– Espera, você está me dizendo que é um telepata e por causa disso bloqueou a sua cura instantânea? - questionou o hyung-nim, que havia descido todo despenteado, e agora me encarava perigosamente com os olhos semicerrados.

– É que eu me mantive tanto tempo longe dos treinos, que acabei ficando sem treinar a cura e com tantas pessoas ao meu redor, era impossível não treinar a telepatia, se bem que ela só aparece quando quer e normalmente vem acompanhada de uma pontada na cabeça... - respondi voltando meus olhos para o piso frio.

– Você não pode bloquear a cura instantânea! - esbravejou Heechul como um lunático psicótico, mas ao perceber as interrogações tanto na minha, como na face do líder, ele suavizou a sua própria – Aish! Se quiser bloquear algo, bloqueie a habilidade que lembre o Youngwoon, não a cura... Agora vá dormir, amanhã o Siwon vem para treiná-lo, ou melhor, nós quatro iremos treiná-lo.

– Os quatro? - questionou o líder arrancando as palavras da minha boca e com os olhos mais arregalados que os meus. Como meu treinador oficial, ele devia saber muito bem que eu não estava preparado para um treinamento com eles quatro.

– Isso, os quatro de uma só vez, então descanse bem Donghae, porque amanhã o dia será muuuuuuuuito longo – acompanhado de suas palavras, hyung-nim ostentava um demoníaco e sádico sorriso.

P.O.V – Pedro off


Sob o céu noturno, mas em um ponto afastado da floresta, se localizava um conhecido acampamento. Vários jovens haviam saído para procurar o pequeno Donghae, e os que haviam ficado, alvoroçados pelo campo estavam, esperando pelo momento em que seriam requeridos. Dentro de uma das tendas, estava o líder de todo aquele grupo, aquele que preferia ser chamado polidamente de mestre. O homem de feições chinesas estava parado com sua postura perfeita e olhos vidrados. Completamente absorto do ambiente, a única que via, era uma mistura rápida de imagens e sons. Quando se viu livre de suas visões, o homem sorriu com escárnio.

– Então quer dizer que HeeChul vai reunir ao quarteto... Será uma oportunidade perfeita... - seus pensamentos foram interrompidos por uma entrada sem ser anunciada.

– Mestre – disse Taeyeon séria, adentrando ao local, e parou defronte com a pesada e antiquada mesa de madeira – Um dos nossos detectores sentiu a presença de uma grande quantidade de poder a uma distância de trinta minutos da capital... Devemos atacar?

– Prepare os jovens, mas não façam nada antes do meu sinal.

– O que pretende? Você sabe muito bem da visão que teve... - começava a jovem mais uma vez em um de seus discursos preocupada com... Seria o seu irmão ou a possibilidade da derrota? De qualquer forma ela foi interrompida.

– Um garotinho nascido em terras distantes teria poder suficiente para acabar com meu plano de dominação... Eu sei muito bem disso Taeyeon, eu previ isso no dia de seu nascimento e desde então venho buscando-o com o intuito de uni-lo a nossa causa, porém eu me cansei disso, eu me cansei de me esconder, eu me cansei de temer um garotinho de doze anos, eu mesmo o destruirei e acabarei de vez com aquele quarteto de diferentes, só então me tornarei soberano, o único diferente restante e todos em terra, cairão diante de mim.

– Para um garotinho que completou doze anos a tão pouco tempo, você não o acha muito poderoso? - questionou Taeyeon em um pensamento alto, tocando suavemente ao queixo – O outro garoto que foi treinado pelo quarteto, também super desenvolveu seus poderes, com dezesseis, dezessete anos, o garoto é um verdadeiro mestre com computadores... Não quero subestimá-lo, principalmente não quero subestimar ao quarteto... - dizia a jovem com ar pensativa, mas foi novamente interrompida pelo irmão.

– Sabe o que eu acho Taeyeon? Eu acho que você está me subestimando.

