P.O.V – Pedro on

Meus músculos doíam, em minha cabeça ainda havia uma confusão momentânea, eu havia apagado por alguns minutos, mas sentia que algo além havia acontecido. De qualquer forma nada mais importava, nem mesmo meus arranhões e hematomas importavam. Eu havia sido elogiado pelo líder, aquilo não acontecia todo dia.

Após um treino exaustivo, seguíamos para o sobrado quando o som de passos foi ouvido. O líder foi o primeiro a paralisar e logo após percebi que Kyu também congelou. Confuso, parei ao lado do mais velho e busquei o motivo daquilo no local para onde ele olhava. Para minha surpresa um grupo de jovens, todos vestidos de cores escuras e olhares frios, caminhavam para nós.

– Muito bem Donghae, você foi excepcional, uma pena que isso não valerá de nada contra mim – disse o misterioso homem que seguia a frente do grupo vestido com um enorme sobretudo e um capuz negro a cobrir sua face.

Com um sorriso ignóbil, ele descobriu sua cabeça revelando a imagem robusta de um japonês... Pelo menos foi o que conclui pelos olhos puxados. Em minha curiosidade, busquei pela face do líder, que assustado, tremulava os lábios tentando pronunciar algo.

– HanGeng? - disse ele ao fim aumentando mais ainda minha confusão.

HanGeng era um nome que eu nunca havia escutado, mas sua face me era familiar. Não precisei de esforço para lembrar-me daquele maldito homem que comandava o grupo de... Hyukie, e ele estava lá, ao lado de um rapaz de cabelos bem negros e espetados, sua face era como uma massa homogênea, não era possível tirar qualquer tipo de conclusão, mas ele estava lá, junto do grupo de lunáticos que por algum motivo havia me sequestrado. Por uma fração de segundos nossos olhares se cruzaram, mas só tive tempo de agitar a cabeça negativamente antes que o seu patético “mestre” roubasse minha atenção.

– Surpreso em me ver, Park Jung-su? - retrucou o homem em seu tom alto e desprezível.

– Eu... Eu achei que você estava morto – respondeu o líder incrédulo.

– Você sugou tudo o que podia de mim e depois me abandonou. O primeiro diferente, o primeiro mutante a lidar com sete poderes, o primeiro a descobrir sobre a imortalidade e a telecinese, o primeiro a descobrir sobre os filhos bastardos, que por um extinto idiota tentaria nos matar - e seus olhos escuros pousaram sobre a face séria de Simão – Eles deixaram seu filho morrer - um sorriso sádico iluminou sua face perversa e seus olhos voltou-se para o líder – Você me impediu de conquistar o que eu mais queria! O que estes jovens... - disse o homem abrindo os braços – ...querem! Você e suas regras patéticas, até quando achou que manteria o poder?

Enquanto HanGeng investia em seu discurso macabro, repleto de mágoas e desejo de vingança, escutei uma voz gritar por meu nome dentro de minha cabeça. Mas a voz masculina não me chamava por Pedro, e sim por Donghae, fazendo meus olhos vasculharem o local a procura do Heechul hyung que havia se aproximado de nós junto de tio KangIn e Simão.

Donghae!– gritou ele mentalmente pela terceira vez, no exato momento em que meus olhos pousaram sobre sua delicada face – Crie o mais resistente campo de força da sua vida e corra até suas pernas não aguentarem mais. Faça isso imediatamente!

– Do que você está falando? Eu jamais tentei manter o poder e muito menos o usei como você diz, eu apenas não concordei com sua ideia, mas... - o líder ofegou franzindo o cenho aflito – Eu achei que você estava morto, eu chorei por você, eu...

– Por quê? - sussurrei de volta para o hyung-nim.

– Eu cansei de sua falsidade – disse o homem rispidamente, calando ao líder - E agora como pode ver, eu sou forte o suficiente para derrotar a todo o seu quarteto. Então lhe dou duas escolhas: Renda-se agora e morra de modo rápido e com um pouquinho de dor ou lute e morra de forma bem lenta e cruel – um sorriso cínico adornou aos lábios de HanGeng, no mesmo instante em que o líder cerrou aos punhos com força.

Vá! – ordenou o mais velho ainda falando dentro de minha cabeça.

– Nunca! - esbravejou Leeteuk dando um passo a frente. Suas narinas inflavam com velocidade, seus dentes se apertavam com força, até mesmo fiz menção de segurá-lo, mas novamente o desprezível mestre falou.

– Imaginei que ia preferir esta opção – retrucou o homem sorrindo com desprezo – Ataquem por tudo o que queremos! Por tudo o que conquistaremos! Ataquem! – gritou em plenos pulmões, fazendo aquele grupo gritar como em uma guerra e correr em nossa direção.

