Após uma noite conturbada, marcada por milagres, revelações e arrependimentos, desperto às 9:30 da manhã. Ao me espreguiçar na cama, percebo que a noite intensa deixou suas marcas em minha energia. Com cuidado, saio da cama e me arrasto até o corredor. Ao passar pelo quarto de Lucas, constato que ele ainda dorme tranquilamente. Decido descer com cautela até a sala, onde a luz matinal começa a preencher o ambiente. Ao abrir a geladeira em busca de algo para comer, noto um bilhete preso com um imã, escrito pela minha mãe.

"Querida Ana, fui resolver algumas coisas. Não quis te acordar. Volto logo. Não se preocupe. Amo você. - Mãe."

Leio as palavras com um misto de curiosidade e alívio. Parece que minha mãe tinha suas próprias questões para lidar, mas a promessa de voltar em breve me tranquiliza. Sigo pela manhã, ainda envolta nas emoções da noite anterior, enquanto aguardo o retorno dela.

Guardo o bilhete carinhoso de minha mãe na gaveta, pegando em seguida uma faca e um pote de geleia. Sento-me à mesa, e com cuidado, começo a passar a geleia no pão, apreciando cada movimento com uma calma que contrasta com a intensidade da noite anterior. Cada mordida traz consigo uma sensação reconfortante, uma pausa bem-vinda após as emoções vividas.

Enquanto saboreio o café da manhã, meu olhar é atraído pelo jornal que repousa sobre a mesa. Ao folheá-lo, algo me intriga profundamente: a repórter, que sempre dedicava espaço a relatos sobre mim, parece ter deixado de mencionar qualquer acontecimento da noite anterior. Uma sensação de curiosidade e inquietação se instala, deixando-me pensativa sobre o motivo dessa omissão peculiar em suas palavras.

Após guardar o jornal, a faca e a geleia, pego meu caderno e começo a expressar meus pensamentos por meio de alguns desenhos. Contudo, um pensamento persistente se instala em minha mente: o beijo com Lucas. Uma curiosidade intensa desperta em mim, e decido explorar mais sobre o tema. Pego meu celular e, com uma rápida pesquisa nos fóruns, busco técnicas para aprimorar beijos. Os detalhes das dicas e experiências compartilhadas pela comunidade virtual proporcionam uma fonte de informações intrigantes, adicionando uma nova dimensão à minha busca por compreender e aprimorar as relações pessoais.

Após ler algumas técnicas e anotar os detalhes, guardo meu celular quando ouço passos de Lucas ecoando pelo corredor do andar de cima, indicando que ele se aproximava da cozinha. Ao vê-lo, um sorriso ilumina seu rosto, mesmo com uma expressão sonolenta. Ele estava lindo, e não posso deixar de brincar um pouco.

Parece que alguém acordou tarde hoje - comento, pegando um pouco no pé dele com um sorriso travesso. A leve provocação é recebida com uma risada, criando uma atmosfera descontraída entre nós.

Lucas fez uma careta ao ouvir minha provocação sobre acordar tarde.

— Culpa sua eu ter acordado tarde, sabia?

Ri da sua resposta descontraída.

— Ah, claro, a culpa é sempre minha.

Enquanto ele pegava mais pão e café, me levantei com dificuldade da cadeira e me arrastei até o sofá. Com o controle remoto em mãos, iniciei a busca por algo na televisão.

— Não vai me dizer que ainda tá procurando aquele programa de culinária bizarro, né? — Lucas observava, divertido.

— Pode ser. Quem sabe eu me inspire a fazer algo mais do que café da manhã básico.

Lucas fixou seus olhos em mim enquanto saboreava o café, criando um momento íntimo entre nós.

Lucas me observava atentamente, e ao notar seu olhar fixo, fiz uma careta descontraída.

— Algum problema comigo? — indaguei, mantendo um tom leve na voz.

Ele sorriu e, de forma típica dos jovens, soltou um comentário.

— Tô gata hoje, hein? Seu corpo é bonito.

A sinceridade e a descontração de Lucas trouxeram um tom leve à conversa, refletindo a espontaneidade da juventude.

— Ah, para com isso, Lucas! — ri. — Você só diz essas coisas pra me fazer rir.

Ele continuou sorrindo.