– Não, claro que não, eu apenas acho... - ela gaguejava nas palavras velozes que saiam de sua boca, quando ele voltou a interrompê-la.

– Um a um eles cairão, eu te prometo! – retrucou o homem de feições chinesas, completamente sério. Embora relutante, Taeyeon suspirou e assentiu com a cabeça. Ela avisaria aos jovens sobre o futuro ataque.


P.O.V – KyuHyun on

Voltando lentamente a consciência, estiquei meus braços para os lados e estranhei a falta de companhia. Abrindo meus olhos, fui obrigado a piscar diversas vezes antes que conseguisse focar no travesseiro vazio ao meu lado. Imediatamente me ergui na cama e fitei o colchão do chão, onde o líder deveria estar, mas este também estava vazio.

– Onde será que aqueles dois foram parar? - questionei a mim mesmo e me levantei preguiçosamente da cama.

Após escovar os dentes, arrumar a cama e tomar um banho rápido e frio, desci para a cozinha. Mesmo perdido no tempo, eu acreditava que pelo menos tio HeeChul estaria acordado preparando o café da manhã. Antes mesmo de chegar ao cômodo, pude escutar as vozes dos dois mais velhos. Tio Hee-chul e tio Jung-su conversavam animadamente preparando ao café da manhã, enquanto Pedro estava debruçado sobre o balcão sem mover um músculo sequer. Ignorando aos mais velhos que pareciam entretidos demais no fogão e na pia para me notar, me aproximei do mais novo.

– Pedro... - chamei o cutucando de leve - Por que não vai dormir na cama? - questionei o sonolento maknae, que muito preguiçosamente moveu a cabeça enquanto bocejava e me encarou apenas com um dos olhos abertos.

– Oh! Você finalmente acordou... Estou indo – disse ele se afastando do balcão, mas tio Heechul que até então estava muito ocupado com algo na pia, se virou com uma travessa de frutas cortadas e repreendeu ao menor.

– E isso lá é hora de dormir!? Fique ai quietinho que estamos terminando.

Tio Jung-su que usava a frigideira, olhou discretamente para trás e riu do mais novo que voltou a afundar a face no balcão. Insistente e curioso como sempre fui, perguntei ao maknae o porquê dele não estar dormindo e a muito custo ele me disse que o líder o acordou de madrugada para ver o pôr do sol e desde ai, o líder não havia deixado ele dormir de novo, pelo menos o mais velho havia curado seus hematomas, pensava o menor cansado. Só então me dei conta que eram seis e meia da manhã.

– Meus hyungs e dongsaengs! - disse tio Siwon adentrando animadamente a cozinha. Havia um sorriso em sua face e sua camiseta branca de botões, estava com os três primeiros abertos. Pelo olhar mortal de tio Heechul, o bom humor do meu padrinho devia ter um fundo duvidoso – Que cara é essa Chulla? Parece que chupou limão.

– Onde você passou a noite? - questionou o vidente com os olhos semicerrados.

– Não se preocupe hyung – disse o maior sentando-se na ponta do balcão – Eu não passei a noite com a sua filhinha, afinal, ela viajou com a mãe. Eu estou... - dizia o mais velho dando de ombros, quando foi interrompido por tio Heechul.

– Viajou? Como assim viajou? Para onde a Jessica levou a Krystal? Eu nem tive a oportunidade de contá-la que é minha filha!

– Acho que Jessica dongsaeng não ficou muito feliz em lhe contar, pois pelo o que fiquei sabendo na agência, a Krystal pediu transferência para uma agência da França. Ainda não sei o porquê da França, talvez fosse o último lugar que você procuraria? De qualquer... - e novamente ele foi interrompido, só que dessa vez, pela entrada triunfal de tio Young-woon.

– Bom dia Pedro, Kyuhyun, Leeteuk hyung, … Siwon? - questionou ele franzindo o cenho confuso.

– Nem pergunte.

