Velma queria muito aceitar esse pedido de Salsicha, mais não sabia se estava pronta para um novo mistério. Seu último trabalho estava inacabado e tinha lhe rendido uma cicatriz em seu braço esquerdo. As coisas agora eram bem mais sérias do que quando eram adolescentes. Não eram penas pessoas fantasiadas e sim fatos reais. Muitas dessas pessoas queriam lhe machucar, era só olhar para seu braço que se lembrava do recado que havia recebido. Desde então tinha dado um tempo no lance de mistérios.

—-- Não sei Salsicha, acho que não devia atrapalhar o lance de vocês. O meu último caso não acabou bem. Velma fala desviando o olhar dele. Ela se sentia extremamente envergonhada em mencionar que tinha fracassado.

—-- Você andou resolvendo casos sem nós? Ele fala espantado e ao mesmo tempo admirando as bochechas coradas de Velma. Nesse momento ele sentiu uma enorme vontade apertá-las ou apenas acaricia-las em um gesto simples de carinho.

—-- É.. é só uma coisa pessoal. Velma fala gaguejando sem querer. Não queria expor esse caso para ele, era uma coisa intima.

—-- Bem o convite fica em aberto caso você mude de ideia. Mas tem uma coisa que eu não entendo. Porque você se isolou dessa forma? Ele falou olhando diretamente em seus olhos. Era inevitável não reparar em quão tristes eles estavam e em algumas olheiras que lá estavam instaladas, provavelmente de noites mal dormidas. Salsicha coloca a garrafa sobre a mesa aproveitando para pegar a que já estava vazia da mão de Velma. Sem nenhuma intenção suas mão se tocam fazendo seus pelos arrepiarem. Era o primeiro contado deles até então. Velma por sua vez se fez de desentendida com a pergunta de Salsicha, não estava nem um pouco afim de responde-la.

—-- Eu não sei do que você se refere.

—-- Velma você é a pessoa mais perspicaz que eu conheço. Sabe bem do que eu estou falando.

Se vendo encurralada e contra parece Velma decide responder a essa pergunta, porém expondo minimamente sobre o caso.

—-- Tem a ver com o meu último caso.

—-- O que não acabou bem, suponho.

—-- Sim. Velma fala secamente. Esperando ele mudar o rumo da conversa.

—-- Bem eu tenho que ir, já roubei de mais do seu tempo.

Velma olha para janela e uma chuva incessante caia do céu. Respirou fundo e decidiu fazer um proposta a seu velho amigo, mesmo sabendo que no dia seguinte se arrependeria.

—-- Você não acha que é perigoso sair nesse temporal? Bem se você quiser pode passar a noite aqui.

Salsicha olha para o céu e responde a sua pergunta.

—-- Se não for incomodo.

—-- Caso fosse eu não teria oferecido.

—-- Eu agradeço muito, você não sabe o auxílio que você está me dando. Ele fala um pouco sem graça.

—-- Olha Salsicha acho que você já percebeu que minha casa não tem nada de luxuoso, então você vai ter que se contentar em dormir no sofá.

—-- Que isso eu não estou em condições de exigências. Mais me diga onde você vai ficar?

—-- Na poltrona mesmo.

—--Mão mesmo, eu não quero desalojar a dona da casa.

—-- Isso não é nada Salsicha. Eu fico boa parte da noite lendo livro mesmo.

Velma busca um travesseiro e uma coberta para seu velho amigo e estende no sofá. Salsicha por sua vez estava se sentindo incomodado em dar tanto trabalho para Velma. Agora ela parecia uma pessoa tão ocupada e bem distante da vida que teve no passado. Desde que ele tinha chegado em sua casa tinha percebido um ar estranho era algo que não se parecia em nada com a antiga Velma. Uma garota introvertida, inteligente e discreta. Ele não sabia como, mais queria se reaproximar dela. Lá fundo ele tinha esperanças de que a Velma terna ainda estava viva.

Salsicha deitou no sofá e por algum motivo desconhecido ele tinha tido uma ótima noite de sono. Algo naquele ambiente era familiar e o tranquilizava. Fazia muito tempo que ele não dormia feito uma pedra e nesse momento era esse o sentimento que o preenchia. Já Velma como de costume tinha passado praticamente a noite toda lendo um de seus livros antigos que era da sua família na expectativa de conseguir alguma informação. Mesmo tendo desistido do trabalho de campo, ela ainda fazia suas pesquisas particulares. Salsicha foi acordando aos poucos com a luminosidade natural do dia. Ao olhar para o lado viu uma Velma que dormia na poltrona com um livro pesado sobre o corpo e com os óculos lhe pressionando o rosto. Seu corpo estava todo torto e provavelmente lhe renderia algumas dores ao acordar.

