P.O.V. America.

Eu sou America Singer, eu faço parte da Casta Cinco. Sou cantora, musicista, dançarina. Mas apesar disso ser a minha profissão, eu faço porque eu amo.

Mas, querem ver uma coisa que eu desprezo? A Seleção. As garotas são colocadas como pedaços de carne.

Mas, eu me inscrevi. Me inscrevi de zoeira, de brincadeira. Nunca pensei que seria escolhida. Ser a Rainha de Iléa?

Gente estou rindo até agora.

Fiquei absolutamente chocada quando recebi a carta de que havia sido aceita e agora estou adentrando o suntuoso palácio da Família Real. O piso de mármore, as enormes portas e janelas tudo decorado com ouro, estilo barroco, móveis entalhados. É como entrar noutro universo.

O que me deixa realmente pistola é que enquanto este povo da Família Real está nadando no dinheiro, a mesa de comida parecia um banquete, aqui tem espaço para abrigar umas vinte famílias. E enquanto eles estão nadando no dinheiro, na fartura, o povo por trás destas paredes está morrendo de fome literalmente!

Eu vejo á minha volta todas as outras trinta e quatro concorrentes, elas estão impressionadas, tão impressionadas que parece que esqueceram o que tem fora destas paredes.

P.O.V. Príncipe Maxon.

Hoje é o dia que marca o início da Seleção. Tenho que escolher uma esposa. Uma Rainha para me dar herdeiros.

E depois de me aprontar e colocar o meu melhor traje, eu desci. As concorrentes haviam sido devidamente preparadas.

P.O.V. America.

Eles deram um trato na gente, nas concorrentes. Nos concederam uma legião de empregados pra nos ajudarem a nos aprontar para conhecer o Príncipe entojado.

Me concederam três criadas. Anne, Mary e Lucy. Muito lindas, Anne tem cabelos e olhos castanhos, Mary tem olhos claros e cabelos castanhos enquanto que Lucy tem cabelos loiros e olhos castanhos. Elas me deram banho, me esfregaram até praticamente arrancar o meu coro, então me enxeram de perfume, óleos perfumados, fizeram as minhas unhas, me maquiaram, me vestiram.

Quando me olhei no espelho quase não me reconheci.

—Eu ein.

—Não gostou, senhorita?

—É apenas... diferente. Não parece eu.

—A cerimônia já vai começar, devíamos ir.

—Certo, apenas... posso ficar sozinha por um momento?

—Sim, claro. Não demore.

—Eu não vou.

Depois que elas saíram, eu peguei minhas adagas, enfiei nos coldres e amarrei na coxa sob o vestido. Relaxem, não estou planejando um assassinato, mas não gosto de andar desarmada. Não que não consiga me virar sem elas.

Depois de estar armada e com cara de garota mimada, eu sai e fomos para o salão principal onde o tal Príncipe veio ao som das tropetas.

—Apresentando, Vossa Alteza Real, o Príncipe Maxon Calix Schreave!

É claro que ele tinha um nome do meio. Admito, porém nunca em voz alta que ele era absolutamente lindo.

Tinha um porte atlético, alto, uma postura impecável, cabelos loiros, cor de mel e olhos azuis. Estava usando um terno preto, com camisa social branca e uma gravata azul. Aquele terno tava tão liso que se bobiar alguém escorregava nele. Era feito de seda aposto.

E é claro que ele tinha uma coroa na cabeça. Meus dedos estão coçando para atirar uma das minhas adagas nele. Vê-la atravessando seu crânio real, sua cabeça quebrando como um ovo de pato.

Talvez eu o mate enquanto dorme.

P.O.V. Príncipe Maxon.

Comecei a me sentir esquisito, como se estivesse queimando, as garotas todas maravilhadas, todos me aplaudindo, mas ai eu notei uma. Os lindos cabelos ruivos que pareciam feitos de labaredas, olhos azuis como o oceano, mas em seus olhos queimava uma chama. Ela estava aplaudindo também, mas era como se quisesse que eu explodisse.

Quando notou que eu a observava ela não corou, não ficou desconfortável, ela sorriu. Mas, foi um sorriso diabólico quase de escárnio, mas algo a distraiu.

P.O.V. America.

Eu comecei a ouvir. Aquele maldito barulho, então, vieram as vozes. Como sussurros dentro da minha cabeça. Era um aviso. Desde que eu consigo me lembrar, eu tenho habilidades. Que ninguém mais tem.

Elas salvaram a minha vida inúmeras vezes, a vida da minha mãe e de outras pessoas também. O barulho é como um inseto zunindo na minha orelha. Ouvi a flecha zunido, ela passou por mim, mas não acertou o alvo.

P.O.V. Príncipe Maxon.

A flecha ia me acertar, mas não acertou. Alguém se atirou encima de mim, me jogando no chão e a flecha passou zunindo pelas nossas orelhas.

—Meu Deus!

Todas as concorrentes haviam fugido, a guarda estava mobilizada, só que eu encontrei um par de olhos azuis safira logo acima de mim, os cabelos ruivos penteados num coque que despencou um pouco. Ela tinha me salvado.

Quem diabos era ela?

P.O.V. America.

Maldição! Agora eu ter salvado o Príncipe virou o assunto do momento. Mas, o que eu deveria fazer? Deixá-lo morrer?

Sim, eu poderia tê-lo deixado morrer, deixado a flecha atravessar o peito dele, mas essa não sou eu.

Eu teria feito isso por qualquer pessoa. Admito, tenho um gênio meio ruim, mas isso não me torna assassina. Tenho certa... raiva da monarquia, mas não quero matá-lo. Quero?

Ele tem tanta culpa de ter nascido Príncipe quanto eu de ter nascido com modéstia a parte o dom da música e essa conexão com seja o que for, esse dom de premonição.

Hora de dormir, amanhã começa o treinamento. Elas me deram outro banho, desta vez pegaram mais leve, me vestiram com uma camisola longa branca de seda que felizmente não tinha mangas, era regata com um decote V.

—Obrigado.

—De nada.

Elas ficaram meio chocadas com o agradecimento. Me deitei naquela cama enorme e chique de fina, linda de bonita e macia que parecia uma nuvem e eu rapidamente peguei no sono.