– Certo – respondeu o mais velho rindo e fitou ao tio Heechul – Ah... Cinderela, o que ainda faz aqui? Você não tem uma grande empresa de eletrônicos para comandar?

– Cale a boca Young-woon, estou tentando me concentrar na minha filha – retrucou o vidente com sua mão direita apoiada sobre balcão e seus olhos vagando vazios pela cozinha.

– Sempre tão educado... - ironizou o alcoólatra revirando os olhos e seguiu para os armários.

Tio Heechul se concentrava fervorosamente em sua filha, repetindo algo como “vamos, o que a Krystal irá fazer?” quando uma música pop quebrou totalmente sua concentração. A música em si não possuía grande importância, apenas o olhar ameaçador de tio Heechul que me congelou a ponto de não perceber que a música vinha da minha calça.

– Mas que droga de celular é esse? - esbravejou o mais velho tão irritado, que até mesmo Pedro, que cochilava tranquilamente ao meu lado, ergueu a cabeça e olhou para os lados assustado.

Desesperado, me joguei da banqueta onde estava e corri para a sala. Mais atrapalhado do que o normal, quase derrubei meu celular, mas ainda sim, consegui atendê-lo sem ao menos ver o número no visor.

– Alô...? - atendi ofegante.

– Kyuhyun... - respondeu uma voz masculina do outro lado da linha. O breve silêncio foi o suficiente para que eu franzisse o cenho ao perceber de quem era aquela voz - Eu gostaria de vê-lo – completou Sungmin hyung após muito hesitar.

– Ah... Hyung, eu não posso – senti minha pele queimar pela vergonha de recusar a um pedido seu. As palavras pareciam presas na garganta, mas mesmo assim, me esforcei para explicar-lhe – É que eu estou na casa do meu tio Jung-su e ela fica um pouco longe da civilização, ainda estou muito assustado em descobrir que aqui funciona celular. De qualquer forma, acho que não será possível.

– Por favor Kyuhyun – implorou o mais velho - Eu preciso tanto te ver, eu preciso... - ele hesitou deixando com que sua respiração pesada e descompassada fosse o único som que eu ouvia – Logo minhas férias acabam e eu passarei o resto do ano com a cara nos livros, então... Eu queria passar este tempo com você.

– Tio Jung-su vai me matar – respondi agitando a cabeça negativamente - Mas tudo bem, pegue caneta e papel, te passarei o mapa daqui.


***


– Quem foi o inútil que atrapalhou minha concentração? - exigiu saber tio Heechul, que me espreitava com os olhos semicerrados.

– Não se preocupe com ele não – retrucou o líder que colocava ovos mexidos dentro de um pão, provavelmente para Pedro, que fitava ao mais velho com cara de esfomeado – Sente-se e coma, quer pão com ovo?

Assenti com a cabeça e procurei por um lugar ao lado do menor.

Depois do nosso saudável café da manhã, Pedro que estava com a barriga redonda de tanto comer pão, se espalhou no sofá e fitou ao teto. Pela falta de opção e até mesmo preguiça que dá depois de comer tanto, me joguei no outro sofá e comecei a pensar em Sungmin, enquanto os mais velho arrumavam a bagunça na cozinha, pelo menos tio Heechul, tio Jung-su e meu padrinho.

– Quando o Sungmin hyung vem? - questionou o mais novo erguendo levemente a cabeça para me observar.

– Como você...?

– Oh! Desculpe-me Kyu hyung, pensei que estivesse falando comigo, foi totalmente involuntário.

– Omo! Não leia minha mente dessa força – retruquei fazendo um beicinho bravo, enquanto o menor novamente pediu desculpas. Nosso acordo havia perdido a validade a partir do momento em que ele contou ao líder sobre seu quinto poder, mas ele não parecia se lembrar disso – Tudo bem... E você bem que podia me ajudar né? Acho que o tio Jung-su ficará bravo quando o Sungmin hyung chegar, então você podia falar com ele antes... Pelo menos pense que temos tempo até a chegada dele.