Heechul e tio KangIn afastaram aos pés, deixando um na frente e outro atrás para dar-lhes maior apoio, enquanto Simão bufou cerrando aos punhos com força. Leeteuk me empurrou para trás si e abriu os braços para me proteger. De relance, vi Kyu paralisar a poucos passos de mim. Tudo aconteceu de forma tão rápida, que escutei apenas o apelo de hyung-nim me implorando para correr.

– ESPEREM! - uma voz masculina se sobressaiu diante de todo aquele barulho fazendo com que muitos parassem e outros parassem porque a maioria parou. No centro das atenções estava um loiro de franja escorrida que ofegava com os punhos cerrados – Por que lutar? Por que fazer parte de um massacre? - questionou o loiro o mais alto que sua voz podia ir, sem que precisasse gritar - Caso não saibam estes são Park Jung-su, Kim Heechul e Choi Siwon, pessoas que assim como nós, possuem poderes, mas nem por isso deixaram de ter uma vida normal. Um é médico, outro é empresário e o outro é modelo, e agora me digam, o que eles fizeram contra vocês? Eu sei que muitos querem a liberdade, querem sair nas ruas usando suas habilidades sem serem taxados de esquisitos, aberrações ou muito menos serem usados em um laboratório – e seus olhos momentaneamente pousaram sobre a face de Kyu – Mas se querem realmente ser “livres”, não comecem fazendo algo que os levem a sua condenação, ou melhor ainda, não façam algo que um homem que mal conhecemos mandou que fizéssemos, ainda mais contra homens tão poderosos e influentes que poderiam nos ajudar a conquistar esse espaço. Nós não precisamos da aprovação da sociedade para viver tranquilamente com nossos poderes. E eu sei que eu não devia, mas eu passei mais tempo do que o previsto com o Donghae e sei do garoto maravilhoso que ele é, maravilhoso e poderoso – seus olhos pousaram em minha face e um sorriso torto e tímido adornou-lhe aos lábios pequenos. Tomando fôlego, ele voltou ao seu discurso - Então por que nos unir a este cara, que nunca nos disse seu nome, sendo que o verdadeiro poder está em um garotinho? Se quisermos seguir alguém, que seja ao Donghae, porque ele sim é o escolhido. É por ele que muitos de nossos carregamos esta marca – disse Eunhyuk arregaçando a manga direita de sua camiseta negra, deixando amostra o belo desenho de uma adaga ladeada por um par de asas emplumadas. Era a mesmo desenho que ele havia me mostrado há algum tempo – Ele é o nosso angelus! - algumas pessoas vibraram com ele – Senhor Donghae, nós o seguiremos para qualquer lugar – falou o mais velho com sua face serena e tocou o joelho direito no chão, enquanto alguns jovens, de olhos puxados ou não, caminhavam até a frente com a mesma marca no braço direito descoberto. Um total de doze jovens se ajoelharam diante de mim, dentre eles estavam a garota de cabelos vermelhos que soltava fogo como tio KangIn.

– Isso tudo é bobagem! Eu já lhes disse, vocês são todos ratinhos de laboratório, ninguém nasce com um desenho tão perfeito em uma parte do corpo. Isso não é coincidência, destino ou seja lá o que vocês acham que é, isso é uma lavagem cerebral que este quarteto está fazendo em vocês – retrucou HanGeng se alterando diante da possível
derrota.

– Mas este sinal apareceu em minha pele quando eu tinha seis anos e morava nos Estados Unidos – disse uma jovem de olhos puxados e cabelos nos ombros, que havia sido uma das jovens que se ajoelhou, e agora estava de pé e indicava a marca em seu antebraço direito. Seu coreano não era perfeito, mas dava para entender – Eu me lembro bem disso, minha mãe me levou a diversos dermatologistas e quando a mancha negra tomou a forma de uma adaga alada, ela quase pirou achando que eu havia passado por algum ritual de magia negra.

– Elas surgiram ao longo do tempo nos predestinando a fazer algo de especial, nos escolhendo. Eu ainda não sei para o que, mas sei que tem conexão com aquele garoto. Quando eu lhe mostrei esta marca mestre, você disse que lembrava ao Donghae, que eu devia trazê-lo a você e protegê-lo. Então quer dizer que você mentiu? Você não faz ideia do que isto representa não é mesmo?

– Vocês são todos burros! Manipuláveis! - se irritou o homem por completo, fazendo com que alguns dos jovens recuassem assustados e outros ofendidos – Eu os acolhi, os alimentei, os ensinei a usar seus malditos poderes e o que este quarteto fez a vocês?

– Mas eles também não nos fizeram nada para merecer nosso desprezo – defendeu Hyukie com uma coragem, que eu não acreditava que partia dele.

– Quer saber? A escolha é totalmente de vocês, mas quando isto acabar, não quero ver sombra de qualquer um que seja em meu acampamento – retrucou o japonês, ou seja lá qual for sua nacionalidade, com ódio em suas palavras.

Qualquer um em seu lugar ficaria da mesma forma, pensei comigo mesmo. Isto deu início a um murmúrio entre os jovens. Muitos ali, como Hyukie, deviam ter uma casa, mas preferia o acampamento pela liberdade que ele o proporcionava e sem dúvidas devia ter alguns ali que nem casa possuíam.

