P.O.V – Siwon on

Mato. Isso era tudo que nos ladeava, mato e mais mato. Se um dos meus dons não tivesse relação direta com a natureza, eu até diria que estava ficando entediado, mas em respeito à terra que eu controlava, fiquei apenas admirando a floresta tentando parecer animado. Heechul que guiava o veículo pela auto-estrada, foi o primeiro a notar o instituto branco mais a frente, um pouco distante do asfalto. Seu olhar parado, vagando mais a frente, chamou minha atenção e curiosamente vasculhei o local para onde ele olhava parando com os olhos na construção grande, que sem dúvidas era o local que procurávamos. Sua paz era imperturbável e não havia nenhum tipo de movimentação dentro ou fora do prédio. Estando no banco ao lado do hyung para evitar discussões entre ele e KangIn, passei os olhos rapidamente por sua face buscando alguma reação, mas ela havia sido tomada pela total indiferença. KangIn que respirava pesadamente pela ansiedade, sendo o único som além do pneu correndo sutilmente pelo asfalto, se inclinou para frente, ficando entre os bancos e fez uma singela pergunta enquanto Heechul virava o volante para a esquerda, adentrando a estrada de terra que levava a construção.

– Esse é o instituto? – perguntou ele sem tirar os olhos da construção.

– Veja se há alguém – ordenou Heechul sempre exibindo sua expressão séria. Era realmente difícil saber quando ele estava com medo ou feliz, ainda mais em momentos como missões, que ai sim, ele se concentrava bastante na pose séria e era realmente raro algo conseguir perturbá-lo a não ser, suas próprias visões.

– Muito longe – respondeu KangIn sério.

Pelo menos em breves momentos de tensão, eles ficavam em harmonia entre si. Meus olhos não saiam da face de Heechul esperando pelo momento em que sua respiração ia desacelerar e seus olhos parar, sendo prenúncio de uma visão, mas não houve absolutamente nada, enquanto ele guiava o carro pela estrada de terra que era invadida pela grama mal cuidada. A uma distância pequena da enorme construção, que possuía um total de dois andares e pelo o que parecia se erguia muito mais para trás, Heechul estacionou o carro.

Eu estava muito bem dentro do carro, mas vendo o hyung levar a mão esquerda à maçaneta, rapidamente busquei a minha e desci do veículo. Geralmente Heechul tinha uma visão do que aconteceria, então, nunca era um mistério tão grande como aquele, mas desde que ele havia anunciado o nascimento de mais uma criança como nós, suas previsões não eram tão precisas e até o momento, eu esperava com esperanças que ele visse algo, mas não havia nada.

Ao lado direito do caminho que percorríamos, havia um imenso campo gramado, muito mal delimitado como um campo de futebol. A grama crescia em demasia e a marcação era sutilmente apagada pelo tempo. Os ventos ganhavam força no espaço sem árvores e cortava a face de tão gelados. Isso porque estávamos no verão, mas fazia um frio incomum naquela região distante de tudo. Nossa viagem havia demorado horas e horas, era fim da tarde quando chegamos ao local que perdia luz e cor. Heechul tomava a dianteira do grupo e nos guiava sem nada expressar até a entrada do local. O abandono também era visto nas paredes do prédio, que era tomado pelo mato e perdiam a cor aos poucos. Era um tremendo desperdício aquela degradação. Um prédio tão belo e tão calmo, devia estar funcionando a plenos pulmões, mas algo de muito estranho havia parado com toda a vida do local e estávamos prestes a descobrir o que havia ocorrido, pelo menos esperávamos que sim.

A poucos passos da enorme porta de entrada, Heechul hyung simplesmente paralisou. Seus olhos se fixaram na entrada e notei que sua respiração pesou. Ele estava em um de seus transes. As coisas deviam ficar muito sérias para ele simplesmente paralisar daquela forma e trocando um olhar aflito com KangIn, voltei meus olhos para a construção e relaxei os músculos dos ombros que estavam tensionados pelo momento. Eu precisava ouvir, mais do que qualquer ouvido, eu precisava ouvir uma respiração, sem saber se havia ou não uma pessoa atrás daquelas paredes. Um soprar forte, semelhante ao expirar de uma pessoa, me tirou da minha concentração e fitei as faces dos hyungs respirando ofegante. Não estávamos sozinhos.