– É, você disse... Quer dizer, você pensou... De qualquer forma vou falar com o líder sim, eu gosto do Sungmin hyung, ele é uma boa pessoa e acho que com ele aqui, as chances de eu levar uma surra, caem bruscamente – um sorriso esperançoso adornava os lábios do menor.

– É, talvez... - respondi sem acreditar muito naquilo, principalmente na ideia de tio Jung-su permitir que Sungmin ficasse, afinal, agora que eles sabiam de todas as habilidades de Pedro, era mais provável que eles fossem me mandar para a cidade junto do mais velho, depois é claro, de quebrar todos os meus ossos por revelar o local do sobrado do líder.

Passado uns vinte minutos, o quarteto parou diante de Pedro que ainda estava largado no sofá.

– Chega de moleza Donghae, agora vamos treinar – anunciou tio Heechul com as mãos escondidas nos bolsos frontais de sua calça bege.

Obviamente o menor não queria ir, alegando que estava com a barriga pesada, com hematomas do treino do dia anterior e similares, mas não houve desculpa que o mantivesse confortavelmente no sofá. Animado para assistir a surra coletiva do menor, os segui até a varanda e me sentei na cadeira de balanço.

O quarteto parou em forma de um losango ao redor do menor. Como normalmente quem treinava com o menor era o sádico do líder, Pedro parou defronte com ele, enquanto tio Youngwoon estava a suas costas, tio Heechul a sua esquerda e meu padrinho a sua direita.

– As regras deste treinamento são fáceis. Primeiro, você pode usar todos os seus poderes, enquanto nós poderemos usar apenas um, mas você terá que descobrir qual é este poder. Segundo, não mate nenhum de nós. Terceiro e mais importante, não seja morto. Estamos entendidos? - perguntou o líder.

– Por que o mais importante é 'não seja morto'? - retrucou Pedro junto de uma careta apavorada. Ele não era o único assustado.

– É, ele entendeu, então... - Leeteuk passou os olhos um a um, que levemente assentiram com a cabeça. Provavelmente confirmando que haviam escolhido o poder que usariam contra o menor – Comecem!

Tio Youngwoon, que sempre preferiu ser chamado de tio KangIn, foi o primeiro a atacar com uma labareda de fogo. O maknae que estava de costas para ele, girou tão rápido nos calcanhares, que tenho certeza de que ele estava sondando as mentes presentes. Colocando as mãos espalmadas na frente de si, Pedro criou um escudo de força o suficiente para barrar ao fogo. Enquanto isto o céu foi escurecendo e os ventos aumentando. Normalmente tio Jung-su não usava a atmocinese, mas Pedro estaria em sua mira. Assim que o ataque do alcoólatra cessou, foi a vez de Heechul atacá-lo e sem esperar pelo jato d'água, Pedro voou ao pé de tio Siwon que sorriu para o menor.

– Adivinha qual poder eu escolhi?

Não precisou de resposta, com uma só mão e sem demonstrar qualquer tipo de esforço, ele agarrou a gola da camiseta de Pedro e o ergueu a vários centímetros do chão.

– Solte-me – esperneou o mais novo.

– Com todo o prazer – respondeu o maior lançando-o por cima da cabeça de tio Heechul, em direção à floresta.

O treinamento que até então se concentrava no gramado, estava sendo transferido para a floresta. A parte esquerda das costas do menor bateu contra uma árvore, fazendo-o girar e cair atrás da mesma. Os mais velhos que apenas observavam ao menor, correram em sua direção prontos para o ataque.

Com os dentes e pulsos cerrados, Pedro atravessou a árvore grunhido e espalmou a mão esquerda para tio Heechul. O vidente voou para cima de tio Young-woon e tio Jung-su que corria tão ferozmente quanto os outros, colidiu contra uma parede invisível que Pedro projetou apenas ao espalmar sua mão para o mais velho. Vibrei pela força do menor, mas falta alguém. Cerrando o punho direito, ele tentou golpear meu padrinho, mas este segurou sua mão no ar.

