P.O.V. Marlee.

Estou muito nervosa. Este é o último baile antes da primeira eliminação. O tema é uma noite na era vitoriana.

—Relaxa Marlee, você vai se dar bem. E está linda neste vestido, o seu penteado também tá um arraso.

—Você está linda neste vestido cor de rosa. Christine Daae?

—Acertou.

Ela estava linda naquele vestido rosa com o corpete decorado com babados marcando suas curvas e sua bela comissão de frente. A saia do vestido era enorme, como um bolo e cheia de camadas, as mãos cobertas pelas longas luvas brancas. Eu queria ser mais como ela.

P.O.V. Príncipe Maxon.

O baile estava... chato. As mesmas pessoas, as mesmas garotas, as mesmas piadas, o mesmo tudo. Isso até... ela chegar.

Não posso dizer isso em voz alta, mas aquela Celeste Newsome estava me dando nos nervos. Finalmente tenho uma desculpa para me livrar dela.

—Com licença.

Ela estava... incrivelmente bela com aquele vestido rosa. Olhava distraidamente pela janela. Quando ela veio descendo as escadas posso jurar que eu quase babei. Seus belos cabelos ruivos presos num típico penteado vitoriano com cachos caindo como uma cascata.

—Você está absolutamente perfeita.

—É melhor mesmo, porque depois do tanto de roupa que me enfiaram, do tanto que me apertaram e puxaram e escovaram, tem que ter valido alguma coisa.

—Eu lhe asseguro que valeu e muito.

—Gostaria de dançar?

—Claro, eu pratiquei por meses. Vamos ver se eu consegui aprender a valsar direito.

Dançamos a clássica Valsa Danúbio Azul de Strauss e ela era uma dançarina incrível.

—Em que está pensando?

—Na Marlee. Ela merece isso mais do que eu. Seria uma boa Rainha.

—Você também.

—Não. Sou explosiva demais, emotiva demais, impulsiva demais.

—Acho que seria uma Rainha perfeita.

—Acho que está só com ciúmes. Você não está fazendo isso porque gosta de mim, está fazendo pelo prazer da conquista ou sei lá. Só para ter a última palavra.

Uau! Isso foi... doloroso, mas em parte é verdade há algo bom em conquistá-la. Sempre fui um menino mimado, mas nunca seria um cretino com uma garota.

—Você não entendeu ainda, eu também nunca entendi até conhecê-la.

—O que?

—Acho você linda porque é diferente. Porque é a única pessoa que eu conheço que desceria de rapel em um poço pra salvar alguém, que se desculparia por cair e que é inteligente o suficiente para enganar e fugir de um sequestrador.

Ela se aproximou bem de mim, pensei que iria me beijar, mas tudo o que ela fez foi sussurrar agressivamente:

—Ótimo.

—Porque?

—Porque o mundo não aguentaria duas America Singer. Uma eu já é mais do que o suficiente.

Eu ri. Mas, o baile foi interrompido por um guarda que entrou correndo, apavorado e ensanguentado.

—Ii, o bicho pegou.

—Mas, o que significa isso?!

—Eles os mataram, mataram todos. Foi... horrível. Foi uma chacina sem tamanho.

Notei que ela deu bem de leve um sorrisinho maligno. O mesmo sorriso de escárnio que me lançou quando eu a vi pela primeira vez.

—O que quer dizer?

—Eu nunca vi nada igual antes. Essas bestas não são como as outras. Eles correm mais rápido do que tudo mesmo em forma humana, podem se transformar á vontade e... me obrigaram a trazer isso.

Ele mostrou as mãos que estavam até o momento escondidas atrás das costas e nelas estavam, as cabeças dos membros das famílias mais influentes, os guardas do mais alto escalão.

—Eu nunca vi nada igual a isso.

—Eu já.

Disse Celeste.

—O que? Quando?

—Foi ela. America Singer, ela fez isso. Eu vi.

—Isso é verdade, menina?

—Eu? Olha, a senhorita Newsome deixou algumas partes de fora, primeiro não tenho culpa de nada e segundo, ela convenientemente esqueceu de mencionar que a mais de um mês atrás, ela me emboscou no jardim, á noite. Me nocauteou, me amarrou com aqueles lacres de plástico duro que nem Jesus Cristo consegue abrir sem uma tesoura e quando eu acordei estava num porta-malas de um carro que pertence á sua família e que ela roubou. Ela me levou para o meio do nada encruzilhada com lugar nenhum, me deu uma agulhada, tirou meu sangue e tentou injetar no homem que morreu. Ela planejava me incriminar por assassinato. Porque eu era... como foi que você chamou? Um obstáculo no seu caminho.

