Acordei com o alarme tocando às 7:00 da manhã. Esfreguei os olhos, ainda pesados de sono, e fiquei deitada por alguns minutos, pensando em Sophia e de como ela faria falta pra mim. Não conseguia imaginar meus dias sem a presença animada dela. A ideia de não tê-la por perto fazia meu coração doer.

Após alguns minutos deitada, minha mãe bateu na porta do quarto.

— Ana, hora de levantar. O café está pronto - disse ela, com sua voz suave e familiar.

Suspirei, tentando reunir forças para começar o dia. Levantei-me e fui até o banheiro. Tomei um banho rápido, deixando a água morna lavar um pouco da tristeza que sentia. Enquanto a água escorria pelo meu rosto, fechei os olhos e tentei me concentrar no momento presente. Precisava estar forte para enfrentar as próximas semanas.

Após o banho, vesti meu uniforme escolar e arrumei minha mochila, certificando-me de que todos os livros e cadernos estavam lá. Desci as escadas e entrei na cozinha, onde o cheiro de café fresco e pão torrado me envolveu imediatamente. Minha mãe estava na bancada, cortando frutas.

— Bom dia, Ana. Dormiu bem? - perguntou ela, olhando-me com um sorriso acolhedor.

— Bom dia, mãe. Dormi sim, só acordei um pouco triste - respondi, pegando uma torrada.

— Eu sei que essa mudança da Sophia está te afetando, querida. Mas vocês ainda podem manter contato, e a amizade de vocês vai continuar forte, mesmo à distância - disse minha mãe, enquanto colocava um prato de panquecas na mesa.

Assenti, tentando acreditar nas palavras dela. Sentei-me à mesa e comecei a comer. O café da manhã estava delicioso, mas minha mente estava longe, preocupada com o futuro e a ausência de Sophia. Meu pai entrou na cozinha, já vestido para o trabalho.

— Bom dia, Ana. Como está minha campeã hoje? - perguntou ele, beijando o topo da minha cabeça.

— Tentando ficar bem, pai. Obrigada - respondi, forçando um sorriso.

Ele sorriu de volta, pegou uma xícara de café e se sentou ao meu lado.

— Lembre-se, Ana, você é forte e tem muitas pessoas que te amam. Vamos passar por isso juntos - disse ele, tentando me animar.

Terminei meu café da manhã, coloquei a mochila nas costas e dei um beijo em meus pais.

— Tchau, mãe. Tchau, pai. Vejo vocês mais tarde - disse, pegando uma maçã para comer no caminho.

— Tchau, querida. Tenha um bom dia na escola - respondeu minha mãe, acenando enquanto eu saía pela porta.

Enquanto caminhava para a escola, dei uma mordida na maçã e deixei os pensamentos flutuarem. O céu estava limpo e o sol brilhava, mas meu coração estava pesado. Quando cheguei no portão da escola, avistei Sophia me esperando. Corri até ela e a abracei forte.

— Bom dia, Sophia - disse, tentando soar mais animada do que me sentia.

— Bom dia, Ana. Como você está hoje? - perguntou ela, olhando-me com preocupação.

— Estou tentando ficar bem. E você? - perguntei, segurando sua mão.

— Também. Vamos enfrentar isso juntas, certo? - disse ela, apertando minha mão de volta.

— Certo - respondi, com um sorriso sincero.

Entramos na escola juntas, prontas para enfrentar mais um dia. Assim que passamos pelo portão, senti os olhares penetrantes das outras crianças. Era impossível ignorar. Antes, eu era o centro das atenções devido aos meus supostos poderes, um ímã de curiosidade e admiração. Agora, esses olhares eram diferentes. Eu era uma garota normal, sem dons extraordinários, e parecia que todos estavam tentando me entender sob essa nova luz.

Cada passo que dava pelo corredor parecia mais pesado do que o anterior. As crianças cochichavam entre si, algumas apontavam disfarçadamente, outras simplesmente olhavam com uma expressão de dúvida e talvez decepção. Eu podia ouvir fragmentos das conversas, sussurros de descrença e comentários críticos.

— Eu ouvi que tudo era mentira - disse uma garota para sua amiga.

