Capítulo 5

Desperto ao escutar uma batida no carpete do quarto e calmamente olho para onde o barulho surgiu. Vejo Nishinoya com um celular em sua mão esquerda e a direita sobre sua boca e seu rosto estava virado para trás vendo no que tinha esbarrado e quando virou-se para frente, surpreendeu-se.

— Está… fazendo o que Nishinoya? — resmunguei enquanto coçava meus olhos.

— Nada! Nada! — ele escondia seu sorriso atrás da sua mão, mas ele continuava com o celular naquela posição.

— Você está me gravando Nishinoyaa!? — perguntei, já me tocando de toda a situação. — É rude fazer isso enquanto estava desacordado! — virei meu rosto para o lado, escondendo-me.

— AHHH! — ele grita sinalizando sua frustração. — Mas Asahi, você estava parecendo uma passarinho me chamando. Enquanto dormia, sussurrava meu nome ‘’ Yuu, yuu ‘’, parecendo um filhotinho.

— Para de caçoar de mim cara. — bufei enquanto me espreguiçava sobre a cama e o chão.

— Ahh! Que enorme bebê. — ele pegou um travesseiro enorme da cama e começou a me bater com força, provocando-me.

— Acho melhor parar em, se eu me levantar daqui você vai se arrepender. — disse com um tom de predador.

— Eu dúvido! Você não pega nem uma mosca! — ele continuou a me bater com força com o travesseiro. Me irritei moderadamente e me levantei tão rápido que o mesmo se surpreendeu.

Ele esquivou da minha mão jogando seu corpo para o lado e atirou o travesseiro em mim. Começamos a correr no quarto, como se fosse gato e rato. Até que finalmente, o puxei pela manga da camiseta comprida e com toda minha força do braço esquerdo, o trouxe até mim.

Abracei o mesmo por trás e segurei para que nunca escapasse de mim, o cerquei com ambos meus braços com força e comecei a girar ele pelo ar, vendo seus pés se mexerem com muita aflição. Sua risada ecoava pelo quarto e me fazia rir também. Seu corpo é tão pequeno e ele tão baixo, na hora que o puxei, foi com tanta força que até estranhei, talvez tenha o machucado.

— E agora, você ainda tem dúvidas? — perguntei bem perto do seu ouvido, não algo intimidador, estava mais para um conselho.

— Com certeza não! Ahahaha — ele ria, esbanjando diversão em meus braços. O mesmo, estendeu seus braços para cima e me abraçou com eles.

— Acho que fizemos muito barulho. — então me lembrei que estava já noite e que não tinha visto seus pais ainda. — Alias, e seus pais Yuu?

— O que tem eles? — jogou sua cabeça para trás para me olhar.

— Não os vi ainda.

— É porque você estava dormindo. Depois que saí do banho, minha mãe apareceu pedindo ajuda para pegar as compras. Quanto ao meu pai, ele já deve ter chegado do trabalho.

— Oh. — fico meio constrangido por estar dormindo na hora que eles chegaram. — Deveria ter me acordado para que eu ajudasse também!

— Ei, não fique assim. — ele encerra o assunto sem comentar mais. — Veja, está esfriando, nem parece mas está 7 graus já. — ao dizer isso, me espantei.

— 7 graus? Ehhh! Nem senti o frio...

— É porque estava correndo atrás de mim. — ele abraçou meus braços e singelamente sorriu para mim. Como um instinto, beijei sua cabeça e logo depois a testa. Me sentei na sua cama e ambos nos ajeitamos.

Realmente, agora que nos acalmamos, sinto o frio aparecer na ponta dos dedos e subir velozmente. Nishinoya, pensou mais rápido que o próprio frio e pegou uma manta ali e nos cercou com ela. Nossos corpos foram se esquentando e ambos juntinhos ali, na parede sobre a cama, nada nem mesmo o silêncio iria nos incomodar. Depois de certo, alguém bateu na porta.

— Pode entrar! — Yuu disse. Da porta saiu sua mãe com uma bandeja com xícaras e um bule que saia vapor como um trem.