– Vocês estão preocupados com um acampamentozinho daqueles? - questionei dando um passo frente. Ninguém melhor para apaziguar aqueles murmúrios, do que alguém que pelo menos alguns julgavam importante – Olhe bem para esses três, fique conosco e eles lhe darão casa, cama, comida e roupa lavada.

– Eu não mandei você correr? - retrucou Heechul com a testa franzida e um tom mais baixo que o normal, para que apenas eu e meus hyungs fôssemos capazes de ouvir.

– Cale-se Donghae! - ordenou o mestre dos lunáticos bufando de tanta raiva e fitou a Leeteuk, logo a pessoa de quem ele guardava todo seu rancor. Foi então que em uma fração de segundos meus olhos capturaram a imagem de Taeyeon e meu coração se acelerou. Ali, bem ao lado do tão estimado mestre, estava a ex-namorada do líder, vestindo um longo sobretudo vermelho escuro com capuz e desenho de flores negras. Seu olhar apreensivo pairava sobre tudo ao seu redor e metade de sua pálida face, estava escondida sobre a sombra do capuz, dificultando assim que as pessoas a reconhecesse - Eu acabarei com cada um de vocês.

– Tente – retrucou o líder fechando o punho com tanta força, que suas veias tornaram-se bem mais visíveis.

Os dois se encaravam em silêncio como se disputassem uma partida super difícil de xadrez. Seus olhares ameaçadores, não se desviavam, um esperando o primeiro passo do outro. Suas respirações começavam a me ensurdecer, quando tio KangIn parou ao meu lado velozmente e agarrou uma estaca no ar. Arfei ao ver o seu destino, ela atingiria o meio da minha testa se não fosse o alcoólatra.

– Qual parte de Heechul muito rico, vai te dar casa, cama, comida e roupa lavada, você não entendeu? - questionou o desesperado tio KangIn, que não continha sua surpresa pela atitude da loira de olhar feroz.

– Eu sigo ao mestre, e não a quem me der o prato mais cheio de comida – respondeu a jovem com tamanho desprezo, que engoli em seco ao perceber a aproximação de mais jovens que apoiavam a sua ideia.

Estamos perdidos – pensei em meio a um suspiro tristonho, mas quando tio KangIn abaixou a estaca, meus olhos buscaram ao chão, tentando recordar de algo. O sorriso adornou novamente aos lábios pequenos de HanGeng, um sorriso cruel, vingativo, e fitando aos jovens que haviam se aproximado da loira, ele falou:

– Ataquem!

Em comparação ao grupo que se manteve imóvel, até que não estávamos tão mal, mas ainda sim, a jovem loira dos espinhos crescidos, o coreano de punho de aço que eu infelizmente conhecia bem, uma jovem magrinha de cabelos negros que visivelmente não oferecia perigo algum, um rapaz de nariz pontudo e um jovem de franja comprida e castanha, correram em nossa direção. Um bando de lunáticos, pensei com os meus botões, mas não tive muito tempo para pensar.

– Donghae! - esbravejou o irritado Heechul hyung agarrando-me fortemente pelo braço esquerdo e me indicou Kyu, que estava boquiaberto vendo o feroz quinteto se aproximar – Vá com o Kyuhyun! - ordenou ele e me lançou na direção do maior, mas antes que eu me decidisse, uma corda agarrou a minha perna.

Fitei ao chão, sentindo aquela espécie de corda aperta minha perna esquerda, mas acabei soltando um grito pelo susto. O que segurava a minha perna não era uma corda, e sim uma longa raiz marrom que saía da terra ao lado do jovem de franja castanha, e com um sorriso torto, ele fechava o círculo envolta de minha perna. Com um único puxão, aquela raiz me derrubou no chão e começou a me arrastar, enquanto desesperadamente eu esticava os braços para o atônito Kyu.

Hyung-nim até fez menção de me ajudar, mas uma estaca de Chaerin passou tão rente ao seu precioso rosto, que no mesmo instante ele esqueceu de todo o resto e virou-se bufando para a jovem.

– Qual o seu problema comigo?

– Eu sou a única que posso derrotá-lo – respondeu a otimista loira, fazendo com que Heechul, gargalhasse alto.

– Sério? - questionou o mais velho com ironia – Então derrote isto – e lançou um forte jato d'água em Chaerin, que habilmente desviou-se do golpe, porém sua tão alta presunção havia sido fortemente abalada.

Simão, tio KangIn e o líder, também não estavam em condições de me ajudar e as coisas não pareciam muito boas para o nosso lado, pois próximo ao Hyukie - que finalmente havia dito coragem para dizer o que pensava, mas me ajudar que era bom, nada -, o rapaz de cabelos bem negros e espetados em direção ao solo, fez menção de avançar contra nós ao mesmo tempo em que de suas mãos, formavam-se um espécie de corda feita de um material tão escuro e denso quanto as sombras da noite. Seu caminho foi barrado um por garoto de aparência bem jovem que eu já havia visto com Hyukie. Um rastreador muito desconfiado, se não estou enganado.