— Será que ela fingiu tudo? - questionou um garoto com uma careta.

Sophia, percebendo meu desconforto, apertou minha mão com força e me puxou mais perto dela. Seu gesto de apoio me deu um pouco de coragem para seguir em frente.

— Não ligue para eles, Ana. Eles não sabem o que dizem - murmurou ela, tentando me reconfortar.

Andar pelos corredores parecia uma prova de resistência. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha e tristeza. Lembrei-me de todas as vezes que tinha sido olhada com reverência, como se eu fosse especial. Agora, eu era apenas mais uma entre todos eles. O contraste era doloroso.

Quando chegamos à nossa sala de aula, o ambiente não era diferente. Os olhares continuavam, e a sensação de ser observada me deixava tensa. Sentei-me no meu lugar habitual, e Sophia sentou-se ao meu lado, como sempre. O professor entrou e começou a aula, mas eu mal conseguia me concentrar. Minhas mãos estavam suadas, e meu coração batia mais rápido do que o normal.

Durante a aula, senti um papel sendo jogado na minha mesa. Abri-o discretamente e li a mensagem:

— "Sem poderes, você é só uma fraude."

O golpe das palavras anônimas doía mais do que qualquer comentário sussurrado. Dobrei o papel e o guardei, tentando manter a compostura. Sophia me olhou com preocupação, mas eu apenas balancei a cabeça, indicando que estava tudo bem, embora não estivesse. A aula continuou, e eu fiz o meu melhor para focar no que o professor estava dizendo, mas a tensão no ambiente era palpável. Eu podia sentir os olhos de todos em mim, julgando, especulando, duvidando. Era como se toda a escola estivesse em silêncio, esperando o próximo passo da "garota normal" que eles acreditavam ser especial.

Naquele momento, percebi que minha verdadeira força não viria de poderes sobrenaturais, mas da resiliência de enfrentar as adversidades comuns, como qualquer outra pessoa. Era uma nova jornada, cheia de desafios diferentes, mas eu estava determinada a enfrentar tudo de cabeça erguida, com a ajuda de minha amiga fiel ao meu lado.

Após alguns minutos de murmúrios, o silêncio se torna evidente com a chegada do Sr. Richard, nosso professor de artes. Ele entrou na sala com sua presença habitual, mas desta vez parecia mais atento ao clima pesado que pairava no ar. Seu olhar sério percorreu a sala, percebendo rapidamente a tensão.

— Bom dia, classe - disse ele, com uma voz firme. — Espero que todos estejam prontos para mais uma aula de artes.

Os murmúrios diminuíram, e os alunos se endireitaram em suas cadeiras, mas eu ainda podia sentir os olhares furtivos e os sussurros abafados ao meu redor. Sr. Richard começou a aula, distribuindo folhas de papel e materiais de desenho, mas era evidente que algo o estava incomodando.

— Antes de começarmos a nossa atividade de hoje, quero abordar algo que estou percebendo na sala - disse ele, pausando para avaliar a reação dos alunos. — Parece que há um clima de chacota e desrespeito direcionado a um dos colegas de vocês.

Seu olhar encontrou o meu, e senti meu estômago se revirar. Ele sabia o que estava acontecendo, e eu sabia que ele não deixaria isso passar em branco.

— Alguém pode me explicar por que estão fazendo chacota da Ana? - perguntou ele, sua voz ressoando pela sala. — Quero ouvir de vocês.

Houve um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som de algumas cadeiras se mexendo e alguns sussurros nervosos. Ninguém parecia querer ser o primeiro a falar.

— Sr. Richard, é que... - começou um dos alunos, hesitante. — É que a gente leu umas coisas no jornal, e...

— Coisas no jornal? - Sr. Richard interrompeu. — Coisas que provavelmente foram distorcidas e mal interpretadas, imagino. É isso o que vocês estão usando para justificar o bullying?

A palavra "bullying" pairou no ar, carregada de peso. Sr. Richard estava claramente irritado, e os alunos começaram a se mexer desconfortavelmente em seus assentos.