– Volte para o carro – ordenou de Heechul me fitando com o canto dos olhos. Olhei para os lados indignado, ele estava mesmo me mandando voltar para o carro? Quantos anos ele achava que eu tinha? Franzi o cenho separando os lábios, enquanto formulava um protesto, mas novamente ele prdenou, em um tom mais grave e autoritário – Volte para o carro Siwon.

Suas palavras eram sérias e lentas, fazendo-me lançar um olhar perdido para KangIn. O hyung fez uma careta confusa de volta, mas não ousou opinar sobre a ordem. Aquilo era tão sem nexo que apenas bufei sem me mover do meu lugar. Heechul finalmente mudou sua posição passando os olhos perigosamente espreitados por minha face, seja lá o que ele havia visto, era algo muito sério. Apenas dei de ombros e antes que ele pudesse me arrastar pela orelha até o carro, a pesada porta dupla de madeira se moveu para trás, fazendo um alto barulho ecoar no ar. Nossos olhares foram direcionados para aquela direção, mas rapidamente voltei os olhos para a face de Heechul, a tempo de ver sua respiração falhar. As coisas não acabariam bem.

De dentro na enorme construção, além do cheiro de mofo que passou por nós sendo carregado pelo vento, saíram quatro jovens usando roupas escuras e maquiagem pesada. Nunca consegui entender as vestimentas dos que se intitulavam vilões, mas também não estava ali para isso. Quem tomava a frente do grupo era a loira de olhos profundos. A mesma que há anos atrás, era uma doce garotinha morena, mas agora estava tentando desesperadamente nos atingir. Sem dúvidas era ela que caminhava perigosamente em nossa direção e ao seu lado, além do meu arqui-inimigo em potencial, havia dois rostos novos. Uma jovem de altura mediana e escorridos cabelos negros e um jovem de aparência igualmente dark e profundos olhos aterradores e delineados pela maquiagem negra. Seus cabelos negros eram curtos e espetados para todas as direções do solo.

– Finalmente nos reencontramos – disse a loira parando a uma distância de dois metros de Heechul, sem tirar os olhos dele. Seus companheiros imitaram o movimento. Em número estávamos em desvantagem, mas em poder e experiência, superávamos aquele grupo com facilidade, pelo menos eu acreditava nessa hipótese.

– O que aconteceu com você Lee Chae-rin? – perguntou o hyung franzindo o cenho.

A resposta da jovem foi absolutamente rápida. Enquanto os outros três viravam-se para ela confusos, ela também expressou sua confusão mental por meio da face, mas lançou sua pergunta de volta ao hyung.

– Como você sabe meu nome? – ela perguntou desafiando Heechul com seus perigosos olhos escuros.

– Você não se lembra de nós? – perguntou o mais velho abrindo os braços, indicando sutilmente a mim e KangIn. Apenas soltei um sorriso torto para a jovem, sem conseguir expressar nada além disso.

– Que tipo de joguinho é esse? – ela perguntou juntando as sobrancelhas na base testa, em uma careta confusa – A única coisa que eu sei... – começou ela congelando sua expressão, voltando a arrogância e impetuosidade comum a ela – É que eu tenho que destruí-los – completou ela expelindo duas finas estacas das palmas de suas mãos.

Sua primeira e veloz estaca foi interceptada por um movimento rápido da mão direita do mais velho, mas na segunda, ele foi obrigado a se esquivar para a esquerda. O olhar assustado e respiração arfante do mais velho revelavam tudo...

– Agora a coisa está ficando séria – disse KangIn em um pensamento alto.

Eu só estava curioso para um fato, aqueles que acompanhavam a loira, com toda a certeza deviam ser incomuns, então, quais seriam seus poderes? A resposta veio mais rápido do que eu desejava. O rapaz de cabelo espetado olhou para KangIn com um sorriso malicioso, enquanto pendia a cabeça sutilmente para a esquerda. Apenas uma distração, pensei eu, ao notar o que acontecia mais embaixo. De suas mãos saiam sombras que serpenteavam para o chão ganhando forma. Dois longos chicotes negros solidificaram em suas mãos e ele os impulsionou para o chão, sendo possível escutar o barulho harmonioso do ar sendo cortado com violência.

Fitei a face séria do jovem alto e musculoso e projetei os braços para frente estralando meus dedos juntos, seria bem interessante. Em uma fração de segundos, Chae-rin lançou mais uma de suas escadas de Heechul fazendo-o se esquivar. O chicote do jovem de cabelo espetado voou na direção de KangIn prendendo em seu braço esquerdo e eu tinha algo maior com que me preocupar.