– Yesung... - disse o garoto que não aparentava ser muito mais velho do que eu, nossa diferença de idade, devia estar entre dois ou três anos no máximo – Por favor... - completou o garoto implorando com os olhos, mas na face do mais velho, havia indiferença.

– Eu não viverei de migalhas – retrucou o jovem de olhos bem delineados pela maquiagem negra.

– Eu não quero que você se machuque... - argumentou o garoto com seu olhar tristonho buscando pelo chão – Você é tudo o que me resta de nossa família... Eu não quero que entre em uma briga desnecessária – as palavras iam sendo pronunciadas com tanta dor, que até mesmo o moreno, voltou seus olhos para o gramado - Por favor Yesung hyung, vamos voltar ao acampamento e levar nossas coisas de volta ao nosso apartamento.

Mas nem tudo estava parado como o diálogo dos jovens, que pelo discurso, cheguei a conclusão que eram irmãos. Em outro ponto do gramado, a luta estava tão intensa que só se via grama voando. Com o comando de HanGeng, o quinteto que havia decidido nos atacar mesmo sob o longo discurso de Eunhyuk, havia de certa forma, escolhido cada um de nós.

A jovem de aparência frágil, que possuía longos cabelos negros presos em um coque no alto da cabeça, avançou contra o líder. Uma infeliz escolha, digo assim de passagem, pois ele estava tão centrado em derrotar HanGeng, que flutuou de braços abertos, tornando o tempo ensolarado, em um nebuloso dia de tempestade. Os ventos constantes empurraram a jovem para trás, intimidando-a a desistir, mas ao invés de recuar como muitos jovens faziam, ela revelou seu poder.

Seu braço esguio se esticou velozmente até a perna do líder e o agarrou. Ela deve ter percebido que até o presente momento eu era arrastado por uma raiz. Com um único puxão, ela derrubou Leeteuk no chão, cessando com parte dos ventos, mas rapidamente o líder se colocou de pé. Mas não rápido o suficiente para desviar de um galho repleto de folhas que a jovem havia pegado, enquanto ele se esparramava no gramado.

O líder resmungou ao lado inaudível, enquanto pendia para trás, mas antes que se recuperasse, ele foi pego nos braços da jovem, que o envolveu muitas vezes como uma cobra, deixando seus braços e pernas totalmente imóveis.

– Ah! Fala sério! - resmungou o líder forçando para se mover.

Antes mesmo que Leeteuk fosse preso pela menina elástica, Heechul lutava de estaca para estaca com Chaerin. As estacas dela projetavam-se da palma de suas mãos diretamente para algum ponto exato do hyung-nim. Sua mira era perfeita, porém todas as suas estacas eram desviada pela telecinese do mais velho. Hyung-nim que desviava das estacas, enquanto criava duas bolhas de água em suas mãos, fez com que elas tomassem a forma de duas estacas afiadas e as solidificou. Antes mesmo que Chaerin terminasse de projetar para fora de si as duas estacas que brotavam de suas mãos, hyung-nim lançou as suas em um ângulo perfeito, que assim que Chaerin lançou as suas, as duas se encontraram no ar, quebrando suas pontas e fazendo-as recuar. Aproveitando-se das roupas encharcadas da loira, que estava assim por causa do segundo jato d'água que ele havia lançado e acertado nela, o mais velho espalmou sua mão direita para a jovem e cerrou seu punho fazendo com que ela congelasse. Suas roupas pesaram limitando aos seus movimentos, Chaerin ainda tentou quebrar o gelo que tanto a limitava, mas Heechul hyung correu e agarrou aos seus pulsos obrigando-a a olhar em seus olhos.

– Chaerin! Por favor, pare com isso. O que aconteceu com você? O que aconteceu com a instituição que eu criei para você? Como pode se esquecer de tudo isso? - questionou o hyung com seus olhos presos ao da jovem.

Por segundos a raiva e a irracionalidade desapareceram dos olhos de Chaerin. Ela franziu ao cenho, observando a face delicada do mais velho, mas o seu abanar de cabeça, negando qualquer coisa que o mais velho dissesse, fez seu coração pesar e seus olhos marejarem.

– Por favor minha pequena, lembre-se de mim – implorou hyung-nim abraçando a jovem. Nunca me senti tão enciumado como naquele momento, 'minha pequena' e desde quando meu hyung-nim possuía outros pequenos que não fossem eu?

Os braços de Chaerin não quiseram abraçar ao mais velho, mas também não fizeram menção de recuar aquele abraço. Em seus olhos havia confusão, seus pensamentos estavam totalmente bagunçados, foi então que ela sentiu algo no ar. Farejando ao seu redor, ela afastou-se calmamente do hyung-nim e pendeu a cabeça levemente para o lado sorvendo o ar ao seu redor.