— Olhem, todos vocês têm o direito de ter suas opiniões, mas ninguém tem o direito de tratar um colega de forma cruel ou desrespeitosa - continuou ele, sua voz agora mais suave, mas ainda firme. — Ana é tão humana quanto qualquer um de vocês. Ela merece respeito e dignidade, assim como todos aqui.

Eu me sentia dividida entre o alívio e a vergonha. Alívio porque alguém estava me defendendo, e vergonha por ser o centro de uma cena tão pública. Sophia, ao meu lado, segurou minha mão discretamente, me oferecendo apoio silencioso.

— Vamos focar na aula agora - disse Sr. Richard, pegando uma folha de papel. — Hoje, quero que desenhem algo que represente um momento de coragem ou superação em suas vidas. Algo que mostre quem vocês realmente são, além das aparências e fofocas.

A sala ficou em silêncio novamente, mas desta vez era um silêncio de concentração. Os alunos começaram a pegar seus lápis e se perder em seus desenhos. Eu olhei para a folha de papel em branco à minha frente e senti uma onda de inspiração. Talvez, apenas talvez, este fosse o começo de algo novo.

Enquanto desenhava, senti uma leveza tomando conta de mim. Desenhei um cavalo correndo livremente em um campo aberto, simbolizando a liberdade e a força que eu desejava ter. Ao meu lado, Sophia também desenhava com concentração, seu apoio inabalável me dando força.

Quando a aula terminou, Sr. Richard passou por cada mesa, observando os desenhos. Quando chegou ao meu, ele parou e sorriu levemente.

— Um cavalo, Ana? - perguntou ele, com um olhar compreensivo. — Bela escolha. Continue assim.

Mas não era um simples cavalo, era algo diferente. Parecia mais uma foto, tão detalhado e realista que era difícil acreditar que eu tinha desenhado aquilo em tão pouco tempo. As minhas mãos desenhavam quase que sozinhas, como se alguém as guiasse. No desenho também apareceu uma menina sem cabelos, sua expressão serena e olhos grandes e brilhantes transmitiam uma força inexplicável.

O cavalo ao fundo parecia selvagem, livre, com a crina ao vento, correndo por um campo aberto sob um céu claro. A menina estava de pé ao lado do cavalo, como se estivesse em harmonia com o animal, a mão estendida como se estivesse prestes a tocá-lo. Havia uma conexão entre eles, algo espiritual e profundo, que eu não conseguia compreender completamente.

Sr. Richard inclinou a cabeça, observando o desenho com mais atenção.

— Parece mais uma foto do que um desenho, Ana - disse ele, surpreso. — E essa menina... quem é ela?

Olhei para o desenho, sentindo um arrepio na espinha. Quem era ela? De onde vinha essa imagem? Minha mente estava cheia de perguntas, mas nenhuma resposta surgia.

— Eu... não sei, Sr. Richard - respondi, minha voz quase um sussurro. — Parece que minhas mãos desenharam sozinhas. Eu não sei quem ela é, mas parece tão real.

Sophia, que estava ao meu lado, também olhou para o desenho, seus olhos arregalados.

— Ana, isso é incrível. Mas também... estranho. Essa menina... será que ela está tentando te dizer algo? - sugeriu Sophia, sua voz cheia de curiosidade e preocupação.

Sr. Richard assentiu, seu olhar ainda fixo no desenho.

— Pode ser uma mensagem, Ana. Algo vindo do seu subconsciente, ou talvez algo mais. Não ignore esses sinais. Às vezes, a arte revela verdades que nós mesmos não conseguimos ver.

Eu engoli em seco, sentindo o peso das palavras de Sr. Richard. Será que a menina do desenho era um aviso, uma premonição? E por que ela apareceu junto com o cavalo? Minha mente estava cheia de dúvidas enquanto guardava o desenho na mochila.

A aula de artes terminou e, com um leve toque no ombro, Sr. Richard sinalizou que ele estava ali se eu precisasse conversar. Eu e Sophia saímos da sala, as palavras do professor ainda ecoando em minha mente. Caminhamos juntas pelo corredor, em direção ao pátio.

— Ana, você vai mostrar esse desenho para seus pais? E para o Padre Miguel? - perguntou Sophia, com um tom de preocupação.