— Meninos, estavam brincando é? — ela sorri, se agachando e deixando a bandeja sobre a mesinha no centra. A mãe do Yuu, colocou as mãos atrás das costas e com elas tentou estalar suas costas.

No momento lembrei como minha avó reclamava sobre dor nas costas e que dizia que minhas massagens sempre ajudavam ela. Decidi então, oferecer esse serviço.

— Senhora. Quer uma massagem? — gentilmente ofereci, ao lado dela me acomodei e sorri. Ela arregalou os olhos e sua boca ficou com o formato da letra O, tenho certeza que vi ela brilhar naquele instante.

— Ahhhh!!! Por favor!!! — ela se inclinou para baixo a fim de fazer o movimento para implorar, mas envergonhado, pedi para que se recompusesse.

Ajeite-me atrás dela e comecei a fazer massagem como sempre fiz na minha avó, sendo cuidadoso e prestando atenção nos sinais que o corpo e ela transmitia, como os sons.

— Ah! Suas mãos são enormes mas são tão leves, não doe nenhum um pouco. — seu corpo amolecia nas minhas mãos, uma visão engraçada acontecia ali. — meu marido e filho são dois desengonçados, sou a que mais trabalha aqui e nem massagem sabem fazer. — a mesma resmungou.

— Mãe! Por que tão crítica de repente!?

— Asahi é da casa já, como filho, não tem problema ele saber que os outros dois homens só sabe trabalhar e jogar volêi.

— Aishhhi, mãe… — Yuu ficou desconfortável com a situação, ele não percebeu que era uma brincadeira boba dela.

— Claro que ele não é só volêi. Yuu me ajudou muito ultimamente, tenho certeza que sem ele… — cessei minha voz e de repente me vi melancólico com o que eu tinha esquecido. — eu, estaria no quarto bem deprimido com a morte da minha avó.

O silêncio do quarto foi dito, o ambiente que estava ruim, agora piorou com as palavras que disse.

— Hmm… — a mãe do Yuu levantou, virou-se e acariciou o topo da minha cabeça e tirou a minha franja da testa e beijou ali, bem no meio. Senti algo nostálgico, ah sim, Yuu fez a mesma coisa comigo no dia que me escondi atrás dos arbustos, quando ia começar a chorar. — Aproveitem o chá, se não vai esfriar, hoje está fazendo 7 graus, por favor agasalhem-se… — ela foi até a porta e antes de ir, virou e sorriu gentilmente para mim, dizendo em seguida. — obrigada Asahi. — e foi embora.

Eu e Yuu, ficamos lá obviamente. O vapor do chá ainda subia, o seu aroma ainda cheirava e o desconforto não permanecia mais lá. Yuu parecia em paz, com seus braços para trás apoiados no chão, ele deixava sua cabeça tombada para trás e de olhos fechados, calado.

— Vocês dois são, incrivelmente iguais. — comentei.

— Ahaha, porque? — perguntou-me.

— Os dois são gentis e tem um sorriso e coração enormes​. Sei lá, imagino os dois, parados com a mão na cintura de pernas abertas sabe, uma pose heróica, luz vindo de lá trás e vocês sorrindo para o horizonte.

— Hahahaha! Que viagem cara, minha mãe é legal mas não é nenhuma heroina com super poderes.

— Não com super poderes. — refiz a frase para deixar ela melhor e mais cabível na realidade.

— É, não com super poderes. — os dois riram ao mesmo tempo. Puxaram a xícara, com cuidado, e tomaram ela inteira.

Em uma noite fria, calçando dois pares de meias e o uniforme escolar. Levantei e disse:

— Posso tomar banho Yuu?

— Claro — disse o óbvio. — Ou quer ajuda? Ahahaha!

— Não mesmo idiota. — ri também. Peguei o monte de roupas que ele separou para mim e fui para o banheiro.

Quase nove horas, chá quente, uma noite fria, pares de meia que não esquentam seus pés, e risadas gostosas. Vovó, está aí em cima me olhando?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.