P.O.V. Maxon.

Agora que ela se foi eu percebo o quanto as garotas são iguais. Elas não ligam para mim, só querem meu dinheiro e o status. Elas querem ser Rainhas. Nenhuma delas tem o sorriso doce, o humor ácido, a ironia, a timidez.

É estranho porque para certas coisas ela é tão tímida e doce e um tanto desajeitada, mas para outras é corajosa, desbocada, um pouco agressiva. America Singer não tem medo de se levantar e defender quem ela ama, o que ela acredita.

—Vai me dizer o que está te incomodando meu filho?

—Acho que estou apaixonado.

—Como se eu não soubesse. Sabe, de acordo com a lei, somente o herdeiro ao Trono que é o pretendente tem o direito de eliminar uma concorrente.

Traduzindo... o meu pai não podia eliminar nem a Celeste, nem a America.

—De nada.

P.O.V. America.

O que era para ser uma obrigação, não é mais. Bem, não porque eu fui chutada, mas porque eu esperava um Príncipe metido á besta que nunca ligaria pra nada. Que se achava o centro do universo e eu trombei numa pessoa.

Eu esperava um idiota e encontrei um cavalheiro.

Agora estou vivendo com os lobos no pântano.

Vocês devem estar pensando... What the F is going on? Calmem, eu explico. Meu nome é America Singer e meu pai era um lobisomem alfa, enquanto minha mãe é uma bruxa. Ela me contou que antes da Terceira e Quarta Grandes Guerras, o mundo sobrenatural ficava escondido e separado do mundo humano, por isso chamavam de submundo.

Mas, com as Guerras, o caos foi tamanho, a brutalidade atingiu a estratosfera e isso acabou expondo o mundo sobrenatural. E como esperado os humanos apavoraram e se uniram contra nós.

Caçando as outras espécies. Mas, depois de um grande período de dor e matança foram assinados acordos e tal, porém depois que o Rei Gregory Schereave ascendeu ao Trono ele pegou todos os acordos e meio que jogou pela janela.

A comunidade sobrenatural o ajudou durante sua ascensão com a promessa de uma vida melhor e em troca ganharam ingratidão. O Rei voltou tudo a como era antes, caçando os sobrenaturais como se fossem bichos e pior. Devem estar pensando o que pode ser pior? Eis aqui o pior... ele e a família vivem literalmente ás custas do povo. Enquanto os cidadãos humanos de Todas as Províncias de Iléa, HUMANOS vivem na extrema pobreza, vivendo de menos do que restos, trabalhando em regime de semi-escravidão, morrendo de fome e de frio.

O Rei Clarkson pode ser um idiota que não se importa com o povo, mas Maxon não é. Ele vai ser um bom Rei. Eu acredito nisso. Talvez eu esteja falando como uma garota tola e apaixonada... Caramba, estou apaixonada por ele! Clássico eu.

Enfim, Maxon é meio alienado, mas não acredito que ele seja uma má pessoa, um governante tirano e sanguessuga.

Cara, agora que eu me toquei, devem estar se perguntando... mas ela não era mutante? Eu sou. Viver perto do lugar onde a bomba foi detonada meio que causou minha mutação.

P.O.V. Rei Clarkson.

Como assim ele quer readmitir a garota na Seleção?!

—Como assim?!

—Meu pai, as regras são claras apenas o Príncipe pretendente pode eliminar as concorrentes, por tanto a expulsão das duas senhoritas é ilegal.

Por Deus, ele tinha razão.

—Muito bem então.

P.O.V. Maxon.

Foi fácil encontrar a Celeste, mas America? Mandei soldados até a Província de Carolina á sua procura, mas ela não estava lá. Nem ela, nem sua mãe ou irmã.

—Procurando alguém?

—Aspen. Você sabe onde ela está?

—Porque você se importa? Você a expulsou. E ela pensou que você fosse diferente, que seria um Rei melhor do que seu pai traidor, mas a expulsou no segundo em que soube que ela era Wolf-Blood.

—Espera, o que? O que é Wolf-Blood?