— Mas é verdade! Você é linda.

Brinquei com a situação.

— Sabe, minha amiga Sophia é mais gata que eu. Ela sim é um espetáculo.

— O quê? Não concordo. Você é única, Ana.

A troca descontraída entre nós continuou, repleta de brincadeiras e elogios, refletindo a leveza da amizade entre jovens.

Após algumas brincadeiras com Lucas, decido levantar-me do sofá e ir até o jardim. Ainda precisando de apoio, peço a ele que me guie gentilmente. Ao chegarmos lá, solicito que me auxilie a me sentar no banco do jardim, apreciando a tranquilidade do ambiente.

— Lucas, me dá uma mão aqui?

— Claro, Ana. Vamos até o jardim.

No jardim, somos calorosamente recebidos por Max, nosso fiel companheiro de quatro patas, que abana a cauda demonstrando sua alegria.

— Ah, o Max sempre faz meu dia melhor. Vamos nos sentar aqui, Lucas.

— Com certeza, Ana. Confortável aí?

— Sim, obrigada. E pensar que esse é o nosso refúgio tranquilo.

— É mesmo, e o Max parece concordar.

Enquanto conversamos, o som suave da natureza ao redor complementa a serenidade do momento no jardim.

Enquanto eu afago o pelo do Max, sinto a mão de Lucas se entrelaçar na minha. Uma sensação de carinho e proximidade preenche o ar, e, naquele momento, percebo que estava apaixonada. Decido abraçá-lo e beijar seu pescoço, buscando expressar meus sentimentos.

— Lucas, você é incrível - abraço-o e lhe beijo o pescoço.

Contudo, a atmosfera muda quando Lucas, empolgado, coloca a mão por dentro da minha blusa. Sinto um desconforto imediato e, um pouco irritada, o afasto.

— Isso não pode, Lucas - falo mesmo sentindo a minha pele queimar e sentir borboletas no estômago.

— Desculpa, Ana. Eu... eu não devia ter feito isso - seu rosto cora e suas mãos ficam suadas.

Ele fica extremamente envergonhado, e eu tento acalmar a situação, compreendendo que ambos têm limites a serem respeitados.

Tudo bem, Lucas. Vamos apenas aproveitar o momento e esquecer isso - suspiro. Eu queria continuar mas éramos jovens e sem nada de experiências.

Após me acomodar no banco, as inquietações que perpassavam minha mente ganharam clareza. A necessidade de esclarecer minhas dúvidas e buscar a orientação do padre Miguel tornou-se urgente. Com uma determinação silenciosa, pego suavemente na mão de Lucas, revelando minha decisão.

— Lucas digo - fitando seus olhos - preciso ir até o padre Miguel. Tenho tantas dúvidas, muitas perguntas sem respostas.

Ele me olha compreensivamente e, sem hesitar, concorda.

— Claro, Ana. Vamos chamar um Uber.

Lucas realiza a tarefa prontamente, e enquanto aguardamos o carro de aplicativo, sinto a necessidade de pedir a ajuda de Lucas para retornar ao meu quarto e me preparar para a visita ao padre Miguel.

— Lucas, será que você pode me ajudar a subir até meu quarto? Preciso me arrumar antes de ir ao encontro do padre.

Ele assente, transmitindo conforto com seu olhar.

— Claro, Ana. Estou aqui para ajudar.

Juntos, enfrentamos as escadas, não apenas como amigos, mas como cúmplices diante dos mistérios que cercam meu dom e minha jornada.

Ao abrir a porta do quarto, deparo-me com meu armário, um pequeno universo de opções de vestimentas que me aguardam. Observo cada peça com cautela, escolhendo aquelas que me conferirão a confiança necessária para o encontro iminente com o padre Miguel. Antes de iniciar essa delicada tarefa, solicito a Lucas que me conceda um momento de privacidade.

— Lucas, você se importaria de sair por um instante? - peço, buscando minha própria solitude temporária.

Ele assente, respeitosamente se retirando do quarto. Agora sozinha, mergulho em meus pensamentos enquanto as roupas penduradas no armário esperam para contar uma história própria.

Escolho a dedo cada peça, procurando por aquela combinação que transmita seriedade e ao mesmo tempo, um toque de simplicidade. O tecido das roupas desliza entre meus dedos, um ritual que vai além da escolha do vestuário.