– Eu conheço esse cheiro...

Atrás de si, em uma velocidade anormal, estava tio KangIn e o rapaz de nariz comprido, aos tapas em uma velocidade tão grande que não dava para ter certeza de quem estava apanhando e de quem estava batendo. Por um milésimo de segundos, tive a impressão de ver tio KangIn levar um soco na face e rapidamente jogar o incomum no gramado, fazendo com que a grama caída recentemente, se erguesse no ar.

A briga passou por trás de Chaerin completamente sem rumo e sem controle. Era possível ouvir apenas os sons dos golpes trocados entre eles, mas em determinado momento, ele pararam. Tio KangIn ofegava como quem corre uma maratona de vinte e cinco quilômetros sem um minutinho para descanso, enquanto o outro rapaz não demonstrava tanto esgotamento.

– Quer saber? - o maior fez uma pausa para respirar – Você é muito rápido... - e novamente uma pausa para ofegar – Mas não é forte... - foi nesta pausa que reparei que o mais visivelmente machucado era tio KangIn, que além de roxos na face, segurava as costelas da esquerda, como se sentisse uma enorme dor – Como eu.

– Conta outra velhote – debochou o rapaz de olhos puxados.

– Velhote? - questionou o ofendido tio KangIn aumentando repentinamente o seu tom de voz – Eu vou te mostrar o álcool que corre em minhas veias – disse o mais velho cerrando seus punhos... - Espera um minutinho - pediu tio KangIn ofegando pelo cansaço.

Concordando rapidamente com a cabeça, o rapaz esperou que tio KangIn se recuperasse, algo nada recomendável. Quando o alcóolatra parou de ofegar, ele “desapareceu” e o incomum girou velozmente no ar. Era como se o mais velho, tivesse ativado o modo power de velocidade. Sem conseguir ao menos ver o que o segurava, o rapaz foi lançado no grupo de incomuns que ainda observavam a luta – em número bem reduzido em relação ao original -, esperando o fim para decidir o seu destino.

O jovem de franga diagonal e nariz comprido fez menção de se levantar, mas seu corpo estava tão dolorido, que ele acabou desistindo. Bem próximo a ele, estava os dois irmãos em seu diálogo sobre atacar ou não nos atacar. O mais velho, que além de mais alto, usava maquiagem bem escura, fitou ao jovem veloz com desprezo e abanou a cabeça negativamente.

– Eu não quero voltar para nossa vida medíocre, mas... - e seus olhos pousaram sobre a face pedinte do menor – Vamos, não há nada para nós aqui.

O menor sorriu aliviado e deu as costas junto do irmão. Mais a frente ia um grupo de incomuns que assim como eles haviam desistido daquela batalha sem sentido. Havia sido bom passar um tempo só entre incomuns, nutrindo abertamente um desejo louco de liberdade, mas o sonho havia acabado e quem voltasse primeiro ao acampamento poderia “escolher” o melhor colchão...

Enquanto isso um duelo de gigantes, estava prestes a acontecer. DooJoon, o rapaz com punho de aço, parou defronte com Simão em uma troca intensa de olhares. Ambos altos e robustos, poderes incríveis estavam prestes a confrontar-se, mas havia uma pequena vantagem para Simão.

– Aposto que eu te derrubo se você não usar a magnetocinese – desafiou DooJoon demonstrando apenas a coragem e determinação que existia em si.

– Aposto que não – retrucou Simão em meio a uma sorriso torto e correu em direção ao rapaz.

DooJoon, que eu tive a infelicidade de encontrar umas quatro vezes, e a último havia sido a pior, pisou com força no chão, fazendo do impacto, o ponto de partida para sua transformação. Sua perna esquerda foi tomada por uma armadura de metal, que correu pelo seu corpo cobrindo-o com perfeição. Quando terminou, um soco atingiu-lhe a face prateada, mas não houve expressão de dor.

– Vamos lá Siwon, eu sei que pode fazer melhor que isso – provocou o jovem abrindo um sorriso perverso em seus lábios congelados. Se eu fosse Simão, eu ficaria bravo apenas por ele errar meu nome daquela forma.

– E posso mesmo – retrucou o mais velho cerrando os dentes com força e grunhiu algo sem sentido, enquanto preparava o punho direito. O golpe que acertou o tórax de DooJoon foi tão forte, mas tão forte, que ele chegou a recuar.

– Ok, estamos no mesmo nível agora – falou o jovem com um pouco de pavor em sua voz, mas não deixou que a coragem lhe abandonasse, partindo sem pudor para cima do mais velho.

Seu punho de aço atingiu o lado esquerdo da face de Simão, que por segundos moveu o maxilar, como se este tivesse deslocado, mas sem tempo para dramas, ele revidou o golpe, atingindo também a face de DooJoon que cambaleou para trás.

– Minha Nossa Senhora! - reclamou Simão baixinho, enquanto massageava o maxilar dolorido.