—Oh, certo. Então você é realmente só um mauricinho metido á besta. America não é humana. A mãe dela é uma bruxa e o pai dela era um lobisomem Alfa, um Wolf-Blood alfa. Ela tem magia e sangue real. Mais do que você aparentemente.

Espere, America é lobisomem?

—O que?

—Bem, agora você sabe porque seu pai deu cabo do pai dela. O Primeiro governante de Ília, Gregory Ília prometeu para a comunidade sobrenatural seus direitos e em troca, eles o apoiaram. Mas, é claro que Gregory não manteve sua parte no acordo. Ele e seus exércitos e seus descendentes tem caçado bruxas, vampiros, Wolf-Bloods o que seja, impiedosamente á gerações. Bem vindo ao mundo real, Vossa Alteza.

Meu Deus!

—America criou os híbridos que mataram os soldados de meu pai?

—Não sei, porque não vai perguntar pra ela? Ou está com medo de sujar os seus sapatinhos caros no lodo do pântano?

—Pântano?

Ele riu.

—Como eu disse, sua família de traidores está caçando lobisomens e todo e qualquer sobrenatural a gerações, por isso estão no pântano, se escondendo. Passando a Província de Honduragua.

Eu fui atrás dela e a encontrei. No meio do nada, passando a Província de Honduragua bem fundo no pântano do território que antes das guerras era conhecido como Louisiana. Eu fui capturado e arrastado.

—Ei! Parem! O que está fazendo aqui? Porque está aqui?! Como nos encontrou? Os exércitos estão atrás de você?!

—Eu vim atrás de você. Os exércitos não estão vindo.

—Porque veio atrás de mim? Você tem trinta e quatro candidatas á sua espera, inclusive a Marlee.

—Mas, nenhuma delas é uma America Singer. Eu sei sobre você.

—E o que você sabe?

Eu contei tudo.

—Uau! Estou chocada.

—Você criou os tais híbridos?

—Criei. E criaria outra vez se fosse necessário. Eu fiz isso pelo meu povo, eu fiz isso pela minha matilha.

Fiquei chocado.

—Sinto muito Maxon, mas essa matança está acontecendo á mais de duzentos anos! Eu vivo no agora, no presente. Se eu sinto alguma coisa eu ajo, se eu quero alguma coisa eu pego! Não vou escolher os mortos, o passado ao invés dos vivos e do agora. Mas, a pergunta é... você é quem eu penso que é? Você é melhor? Diferente? Ou é só mais do mesmo?

P.O.V. America.

Ele me deu uma resposta muito direta. Ele me beijou. Melhor dizendo, me tascou um puta dum beijo. E por Deus, eu retribuí.

Quando ficamos sem fôlego, ele colou a testa na minha. Abri meus olhos bem devagar.

—Bem, pelo menos meu beijo não te transformou num sapo.

Ele riu e eu também.

—Sou grato por isso. Venha comigo. A seleção é uma mera formalidade agora.

—Não posso. Não posso deixar eles aqui, não posso abandonar o meu povo á mercê de caçadores e...

—Do meu pai.

—Basicamente.

P.O.V. Maxon.

Ela estava errada.

—Você estava errada sabia?

—Sobre o que exatamente?

—Sobre não servir pra ser Rainha.

—Porque?

—Porque você já é uma Rainha. Independente de ser casada com um Príncipe/futuro Rei ou não.

—Acho que você tem que ir.

—O que?! Está brincando, certo Ivy?

—Não. Precisa ir, se for eleita nesta seleção vão se casar e a guerra vai acabar antes mesmo de começar.

—O que?! Não! Nós confiamos em Iléa antes e olha só como acabou!

—Ele não é o pai dele.

—Talvez. Mas, da última vez que apoiamos um deles, eles nos traíram e nos jogaram na rua da amargura. Nos caçaram, assassinaram as nossas famílias!

—Quer saber? Tem razão. Mas, olho por olho e o mundo acaba cego.

—Ela está certa. Não podemos cometer os mesmos erros dos que vieram antes de nós.

Felizmente, ela aceitou voltar comigo. Mas, não podíamos ser vistos juntos ou isso causaria conflitos entre as concorrentes.