Todos da turma agora já estavam adultos e vivendo suas vidas de forma independente. O grupo não cuidava mais de mistérios ocasionais. A vida fez com que cada seguisse um rumo diferente. Daphne no momento com 25 anos tinha se formado na escola de artes se tornando uma ótima atriz e muito boa com maquiagens e figurino. Fred também com mesma idade montou seu próprio escritório como detetive particular e sempre que podia via Daphne, por estarem juntos. Vários casos que ele pegava utilizava dos ótimos dons da ruiva.

Salsicha que agora tinha 27 anos tinha feito um curso de alta gastronomia e trabalhava como subchefe em um restaurante famoso da cidade em que morava. Ele tinha passado por alguns anos difíceis em sua vida sendo acusado de crimes que não cometeu em sua cidade natal, com isso teve de se mudar e reconstruir uma nova vida. Ele tinha mudado bastante, não era mais um rapaz tão covarde. Tinha ganhado corpo fazendo exercícios e sempre que podia treinava algo com o Scooby doo.

Velma agora com 25 anos tinha se formado em química e trabalhava em um laboratório confeccionado remédios e compostos químicos. Além de desenvolver um interesse por redes e computadores. Sempre que podia lia algo a respeito. Ela também tinha passado por alguns anos difíceis, com o estranho desaparecimento de seus pais. Era um assunto que ela não gostava de dividir com ninguém e quando uma pessoa iniciava a conversa ela mudava de assunto. Velma já estava passando 3 anos da sua vida se dedicando apenas a isso e ao seu trabalho. Todo esses problemas a tornaram uma pessoa mais fechada e reservada. Pouco falava com as pessoas e principalmente sobre sua vida. Ela vivia a maior parte do tempo trancada em seu pequeno apartamento. Todos do grupo não se viam a 5 anos, tirando Daphne e Fred. Era muito e tempo e bem lá no fundo todos sentiam falta da máquina de mistérios.

Velma estava sentada em seu sofá com os pés apoiados em uma mesinha de centro, olhando através da janela a lua cheia. Uma das mãos tinha uma garrafa de bebida e na outra alguns papéis de seu caso perdido. Ela tinha se dado por vencida e desistido de tudo e focando apenas em seu trabalho. Bem fundo isso a magoava bastante, mais esse caso já tinha lhe trago problemas suficientes, tanto emocionalmente como fisicamente. Era bem raro vê-la desistir de algo, entretanto tudo isso já tinha a desgastado de mais. Eram noites sem dormir, investigações por lugares inóspitos, lutar com pessoas perigosas e até agora nenhuma pista. Ela começava a acreditar que eles estavam mortos.

Velma morava em um apartamento pequeno, situado em um prédio perdido da beira de uma estrada. Segundo ela seria fácil de fugir caso fosse necessário. Sua casa tinha apenas o necessário para sobreviver. E claro uma internet de boa qualidade. Ela não esbanjava nada e tentava economizar o quanto podia do seu salário. Sua casa não tinha nem cama e nem televisão, ela dormia no sofá. E sua sala era em conjunto com a cozinha formando assim dois cômodos em um. Tinha apenas uma cômoda com meia dúzia de roupas iguais e nada mais que isso. Velma tinha apenas duas coisas de grande valor, sendo um notebook de alta tecnologia e alguns livros antigos de edições raríssimas.

Seus pensamentos pararam por alguns segundos quando ouviu o interfone do apartamento tocar. Isso estava soando estranho, já que raramente recebia visitas. Por precaução Velma pega sua adaga coloca na bainha que fica em seu sinto. Ela não tinha intenção de machucar ninguém, mais sempre se prevenia já que morava na beira de uma estrada deserta.

—-- Alô, quem fala?

—-- Oi Velma aqui é o Salsicha lembra de mim?

—-- Sim. Velma fala sendo breve.

—-- Gostaria de conversar com você. Salsicha fala animadamente.

—-- Pode falar. Velma prossegue a conversa sem muito animo.

—-- Vai mesmo me deixar ao relento. Essa noite está bem fria.

—-- Me desculpe, eu não queria ser deseducada. Vou apertar o botão e você pode entrar.