Com as peças selecionadas, começo o processo de vestir-me. A dificuldade ao tentar acomodar a calça sobre o gesso é evidente, mas a persistência é minha aliada. Cada puxão, uma pequena vitória, e finalmente, a calça se ajusta.

Ainda diante do espelho, vejo meu reflexo com uma sutil camada de base no rosto. O objetivo não é esconder, mas realçar a naturalidade. O cabelo é penteado de forma descomplicada, um reflexo do meu estado de espírito.

Ao sair do quarto, Lucas me aguarda pacientemente, seu olhar capturando a imagem que compus.

— Você está pronta, Ana?

Sim, obrigada - respondo com um sorriso, consciente de que cada escolha reflete mais do que apenas um conjunto de roupas. Peço a Lucas que me acompanhe até o jardim, onde o próximo capítulo de nossa jornada se desdobrará.

Com o auxílio de Lucas, faço o caminho até o jardim, onde o Uber já espera por nós. Ao passarmos pela cozinha, uma ideia surge, e decido deixar um bilhete para minha mãe, uma pequena lembrança antes de seguir em frente.

Enquanto Lucas espera, pego uma caneta e um pedaço de papel na bancada da cozinha. Escrevo com cuidado, deixando as palavras fluírem naturalmente, expressando meu carinho e explicando de forma breve o motivo da minha saída. Desejo-lhe um bom dia e asseguro que voltarei em breve. O bilhete pronto, coloco-o estrategicamente no imã da geladeira, um local onde ela certamente notará.

— Vamos? - convido Lucas, indicando com um gesto que estamos prontos para seguir em frente. Ele sorri, pronto para enfrentar o dia ao meu lado. O Uber nos espera lá fora, marcando o início de mais uma etapa em nossa jornada.

Lucas me oferece seu apoio enquanto caminhamos até o carro do Uber. Com cuidado, verifico se o nome do motorista e o modelo do carro coincidem com as informações do aplicativo. Ao confirmar, cumprimento o motorista com um sorriso e entro no veículo, seguida por Lucas.

— Olá, tudo bem? - saúdo o motorista enquanto me ajeito no banco. Lucas se acomoda ao meu lado, pronto para a viagem. O motorista verifica o endereço no aplicativo e inicia a jornada.

Durante o trajeto, observo a paisagem pela janela, perdida em pensamentos. Lucas percebe minha expressão pensativa e coloca sua mão sobre a minha.

— Está tudo bem, Ana? - ele pergunta, com uma voz suave.

— Está sim, Lucas. Só estou pensando em tudo o que aconteceu. - eu respondo, tentando sorrir.

— Eu sei, foi um dia intenso. Mas você foi incrível, Ana. Você tem um dom especial, e eu estou aqui para te apoiar. - ele diz, me olhando nos olhos.

— Obrigada, Lucas. Você é muito importante para mim. - eu digo, sentindo meu coração acelerar.

Ele se aproxima e me beija delicadamente. Eu retribuo o beijo, sentindo uma mistura de emoções. Amor, medo, esperança, dúvida. Não sei o que o futuro nos reserva, mas sei que quero estar ao lado dele. Ele é a luz que ilumina minha escuridão.

Após mais alguns minutos dentro do uber, chegamos à igreja do Padre Miguel. Desembarco junto de Lucas, pago ao motorista. Lucas me ajuda a caminhar devido à minha perna quebrada.

— Você está bem, Ana? - ele pergunta, preocupado.

— Estou sim, Lucas. Só um pouco dolorida. - eu respondo, agradecendo seu apoio.

— Vamos, o Padre Miguel deve estar nos esperando. - ele diz, me conduzindo até a entrada da igreja.

Entramos no templo e somos recebidos pelo Padre Miguel, que nos cumprimenta com um sorriso.

— Boa noite, meus filhos. Que bom que vieram. - ele diz, nos abençoando.

— Boa noite, Padre. Viemos buscar sua orientação. - eu digo, me sentindo nervosa.

— Claro, minha filha. Venham comigo até o confessionário. - ele diz, nos guiando até o local.

Após seguir o Padre, sento no confessionário, Lucas aguarda um pouco mais distante. Pergunto para ele porque meu dom de cura assusta as pessoas.