Foi ai que ele teve uma súbita ideia. Não sabia se era uma boa fazer o que tinha em mente, mais sentiu que devia retribuir de alguma forma. Com cuidado pegou o livro na qual sua amiga lia e o colocou na mesa de centro em seguida com muita cautela para não acorda-la retirou seu óculos do rosto. Apenas com essas simples atitudes viu Velma se aconchegar mais na poltrona. Ele não pode deixar de reparar em como e ela dormia e nos pelos arrepiados de sua pele, afinal Velma tinha passado a noite dormindo quase ao relento apenas com a roupa do corpo. Não deu outra, ele não se conteve e com cuidado a carregou em seu colo para o sofá em seguida a cobrindo com a coberta que tinha utilizado. Ele a observou por alguns segundos desejando que quando ela acordasse não lhe recriminasse por tal ato. Pensou também em como eles tinham crescido e como a vida deles tinham se complicado ao passar do tempo.

A curiosidade em saber o que Velma escondia era tanta que fez com que Salsicha abrisse o livro que ela lia e desse uma foleada. Haviam várias anotações com a letra dela e de outras pessoas. Quando viu que ela se remexeu no sofá, soltou rapidamente o livro na mesa de centro fazendo um pequeno barulho. Quando olhou para amiga viu que ela apenas estava se ajeitando no sofá. Depois disso Salsicha desiste de procurar por pistas e decide preparar o café.

As torradas e o café estavam prontas. Agora ele lia algumas notícias no celular enquanto tomava café.

--- O que eu faço no sofá? Pergunta Velma ainda sonolenta.

--- Espero que não se importe, eu a coloquei ai. Achei que estava mal acomodada na poltrona.

--- Eu agradeço Salsicha, mais não precisava. Velma fala corando levemente.

--- Fiz o café. Espero que goste. E não diga que não precisa, pois é o mínimo que devo fazer depois de você me abrigar em uma noite chuvosa.

—-- Eu agradeço.

—-- Acho que temos que conversar.

—-- Sobre o que exatamente?

—-- Sobre essa tal missão misteriosa que você andou fazendo esses últimos tempos.

Nesse exato momento Salsicha percebe o corpo de Velma se enrijecer por completo e ficar estático.

—-- Eu disse que era algo particular. Ela fala na tentativa de mudar de assunto.

—-- Eu acho que talvez o caso em que Fred está trabalhando pode ter alguma relação com o fato de você ter se isolado.

—-- Salsicha, vai embora eu não quero falar sobre isso. Velma fala em um tom pouco arrogante. O que não abala o amigo, mais o surpreende.

—-- Eu falei algo errado? Ele tenta ser delicado.

—-- Não exatamente, eu só não quero falar sobre isso.

—-- Velma pode não parecer, mais eu só quero que saiba que todos da turma só querem o bem uns dos outros. Em especial eu, que nunca esqueci o que vivemos. Salsicha fala, sendo que a última parte era apenas para ser um pensamento. Logo depois ele dá uma corada e olha para o chão.

—-- Eu não quero te tratar dessa maneira, me desculpe. Eu não ando muito sociável ultimamente.

—-- Eu também não devia ser muito invasivo.

Velma olha para o relógio da parede e se assusta com a hora.

—-- Aconteceu algo? Salsicha pergunta.

—-- Acho que dormi demais, já são dez da manhã. Estou bem atrasada para o trabalho.

--- Queria que eu tivesse te acordado?

--- Não. Você não tem nada a ver com isso. É minha obrigação colocar um despertador.

--- Dormindo dessa forma, não tem como seu corpo aguentar Velma. Não acha que tem que melhorar a estrutura dessa lugar?

--- Não sei, as vezes prefiro não apegar. Nunca sei quando preciso me mudar.

--- Então, nesse espaço de tempo em que estamos sem contato já morou em quantos ligares?

--- Três cidades diferentes. Essa é a que estou mais tempo. O papo está bom, mais eu tenho que ir e inventar uma boa desculpa por estar atrasada.

---- Se precisar de ajuda, fala que um amigo seu invadiu sua casa de madrugada pedindo abrigo. Vamos voltar a nos ver?

--- Você já sabe onde eu moro. Tranque a porta e coloque as chaves atrás do vaso de plantas. Vela fala acenando para o amigo e indo em direção ao trabalho.

Salsicha por sua vez estava estático. Não acreditava na noite que tinha tido com sua velha amiga. E em todas as emoções que tinham voltado em seu corpo. Era como se os dois tivessem que voltar e se conhecer. A primeira coisa que ele fez foi ligar para os amigos e contar que tinha entrado em contato com a Velma, mais lógico omitindo o fato de ter passado a noite em sua casa.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.