— Sim, acho que devo - respondi, ainda olhando para a mochila onde guardei o desenho. — Talvez eles possam me ajudar a entender isso.

Sophia apertou minha mão, oferecendo seu apoio incondicional.

— Estou aqui com você, Ana. Vamos descobrir isso juntas.

Enquanto caminhávamos pelo pátio, o sol brilhava intensamente, e por um momento, senti uma onda de esperança. Talvez o desenho fosse um mistério a ser desvendado, mas eu não estava sozinha nessa jornada. Com Sophia ao meu lado e o apoio de minha família e do Padre Miguel, eu estava determinada a encontrar respostas.

O dia seguiu em frente, mas o desenho da menina sem cabelos e do cavalo selvagem permaneceu em minha mente, como um enigma esperando para ser resolvido. E assim, com um coração cheio de dúvidas, mas também de coragem, eu estava pronta para enfrentar o que quer que viesse a seguir.

O dia seguiu em frente, mas o desenho da menina sem cabelos e do cavalo selvagem permaneceu em minha mente, como um enigma esperando para ser resolvido. E assim, com um coração cheio de dúvidas, mas também de coragem, eu estava pronta para enfrentar o que quer que viesse a seguir.

Após o fim do recreio, caminhei de volta para a sala de aula, tentando me concentrar no que viria a seguir. As risadas e conversas dos colegas enchiam o corredor, mas eu estava imersa em meus próprios pensamentos. Entrei na sala e me sentei em meu lugar, tirando os livros e o caderno da mochila.

Era hora da aula de História, uma das minhas matérias favoritas. O professor, Sr. Frederico, já estava na sala, organizando seus materiais. Ele era um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos e óculos redondos que lhe davam uma aparência intelectual. Seu jeito calmo e sua paixão pelo ensino faziam de suas aulas momentos sempre aguardados.

— Bom dia, classe! Hoje vamos explorar a Idade Média e o surgimento das primeiras universidades na Europa — anunciou Sr. Frederico, sorrindo. — Mas antes de começarmos, tenho uma surpresa para vocês.

Os alunos se agitaram em suas cadeiras, curiosos. Eu também fiquei intrigada. Sr. Frederico raramente fazia surpresas, o que tornava essa aula ainda mais interessante.

— Temos um convidado especial hoje — continuou ele. — Quero que vocês deem as boas-vindas ao Padre Miguel, que veio nos falar um pouco sobre a importância das universidades medievais para a educação e a fé.

O burburinho aumentou enquanto o Padre Miguel, com seu hábito marrom e uma expressão serena, entrava na sala. Eu fiquei surpresa e um pouco nervosa ao vê-lo ali, lembrando do desenho que eu ainda carregava na mochila.

— Bom dia a todos — começou Padre Miguel, com um sorriso acolhedor. — É um prazer estar aqui com vocês hoje. A educação sempre foi uma parte essencial da nossa sociedade, e as universidades medievais desempenharam um papel crucial no desenvolvimento do conhecimento e da fé.

Ele começou a falar sobre a história das universidades, a fundação de instituições como a Universidade de Bolonha e a Universidade de Paris, e como elas se tornaram centros de aprendizado e debate teológico. Sua fala era envolvente, e os alunos prestavam atenção, encantados com suas histórias.

No meio da aula, Padre Miguel olhou diretamente para mim e sorriu, como se soubesse que eu estava cheia de perguntas e inquietações. Depois de terminar sua palestra, ele abriu espaço para perguntas, e alguns alunos levantaram a mão para saber mais sobre a vida universitária na Idade Média.

Finalmente, quando a aula estava prestes a terminar, Sr. Frederico agradeceu ao Padre Miguel pela visita e pela aula inspiradora.

— Antes de irmos, gostaria de pedir a Ana que venha aqui na frente — disse Padre Miguel, para minha surpresa. Meus colegas me olharam curiosos, enquanto eu me levantava, um pouco nervosa.

— Ana, você tem algo muito especial em seu coração e suas mãos — disse ele, com um olhar significativo. — Eu gostaria que você compartilhasse o desenho que fez na aula de artes hoje.

