Capítulo 5 - Parque de diversão

_ Uma festa comemorativa num parque de diversão!

Quando a diretora disse isso, eu já sabia que não vinha coisa boa por aí. Sempre sobra alguma coisa pra Clarice aqui, eu só ainda não sabia o que seria dessa vez. Provavelmente mais fotos.

_ Relaxa Claire! Vai ser divertido, você vai ver! – Alicia tentou me animar.

_ Argh, eu não gosto de montanha-russa. É como se ela virasse para mim e dissesse: “Venha para a morte Claire, venha!”. – falei imitando uma voz rouca que fez os dois rirem.

_ Quanta imaginação, senhor. Deixa de ser medrosa. Você já foi em lugares piores. – Erick disse terminando seu suco.

_ Não, eu não fui. Tenho fobia de altura pra sua informação. – rejeitei meu sanduíche e joguei de volta na bandeja – Tô sem fome.

_ Mas eu não. – Alicia falou roubando meu lanche.

_ Isso não é fobia. É frescura. Eu conheço bem pessoas com fobia e você não é uma delas. – Erick disse – Se você tivesse fobia de altura não teria pulado bungee jump no ano passado.

_ Tudo bem, você me pegou de jeito. Mas ainda assim eu não gosto de montanha russa e nem de parques de diversão. Vou fazer o possível para não ir. – tentei falar como se dando um ponto final a esse assunto.

_ Que bom que te encontrei! – a diretora apareceu de repente ao meu lado – Quero que você tire algumas fotos no dia Clarice. Nada que vá te impedir de se divertir, é claro! Não se preocupe querida, será o básico, fotos dos alunos se divertindo, nenhum em especial. Veja quais paisagens te agradam mais no dia e tire para mim. Isso será histórico! A festa acontecerá em dois dias, conto com você! – ela me deu uma piscadela e saiu sem me dar chance de falar.

_ Peraí, o quê? Essa mulher tem problema de cabeça, eu não vou não! – me indignei.

_ Quero ver você sair dessa agora Claire. – Erick falou se levantando e já se preparando para ir embora.

_ É só isso que você tem pra me dizer?

_ Você queria mais alguma coisa? – ele se fez de confuso.

_ Queria! – insisti.

_ Bom, sendo assim... Se ferrou! – e dizendo isso ele saiu sem nem olhar para atrás.

_ Obrigada pelas palavras de estímulo amigo. – ele não pareceu ouvir – Droga.

_ Adoro quando você fica de cara feia. – Alicia disse puxando minha bochecha.

_ Não faz isso! Eu odeio quando fazem isso comigo, e olha que eu nem sou bochechuda! – reclamo.

_ Imagina se fosse. – ela falou pouco antes de roubar o resto do sanduíche de Erick.

_ Me dá isso aqui. – tirei da mão dela.

_ Ei! – ela me encara.

_ Sem essa de “ei”, isso é nojento. Agora vamos embora, não posso ficar muito tempo aqui. Minha mãe me mandou chegar cedo em casa hoje. – falo puxando-a comigo.

_ Ah fala sério! Mas e o parque hoje? A gente tinha combinado! – ela faz uma cara de princesinha injustiçada.

_ Não vai rolar, sinto muito. Amanha pode ser que eu esteja liberada, depende da minha mãe. E não me olha com essa cara, lá em casa a gente tem que seguir as regras da patroa, senão já viu né?

_ Certo. – ela concorda de má vontade – Aliás, não vou voltar com você hoje.

_ Por essa eu não esperava. – digo.

_ Eu também não esperava por você não poder ir ao parque! – ela se defende.

_ Tudo bem, calma, sem stress Ali, eu sei.

Ficamos alguns segundos em silencio.

_ Bom, então já vou. Tchau Claire, te ligo depois. – ela me dá um beijo na bochecha e segue o caminho contrário ao meu.

Jogo o skate no chão de novo e tomo o rumo de casa. Quero saber o que minha mãe tanto quer comigo. Ela me pareceu animada. E mãe animada não significa coisa boa.