olhos e respira fundo tentando controlar o seu jeito genioso.

Catherine não deixou de perceber, mas preferiu sorrir fraco enquanto parava em frente a sala de Lashor, voltando totalmente sua atenção a assistente.

— Você vai apenas observar, sem falar um pio e nem fazer nada, entendido? — a híbrida olhava firme para sua assistente, esperando sua confirmação antes de adentrar a sala.

A confirmação veio com um sinal de “ziper se fechando” na boca da loira, ela se esforçava para dar um belo sorriso sem mostrar os dentes como Catherine a havia ensinado. Ali era a deixa para entrarem na sala de Lashor, que tinha o cargo de Editor-sênior, ele era um híbrido de lagarto com escamas vermelhas bem lustradas, porte atlético, com um terno elegante e olhar intimidador.

Mas o que ele tinha de elegante, também tinha de imbecil, tratava mal todas as funcionárias aqui da empresa e não media esforços para mostrar o quanto tinha dinheiro para gastar, tinha vários livros e quadros caríssimos a mostra em sua sala, seus móveis também não eram baratos, gostava de falar pelas ventas que tinha vários móveis "vintage" restaurados, tanto em sua casa quanto em seu escritório.

— Ora, ora! Se não é a nossa líder destemida e sua leal serva! Por favor, entrem! — Lashor despejava veneno em suas palavras, fazendo Adora se perguntar se ele era realmente um híbrido de lagarto ao invés de uma cobra. — Já estou terminando de responder meus e-mails, apenas um instante, por que não apreciam minha nova aquisição enquanto isso?

Lashor apontava para uma estante, Adora olhava atentamente sua chefe não mudar de expressão, mas acatando o pedido do híbrido, indo averiguar o móvel que realmente parecia nova.

— É bonita essa estante. — a felina passou as garras levemente para sentir a madeira sob seus dedos — Mas não vim aqui para conversar sobre seus móveis, Lashor. Sente-se. — a felina voltou com o olhar ainda duro para o híbrido.

— Estou muito bem em pé, Catherine. Diga o que quer. — O homem-lagarto não media sua dose de audácia, ele não gostava de ser desafiado, nem mesmo pela própria diretoria.

Adora viu Catherine respirar fundo como se quisesse conter um rosnado, afinal, não poderia fazer isso em ambiente de trabalho, então a felina bebericou novamente seu café e anunciou sem rodeios com a voz firme:

— Certo, então vamos direto ao assunto. Estou dispensando você, Lashor. — Catherine não desviava o olhar e muito menos mudava a pose altiva de felino.

Lashor, sem entender o que havia acontecido, estava em choque e de boca aberta, parando tudo o que estava fazendo para falar:

— Per-Perdão?

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ʕ•́ᴥ•̀ʔっ♡.