Engoli em seco e caminhei até a frente da sala, tirando o desenho da mochila. Segurei-o com cuidado, sentindo todos os olhares sobre mim. Quando mostrei o desenho à classe, houve um murmúrio de admiração e surpresa.

— Isso é incrível! Parece uma foto! — exclamou um dos alunos.

— Quem é essa menina? — perguntou outro.

Padre Miguel olhou para o desenho com atenção e depois para mim.

— Ana, desenhos como esse muitas vezes carregam significados profundos. Este pode ser um sinal, uma mensagem. Gostaria de conversar mais sobre isso depois da aula, se

Enquanto voltava para meu lugar, senti uma mistura de emoções — nervosismo, esperança e uma sensação de que algo grande estava prestes a acontecer. A aula de História havia se transformado em algo muito mais profundo, e eu sabia que meu caminho estava apenas começando a se revelar. A aula finalmente terminou, e eu saí da sala, sentindo os olhares dos meus colegas seguirem meus passos. Caminhei pelo corredor, a mochila pesando um pouco mais do que o normal, não pelos livros, mas pela expectativa. Cheguei à sala de reuniões, uma sala pequena e aconchegante, decorada com algumas plantas e quadros religiosos. A luz do sol filtrava-se suavemente pelas janelas, criando uma atmosfera tranquila.

Padre Miguel já estava lá, sentado em uma das cadeiras de madeira, com uma expressão acolhedora. Ele se levantou ao me ver entrar e fez um gesto para que eu me sentasse.

— Ana, obrigada por vir — disse ele, com um sorriso caloroso. — Eu sei que você deve estar se sentindo um pouco sobrecarregada com tudo isso, mas quero que saiba que estou aqui para ajudar.

Sentei-me na cadeira em frente a ele, colocando a mochila ao meu lado e tirando o desenho. Coloquei-o sobre a mesa entre nós, e Padre Miguel olhou para ele com atenção.

— Esse desenho... é impressionante, Ana. E também é bastante intrigante. Você disse que não desenhou isso intencionalmente, certo? — perguntou ele, olhando-me nos olhos.

— Sim, é isso mesmo. Parecia que minhas mãos estavam sendo guiadas, como se alguém estivesse desenhando por mim — respondi, tentando entender o que ele pensava sobre tudo isso.

Padre Miguel assentiu, pensativo.

— Às vezes, recebemos mensagens de maneiras que não esperamos. Esse desenho pode ser uma dessas mensagens. A menina sem cabelos, os cavalos selvagens... Eles podem ter significados que ainda não entendemos completamente. Mas não devemos ignorar esses sinais — explicou ele, com uma voz calma e segura.

Eu respirei fundo, sentindo um pouco do peso se levantar dos meus ombros.

— Mas o que isso significa? O que devo fazer? — perguntei, buscando orientação.

Padre Miguel sorriu novamente, um sorriso que transmitia conforto e sabedoria.

— Primeiramente, não se preocupe em encontrar todas as respostas de uma vez. Às vezes, o caminho é revelado aos poucos. Continue desenhando, continue ouvindo seu coração. E lembre-se, Ana, você não está sozinha. Tem seus pais, seus amigos, e tem a mim. Estamos todos aqui para apoiar você.

Eu assenti, sentindo-me um pouco mais calma.

— Obrigada, Padre Miguel. Eu realmente aprecio isso. E vou tentar seguir seu conselho.

Ele colocou a mão sobre a minha, um gesto simples, mas cheio de significado.

— Você é uma garota especial, Ana. Continue acreditando em si mesma e na sua missão. Agora, vamos fazer uma oração juntos, pedindo orientação e força.

Fechamos os olhos e rezamos em silêncio por alguns minutos. A oração trouxe uma paz renovada ao meu coração, um lembrete de que eu estava no caminho certo, mesmo que ele ainda estivesse cheio de mistérios.

Quando a oração terminou, Padre Miguel me abençoou e eu me levantei, pronta para enfrentar o resto do dia com uma nova determinação.

— Vá com Deus, Ana. E lembre-se, estarei sempre aqui para você — disse ele, despedindo-se com um sorriso.

