A Vida de Alguém...

25 de janeiro de 2014


Oi,
Na última carta eu falei sobre muitas coisas. Resumi praticamente. Mas não contei tudo o que precisava. Não moro com meus pais. Eles se separaram quando eu tinha quinze anos. Não sinta pena, por favor. Odeio isso. Hoje meu pai namora e tem um filho. Meu irmão é lindo. Mostraria ele se não me escondesse. Mas talvez você o veja um dia.

Eu tinha tocado no assunto de namorados. Como eu ja disse, sou muito sensível. Meu emocional é facilmente abalado. Choro muito facilmente. Sou uma "manteiga derretida", como dizem por aí. Eu achava que amava aquele garoto. É, o primeiro. Gostei dele por bastante tempo. Mas o tempo foi passando e eu conheci outros caras. Muitos eram amigos dele mas acabei ficando com alguns. Claro que nunca mais de um na mesma noite mas, como ele vivia fazendo "festinhas" na garagem da casa dele, eu sempre saía enrolada com um. Digamos que, depois que provei uma vez, quis várias. Acho que é isso. Eu ri digitando isso. Você deve me achar louca, o que eu tenho certeza. Mas sou uma pessoa comum. Dessas que passam do seu lado todos os dias e você nem percebe. Nem eu.

Voltando ao assunto, meu namoro que mais durou foi um de um ano. Ele era meu primo de terceiro ou quarto grau. Não sei. Mas nos chamávamos de primo antes de namorarmos. Hoje ele não fala comigo. Não que eu me importe. Mas realmente não gosto que parem de falar comigo. Acho desnecessário.

Ele parou de falar comigo quando terminei com ele, namorei outro garoto, terminei e comecei com outro. Foi quando ele viu que não tinha volta. Mas eu tinha deixado isso bem claro. Não sei como ele não tinha percebido antes.

Depois dele, namorei um garoto por dois meses. Eu tinha quase que uma raiva do número dois porque, por mais que eu tentasse, meus namoros duravam exatamente dois meses. Passamos o ano novo juntos na igreja. Eu era evangélica na época. Íamos aos cultos juntos. Acabei traindo ele com um outro cara. Terminei com ele. Achava ele muito novo. Era um ano mais novo que eu. Ainda era muito infantil. Comecei a ficar com o outro cara.

Namorei esse cara por oito meses, eu acho. Ele mentia pra mim, mas eu sabia que ele me traía. Quando descobri, fiz o mesmo. Depois percebi que podia apenas terminar. Mas tinha medo dele. Ele era muito alto e tinha mudanças de humor repentinas. Falavam que ele usava drogas. Eu nunca acreditei. Até perceber as mudanças dele.

Terminamos por telefone. Ele tinha ido à capital. Esqueci de dizer que moro no interior. É o que posso dizer. Eu acabei me extressando e xingando ele. Então acabou. Eu não lembro se chorei. Estava com raiva. Foi de madrugada. Porque era quando ele me ligava. E eu sabia que ele estava envolvido com drogas lá. Não que eu tenha algo contra mas, aprendi desde cedo que faz mal, então... nunca usei. E acho que não tenho coragem. Até porque, tenho alergia a fumaça, perfume, pêlo e poeira. Coisas que irritam o nariz.

Um dia depois de terminarmos, estava com um amigo em uma praça. E tinha um amigo dele lá. Era aula de educação física, mas o professor faltou. Então ficamos conversando. O garoto não falava quase nada, o que me chamou atenção. Isso aconteceu em uma quinta-feira.

No domingo eu queria sair. Tinha combinado com um amigo de ir à Missa, já que estava há oito meses sem ir a nenhuma igreja. Foi quando meu amigo disse que não iria mais. Faltava uma hora pra Missa. Então postei na rede social que queria ir, mas não tinha companhia. O garoto quieto me chamou. Acho que posso dar um nome a ele. Não o nome real, claro. Mas o chamarei de João. João é um nome legal. Mas não é o nome dele.

Combinamos e nos encontramos lá. Foi quando eu comecei a frequentar. Minha avó tinha raiva de mim por eu ter namorado o outro cara. Eu tinha ficado "revoltada". Quando conheci "João", ela ficou feliz. Adorava quando ele vinha aqui em casa. Na quinta-feira daquela semana ele me pediu em namoro. Eu aceitei. Durou dez meses.

Era o tipo de namoro legal, onde os dois era amigos e todos amavam os dois. Éramos grudados e passávamos a maior parte do nosso tempo juntos. Acho que isso o fez enjoar de mim. Mas era ele quem me chamava. Até hoje não entendo o término, mas tento não pensar. Não me faz bem. Ele era tudo pra mim. Até agora.

Eu tenho alguns amigos agora. Amigos mesmo são quatro. Mas tem ele. Meu melhor amigo. Nos conhecemos no primeiro ano, mas não conversávamos. Já confessamos que não nos suportávamos. Ele me achava esquisita e rebelde demais. Eu achava que ele era gay. Nada contra. Nada mesmo. Mas achava ele chato porque ficava sempre no grupinho de amigas. Sim, amigas. Agora entendo o motivo. São as únicas pessoas que "grudaram" nele. Ele é quieto e gosta de ler. Também gosta de séries e Harry Potter. É do tipo caseiro. Ele é tudo o que eu esperava. Mas éramos amigos. Nos aproximamos muito.

Senti que estava me apaixonando por ele. Acabei contando isso a ele. Ele dizia que achava que gostava de mim, mas não tinha certeza. Então eu desisti. Comecei a namorar outro cara. Era legal, mas não gostava tanto dele. Acabamos terminando com mais ou menos um mês. Eu dizia que era porque era apaixonada pelo meu ex. Vi que era mentira. Era apaixonada por meu melhor amigo.

Só vi isso quando viajamos no ano novo. Fomos pra casa da minha mãe. Ela amou ele, claro. Todos amaram ele. Tanto lá como aqui em casa. Apesar de acharem que somos apenas amigos ainda. Não namoramos, mas ele é o cara que eu disse que to meio "enrolada". Ele é incrível. Do tipo que gosta de ver um filme em casa e jogar The Sims. Que gosta de sair com os amigos, mas prefere ficar em casa. Digamos que é o tipo de cara que eu sonhava. E agora o tenho. E por mais que eu ouça músicas tristes, não estou. Porque lembro dele. Ele é engraçado, por mais que tenha as piores piadas. Nos damos bem. Nossas piadas são parecidas. Não direi que o amo ainda, mas acho que amo. E quero que continue assim por muito tempo.

Com amor,
Alguém.