O homem de ferro correu em minha direção sem transformar seu corpo, o que achei de fato bem estranho, mas estando a passos de mim, a surpresa. Seu punho de aço que estava abaixado voou em minha direção me pegando desarmado. Desde quando esse tipo de poder era seletivo? Perguntei-me recebendo o golpe do lado esquerdo na face. Perdi o equilibro pendendo para a direita, mas me recuperei antes que caísse, mas não a tempo de me livrar de uma cotovelada de aço na costa esquerda.

A dor explodiu na minha costela, fazendo-me reprimir um gemido de dor enquanto despencava para o chão. Tempo suficiente para que o outro completasse a transformação e me chutasse no mesmo lugar do golpe, podendo ser ouvido por meus ouvidos sensíveis o deslocar de um dos meus ossos. Meu corpo planou por ligeiros segundos e afundou na grama mal cuidado ao lado da estrada. Aquele garoto ia me pagar por aquele sofrimento.

Em outro ponto Chae-rin tentava de todas as formas acertar Heechul com uma estaca crescida. Seus golpes eram graciosos como os movimentos de uma bailarina, mas ao mesmo tempo viris como de um guerreiro. Porém, suas investidas eram todas barradas por Heechul, que usava fortemente de sua telecinese. Com um giro gracioso empunhando a estaca em ambas as mãos, ela tentou acertar a cabeça do mais velho, mas teve os braços imobilizados a centímetros do mesmo.

– O que aconteceu? – questionou ele prendendo firmemente os olhos sobre a mais nova enquanto usava de sua empatia para acalmá-la, mas ela era como um cavalo selvagem, que precisa de muito treino e paciência para ser domado.

Heechul a empurrou sutilmente para trás, livrando-a da imobilização invisível, mas ainda tentado controlar suas emoções.

– Eu não te conheço – esbravejou Chae-rin tentando mais uma investida em vão.

Enquanto os dois seguiam nesse duelo, onde ela atacava e Heechul apenas se defendia sem a intenção de machucá-la, KangIn estava preso no chicote do novato. Inicialmente ele apenas olhou para aquele laço estranho e negro e fez uma careta confusa.

– Eu não sabia que sombras se solidificavam – comentou o mais velho confuso, causando repulsa no outro, que o puxou fortemente para frente, tentando lhe tirar o equilíbrio.

KangIn ameaçou cair, mas agilmente recuperou o equilíbrio e desapareceu do meu campo de visão, ressurgindo com tamanha velocidade de frente com o rapaz o empurrando para trás. Sendo pego de surpresa, ele voou para a construção desfazendo o chicote, enquanto KangIn voltava-se para a garota com um sorriso malicioso. Antes que fiquem confusos, eu explico. KangIn possuía o dom da super velocidade.

Uma pena que seu sorriso não durou muito, pois a garota em momento algum, perdeu sua seriedade e seus segundos de vangloriamento pessoal serviram apenas de abertura para ela, que com um movimento rápido do braço direito, apontou a palma da mão direita para ele, que brilhou e soltou uma forte e intensa corrente elétrica, fazendo-o voar pelos ares.

Escutei apenas o barulho do seu corpo cair na grama, pois ainda tinha algo cheio de metal caminhando em minha direção com um sorriso sádico nos lábios congelados. Ainda sentindo uma dor imensa na minha costela, notei apenas que KangIn jazia na grama, soltando um pouco de fumaça da roupa. Aquela garota era muito perigosa. A mão pesada e feroz do jovem de armadura agarrou a gola da minha camiseta e me ergueu do chão, enquanto simultaneamente ele erguia o punho cerrado. Seu soco acertou meu olho esquerdo com tamanha força, que me desorientei, mas notando que ele afastava novamente o punho direito para ganhar velocidade, abri a palma da minha mão esquerda que vagava pelo ar e desejei apenas uma coisa: Atrair o metal. A mão do jovem lançou-se sobre a minha e aproveitei de sua confusão momentânea para cerrar meu punho direito e descarregar toda a minha força em sua face. A armadura de sua face tremeluziu violentamente e ele pendeu para trás soltando-se de mim. Seu corpo quicou sobre o gramado e só então senti um líquido escorrer sobre minha têmpora esquerda. Colocando-me de pé, passei a ponta dos dedos sobre o líquido e o trouxe para o meu campo de visão. Era nada mais nada menos do que sangue.

