A Quinta Criança - O Escolhido

Uma previsão nada agradável


P.O.V – LeeTeuk on

Peguei o garoto em meus braços e o carreguei até a humilde varanda de madeira. A porta de entrada estava aberta e podíamos ouvir sons vindos do interior da casa, mas não me preocupei com isso, apenas coloquei o garoto sobre a cadeira de balanço na parte direita da varanda. Kyuhyun aproveitou dessa pseudo calmaria para pegar seu notebook antiquado e se distrair um pouco. Heechul estava silencioso e Siwon e KangIn discutiam sobre o garoto ser ou não a criança que procurávamos. O que mais me intrigava naquela criança era que ela não emanava uma energia diferente e sim uma energia incomum. Eu conseguia sentir o poder vibrar em volta dele, mas eu não conseguia dizer que tipo de poder era e Heechul não me dizia absolutamente nada, o que me deixava nervoso e tenso com aquela situação.

– KangIn – chamei ao problemático da grupo, que veio até mim prontamente – Veja se a testa dele está bem – pedi de forma autoritária, que soava mais como uma ordem do que um pedido, mas KangIn era obediente, pelo menos quando estava sob o efeito do álcool, então apenas assentiu e parou se defronte com o garoto.

Para que ficasse na altura de Pedro, ele separou as pernas e dobrou os joelhos apoiando as mãos sobre eles. Ele ameaçou cair uma vez, mas se manteve firme e espreitou os olhos para o garoto analisando sua face. Seus olhos adquiriram um tom cinza escuro, o que de fato foi um alívio, pois eu não sabia se ele ainda conseguia controlar plenamente seus poderes. Depois de alguns segundos de observação, ele voltou a sua postura ereta deixando com que seus olhos voltassem ao tom negro de sempre e disse que estava tudo bem, o crânio do garoto estava intacto. Soltei um curto sorriso de agradecimento e notei que Heechul revirou os olhos. Era bem fútil eles disputarem poderes, mas o placar devia estar um a zero para KangIn.

As pálpebras do garoto se moveram e parei de cócoras defronte com ele esperando que abrisse os olhos. Ele piscou algumas vezes, deixando as pupilas se acostumarem com a excessiva claridade e focou em meu rosto, mas rapidamente se distraiu levando a mão à testa. Ele a tateou em busca do ferimento, mas não encontrando nada, desistiu. Pensei em perguntar a ele se estava bem, mas me lembrei que ele não me entenderia e chamei a atenção de Kyuhyun.

– Meu português está desaparecendo – disse o mais novo nervoso – Aqui não tem internet sem fio, meu português está desaparecendo – ele parecia realmente aflito com o fato de estar voltando a ser desnecessário para nós quatro.

– Pergunte a ele se está tudo bem e se ele pode levitar as coisas como eu – ordenei rapidamente em coreano, esperando que ainda desse tempo dele fazer as minhas perguntas.

Kyuhyun assentiu rapidamente com a cabeça e fez uma das perguntas naquela língua desconhecida. Em primeiro instante o garoto assentiu com a cabeça e ele voltou a falar, provavelmente a segunda parte do que eu havia pedido, pois o garoto me observou com seus olhos negros e inexpressivos. Respirando com calma, estiquei a mão esquerda para o notebook de Kyuhyun e o trouxe levitando até mim. Aquilo era bem fácil. O jovem quase teve um ataque me pedindo inúmeras vezes que eu tivesse cuidado, mas as chances de que eu fizesse algo errado, eram nulas. Deixei com que o notebook parasse sobre as pernas do garoto e o fitei abrindo um sorriso amigável na face.

