A rua foi tomada por polícias e a vizinhança estava curiosa para saber o que houve. Jordan andava de um lado para o outro no jardim esperando que a polícia e os peritos fizessem o seu trabalho.

Os vizinhos os olhavam cheios de curiosidades e seus olhares perguntavam a mesma coisa “o que houve?”, “o que aconteceu?”, “O que está acontecendo?”. Alguns tentavam chamar a sua atenção para fazer perguntas, mas a policia o proibiu de falar qualquer coisa com os vizinhos antes de ir para a delegacia prestar queixa. Depois da vistoria, os policias trocaram informações e foram para o carro.

- Isso é tudo? – perguntou ele perplexo ao policial que lhe atendeu com a velocidade da vistoria.

- Se resolvêssemos todos os casos de assalto que acontecem nessa cidade, Sr. White, Nova York era a cidade mais segura do mundo. Por favor, entre no carro, vamos a delegacia e você deve prestar queixa. Temos que deixar tudo registrado. Faremos o possível para fazermos o nosso trabalho.

- E minhas coisas roubadas? – perguntou ainda perplexo.

- Sinto muito – foi o máximo que o policial pode responder, enquanto conduzia Jordan até a viatura.

...

Após dar queixa, Jordan encontrou a sua porta restaurada e pegou as novas chaves com os pais de Jane. Ele havia solicitado a eles para que chamassem um chaveiro para trocar a fechadura da porta enquanto estivesse dando queixa.

Dentro da casa encontrou a bagunça. Seus livros estavam jogados no chão, os quadros estavam fora do lugar, os móveis arrastados. Jordan precisou de alguns segundos para criar coragem e começar a arrumar a bagunça. Preferiu começar pelos livros. Enquanto os colocava de volta na prateleira, ficava pensando se corria o risco daquilo acontecer novamente. Com toda certeza não, mas sabia que aquele assalto havia sido planejado. Sabiam o momento em que ele tinha saído de casa.

Se mudar para um prédio talvez fosse a melhor opção, assim ele poderia se sentir mais seguro. Apesar de saber que ter um porteiro no prédio não era garantia de segurança, a probabilidade de assaltarem o seu apartamento era muito menor. Ele não estava disposto a passar por aquilo novamente. Os assaltantes sabiam de sua rotina, poderia ser assaltado novamente.

Antes de tomar qualquer decisão, Jordan pegou seu celular e cancelou todos os seus cartões. Através de seu Iphone, conseguiu bloquear as informações de seu Macbook. Aquelas ações o deixaram mais tranquilo, mas não suficiente. Ainda com o auxilio de seu celular ele foi a procura de algum imóvel.

Através de aplicativos, ele foi percorrendo a tela atrás de apartamentos que tivesse a venda e que fosse próximo ao trabalho. Aos poucos ele foi separando alguns e anotando os números, totalizando quatro. Depois de uma analisada em alguns apartamentos, ele ligou para os números que tinha coletado.

A primeira ligação custou para o proprietário atender. Jordan pegou as primeiras informações por telefone e se caso elas viessem a lhe agradar, faria a visita. O primeiro proprietário parecia que estava vendendo o apartamento a força, a cada pergunta de Jordan fazia, parecia que o homem ficava mais nervoso. Percebendo que estava sendo um pouco incomodo, Jordan desligou.

A segunda ligação era de uma moça, que parecia mais enrolada do que fones de ouvidos perdido dentro de uma bolsa. Além disso, algumas características do apartamento Jordan não gostou. A mulher parecia ter pressa em vender o apartamento, muito diferente do primeiro proprietário. Jordan agradeceu pela atenção e disse que retornaria caso decidisse algo. Ambos sabiam que aquela ligação nunca iria acontecer.

A terceira ligação foi mais agradável para Jordan, um homem havia atendido e tinha sido bem gentil no telefone. Passou as informações para Jordan sem questionar, sem enrolações e sem alterar o seu humor. Ele passou os detalhes do apartamento, como havia comprado e que estava todo reformado na cerâmica. O proprietário informou que estava vendendo o apartamento recém-reformado porque estava um pouco apertado e que não iria conseguir sustentá-lo.

- O apartamento me parece bom e bem localizado, pelo que vi nas fotos – comentou Jordan.

- Sim, eu mesmo tive todo o cuidado de escolher o material em cada cômodo, fazer as divisões e tal.. Me dói um pouco ter que vendê-lo depois de investir, mas eu não conseguirei manter. Depois posso comprar outro a apartamento e reformar! – falou o proprietário.

- Posso visitar o apartamento?

- Claro! A chave fica na portaria. Fique a vontade para o olhar o apartamento. Qualquer coisa entre em contato comigo para fechar negocio.

- Pode deixar comigo – falou Jordan satisfeito e desligou.

Ele se arriscou para fazer a quarta ligação, mas ele estava muito mais interessado no apartamento do proprietário anterior. Ele agradeceu pela atenção e desligou. Jordan guardou seu celular no bolso e olhou para a sua casa. Era meio triste deixar tudo para trás, mas tinha medo de passar por aquilo de novo. Tinha que ir para um local que se sentisse seguro. Vestindo um casaco, pegou a chave do carro e saiu de casa.

...

Como havia dito, a chave estava de fato na portaria. O porteiro pediu para que Jordan assinasse seu nome, colocasse o numero de sua identidade e numero de contato para que ficasse registrado que a ultima pessoa a ter pego a chave tinha sido ele. Com toda certeza era um esquema para que a chave não andasse por aí em mãos de pessoas alheias.

Jordan pegou o elevador e subiu ao apartamento e uma das primeiras coisas que lhe chamou a atenção foi o grande janelão que dava para a vista da cidade. Ele não se localizava em um andar muito alto, talvez o nono andar, mas a vista era maravilhosa, deixando a sala bem iluminada. A sala era ampla e limpa, a cozinha era estreita e cumprida, porem bem agradável para andar. Do lado esquerdo da entrada havia um curto corredor que levava ha um pequeno hall que dava para quatro portas. Uma era o quarto com suíte, as outras duas portas eram quartos de visitas e a outra era o banheiro social.

Voltando para a sala e passando pela cozinha, depois da área de serviço havia o quarto de empregada com banheiro. Era um quarto aconchegante e relativamente grande. Jordan poderia montar ali o seu escritório, ou deixar como o “quarto da bagunça”. Dando uma olhada mais crítica, torneiras, pias, lâmpadas, acabamento, pintura, armários embutidos... Jordan não teve mais do que reclamar. O apartamento estava em um bom preço e condomínio que cabia em seu bolso.

Jordan afundou a sua mão no bolso e realizou uma das ultimas ligações que havia feito.

- Vamos fazer negocio?