– Você achou mesmo que ia me atingir? - questionou o mais velho arqueando a sobrancelha esquerda e girou o mais novo com tamanha força, que seu corpo inteiro girou no ar e despencou novamente para o chão.

Sem o mínimo de piedade, tio Siwon ergueu sua perna direita e soltou-a em direção a cabeça de Pedro, que girou habilmente para esquerda e o empurrou com a telecinese para cima de tio HeeChul e tio KangIn. O menor mal teve tempo de respirar e foi agarrado pelo líder, que segurando a gola de sua camiseta e o cinto de sua calça, o girou cerrando os dentes com força e o lançou para os outros três em meio a um 'peguem ele'.

De início achei que 'peguem ele' era algo positivo, como 'pegue a bola' em um jogo de vôlei, mas as mãos espalmadas de tio KangIn me provaram que eu estava redondamente enganado. Sobre a gritaria desesperada de Pedro, que voava sem direção, tio Youngwoon lançou-lhe uma intensa labareda de fogo, que cessou apenas quando o menor tocou o solo.

Pedro caiu em meio uma cambalhota e se levantou suficientemente rápido, antes que atingisse uma árvore. Destemido, o menor agitou aos ombros, derrubando a fina camada de gelo que havia se formado sobre sua roupa, e encarou aos mais velhos.

– Isso é tudo que conseguem?

– Isso ai Pedro! - gritei me erguendo da cadeira.

Em animação parecida, o menor me ergueu ambos os polegares acompanhado de um gigantesco sorriso, mas seu sorriso apagou-se muito rapidamente. Aproveitando-se da distração do menor, tio KangIn voou em sua barriga o derrubando no chão. Rapidamente o alcoólatra acendeu ao seu punho para atingi-lo, mas Pedro o lançou para longe com a telecinese. Pena que o menor tão teve tempo de se esquivar de tio Siwon, que o agarrou pela perna direita e o lançou para cima. Agora eu entendia o porquê de tio Siwon não gostar das minhas comemorações incentivadoras.

Novamente Pedro voava pelos ares, mas a invés de ser atingido por fogo, dessa vez foi atingido por água. Tio Heechul sorria com desdém e até mesmo um pouco de desprezo, aquele sem dúvidas era um momento em qual eu agradecia a Deus por possuir um poder passivo. Girando ao punho e fechando-o tudo em um movimento só, a água que cobria o corpo e roupas encharcadas de Pedro, transformou-se em gelo por intermédio do vingativo vidente, que provavelmente fazia aquilo por Pedro não gostar de sua criocinese.

Quando seu corpo caiu no chão, parte do gelo se partiu, mas o menor não podia ficar calado. Em meio uma careta de dor, ele dedilhou o corte pequeno que havia se aberto em sua bochecha direita e observou o sangue que molhava seus dedos.

– Eu já disse que não sei descongelar! - gritou o menor se erguendo, mas uma quantidade anormal de ventos, começou a rodeá-lo, tirando-o do chão sem qualquer tipo de controle.

A sua esquerda estava o líder, que o erguia lentamente com um movimento da mão da direita. O corpo até então deitado de Pedro, começou a endireitar-se até que estivesse completamente de pé.

– Park... - começou o mais novo, mas um clarão forte, acompanhado em sequência por um alto estrondo, o interrompeu lançando-o ao chão.

Um raio acabava de atingir ao mais novo... UM RAIO! - pensei em completo desespero, me erguendo novamente da cadeira para procurá-lo. Chamuscado e com o cabelo em pé, o maknae se apoiou nos braços e tentou se levantar, mas caiu novamente. Os mais velhos observavam atônitos, somente Leeteuk ostentava um sorriso repleto de desprezo, enquanto Pedro tentava se erguer pela segunda vez.

– Eu estava certo, desde o começo eu estava certo. Você não passa de um garotinho mimado, inútil e desprezível – disse o líder friamente e cuspiu na face do menor que ainda tentava se erguer, mas as forças não permitiam.