Logo em seguida Velma pega as chaves de casa, verifica no olho mágico da porta se realmente era seu velho amigo. Se é que depois de tanto tempo sem se verem ainda eram amigos. Ela ficou espantada com imagem que viu Salsicha realmente tinha mudado, porém o seu sorriso continuava o mesmo. Ela destrancou a porta e fez sinal para que ele entrasse. Não teve como um não reparar nas mudanças que cada um teve nesses últimos anos. Se é que era possível Salsicha estava alguns centímetros mais alto, porém tinha ganhado um pouco de massa e parecia praticar exercícios físicos. Seu cabelo continuava na altura do pescoço, sua barba agora não era mais falha. Ele ainda usava sua camisa verde favorita só que agora tinha uma jaqueta de couro a sobre pondo. Para completar estava com uma calça surrada. Seu olhar também estava diferente e parecia não ter mais tanto medo quanto no passado. Velma tinha gostado dessa nova versão do amigo, porém algo nele a incomodava. Um frio lhe percorreu a espinha, ele parecia bem mais decidido. Não era mais o magricelo que conhecera.

Por sua vez Velma também recebeu alguns olhares lhe analisando. Salsicha percebeu o quanto a amiga tinha mudado. Seu cabelo tinha crescido alguns centímetros, mais ainda era curto sendo agora desfiado e mais rebelde. Seus óculos agora eram menores e mais discretos, porém continuando com a armação preta. As mudanças mais drásticas haviam sido em seu look e seu corpo. Agora Velma não vestia mais aquele suéter laranja. Trajava apenas uma simples blusa laranja de alcinha com sua tradicional saia rodada vermelha e um sinto sobre sua cintura. Não pode deixar de reparar que ali se encontrava uma arma branca. Além disso tudo ela usava um par de coturnos com meias laranjas. Ele reparou que Velma tinha ganhado algumas curvas e não aparentava mais ser sedentária. Tinha emagrecido uns bons quilos. Salsicha aproveita para analisar o ambiente e percebe o quão simples era o apartamento de Velma, sem nada de luxuoso. O que mais lhe chamou atenção foi a garrafa de bebidas que jazia sobre uma mesa de centro, pelo que se lembrava não era do feitio de sua amiga beber.

Velma já estava ficando encabulada com o olhar fixo que Salsicha mantia sobre ela, esse desconforto sempre vinha nessas situações. Ela não gostava de ser o centro das atenções. Foi então que ela resolve oferecer algo para ele, lembrando que Salsicha sempre estava com fome.

—-- Aceita algo para comer? Eu só tenho alguns sanduíches. Não é nada sofisticado, mais dá para matar a fome.

—-- Pode ser. Se não for incomodar posse te acompanhar na bebida também.

Velma abre a geladeira e retira uma bebida e um sanduíche os colocando em cima da bancada. Logo em seguida volta para sua posição anterior sentada no sofá com as perna sobre a mesa. Pega novamente sua bebida e dá um gole indicado um lugar ele se sentar. Salsicha por sua vez estranha a forma desleixada de sua amiga se sentar, foi ai que teve a certeza de que ela tinha mudado. Ambos estavam mudos, talvez com medo de iniciar uma conversa. Um não conseguia ver no outro a pessoa de anos atrás. Salsicha olhava de forma curiosa para alguns papéis que estavam em cima da mesa. Velma repara esse ato e resolve fazer sua primeira pergunta.

—-- O que te traz aqui?

—-- O pessoal quer voltar em mais uma missão com a máquina de mistérios. Ele falou coçando sua barba, estava nitidamente nervoso.

—-- E porque você se deu o trabalho de vir até aqui? Velma falou parecendo indiferente.

—-- Bem eu senti saudades e queria saber como você estava. Só ligar ou mandar um e-mail não ia matar minha curiosidade, mais e você sentiu minha falta? Quer dizer, do pessoal?

—-- Sim eu senti, mais agora estou com uma nova vida.

A temperatura estava amena a gostava, até que começa a cair um temporal lá fora e o tempo começa esfriar, agora o vento já corria veloz pelas janelas e pela pequena varanda do apartamento. Salsicha percebe Velma contrair seu corpo devido à queda de temperatura e uma imensa vontade de abraça-la percorre sua mente. Eles tinham se envolvido no passado e isso só fazia com que ele se lembrasse de como era ter Velma em seus braços. Ele se sentia muito sozinho nos últimos tempos e contava apenas com a companhia do Scooby. Uma das coisas que mais queria era poder reatar suas antigas amizades, principalmente a que tinha com Velma.

—-- O pessoal pediu para que eu lhe chamasse para essa missão. O que você diz?

Velma estava ponderando a proposta de Salsicha e analisando suas opções. Ela tinha um trabalho agora e não deveria aceitar. E fora sua última investigação tinha acabado muito bem. E assim ficaram os dois em um momento de completo silencio. Salsicha ainda esperava afoito por uma resposta de Velma.