Sua dor não estava nem perto de passar e DooJoon investiu mais uma vez contra ele, dessa vez para acertá-lo na barriga. Simão que não estava assim tão distraído, viu seu punho se aproximar e o agarrou no ar bloqueando seu golpe, mas DooJoon não iria se render tão facilmente. De um lado, um punho de puro ferro e do outro um homem com força sobre-humana. Obviamente eu torcia para Simão, mas ele acabou sendo lançado para trás. Para aproveitar-se da distração do mais velho, DooJoon correu em sua direção pronto para lhe dar um chute no estômago, porém, uma rasteira o derrubou. Simão que havia ido de encontro ao solo, jogou um pouco de grama na face de DooJoon – que na minha imaginação funcionaria melhor se fosse terra – e golpeou lhe na barriga.

O ar fugiu dos pulmões do homem de armadura e habilmente Simão sentou em seu tórax e começou a distribuir diversos socos em sua face de metal. A luta parecia vencida, mas em uma tentativa desesperada de se soltar, DooJoon desfez a armadura de sua perna e levou-as ao pescoço de Simão, o sufocando com uma elasticidade e habilidade, que nem eu em meus doze anos, era capaz de fazer.

Simão deitou sobre o corpo de DooJoon sendo sufocado por aquelas pernas que intencionalmente tornaram-se de metal novamente. Uma imagem um tanto quanto constrangedora, mas movendo-se para os lados, Simão que começava a ficar vermelho, conseguiu escapar pela direita, pena que DooJoon tinha tudo em mente, pois assim que o mais velho soltou-se, parando com os joelhos e as mãos apoiadas no gramado, DooJoon se levantou e chutou-lhe a barriga com toda a sua força, fazendo com que o maior fosse arremessado para a floresta. Quando suas costas colidiram em uma árvore, houve apenas um estrondo, sendo seguido pelo barulho de seu corpo afundado inerte no gramado.

Ao mesmo tempo em que tudo acontecia ao meu redor, eu continuava a ser puxado por uma raiz e tentava desesperadamente parar. Kyu, a quem eu pedia ajuda, não sabia se gritava ou corria. Em sua face havia apenas o pavor. Vendo que eu estava por conta própria, virei-me para o rapaz e espalmei minhas mãos para ele. Ainda fechei os olhos esperando por algo magnifico, mas meu corpo continuou a ser arrastado pelo gramado. Desesperado, fitei a palmas das minhas mãos e as agitei como se tentasse fazê-las funcionar.

Foi então que um grito rompeu o silêncio. Vindo da varanda, Kyu corria com o taco de beisebol que Leeteuk adorava usar para me bater, corria e gritava como um louco. Pensei que ele me atacaria, mas ele passou direto e ergueu seu braço pronto para golpear a raiz que me segurava. Usando toda a força de seus braços flácidos, ele abaixou o taco, porém, antes que acertasse a maldita raiz, outra surgiu ferozmente do chão atrás de si e o agarrou pela cintura.

Meus olhos captaram a imagem do cruel rapaz sorrir com desespero para Kyu e aquilo foi sem dúvidas a gota d'água. Mesmo com o corpo sendo arrastado, me sentei rapidamente e toquei a raiz, congelando a parte que prendia a minha perna e mais um pouco. Com apenas um puxão, ela se partiu e eu me levantei encarando ao rapaz de olhos puxados.

– Solte-o! - ordenei com toda a raiva existente.

– Com todo o prazer – retrucou o rapaz que estava com a mão esquerda espalmada para Kyu, controlando a raiz, e com um movimento rápido, lançou o nerd para longe.

– Kyu! - gritei aflito, mas o som de uma risada acabou com toda a minha coragem de ajudar ao mais velho. Minha vontade de bater a cabeça daquele rapaz em uma árvore foi tamanha que soltei uma mistura de grunhido com grito de guerra, e corri em direção a ele.

Uma grossa raiz brotou velozmente atrás de mim e me agarrou pela cintura tirando-me do chão, mas a raiva era tamanha, que sem pensar direito toquei a raiz congelando-a e sem aguentar ao meu peso, ela se partiu levando-me ao gramado. Visualizei o incomum praguejando-o mentalmente dos nomes mais feios que eu conseguia pensar, mas quando fiz menção de me erguer, não consegui. A grama sob meus pés e mãos, crescia e agarrava-me ao chão com força. Novamente escutei sua risada estúpida ecoar pela floresta. Meus olhos fitaram a sua face desprezível, desejando que alguma coisa de muito ruim o acontecesse, eu só não esperava que essa coisa ruim viesse logo de...

– Oi HyunSeung hyung – disse Hyukie com um sorriso amarelo e abraçou ao jovem por trás.