Ignorando a imagem frágil de Pedro, ele passou por cima do mais novo e caminhou em direção ao sobrado, mas antes que alcançasse ao gramado, a voz de Pedro foi ouvida.

– Eu... – disse ele se apoiando nos braços - ...não sou... - com o impulso da telecinese, ele se pôs de pé e virou-se rapidamente para o líder - INÚTIL! - gritou o menor com tamanha força que as árvores balançaram-se ao seu redor.

Seus dentes e punhos se apertaram com força, enquanto uma forte ventania o cercava. Eu reconhecia muito bem aqueles ventos cristalizados, eu conhecia e temia. Tentei recuar, mas a cadeira estava atrás de mim. Como em um filme, os olhos de Pedro adquiriram uma coloração tão clara quanto o topázio amarelo e saindo do chão, ele limpou ao líquido desprezível de sua face e completou:

– Eu vou matá-lo!

Com um movimento rápido do braço direito, ele lançou uma torrente de estacas de gelos, que por pouco não atingiram ao líder, mas eram fortes e resistentes o suficiente para adentrar a sua metade nas frondosas árvores. Não contente, ele fez o mesmo movimento com o braço esquerdo. O líder que não poderia estar mais atônito, viu as estacas indo em sua direção e ofegou. Por questão de segundos, tio Young-woon se jogou em cima dele o livrando do ataque mortal.

Mas o alcoólatra não era o único que se movia durante toda a ação. Tio Heechul também reconhecia uma reação exagerada de ambos e corria em direção ao menor com intuito de pará-lo, mas a uma distância mínima, Pedro espalmou sua mão para ele, e o ergueu a metros do chão.

– Hyung-nim... - disse o menor com deboche – Por que está contra mim? - sua falsa inocência chegava a irritar e sem dar tempo para um resposta, ele lançou tio HeeChul ao solo com tamanha força, que a terra voou ao encontro do mais velho.

Meu padrinho golpeou Pedro de surpresa, ou pelo menos tentou, pois ao tentar atingir o menor, que se mantinha dentro no pequeno tornado de cristais azulados, seu braço direito congelou e ele ficou preso. Observando ao maior indefeso, Pedro sorriu com desprezo.

– Agora, quem é o forte? - com um movimento de mãos, tio Siwon voou para uma árvore e Pedro voltou a tocar o solo.

Seu sorriso sádico, doentio, não saía de sua face e fitando ao tio Youngwoon e ao líder, que se mantinham na entrada da floresta observando a tudo atônitos, ele soltou um feroz grito e correu em direção a ambos. Tio Jung-su fez menção de enfrentá-lo, mas tio Youngwoon fez sinal para que ele esperasse e correu em direção ao menor em meio a um feroz grito.

Seu braço direito se acendeu e a passos do épico encontro, ele saltou lançando uma forte chama no pequeno. Pedro também saltou desaparecendo no fogo. Meu coração se acelerou de tal forma, que meu peito doeu, mas acabando com minha agonia, tio KangIn foi lançado para fora daquela cortina de fogo e o vencedor girou no ar e parou de pé, defronte com o líder.

Haveria um pedido de desculpas por parte do líder? Pensei esperançoso, mas Pedro foi tão rápido que não houve tempo de palavras nem meias palavras. Habilmente ele atravessou sua mão na testa do líder e a puxou rapidamente para si. Como que por automático, o líder que se mantinha atônito, fechou seus olhos e despencou para ao gramado sobre a respiração ofegante de Pedro.

– Tome isso! - gritou tio Siwon com um tronco enorme em mãos e acertou Pedro no tórax com tanta força, que o menor voou por uma distância de dez metros até que seu corpo frágil atingisse a uma árvore. O vidente, que estava sujo e descabelado, ajudou tio Young-woon a se levantar, enquanto meu padrinho agitava preocupado ao líder - Leeteuk! Leeteuk! - chamava o maior tentando acordá-lo, mas ele parecia inconsciente.