Ele me olha com seriedade.

— Minha filha, o seu dom de cura é uma dádiva divina, mas também uma grande responsabilidade. Você tem o poder de aliviar o sofrimento de muitos, mas também de despertar a inveja, o medo e a cobiça de outros. Muitas pessoas não entendem o seu dom, ou o veem como uma ameaça. Elas podem tentar te prejudicar, te explorar ou te controlar.

— Mas Padre, eu não quero fazer mal a ninguém. Eu só quero ajudar as pessoas que precisam. - eu digo, me sentindo confusa.

— Eu sei, minha filha. E eu admiro a sua bondade e generosidade. Mas você precisa ter cuidado com quem você confia e com quem você revela o seu dom. Nem todos são dignos de saber o seu segredo. Você precisa ser sábia e discreta. - ele diz, me aconselhando.

— E o Lucas, Padre? Ele sabe do meu dom. Ele me viu curar aquela repórter. Ele pode me trair? - eu pergunto, com receio.

— O Lucas é um bom rapaz. Ele gosta de você de verdade. Ele não vai te trair. Mas ele também precisa ser prudente. Ele não pode sair por aí contando o seu dom para todo mundo. Ele precisa te proteger e te apoiar. - ele diz, me tranquilizando.

— Eu entendo, Padre. Eu vou ter mais cuidado. Eu agradeço pela sua orientação. - eu digo, me sentindo mais segura.

— Não há de quê, minha filha. Que Deus te abençoe e te guarde. - ele diz, me abençoando.

Saio do confessionário com Lucas, me sentindo mais forte e confiante. Eu sei que o meu dom de cura é um presente, mas também um desafio. Eu sei que nem todos vão me aceitar ou me compreender. Mas eu também sei que eu tenho o Lucas e o Padre Miguel ao meu lado. Eles são as pessoas que me amam e me respeitam. Eles são as pessoas que me ajudam a seguir o meu caminho espiritual.

Saio com Lucas da igreja e resolvo ir até a doceria do senhor Lefèvre, comer alguns doces com Lucas. Ele concorda com a ideia e me leva até o ponto de ônibus.

— Você gosta de doces, Ana? - ele pergunta, curioso.

— Eu adoro, Lucas. E você? - eu pergunto, sorrindo.

— Eu também, Ana. Principalmente os de chocolate. - ele diz, piscando.

— Então vamos nos deliciar com os doces do senhor Lefèvre. Ele faz os melhores doces italianos da cidade. - eu digo, animada.

— Eu nunca provei os doces italianos, mas estou ansioso para experimentar. - ele diz, pegando o ônibus.

Ele paga as passagens e sentamos no fundo do ônibus. Ele dirige até a doceria, que fica a poucos minutos da igreja. Descemos e entramos no estabelecimento, que tem um aroma delicioso de açúcar e baunilha. O senhor Lefèvre nos recebe com um sorriso.

— Buona sera, Ana. Buona sera, ragazzo. Benvenuti nella mia pasticceria. Cosa volete oggi? - ele pergunta, simpático.

— Buona sera, signor Lefèvre. Nós viemos provar os seus doces. O que o senhor nos recomenda? - eu pergunto, olhando as vitrines cheias de guloseimas.

— Bene, io ho una varietà di dolci per tutti i gusti. Abbiamo torte, crostate, muffin, brownies, biscotti, cioccolatini, e molto altro. - ele diz, orgulhoso.

— Nossa, que difícil escolher. Tudo parece tão bom. - eu digo, indecisa.

— Perché non prendete un po' di tutto? Così potete assaggiare tutto. - ele sugere, generoso.

— Sério, signor Lefèvre? O senhor é muito gentil. - eu digo, agradecida.

— Certo, Ana. É um prazer atendê-los. Vocês são meus clientes especiais. - ele diz, sorrindo.

Ele prepara uma bandeja com vários doces e nos entrega. Lucas pega a bandeja e agradece ao senhor Lefèvre. Saímos da doceria e sentamos em um banco na calçada.

— Uau, Ana. Isso é um banquete. - ele diz, impressionado.

— Eu sei, Lucas. O senhor Lefèvre é muito bondoso. Ele sempre me trata bem. - eu digo, feliz.