Depois de ser eletrocutado, KangIn abriu os olhos sentindo seu corpo inteiro vibrar e queimar pela corrente elétrica e deu de cara com os dois novatos. Formalmente ele revirou os olhos e moveu o pescoço para um lado e de depois para o outro, como se sentisse um desconforto no local.

– Vão me ajudar a levantar ou vão ficar me encarando com essa carranca estúpida? – perguntou o mais velho cheio de desdém, brincando perigosamente com a sorte e a resposta por parte dos dois não poderia ser outra.

O jovem deixou que seu braço direito fosse envolvido por sombras, para que fizesse um chicote bem maior e mais resistente, enquanto a jovem esticou novamente a palma da mão direita para o mais velho fazendo uma luz incomum se acender, mas KangIn provavelmente havia pensado em tudo, pois em uma fração de segundos, sendo pouco visível aos olhos, ele girou para a direita o projetou seu tórax para cima com a ajuda da telecinese, enquanto a descarga elétrica acertava o espaço vazio. Ainda se movendo com velocidade anormal, ele deu alguns passos para trás e sorriu para os jovens com malicia.

– Tampem os ouvidos – avisou ele com os braços bem soltos ao lado do corpo e deu tempo para que os dois virassem para trás, para enfim dar sua última cartada.

Ainda ostentando seu sorriso, ele juntou violentamente as palmas das mãos na frente do corpo em uma palma aguda e dolorida aos ouvidos. Eu mesmo levei as mãos automaticamente às orelhas, enquanto os dois jovens eram impulsionados para trás.

Heechul não se comoveu com a demonstração de poder, por possuir um dom extremamente semelhante, sendo assim, imune a tal habilidade, mas se comoveu ao ver a jovem Chae-rin tampar os ouvidos e dobrar o corpo em volta da barriga.

– Você está bem? – perguntou Heechul calmamente tocando seu ombro esquerdo.

Ainda escutando vagamente a palma super-sônica de KangIn vagar pelo ar, dei alguns passos acelerados na direção do mais velho a tempo de ver Chae-rin preparando seu ataque. Heechul se demonstrava realmente preocupado, mas a garota encolhida, criava secretamente aos olhos do mais velho, uma mediana e afiada estaca. Sentindo uma forte descarga de adrenalina paralisar minhas cordas vocais e acelerar meus batimentos cardíacos, mas continuar a impulsionar meu corpo para frente, corri na direção do mais velho e o empurrei bem a tempo de ele não ser acertado pela mais nova que se levantava, mas ao invés dele, a estaca que seria cravada de baixo para cima em seu tórax, me atingiu, perfurando minha camiseta escura e minha pele rígida.

Por causa da força do impulso que as estacas ganhavam ao sair de seu corpo, ela penetrou os meus músculos como se eles não fossem nada e rasgou meu pulmão esquerdo fazendo da dor, algo brutalmente dilacerante. A jovem observou minha face com os dentes cerrados de raiva, mas ao observar minhas feições, seus olhos rapidamente correram pelo ambiente buscando por Heechul. Fazendo uma rápida comparação, ela puxou o braço direito para trás enquanto eu despencava para a grama com a estaca ainda dentro de mim.

– Yesung, Yuri, DooJoon – chamou ela passando ao lado de KangIn, que pouco se importou com sua presença, apenas se focava em mim – Vamos – gritou ela tomando a dianteira voltando-se para o campo de futebol.

Os outros três tentaram contestar, mas ela apenas ordenou que a seguissem. Heechul me agarrou delicadamente por trás, evitando que eu fosse de encontro ao chão, mas aquilo não anulava em nada minha dor. Calmamente ele me deitou no gramado e tocou a estaca, fazendo-me soltar um gemido de dor.

– Eu mandei você ir para o carro – disse ele bravo, arfando ao meu lado.

– Temos que tirar a estaca – disse KangIn se ajoelhando ao meu lado.

O ar faltava dos pulmões. Os olhos ficaram úmidos com tal velocidade que tive que me conter para não chorar. Os gemidos iam sendo arrancados do fundo da minha garganta e não teve como evitar meu grito de dor no momento em que KangIn puxou a estava para fora do meu corpo, levando junto um pouco de sangue e da minha dignidade. Minha visão falhou e os sons a minha volta foram todos se calando.

Eu precisava urgentemente do LeeTeuk.

P.O.V – Siwon off