Saí da sala de reuniões com uma sensação de propósito renovado. O desenho ainda era um enigma, mas eu sabia que, com o tempo e a orientação certa, eu encontraria as respostas que procurava. Caminhei pelos corredores da escola, sentindo uma nova força interior, pronta para enfrentar o que viesse a seguir.

Assenti, sentindo um alívio e ao mesmo tempo uma nova onda de curiosidade. Havia algo mais no desenho, algo que eu precisava descobrir, e com a ajuda de Padre Miguel, talvez eu finalmente encontrasse as respostas que procurava.

Saio da sala de reuniões da escola e caminho pelos corredores até a porta de saída. Lá fora, Sophia já me esperava, sua expressão mostrando uma mistura de curiosidade e apoio. Quando me viu, seu rosto se iluminou com um sorriso reconfortante.

— Então, como foi? — perguntou ela, ansiosa por novidades.

— Foi bom. Padre Miguel me ajudou a ver que esse desenho pode ser um sinal, mas que não preciso entender tudo de uma vez — respondi, tentando manter o tom leve.

Sophia assentiu, segurando minha mão enquanto começávamos a caminhar em direção às nossas casas. Ela rapidamente subiu na guia da calçada, equilibrando-se e segurando-se em mim para não cair.

— Então, você vai continuar desenhando? — perguntou Sophia, olhando para frente e, ocasionalmente, para baixo, certificando-se de que não perderia o equilíbrio.

— Sim, vou. Quem sabe mais pistas não apareçam? — respondi, sentindo uma leve brisa em meu rosto, que parecia acalmar meus pensamentos.

O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. As ruas estavam tranquilas, com poucas pessoas ao redor. O som dos nossos passos e do leve zumbido dos insetos preenchia o silêncio confortável entre nós.

— E o que mais ele disse? — perguntou Sophia, ainda caminhando pela guia da calçada.

— Que eu não estou sozinha e que devo continuar acreditando em mim mesma e na minha missão — respondi, sentindo-me fortalecida ao repetir as palavras de Padre Miguel.

Sophia sorriu e deu um pequeno salto, quase perdendo o equilíbrio, mas segurando-se firme em meu ombro.

— Isso é verdade, Ana. Você não está sozinha. E eu estarei sempre aqui para te ajudar — disse ela, com um tom de voz que me confortou.

— Obrigada, Sophia. Você é uma amiga incrível — respondi, apertando levemente sua mão.

Continuamos caminhando, aproveitando a companhia uma da outra. Passamos por algumas casas conhecidas, acenando para vizinhos que nos cumprimentavam com sorrisos. O som distante de risadas e conversas chegava até nós, criando um ambiente acolhedor.

Quando chegamos à casa de Sophia, ela desceu da guia da calçada e me abraçou forte.

— Nos vemos amanhã, Ana. E, lembra, qualquer coisa, é só me chamar — disse ela, com um sorriso caloroso.

— Pode deixar. Até amanhã, Sophia — respondi, retribuindo o abraço.

Depois que Sophia entrou em sua casa, cumprimentei Soraya, mãe dela, que estava na porta, e continuei meu caminho até a minha própria casa. O sol agora estava quase no horizonte, e a luz suave fazia tudo parecer mágico e sereno. Passei por alguns jardins floridos, respirando o aroma das flores que preenchia o ar.

Ao chegar em casa, senti uma sensação de alívio e familiaridade. Estava faminta e cansada, mas também cheia de esperança e determinação. Entrei, dando um beijo em minha mãe, que estava costurando novamente. Ela me olhou com um sorriso carinhoso.

— Como foi o dia, querida? — perguntou ela, parando o que estava fazendo para me dar atenção.

— Foi bom, mãe. Muitas coisas para processar, mas eu acho que estou no caminho certo — respondi, pegando uma maçã da fruteira e dando uma mordida.

— Isso é ótimo, Ana. Lembre-se, estamos aqui para você, sempre — disse ela, voltando a costurar.

Subi para meu quarto, sentindo que cada dia me aproximava mais das respostas que procurava. O futuro ainda era incerto, mas eu estava pronta para enfrentar cada desafio com coragem e fé.