O incomum não teve tempo de protestar, eles simplesmente desapareceram deixando para trás apenas uma névoa densa e negra e voltou a aparecer sobre as copas das árvores. Quando o incomum desapareceu, a grama me soltou e rapidamente, com medo que elas se revoltassem novamente, me coloquei de pé. Com um sorriso em seus lábios róseos, Hyukie o soltou e voltou a aparecer ao meu lado.

– Hyukie! - disse ao mais velho segurando-lhe pelos ombros.

Seus olhos se arregalaram surpresos.

– O que eu fiz de errado?

– Nada, você não fez nada de errado – respondi abraçando-o fortemente, mas o barulho de algo pesado caindo por dentre as folhas das árvores, foi calado um derradeiro barulho que trouxe de volta o meu pesadelo.

– O que achou que as árvores me fariam? - questionou o hyung de Hyukie com deboche em sua voz. O mais velho que me afastou assim que ouviu a voz de HyunSeung foi pego de surpresa por uma raiz que o lançou para o tronco de uma árvore. O enorme e grosso tronco da árvore, se abriu majestosamente para ele e infelizmente, HyunSeung possuía alguém para se vingar – Com você será pior – avisou o rapaz e abriu seus braços.

Seus punhos se fecharam em conjunto, assim como seus braços, levando a mim, as copas das árvores mais próximas, que se torciam todas para me alcançar, mas não faziam menção de se partir. Imediatamente espalmei minhas mãos na direção das copas impedindo que elas prosseguissem com a telecinese, mas de dentro da floresta, o rapaz forçou um pouco mais, mandando-as me atacarem.

Com o peso dobrando de tamanho, comecei a fraquejar, mas eu era teimoso o suficiente para me recusar a ser esmagado por um monte de plantas, logo eu, que morava em um sítio no Brasil e agora em uma casa no meio do mato. Cerrando os dentes com força, comecei a grunhir. HyunSeung era mais teimoso do que eu e apenas forçava mais e mais tornando sua face rubra de tanta força que fazia.

Resistindo bravamente, comecei a sentir o frio me envolver, mas não era somente o frio, era uma mistura de frio com brisa úmida, que lentamente foi deixando meu corpo e tornando-se visível. Um escudo de pura energia tremeluziu a minha frente. Comecei a ceder, centímetro a centímetro, até que não aguentando mais a pressão das árvores sobre meus braços, acabei parando a telecinese. As plantas vieram todas em minha direção, mas o escudo que tremeluzia no ar, expandiu com força, mandando as árvores e o incomum para longe. Embora meu campo de força fosse centrado apenas nessas duas coisas, sem querer acertei também Kyu, que foi arremessado para perto do sobrado. Esquecendo-me das lutas que aconteciam ao nosso redor, corri em direção ao nerd.

Leeteuk, que tentava se soltar da garota que o prendia como uma cobra, fechou seus olhos com força, mentalizando algo, que com um pouco de concentração, conclui que ele desejava a invisibilidade, mas quando seus olhos se abriram, seu corpo continuava completamente visível. Seus olhos se arregalaram diante da oposição do poder, mas sentindo o abraço sufocar lhe, não houve outra saída a não ser fitar ao céu.

Sua face serena ergueu-se ao céu, sentindo de imediato os ventos aumentarem ao seu redor. Carinhosamente os ventos beijavam sua face, mas uma tormenta se formava a cima de si. Em uma luta pela própria vida, ele ofegou sentindo o ar escapar totalmente dos pulmões e fez algo que eu jamais imaginaria que ele faria. Um raio partiu do céu e atingiu em cheio a ele e a jovem de aparência frágil. Ambos foram arremessados para lugares diferentes. A dor que a jovem chamuscada sentia, era conhecida e até mesmo por conhecê-la tão bem, eu sabia que ela não levantaria.

Embora o poder fosse seu, Leeteuk também havia sido gravemente atingido, mas isto não o impediu, de mesmo chamuscado, se apoiar nas mãos e se levar um tanto desorientado. Sorri ao vê-lo daquela forma, era bom que ele provasse sua própria força de vez em quando, mas segundos depois desejei que ele não estivesse tão mal.

DooJoon, que lutava contra Simão, percebeu a vulnerabilidade do líder e desferiu um soco nas costelas do mais velho. Outra coisa que eu conhecia bem, mas só a careta de dor que Leeteuk fez, não precisava de lembrança alguma. Suas pernas fraquejaram levando-o ao chão. Um grito rouco fugiu de sua garganta e quando DooJoon preparou-se para acerta-lo novamente de forma covarde, uma sombra o cobriu.

– DooJoon! – gritou Simão com os braços erguidos acima da cabeça e as mãos espalmadas como se segurasse algo no ar, o que de fato ele fazia, mas a grande porção de terra controlada pela sua habilidade, estava acima da cabeça do homem de armadura – Você não disse nada sobre a geocinese – e soltou o enorme bloco de terra maciça em cima do incomum que acabou por desaparecer em meio a tanta poeira.