— Ele parece ser uma ótima pessoa. E os doces dele parecem ser deliciosos. - ele diz, elogiando.

— São sim, Lucas. Você vai adorar. - eu digo, animada.

Começamos a saborear os doces, um por um.

— Hum, que delícia. Esse tiramisù é incrível. - ele diz, mordendo um pedaço.

— Eu também amo esse tiramisù, Lucas. É o meu favorito. - eu digo, concordando.

— E esse cannolo siciliano? Que fofura. E que sabor. - ele diz, provando um.

— Eu também gosto desse cannolo, Lucas. É muito fofo. - eu digo, sorrindo.

— E esse baci di dama? Que maravilha. Que textura. Que doçura. - ele diz, se deliciando.

— Eu também adoro esse baci di dama, Lucas. É o melhor que eu já comi. - eu digo, elogiando.

Continuamos a comer os doces, trocando elogios e impressões. Cada doce é uma surpresa, uma alegria, uma delícia. Compartilhamos os doces, os sorrisos, os olhares. Sentimos uma conexão, uma sintonia, uma cumplicidade. Estamos felizes, relaxados, apaixonados.

Terminamos de comer os doces e nos olhamos nos olhos. Ele se aproxima e me beija suavemente. Eu retribuo o beijo, sentindo uma onda de calor. Ele me abraça e me aconchega em seu peito. Eu me aninho em seus braços, sentindo seu perfume. Ele me faz um carinho no cabelo e me sussurra no ouvido.

— Eu te amo, Ana. - ele diz, com emoção.

— Eu também te amo, Lucas. - eu digo, com sinceridade.

Ficamos assim, abraçados, beijando, trocando juras de amor. Esquecemos do mundo, dos problemas, dos medos. Só pensamos em nós, no nosso amor, no nosso futuro. Somos felizes, somos um do outro, somos um só.

De repente, ouvimos uma buzina. É a mãe de Lucas, que veio nos buscar. Ela nos vê e sorri.

— Oi, crianças. Prontos para ir? - ela pergunta, simpática.

— Oi, mãe. Sim, estamos prontos. - ele diz, se desvencilhando do meu abraço.

— Oi, dona Ava. Obrigada por vir nos buscar. - eu digo, me levantando.

— Oi, Ana. Não há de quê. Vocês se divertiram? - ela pergunta, curiosa.

— Sim, mãe. Nós fomos à igreja, conversamos com o Padre Miguel e depois comemos uns doces na doceria do senhor Lefèvre. - ele diz, resumindo.

— Que bom, filho. Fico feliz que vocês tenham aproveitado. E os doces, estavam bons? - ela pergunta, interessada.

— Estavam ótimos, dona Ava. O senhor Lefèvre é muito generoso. Ele nos deu uma bandeja cheia de doces italianos. - eu digo, elogiando.

— Que gentileza dele. Ele é um bom amigo. E os doces italianos são uma delícia. - ela diz, concordando.

— São mesmo, mãe. Você precisa provar. - ele diz, animado.

— Quem sabe um dia, filho. Quem sabe um dia. - ela diz, sorrindo.

Ela nos convida a entrar no carro. Entramos e colocamos o cinto de segurança. Ela liga o carro e dirige até a minha casa. Durante o trajeto, conversamos sobre coisas triviais. Ela é uma mulher simpática e carinhosa. Ela gosta de mim e me trata bem. Ela sabe do meu dom de cura e me respeita. Ela é como uma segunda mãe para mim.

Chegamos à minha casa e ela estaciona o carro. Ela me abraça e me beija no rosto.

— Tchau, Ana. Foi um prazer te ver. Cuide-se, viu? - ela diz, me despedindo.

— Tchau, dona Ava. Muito obrigada por tudo. A senhora é um amor. - eu digo, agradecendo.

— Imagina, Ana. Você é uma menina especial. - ela diz, me elogiando.

— Obrigada, dona Ava. A senhora também é especial. - eu digo, retribuindo.

Ela sorri e me solta. Eu saio do carro e vou até a porta da minha casa. Lucas sai do carro e vem atrás de mim. Ele me abraça e me beija novamente.

— Tchau, Ana. Eu te amo. - ele diz, com emoção.