Há uma longa distância, Pedro se erguia completamente zonzo. Levando a mão à testa, conclui que sua cabeça doía com tal intensidade, que parecia que ia explodir. Cambaleando, ele fitou aos mais velhos que tentavam acordar ao líder.

– Ahn? O que aconteceu? - perguntou o mais novo coçando sua longa e bagunçada cabeleira. Semicerrando os olhos, ele visualizou o líder desacordado – Park? - questionou iniciando sua caminhada.

Ao ouvir a voz do mais novo, o peito do líder pulsou e ele respirou profundamente abrindo aos olhos. Assustado, ele olhou em volta reconhecendo aos outros e com a ajuda do meu padrinho se pôs de pé e encarou ao mais novo.

– Pedro... - o mais novo congelou diante do tom frio do mais velho – Isto ainda não acabou.

– Então venham! - retrucou o mais novo tão sério quanto o líder.

Tio Jung-su que havia milagrosamente se recuperado do estranho ataque do maknae, sorriu balançando a cabeça negativamente. Pobre Pedro – pensei com meus botões. E não muito obstante, o líder ordenou que os demais atacassem o menor.

Como em uma guerra, Pedro soltou um alto grito e correu ao encontro dos mais velhos. Sendo aquele o ataque final, o que decidiria tudo, tio Young-woon e tio Heechul transformaram seus corpos em seus elementos, enquanto os olhos escuros do líder, passaram para uma coloração mais clara. Do quarteto, apenas meu padrinho corria sem algo que demonstrasse seu poder, mas com a sua super força ele não precisava de mais nada. Há passos do encontro, onde Pedro corria como tio Siwon, o menor levou os braços ao tórax e se encolheu como uma bola. Foi tudo tão rápido, que escutei apenas o grito agudo e profundo do mais novo, antes de ser lançado com força para a sala.

Seu campo de força foi tão intenso que os mais velhos foram lançados a vários metros, as árvores mais próximas e menos resistentes, cederam e até mesmo algumas telhas da casa do líder, não resistiram e voaram também. Quando aquela devastadora onda invisível cessou, o menor se ergueu ofegante e fitou ao quarteto ensaiando um sorriso.

– Vocês se rendem? - questionou o maknae com um sorriso cansado nos lábios. De sua testa escorria o suor, ele estava visivelmente esgotado, mas se aguentava de pé, apenas para demonstrar sua honra e força.

Tanto tio Young-woon quanto tio Heechul voltaram a sua forma normal e os ventos produzidos por tio Jung-su havia magicamente acabado. Nenhum dos quatro tinha forças para se levantar, não depois da força com qual Pedro havia os arremessado nas árvores, até mesmo eu estava com dificuldade para chegar a varanda, mas com muito força de vontade e determinação, o líder se levantou ofegante e caminhou cambaleando até o menor.

– Você ainda tem muito que melhorar, controlar sua raiva, mas... Você foi bem – completou o líder tocando o ombro esquerdo do menor com um sorriso em sua cansada face.

– Isso é um elogio? - questionou o menor em meio a um sorriso presunçoso.

– Venha, vamos tomar um suco – retrucou o mais velho passando o braço direito pelas costas do mais novo e iniciou sua caminhada em direção ao sobrado, enquanto os outros mais velhos se erguiam em meio a caretas de dor. Mas o som de passos vindos da floresta e seu sexto sentido, o fez paralisar. Calmamente ele virou-se para a esquerda e encarou o homem de sobretudo negro que deixava a floresta acompanhado de um grupo enorme de jovens.

– Muito bem Donghae, você foi excepcional, uma pena que isso não valerá de nada contra mim – e tirou o capuz revelando sua face levemente bronzeada, seu nariz pequeno e lábios pálidos.

Tremulando os lábios, tio Jung-su conseguiu a muito custo balbuciar:

– HanGeng?

P.O.V – KyuHyun off