As lutas se completavam quase juntas, mas ainda faltava citar uma, onde hyung-nim tentava convencer Chaerin do que era verdadeiro. Dos incomuns que haviam seguido com HanGeng, restavam menos de vinte e entre eles estava um garoto de olhos puxados e feições realmente juvenis que não tirava os olhos de Kyu.

Chaerin mantinha seu olhar perdido, sorvendo o ar com calma. Alguma coisa no ar lhe era familiar, mas ela não sabia exatamente o que era, muito menos de onde vinha a lembrança, mas assim que tio KangIn se afastou, ela balançou a cabeça negativamente e partiu para cima de hyung-nim agarrando a gola de sua camiseta.

– Você não vai me colocar em seu joguinho sujo! - esbravejou a jovem, que sem querer havia ganhado tempo para enfraquecer o gelo, e chutou o mais velho na barriga, o empurrando para trás, no mesmo instante em que alcancei Kyu.

– HanGeng! - esbravejou Leeteuk em meio uma careta de dor e caminhou com dificuldade na direção do mestre parando a uma distância considerável dele. E neste momento, DooJoon já estava em meio a terra e Simão ofegava parado próximo ao líder – Eu vou acabar com você!

– Ai! - reclamou Kyu tocando superficialmente a barriga.

– Você está bem Kyu hyung? - perguntei me ajoelhando preocupado ao lado do nerd.

– Mas é a verdade! - protestou Heechul em meio uma careta de dor, porém Chaerin havia retomado a sua expressão fria e cruel.

– Vá ver o loiro – pediu Kyu reprimindo uma careta. Só então, lembrei que ele havia sido lançado para dentro de uma árvore e me levantei para correr em sua direção. Para cortar caminho, descrevi um caminho mentalmente que passava por trás de Heechul e entre tio KangIn e Simão e corri em direção a árvore do loiro.

– Eu não acredito... - disse Chaerin cerrando os dentes com força e formando a mais resistente estaca de toda aquela luta, que se projetava somente de sua mão direita – Na sua verdade! - e lançou-a em hyung-nim.

Heechul desviou habilmente para a direita fazendo com que seu corpo descrevesse um giro de noventa graus e seus olhos passassem de relance sobre mim, que corria inocentemente em direção ao loiro, sem prestar atenção no que acontecia ao meu redor. Percebendo a minha localização, Heechul gritou desesperado pelo nome que ele sempre me chamava, fazendo com que eu parasse e buscasse pelo mais velho, mas ao invés de vê-lo, eu vi algo voar velozmente em minha direção, mas não tive tempo para reagir.

A afiada estaca atravessou o algodão frágil de minha camiseta e rasgou minha pele, alojando-se no lado esquerdo do meu peito. Puxei o ar com dificuldade para os pulmões sentindo meu peito arder e esquentar. O líquido com cheiro de sal e ferrugem molhada adentrou minhas narinas, levando a mim, uma única certeza. Minhas pernas fraquejaram e se qualquer tipo de apoio, fui de encontro ao chão. Minha mão direita ainda tentou apoiar, mas só foi o suficiente para que eu me empurrasse para trás. A respiração havia se tornado tão pesada, que eu não mais pensava nela. Com o corpo amolecido, senti apenas me desprender de mim mesmo. Os sons foram se tornando baixos e as cores misturam-se a minha volta, mas então silhueta caminhou em minha direção, trazendo um pouco de força ao meu corpo cansado. A mulher adulta, de face envelhecida e cabelos amarelos, sorriu para mim carinhosamente, da forma como só as mães sabem fazer e se ajoelhou ao meu lado. Meus olhos encheram-se de lágrimas e lutando contra um líquido que inundava minha garganta, acabei tossindo antes que dissesse qualquer coisa.

– Meu pequeno... - disse a mulher deixando com que a tristeza tomasse conta de seu olhar, enquanto fitava ao meu corpo estirado no gramado.

– Mãe... - consegui dizer sentindo aos meus lábios molhados pelo líquido quente que expeliu com minha tosse.

– Venha comigo – e um sorriso torto se abriu em sua bela face. Por mais que o mundo inteiro negasse, para mim, ela era a mais bonita de todas as mulheres. Minha mãe, minha protetora, eu jamais devia ter a deixado.

Sua mão direita tremulou a minha frente esperando pela minha. Mas ainda havia tanta coisa, havia tantas... Pessoas. As lágrimas quentes rolaram pela minha bochecha. Eu nunca havia sentido meu corpo tão quente e ao mesmo tempo tão frio. Perdido, com frio e sentindo o rasgo em meu peito, ainda consegui visualizar a face de quem eu mais estimava.

– Jung... - falei abrindo um fraco sorriso e tentei erguer minha mão direita, mas ela pesou e meu corpo inteiro acompanhou o seu balanço nauseante, que só parou no instante em que desisti de lutar contra minhas pálpebras e deixei que elas se fechassem acabando com todo o frio, com todas as cores e principalmente acabando com o ar, que deixou meus pulmões em um último suspiro.

P.O.V – Pedro, desliga