— Tchau, Lucas. Eu também te amo. - eu digo, com sinceridade.

Ele sorri e me solta. Ele volta para o carro e acena para mim. Eu aceno de volta e entro em casa. Ele vai embora com a mãe dele. Eu fecho a porta e suspiro.

Ao chegar em casa, abro a porta e vejo minha mãe na sala. Ela está assistindo a uma novela na televisão. Ela me vê e sorri.

— Oi, filha. Como foi o seu dia? - ela pergunta, carinhosa.

— Oi, mãe. Foi bom. Eu fui à igreja, conversei com o Padre Miguel, comi uns doces com o Lucas e depois ele me trouxe em casa. - eu digo, resumindo.

— Que bom, filha. Fico feliz que você tenha se divertido. E o Lucas, como ele está? - ela pergunta, interessada.

— Ele está bem, mãe. Ele é muito legal. Ele me trata bem. Ele me ama. - eu digo, sorrindo.

— Que bom, filha. Eu gosto do Lucas. Ele é um bom menino. Ele te respeita. Ele sabe do seu dom. - ela diz, concordando.

— É verdade, mãe. Ele sabe do meu dom e me aceita como eu sou. Ele me apoia e me protege. - eu digo, agradecida.

— Ele é um bom amigo, filha. Você tem sorte de ter encontrado alguém assim. - ela diz, elogiando.

— Eu sei, mãe. Eu tenho sorte mesmo. - eu digo, feliz.

Dou um beijo nela e peço ajuda a ela com o banho para não molhar a minha perna quebrada.

— Mãe, você pode me ajudar com o banho? Eu não quero molhar a minha perna. - eu peço, educada.

— Claro, filha. Vamos lá. - ela diz, se levantando.

Ela me ajuda a ir até o banheiro. Ela pega uma toalha, um sabonete, um xampu e um condicionador. Ela enche a banheira com água morna. Ela me ajuda a tirar a roupa e a entrar na banheira. Ela coloca um saco plástico na minha perna quebrada para protegê-la da água.

— Pronto, filha. Agora você pode tomar o seu banho. - ela diz, gentil.

— Obrigada, mãe. Você é um amor. - eu digo, agradecendo.

— Imagina, filha. Você é uma menina especial. - ela diz, me elogiando.

Ela me deixa sozinha no banheiro. Eu começo a lavar o meu corpo com o sabonete. Eu sinto a água morna relaxar os meus músculos. Eu sinto o sabonete limpar a minha pele. Eu sinto o perfume do sabonete me acalmar. Eu me sinto bem, muito bem.

Eu lavo o meu cabelo com o xampu e o condicionador. Eu sinto o xampu limpar o meu couro cabeludo. Eu sinto o condicionador hidratar o meu cabelo. Eu sinto o perfume do xampu e do condicionador me alegrar. Eu me sinto bem, muito bem.

Eu termino o meu banho e chamo a minha mãe. Ela volta ao banheiro e me ajuda a sair da banheira. Ela me seca com a toalha e me ajuda a vestir o meu pijama. Ela me leva até o meu quarto e me deita na minha cama. Ela me cobre com o meu cobertor e me beija na testa.

— Boa tarde, filha. Descanse um pouco. Sonhe com os anjos. - ela diz, me desejando.

— Boa tarde, mãe. Durma bem. Sonhe com os anjos. - eu digo, retribuindo.

Ela sorri e apaga a luz. Ela sai do meu quarto e fecha a porta. Eu fico sozinha no meu quarto. Eu fecho os meus olhos e penso no meu dia. Eu penso no Padre Miguel, no senhor Lefèvre, na dona Ava, no Lucas. Eu penso no meu dom de cura. Eu penso no meu caminho espiritual.

Após dormir um pouco naquela tarde, acordo por volta das 18:00, com um cheiro de comida vindo do andar de baixo. Minha mãe estava fazendo uma lasanha bolonhesa, o meu prato preferido. Meu pai Pedro logo me recebe com um sorriso e diz que tem uma surpresa pra mim. Ele me entrega um par de muletas e diz que são para eu poder me locomover melhor.

— Oi, filha. Como você está? - ele pergunta, carinhoso.

— Oi, pai. Estou bem. E você? - eu pergunto, sorrindo.