Ele soltou algo em português e fitei Kyuhyun a espera de uma tradução, mas ele não sabia o que dizer. Voltei a encarar o garoto e mostrei com ambas as mãos para o notebook esperando que ele fizesse algo. Pedro me encarou por leves segundos, talvez esperando uma resposta para o que ele havia dito, mas sem obter uma resposta, ele entortou os lábios em meio a uma careta e voltou a ficar sério soltando o ar pela boca. Calmamente ele esticou sua mão direita para o notebook, deixando sua respiração ficar pesada e moveu os dedos lentamente, como se estivesse tentando tomar o controle do notebook. Eu havia passado por aquilo, eu sabia o quão complicado era obter o controle das coisas, fazê-las levitar, mas eu acreditava que ele ia conseguir. Eu sabia que ele não me decepcionaria. O notebook antiquado de Kyuhyun começou a tremer e com um pouco mais de concentração de Pedro, que não tirava os olhos do eletrônico, ele ganhou o ar. Alguns centímetros acima do seu colo e eu já sorria maravilhado. Heechul juntou as sobrancelhas sem dizer nada, enquanto Siwon e KangIn comemoravam entre si. Possuir o poder da telecinese não significava que ele era um diferente, mas já era meio caminho andado. Pedro olhou em volta notando os sorrisos a sua volta e por segundos o notebook vibrou com força, antes que eu pudesse pará-lo, ele foi arremessado com tudo no chão da varanda, quebrando em grandes pedaços. Com um movimento rápido de mão, Siwon se livrou da bateria que havia voado em sua direção. Nesse mesmo instante Heechul congelou onde estava e Kyuhyun caiu desesperado sobre o notebook.

– Meu notebook – disse soluçando, realmente abatido.

Pedro não conseguia ter uma reação, ele estava pasmo pelo o que havia feito e o choro irritante que Kyuhyun havia iniciado ao lado do notebook não ajudava em nada. Passos foram escutados do interior da casa, provavelmente alguém querendo saber o que havia acontecido. Aquilo não era nada bom. Estiquei a mão esquerda para a porta de entrada a fazendo bater bruscamente e a tranquei, primeiro eu precisava falar com Pedro. Kyuhyun ainda chorava desolado.

– Você esqueceu o que eu faço meu pupilo? – perguntou Siwon puxando a bateria para si por meio de um gesto de mãos e se aproximando calmamente de Kyuhyun.

– Mestre – disse o mais novo em meio às lágrimas – Você consegue?

– É claro que sim – respondeu Siwon com um sorriso presunçoso e se colocando de joelhos no chão.

Ainda mantendo seu sorriso, ele colocou a bateria ao lado do que restava do notebook e esticou a mão direita sobre ele. Aquilo era tão fácil para ele, que apenas passando a mão sobre as peças, ele simplesmente as faziam se juntar, encaixando uma na outra e fechando o circuito perfeitamente. Eletrônicos quebrados era só chamar o Siwon, enquanto problemas na internet era com Kyuhyun. Ele soltou um suspiro ao ver que estava tudo em seu lugar e soltou uma pequena corrente elétrica no notebook com o indicador direito, para que as coisas quebradas fossem seladas de vez, para só então entregar o notebook ao mais novo, que tratou logo de abri-lo e ligá-lo, para saber se estava realmente funcionando. Antes que Kyuhyun conseguisse expressar algo pelo programa estar se inicializando, Heechul falou de forma indiferente:

– Nós vamos ser atacados.

Todos os olhares se voltaram para ele, inclusive de Pedro que estava boquiaberto pelo o que Siwon havia feito. Neste instante, escutamos a maçaneta da porta ser forçada para baixo, alguém tentava sair.

– Você tem certeza? – perguntei apreensivo.

Heechul assentiu com a cabeça tristemente e voltou seus olhos para a porta para acalmar quem quer que fosse que estivesse do outro lado. Como ele conseguia acalmar alguém mesmo separado por uma parede eu não sabia, mas ele se dedicava muito a isso, assim como a sua vidência, então, as chances de ele não conseguir eram baixas. KangIn tentava pensar em algo, mas tudo o que fez, foi tirar sua garrafa de vodka de dentro da calça e tomar um gole. Olhei em volta tentando sentir o perigo, mas as coisas estavam tão calmas e silenciosas que me voltei para Pedro.

– Nós precisamos sair daqui – disse em coreano bem lentamente, com a esperança que ele entendesse, mas tudo que ele fez foi franzir o cenho confuso. Mantendo a calma, comecei a falar e fazer gestos para que ele entendesse – Nós – disse fazendo um círculo com o indicador direito – Sair daqui – falei fazendo aquele típico sinal de corre, que se resume a juntar os dedos na palma da mão e depois abri-los rapidamente na direção da saída.

