Jordan estacionou o seu carro numa rua proxima ao parque, pare ele foi um tanto estranho pegar o mesmo caminho que ia para o trabalho, porem para um rumo diferente. Dentro do parque o mundo que havia ali fora tinha sido absorvido, não era mais possível ouvir o som dos carros e das buzinas. O caos ficava isolado depois das grades do parque. Ali era o silencio absoluto e a natureza.

Carregava consigo um livro que havia comprado na livraria: A Farsa do autor Christopher Reich. O livro era de capa avermelhada na qual continha uma borboleta no centro. Jordan havia ficado hipnotizado e fascinado com a capa do livro e comprou sem pensar duas vezes. Agora ele se encontrava sentando sobre uma árvore qualquer lendo o livro. A história se tratava de um médico que perde e sua mulher em um acidente, depois disso acontecer ele recebe um bilhete com endereço de uma estação longínqua, onde estava a mala de sua mulher. Ao pegar a mala descobre que nelas existem documentos falsos de sua esposa e dinheiro que ele nunca viu na vida. A partir daquele ponto começa uma corrida para descobrir quem foi a sua mulher.

Jordan leu cerca de cinquenta páginas e fechou o livro. A narrativa do autor o intrigava e os mistérios que iam surgindo mais ainda. Jogou sua cabeça para trás e fechou os olhos, deixou que seus pulmões enchessem de ar fresco. Voltando sua atenção para o parque, viu que, não muito distante dele, havia uma mulher com um livro na mão, na qual ele não conseguia ler o título. A mulher usava um short jeans, permitindo que suas pernas ficassem a mostra, uma camisa branca solta e um tênis. Ela estava bem a vontade e não parecia perceber os olhares de Jordan.

A mulher terminou a sua leitura e levantou-se, Jordan desviou o olhar para que ela não percebesse que ele estava praticamente vidrado nela. Dando alguns segundo de segurança, ele atreveu a olhar na direção onde ela estava sentada, mas a mulher simplesmente sumiu. Jordan inclinou seu corpo para frente a fim de expandir o seu campo de visão, mas ele não conseguia localizar a mulher. Como ela poderia ter desaparecido tão rápido?

- Procurando alguém? – perguntou alguém repentinamente próximo a Jordan.

Ele , por sua vez, atrapalhou-se ao perceber que era a mulher.

- Percebi que não parava de olhar para a minha direção – falou descontraidamente.

- Estava tentando ler o título do livro que estava lendo – mentiu ele, tentando ser descontraído também.

- Ah, sei... Estava lendo Ponto de Impacto de Dan Brown – comentou.

- Autor polemico.

- De fato sim, mas gosto da narrativa dele. Prefiro os seus primeiros dois livros: Fortaleza digital e Ponto de Impacto. A temática e bem diferente de Anjos e Demônios e O Código da Vinci – falou ela sentando-se ao lado dele.

- Parece que você gosta de ler bastante – observou.

- Quando tenho tempo sim. Ler me distrai bastante. Gosto do gênero policial. Gosto de observar a mentalidade do autor quando está construindo esse tipo de temática. E tenho que confessar, alguns deles são geniais.

Jordan ficou curioso com sua percepção e pelo jeito de analisar as histórias e os autores. Eles ficaram discutindo sobre as possibilidades e de como os autores criavam as histórias. Ambos tiveram a mesma opinião: baseados em fatos e escreviam a história de trás para frente, de modo que ficasse fácil colocar elementos que cobrisse a verdade ou o objetivo da história.

No meio da conversa o telefone dela tocou.

- Pois não? Sim... Claro... Com toda certeza... Certo... Aham... Estou indo aí – disse ela finalizando a conversa e encerrando a ligação. – Tenho que ir agora. Sarah - disse estendendo a mão.

- Jordan – disse ele apertando a mão estendida.

- Foi um prazer conhecê-lo, Jordan – disse ela sorrindo.

- Igualmente – respondeu.