Houve aquele O coletivo, tamanho era o choque.

—Isso é verdade, senhorita Newsome?

A Celeste ficou pálida que nem um papel.

—É verdade?!

—Ela é uma fábrica ambulante de monstros! Essas criaturas que mataram estes homens, ela criou!

—Eu? Me diga como.

—O homem na cabana, ele era uma fera.

—Então, admite que matou alguém?

Ela estava jogando com Celeste Newsome, estava fazendo-a se incriminar. Sim, America havia sido sequestrada por Celeste, mas a senhorita Newsome tinha ótimos advogados que falavam por ela.

—E seu sangue transforma lobisomens em... híbridos.

—É. E o meu beijo transforma Príncipes em sapos. Talvez, a teoria permanece sem teste.

Disse America com ironia. E o meu pai mandou a guarda para verificar as afirmações. É claro que encontraram o carro que havia sido roubado e usado na ação criminosa. O vidro traseiro estilhaçado.

—Pode ter sido qualquer um.

—Eu tenho uma testemunha, na verdade, tenho duas. Inclusive o Príncipe. Certo?

—Certo. Nunca soube quem havia sequestrado America, ela não quis dizer, mas o Soldado Leger e eu fomos salvá-la, encontramos o carro roubado com o vidro quebrado, seguimos o rastro floresta a dentro e a encontramos ferida. Ela chegou ao Palácio inconsciente com um corte no pescoço.

No fim do baile, as coisas desandaram de vez. Ouvimos o grito e chegamos na cozinha bem a tempo de ver Celeste quebrar um ovo na cabeça da senhorita Tames.

—Meu Deus! O que é isso?!

—Ela sujou o meu sapato.

—Foi um acidente, preciso começar a cozinhar a torta para amanhã.

—Você sujou meu sapato de ovo, agora limpe!

A Senhorita Tames estava chorando tamanha havia sido a humilhação, então... é claro que America Singer meteu-se no meio.

—Ela não vai limpar nada e tu carregue as suas coisa que ela não é sacola!

Disse praticamente atirando a cesta cheia de ingredientes encima de Celeste Newsome.

—Como ousa?! Você muito folgada! Uma ninguém da casta cinco!

—Sou mesmo da casta cinco e me orgulho! Pelo menos eu tenho talento.

—É? Quer provar se o ovo está bom? Aqui!

E ela quebrou o ovo sem piedade na cabeça da pobre senhorita Tames. Outro.

—E aproveite e faça uma curica á milanesa!

—Que é isso?! O que você fez com a Marlee? O que que ela fez com você Marlee? Ela te agrediu também. Olha que isso ai dá cadeia ein?

—Cadeia?

—Porque pergunta nesse tom? Dá cadeia mesmo! Não importa de que casta tu seja.

—Não, não mas é só uma... foi só uma pegadinha.

—Pegadinha. Olhe, sequestro, tentativa de homicídio, calúnia, difamação e agressão. Uau! É uma bela ficha criminal.

—Ficha criminal? Bem, eu vou voltar para o meu quarto que a confusão já acabou.

—Ai é o que tu pensa lacraia que a confusão tá só começando!

—Não se meta criatura.

—Ah, mas eu me meto sim! Sabe o que é isso? É inveja! Porque eu sou melhor que tu, a Marlee é muito melhor que tu e tu tá caída sim porque além de ser superficial, maluca, desleal e sem talento, tu tá é gorda!

—O que?!

—E desta vez, você não escapa porque as câmera de segurança do Palácio gravaram tudo. Vou pegar as fitas e bora pra delegacia amor! Pode me sequestrar, tentar me incriminar, fazer o que for, mas ninguém... machuca quem eu amo, meus amigos e se safa dessa. Tu vai presa pelo o que fez com a Marlee! E fique contente que eu não vou denunciar o que fez comigo.

P.O.V. Rei Clarkson.

Onde já se viu uma concorrente, quebrar ovos e jogar farinha na cara de outra? Um sequestro?

Tudo bem, a tal Amara... sei lá Singer é uma selvagem, mas ao menos ela é leal.

—Bem, vocês duas estão expulsas da Seleção.

—O que?!

—Por vocês duas, quer dizer eu e a Celeste, certo?

—Correto.

—Tudo bem então.

—Tudo bem?

—Eu não ligo pra mim. Ser parte disso nunca nem esteve nos meus planos. Então, se vai descontar em alguém que seja em mim e deixe a Marlee fora disso. Porque ela não merece.

—Obrigado.

—De nada. Agora vou limpar essa bagunça e se sua Majestade não se importar, eu gostaria de tomar banho antes de partir.

—Que seja, Amara.

—É America!