Capítulo 3

Meus olhos fechados, e no espaço preto que normalmente vemos, eu vi felicidade. Coloquei a sentir minhas pernas tremerem e a sola do pé suar frio.

Porém, meu peito se aquecia e a cada segundo que nosso beijo durava uma nova flor crescia dentro de mim, um verdadeiro campo de primavera. Asahi desceu suas mãos para minha cintura me puxando para mais perto dele, nossos peitos estavam colados e eu decidi rodear seu pescoço com ambos meus braços.

O que será que ele está pensando? Será que está nervoso também? Estou em um sonho? Me sinto tão inerte que o som do ambiente some e eu apenas escuto as batidas do meu coração e boca, ritmadas, metricamente hipnotizante.

Um transe eterno.

Asahi Visão

Minha vó morreu recentemente, e em seu funeral, era apenas eu e meus pais presentes. Nossa família é pequena, meu tio está no exterior com a família dele, tirando eles e só somente eu e meus pais. Foi um funeral curto e triste, claro, qual morte não é triste?

Eu amava muito ela e ver partir, me deixa com um vale imenso no peito. Meu verão sempre foi com ela, que me ensinou a pescar, cozinha e até mesmo tricotar. Mesmo que o tempo de luto de cada um seja diferente, o da minha mãe durou 1 dia apenas, no outro, é como se ela nem se lembrasse mais quem era minha avó. Isso me irrita profundamente, porém deixei quieto.

Depois desse acontecimento, as coisas começaram a ficar mais mórbidas, tristes e sem graças. Mas o pior foi na hora da notícia, que foi durante meu amistoso de voleibol, admito que todas as derrotas do dia seguinte foram graças ao meu desânimo.

Porém fico feliz de dizer que ao menos 1 hora daquela noite foi salva, graças ao Nishinoya. Obrigado noya-kouhai.E comentando sobre ele, ultimamente o mesmo tem me dado muito apoio, tanto apoio que, aos poucos com suas gentilezas, me preencheu.

Enfim nos separamos, podermos ver como o rosto de ambos estava corado, Nishinoya não deu tempo para troca de olhares, ele virou o rosto que expressava vergonha e vendo-o dessa forma sem sombra de dúvida me deixou também, AIIISHH!!

Puxei um travesseiro e enfiei minha cara ali, não deveria ter feito nada disso mas...ele consentiu, logo, queria também.

— Asahi...— ele me chama — nee…

— Hm?

— Larga essa almofada — senti ele puxar o travesseiro, me recuso soltar porém não consigo mante-lo ali.

— O que foi? — perguntei , sem olhar para ele. Tamanha era minha vergonha, revendo todas as coisas que fizemos em minutos sozinhos no quarto.

— Você está todo vermelhinho — sinto seu riso escapar por seus lábios salientes, ah, sua voz entrava nos meus ouvidos como uma canção doce. Sua mão puxou meu rosto para sua direção e com seu dedão, acaricia sutilmente minha bochecha.

— Nishi...noya, você sabe onde pôr as mãos e não é muito desajeitado enquanto beija. — questionei.

— Eu, só tive uma experiência que sabia e ensinou-me como agir. — ele cora quando me responde — e você, não é ruim também.

— Já namorei uma menina no fundamental.

— Sério? Que gracinha!

— Na verdade, namorei por pura insistência. — disse com receio e sem vontade de contar. — e você, com quem treinou? — perguntei curioso, e de certo modo, estava incomodado com isso.

— Ah! Uma senpai queria namorar-me, ela dizia que eu era muito bonito e gostava de caras novos, isso foi no fundamental. — ele parecia exibido enquanto relatava o namoro.

— Ehhh, que incomum uma garota mais velha preferir gente mais nova.

— É verdade, fiquei assustado na época mas, ter uma namorada é tudo de bom, poder se achar o maioral. — ele ri vantajoso, me fazendo rir junto. — E você, me fala quem que você namorou!!

— Não Noya, é que, é chato falar disso.

— Vamos!! Quero saber qual o tipo do Ás da Karasuno! — ele começa a me estapear nos ombros, eu reviro os olhos e quando noto estou com um sorriso bobo na cara.

— Não é bem meu tipo, eu nunca fui de me importar com isso. A menina, era da sala B e eu da C, e ela mentiu dizendo que eu era o namorado dela escondido, os pais e amigas dela ficaram sabendo e alguém a mais soube e espalhou pra escola inteira, ela insistiu para que eu a namorasse e durou dois meses, só. — dou de ombros no fim.

— Uhhh, que insistência chata. Mas você mesmo assim aceitou, como é gentil Asahi.

— Obrigado. — agradecia, olhando para baixa e me deparando que o tempo havia passado tão rápido. Mas é assim né? Momentos bons passam em um piscar de olhos.

Em nenhum momento até agora, pensei em algo que estivesse fora daqui. Mãe, pai, avó, nadica, nem voleibol, apenas nele. O vi se levantar e caminhar para cima do guarda-roupa, puxando com muito esforço um futon onde eu dormiria. Me levantei e o ajudei e juntos ajeitamos a cama.

— Vou ir tomar banho Asahi. — avisou-me, e eu consenti.

Quando ele sai do quarto, um silêncio calmo devora meus ouvidos. Meu corpo inteiro se arrepia e sobre meu peito uma enorme dor de solidão. Meu coração chorava e batia com força, rapidez, por quê? Por que tão de repente essas sensações.

Nishinoya…noya... tudo ocorreu naturalmente, como se isso fosse normal, comum. Não neste sentido de normalidade comparada a sociedade, quero dizer, como se fossemos um casal a um grande tempo. Alias, somos um casal? O que tudo isso gera?

Então é por isso que, me sinto em geral dolorido e só. Gera sentimentos bons mas tantas incertezas que me fazem querer chorar. Nishi, nishi. Yuu, yuu é tão mais agradável de se dizer, ler,sentir, falar, cantar…

— Yuu...uuu...yuu. — fechei meus olhos, repousei minha cabeça na cama e me estiquei no chão. Cantarolando 3 letrinha que carregavam tanto significado, cantarejar dessa forma me faz parecer um pássaro que acabou de sair de anos de uma prisão. Aproveitando ao máximo a voz que sempre esteve trancafiada dentro de si. Can...ta...ro...lar.. como… um… pássaro...Ás… no ritmo que eu próprio criei, vou mexendo a cabeça para os lados, até adormecer.