A garota das fotos

Capítulo 4 - Jantar em família


_ Querida, preciso de uma ajudinha aqui!

_ Já vou mãe! – gritei e desci as escadas correndo até lá embaixo – O que a senhora precisa?

_ Está vendo Ryan! Sua irmã é muito prestativa e está me ajudando... Você bem que poderia fazer o mesmo. – meu irmão fingiu não ouvir, continuou deitado no sofá e ainda colocou as pernas pra cima.

_ Mas é um folgado mesmo, viu? – falei e peguei uma almofada próxima que estava no chão.

Ryan tinha catorze anos, e ele ajudava bastante o papai. Mas os serviços domésticos todos de casa dividíamos. Hoje era dia dos filhos limparem e guardarem a louça, amanha era dos pais.

Mirei a almofada, atirei e acertei em cheio o rosto de Ryan que levantou apenas a cabeça do sofá para me encarar.

_ Ei! Caso não tenha percebido estou muito ocupado vendo televisão! – ele fez uma cara de quem diz “Qual é!”.

_ E por acaso isso é tão importante que não possa ser interrompido pra você nos dar uma ajudinha aqui com o jantar? – perguntei.

_ É! Muito importante mesmo, questão de vida ou morte.

_ Ah claro, até porque o Bob Esponja está fazendo pesquisas muito construtivas sobre a cura do câncer. – insisti.

_ Por que você tem que ser tão chata? – ele falou.

_ E você tão preguiçoso? – retruquei.

_ Tudo bem crianças, vamos andar logo com isso, então venham logo os dois aqui me ajudar a terminar esse purê. – minha mãe no interrompeu e mesmo resmungando Ryan foi até ela.

_ Vou logo avisando que não sei cozinhar. Aliás minha parte era só a louça! – ele continuou insistindo.

_ Que não seja por isso meu bem, a bucha está ali, bem ao lado dela se encontra o sabão, e a pia ainda não saiu do lugar, do mesmo jeito que as vasilhas dentro dela também não. Pode ir! – minha mãe falou sem olhar para ele ainda mexendo o purê.

Ryan analisou a pilha de louça e depois olhou para o purê.

_ Acho que eu vou ficar com o purê. – disse por fim.

Então minha mãe começou a nos dar instruções e juntos eu e meu irmão fizemos o purê, enquanto minha mãe cuidava do resto. Não demorou muito para acabar.

_ Posso ver TV agora? – Ryan pediu.

_ Vai logo garoto. – falei e foi exatamente o que ele fez.

Em um piscar de olhos ele já estava jogado no sofá de novo vendo Bob Esponja.

_ Esse aí não vai crescer nunca. – meu pai brincou ao aparecer de repente.

Nós rimos. Ryan não escutou.

_ Deixa que eu corto isso mãe. – ela me olhou, me entregou a faca e agradeceu.

_ Como foi seu dia na escola? – ela me perguntou.

Continuei cortando a salada.

_ Nada de interessante. Foi normal sabe, como qualquer outro. – respondi.

_ Hum... Você nunca fala pra mim sobre os garotos de lá. Até hoje nenhum deles te interessou? – pensei bem antes de responder. Eu não gostava de mentir para minha mãe.

_ Bom... – pensei melhor – Não mãe. Nenhum.

_ Tem certeza? – assenti – Tudo bem, não vou invadir sua privacidade. Mas saiba que eu estou aqui a qualquer momento, basta me chamar. Aliás, vou te fazer uma proposta. – fiquei interessada – Quando quiser, eu posso te ajudar. Sei de alguns truques que podem ajudar bastante, conquistar seu pai não foi coisa fácil! – ela disse.

_ Não mesmo! – meu pai concordou já se sentando à mesa.

_ Eu sei mãe. Se eu precisar eu falo. Aqui, terminei.

_ Ótimo! Então o jantar está na mesa! Vamos Ryan, não enrole. E não pense que eu esqueci que a louça é sua hoje. – ele bufou.

Aquela foi uma noite tranquila e boa. Era bom quando a casa estava em paz assim. Nem sempre as coisas foram assim, então aprendi a valorizar bem esses momentos, pode ser que eles não durem para sempre.