Não – disse ele em português negando com a cabeça, mas era óbvio seu significado.

– Nós precisamos ir! – disse novamente em coreano pausadamente e senti uma brisa fina e gélida acertar minhas costas.

Eles estavam ali.

Muito calmamente me coloquei de pé e me virei para a entrada da fazenda. Quatro incomuns paravam na entrada com expressões sérias. Fazia um pouco de frio naquela cidade cerca por vegetação, mas aquele grupo estava exagerando. Todos usavam casacos de couro preto e botas na mesma cor. Quem estava mais a frente do grupo era uma jovem de cabelos loiro escuro. Seu olhar estava carregado pela maquiagem preta e por baixo do casaco, ela usava uma blusa branca, rosa e preta. Aquele rosto me era familiar. Três jovens a acompanhavam. Ao seu lado estava um rapaz de cabelos bem loiros, quase branco e uma franja que encobria sua testa e sobrancelhas, em um das pontas, um jovem alto e forte, de expressão séria e agressiva estava parado esperando por instruções da provável líder e na outra ponta estava um jovem também de feições coreanas e cabelos bagunçados. Ele parecia entediado com toda aquela pose de vilão e cenário clichê com direito a cabelos ao vento, mas ele não era o único entediado ali.

– Nos entregue o garoto e implore pela vida – anunciou a líder séria. Uma mulher de bota com salto agulha liderando um pequeno grupo de garotos, aquilo era interessante e instigante. Naquele momento eu desejava a empatia de Heechul apenas para sentir seus sentimentos, já que meu poder não era assim tanto focado quanto o dele.

– Digam seus nomes e talvez podemos pensar em não matá-los – retruquei com humor negro, não tinha como não rir daquele incomuns tentando enfrentar um grupo de diferentes, não que incomuns devessem serem subestimados, na verdade eu conhecia incomuns bem poderosos, pois o fato de ter apenas um poder, fazia com que ele o desenvolvesse ao máximo, mas aquele grupo parecia ser apenas um bando de amadores, que havia descoberto seus poderes a menos de cinco anos.

– Opção errada – respondeu a jovem líder com seus olhos carregados focados em mim.

Eu queria ver do que ela era capaz, mas antes que eles fizessem menção de atacar, a jovem moveu a cabeça na direção do rapaz louro e ele desapareceu deixando uma fumaça negra para trás. O ar fugiu rapidamente dos meus pulmões me virei para trás, onde Pedro estava. O rapaz reapareceu bem entre nós dois e sorriu para o garotinho de forma maliciosa.

– É um prazer conhecê-lo Donghae – disse ele em coreano ainda ostentando seu sorriso malicioso e agarrou a perna esquerda do garoto.

Antes que ele voltasse a desaparecer, abracei a ele pelas costas e sentia uma explosão incomum dentro da minha barriga se espalhar rapidamente por meu corpo o consumindo por inteiro em questão de segundos. Eu nunca havia experimentado o teletransporte e desejava não voltar a usá-lo.

P.O.V – LeeTeuk off


P.O.V – KyuHyun on

O jovem loiro, tio Jung-su e Pedro desapareceram deixando apenas uma fumaça estranha para trás e a líder do grupo, expressou sua raiva por meio de uma carranca irritada.

– Todos vão morrer – anunciou ela cerrando os dentes com força e correu em nossa direção.

Abracei ao meu notebook temeroso, meus poderes não eram para combate, então tudo que eu faria, seria assistir encolhido no meu lugar. Com aqueles três esquisitos correndo em nossa direção, Siwon e Heechul desceram da varanda. Tio Siwon estralava dos dedos com um olhar feroz e tio Heechul soltava os braços preparando para atacar. Quando eu achei que não poderia ficar pior, o homem alto e forte começou a desenvolver uma espécie armadura de ferro em volta de seu corpo. A mulher loira, fez com que duas grandes e resistentes estacas saíssem de suas mãos. E o jovem com cara de entediado, virou um enorme e feroz tigre de pelagem alaranjada com listras negras.

O líder não poderia ter escolhido pior momento para fazer um passeio.