— Estou bem, filha. Estou feliz de te ver acordada. - ele diz, feliz.

— Eu também estou feliz de te ver, pai. - eu digo, abraçando-o.

— Filha, eu tenho uma surpresa pra você. Olha só. - ele diz, me mostrando as muletas.

— Uau, pai. Que legal. São muletas? - eu pergunto, surpresa.

— Sim, filha. São muletas. Eu comprei pra você hoje. São para você poder se locomover melhor. - ele diz, explicando.

— Que gentileza sua, pai. Muito obrigada. - eu digo, agradecida.

— Imagina, filha. Você merece. - ele diz, me elogiando.

— Mas pai, como você conseguiu comprar as muletas? Elas devem ser caras. - eu pergunto, curiosa.

— Não se preocupe, filha. Eu consegui um bom desconto. Eu tenho um amigo que trabalha em uma loja de equipamentos médicos. Ele me fez um preço especial. - ele diz, tranquilizando-me.

— Que bom, pai. Você é muito esperto. - eu digo, admirando-o.

— Obrigado, filha. Você é muito gentil. - ele diz, retribuindo.

Ele me ajuda a levantar da cama e a colocar as muletas. Ele me ensina a usar as muletas, me dando algumas dicas. Ele me diz para apoiar as muletas no chão, na altura dos meus quadris. Ele me diz para manter a minha perna quebrada elevada, sem encostar no chão. Ele me diz para mover as muletas para frente, junto com a minha perna boa. Ele me diz para repetir o movimento, alternando as muletas e a perna.

— Pronto, filha. Agora você já sabe usar as muletas. - ele diz, orgulhoso.

— Obrigada, pai. Você é um ótimo professor. - eu digo, agradecendo.

— Não há de quê, filha. Você é uma ótima aluna. - ele diz, elogiando.

Ele me leva até a sala, onde minha mãe está terminando de preparar a lasanha. Ela me vê e sorri.

— Oi, filha. Como você está? - ela pergunta, carinhosa.

— Oi, mãe. Estou bem. E você? - eu pergunto, sorrindo.

— Estou bem, filha. Estou feliz de te ver acordada. - ela diz, feliz.

— Eu também estou feliz de te ver, mãe. - eu digo, abraçando-a.

— Filha, eu fiz uma lasanha bolonhesa pra você. É o seu prato preferido. - ela diz, me mostrando a lasanha.

— Uau, mãe. Que delícia. Eu adoro lasanha bolonhesa. - eu digo, animada.

— Que bom, filha. Eu fiz com muito amor. - ela diz, me beijando na testa.

— Muito obrigada, mãe. Você é muito amorosa. - eu digo, agradecendo.

— Imagina, filha. Você é muito especial. - ela diz, me elogiando.

Ela coloca a lasanha na mesa e nos chama para jantar. Nós nos sentamos à mesa e começamos a comer. A lasanha está uma delícia, bem quentinha e saborosa.

Após o jantar, a minha amiga Sophia me liga e diz que as camisetas da turma haviam ficado prontas. Eu fico super animada e a convido para vir aqui em casa me mostrar pessoalmente. Ela aceita e diz que vai chegar em meia hora. Eu desligo o telefone e aviso aos meus pais que a Sophia vai vir me visitar. Eles concordam e dizem que vão assistir a um filme na sala. Eu subo para o meu quarto e pego algumas revistas e jornais para me distrair. Eu gosto de ler sobre moda, música, cinema, horóscopo, fofocas, e outras coisas típicas de meninas adolescentes.

Após algumas horas lendo revistas e jornais, eu ouço a campainha tocar. Eu me levanto da cama e vou até a janela. Eu vejo a Sophia na porta, segurando uma sacola. Ela está usando uma das camisetas da turma, que tem o nosso nome e o nosso ano. Ela é minha melhor amiga desde o primeiro ano do ensino fundamental. Ela sabe de tudo sobre mim, inclusive do meu dom de cura. Ela me aceita como eu sou e me apoia em tudo. Ela é a minha confidente, a minha conselheira, a minha irmã.

Eu aceno para ela e desço as escadas com as minhas muletas. Eu abro a porta e a abraço.

— Oi, amiga. Que bom que você veio. - eu digo, feliz.