Sarah sorriu pela ultima vez e saiu rumo a saída do parque sem olhar para trás. Suas passadas eram firmes e determinadas. Jordan ficou pensando no que ela trabalhava. Parecia muito firme no que dizia e tinha uma mão segura. Com toda certeza trabalhava em algo serio e que exigia postura. Afastou-se aqueles pensamentos e tratou-se de voltar para casa. Percebeu que estava com fome. Voltou para o seu carro e tomou rumo para a sua casa.

...

Jordan entrou na rua tranquila de onde morava, predominantemente por casas e árvores. Preferia locais assim para manter a sua mente tranquila um pouco. Estacionou o carro na frente da casa e tirou a chave do bolso. Ao tentar abrir a porta ele não teve o mínimo de esforço, pois ela se abriu sozinha.

Um momento de pânico percorreu no corpo de Jordan e sentiu o seu sangue esquentar. Havia ele se esquecido de trancar a porta de sua casa? Parecia impossível, pois ele nunca se esquecia de trancá-la. Ele empurrou a porta e da porta olhou para dentro da sua casa. Até onde conseguia ver, as coisas estavam reviradas.

Não! Pensou ele incrédulo e avançando para a sala.

A sua TV de plasma, o som, o DVD e algumas coisas que pareciam de valor havia desaparecido. Jordan correu para o andar superior e encontrou o seu quarto revirado. Os quadros estavam todos fora do lugar, como se estivessem atrás de algum cofre. Seu Macbook também havia desaparecido. Jordan encostou-se a parede desesperado e tentou lembrar se havia deixado a porta aberta, mas tinha certeza que havia trancado.

Mesmo que eu tivesse deixado aberto...

Ele desceu e voltou para a sala, olhou ao seu redor como se pudesse encontrar algum vestígio ou pista de quem poderia ter feito aquilo, mas ele não tinha a menor noção de como poderia fazer aquilo. Saiu da sala e voltou para o lado de fora para respirar um pouco de ar puro e se acalmar. Precisava pensar melhor.

- Você vai fazer falta aqui – disse uma voz que ele conhecia.

Jane era uma garota de dezenove anos com longos cabelos loiros escurecidos. Tinha olhos cor de caramelo e a boca levemente avermelhada. Ela sempre dava em cima de Jordan e ele nunca contou aos pais dela sobre isso, mas também ele nunca permitiu que ela entrasse na sua casa. Ela estava debruçada no pequeno muro que separava a casa deles e parecia estar com o olhar tristonho.

- O quê? – perguntou ele confuso.

- Você não disse que ia se mudar – comentou.

- Me mudar? Jane eu não vou me mudar. Olhe, hoje não estou com cabeça para joguinhos, está bem? Já conversamos sobre isso – falou ele um pouco impaciente, mas sem alterar a sua voz.

- Calma Jordan, não estou flertando você. Estou só um pouco triste porque você vai se mudar e não disse nada, apenas isso – falou a garota mudando o seu humor e sendo um pouco agressiva.

- Mas eu não vou me mudar – respondeu ele ainda impaciente sem entender o que ela estava falando.

- Como assim? – perguntou ela confusa.

- “Como assim”? Eu que pergunto.. Que história é essa de me mudar? – perguntou curioso virando-se para Jane.

- Bom... Pela manhã, logo depois que você saiu, veio um caminhão não muito grande de mudança e levou algumas coisas – respondeu ela naturalmente.

Jordan ficou olhando a garota por alguns segundos, tentando detectar alguma brincadeira de mau gosto, mas o seu olhar era sincero. Ela parecia triste e confusa com a reação dele.

Jane ficou encarando-o com curiosidade e se sentia confusa com a reação de Jordan. Será que não eram para ter realizado a mudança sem Jordan está presente? Talvez tivessem levado algum item que não era para ser levado naquele momento, pensou a garota com ingenuidade. Mas percebia que havia algo de errado ali. Mais do que a mudança.

- Jordan, o que houve? – perguntou percebendo que realmente alguma coisa errada havia acontecido.

- Não foi uma mudança que aconteceu hoje pela manhã, Jane – disse ele dando uma pausa – foi um assalto.