— Oi, amiga. Eu também fiquei feliz de vir. - ela diz, retribuindo.

— Nossa, que camiseta linda. Ficou ótima em você. - eu digo, elogiando.

— Obrigada, amiga. Você também vai ficar linda com a sua. Eu trouxe pra você. - ela diz, me mostrando a sacola.

— Sério, amiga? Que legal. Obrigada. - eu digo, agradecendo.

— Imagina, amiga. Você merece. - ela diz, me elogiando.

Ela entra em casa e me segue até o meu quarto. Ela me entrega a sacola e eu abro. Eu vejo a minha camiseta, igual à dela. Eu fico emocionada e agradeço novamente.

— Amiga, eu amei a camiseta. É linda demais. - eu digo, emocionada.

— Que bom, amiga. Eu também amei. Vamos vestir e tirar uma foto. - ela diz, animada.

— Vamos, amiga. Vai ficar um arraso. - eu digo, concordando.

Ela me ajuda a tirar o meu pijama e a vestir a camiseta. Ela pega o seu celular e faz uma selfie comigo. Nós sorrimos e fazemos uma pose. Ela olha a foto e aprova.

— Amiga, ficou perfeita. Nós estamos lindas. - ela diz, satisfeita.

— Amiga, ficou mesmo. Nós somos lindas. - eu digo, concordando.

— Amiga, posso postar no Instagram? - ela pergunta, me pedindo permissão.

— Claro, amiga. Pode postar. - eu digo, autorizando.

Ela posta a foto no Instagram, com a legenda: "Com a minha melhor amiga, usando as camisetas da turma. Juntos somos mais fortes. Te amo, Ana. Você é a minha irmã de alma. #bff #turma2024 #juntossomosmaisfortes". Ela me mostra o post e eu adoro.

— Amiga, ficou ótimo. Eu também te amo. Você é a minha irmã de alma. - eu digo, retribuindo.

— Amiga, você é a melhor. - ela diz, me abraçando.

— Amiga, você também é a melhor. - eu digo, retribuindo.

— Amiga, tenho que ir para casa - anuncia Sophia.

— Mas já? Ainda é cedo - digo fazendo bico.

— Sim Ana, preciso mesmo ir, minha mãe já deve estar me esperando em casa - diz ela já saindo de casa.

— Tchau Ana - ela me cumprimenta com um apertar de mãos.

— Tchau Sô - retribuo o cumprimento ainda fazendo bico.

A Sophia sumia entre o horizonte, enquanto eu me dirigia ao jardim, apoiada nas minhas muletas. O sol já havia se posto a muito tempo, e a escuridão começava a se instalar cada vez mais, mas a beleza do jardim ainda era visível sob a luz fraca do crepúsculo. Cheguei ao meu banco favorito, aquele que ficava de frente para o estábulo da minha pônei Estrela. Sentei-me, deixando as muletas de lado, e respirei fundo, sentindo o aroma fresco das flores noturnas. O jardim sempre foi o meu refúgio, um lugar onde eu podia estar sozinha com os meus pensamentos.

E naquela noite, eu tinha muito em que pensar. O meu dom de cura, algo que eu sempre considerei uma bênção, de repente parecia mais uma maldição. Padre Miguel havia me dito que eu tinha um propósito, que eu fui escolhida para algo maior. Mas o que isso significava? E por que eu? Por que não Sophia, ou qualquer outra pessoa?

Lembrei-me da minha experiência quase morte na noite anterior. Foi assustador, sim, mas também foi esclarecedor de certa forma. Eu vi coisas, senti coisas que nunca tinha experimentado antes. E se isso fazia parte do meu dom? E se havia mais que eu ainda não entendia? Perdi a noção do tempo enquanto me perdia em pensamentos. A única coisa que eu sabia com certeza era que a minha vida tinha mudado para sempre. Eu não era mais a mesma Ana de antes. Eu tinha um dom, um propósito, e eu precisava descobrir o que isso significava.

Com um suspiro, levantei-me e peguei as minhas muletas. Era hora de voltar para dentro de casa, para enfrentar o que quer que o futuro reservasse para mim. Mas eu sabia que, não importava o que acontecesse, eu sempre teria o meu jardim, o meu refúgio, para me ajudar a encontrar o meu caminho.