– Eu vestirei – respondeu Jongjin decidido, esticando a mão para pegar o macacão, mas Yuri o impediu com um rápido e sonoro tapa.

– Eu preciso de você ao meu lado, e além do mais você é muito pequeno, ninguém contrataria um guarda como você – retrucou a garota com desdém, passando os olhos discretamente pelo corpo pequeno e magricelo do menor. Fitando ao irmão do garoto, ela completou - O Yesung oppa ficara melhor de guarda.

– Por que eu? - ofegou o moreno se erguendo vagarosamente.

Enquanto Yesung colocava o macacão azul por cima de sua roupa, Eunhyuk se teletransportou de volta para a entrada da guarita e adentrou a mesma esperando pelos outros. O lugar era pequeno, possuía uma mesa extensa, com um computador antigo e uma televisão pequena, onde era possível ver a filmagem, em tempo real, de uma das câmeras do portão, outra do pátio interno, outra da entrada do prédio que mostrava dois homens armados com fuzis e mais outra que mostrava apenas um muro alto, provavelmente o muro ao fundo, onde vez por outra um homem uniformizado e também armado, entrava no campo de visão da câmera.

Passado alguns minutos, Yesung apareceu vestido com o macacão e acompanhado de Yuri e Jongjin que seguiam a sua frente cabisbaixos e com as mãos amarradas para trás. Eunhyuk olhou para os botões no controle que estava sobre a bancada ao lado da televisão e depois de ler rapidamente o que estava escrito em cada um deles, abriu os portões que rangeram bem baixo. Assim que os homens da entrada viram o trio caminhar vagarosamente em sua direção, fizeram sinal para que eles parassem e caminharam sérios até eles.

– O que está fazendo aqui com estes dois? – perguntou de forma rude aquele que possuía traços ocidentais.

– Escutei um barulho vindo da floresta e encontrei estes dois espionando nossa... Base... – por segundos Yesung fraquejou ofegando, ele não tinha ideia de como mencionar aquele lugar e precisava de mais tempo para recuperar suas energias, mas respirando profundamente, completou sereno - Peço permissão para levá-los ao nosso superior.

– Nós levamos.

– Eu faço questão – retrucou Yesung em meio a um ligeiro sorriso torto.

– Volte para o seu posto homem! - ordenou o ocidental se irritando com a desobediência do subordinado. Yesung apenas assentiu com a cabeça e deu meia volta. Um sorriso de escárnio adornou-lhe os lábios e quando Yesung desapareceu de seu campo de visão, o homem de pele clara, olhos e cabelos castanhos e feições peculiares do ocidente, tocou o queixo de Yuri e levantou sua face – Até que é uma japonesa bonita – zombou o homem e abriu a porta dupla do prédio – Vão!

Yesung resmungava baixinho quando passou pelos portões, nem tudo estava saindo como o planejado, mas sem opção alguma, seguiu para a guarita de onde Eunhyuk controlava os portões.

– O que faremos? - questionou o loiro ao moreno, assim que o segundo adentrou ao cubículo.

– Por enquanto tudo o que nos resta é esperar – respondeu o moreno pousando por fim seus olhos expressivos sobre o monitor da pequena televisão.


***


O rumo que as coisas tomavam, estavam deixando Yuri insegura, mas mesmo assim ela tentava se mostrar confiante. Enquanto seguia por um longo e solitário corredor branco, ela fitava vez por outra a face do menor, mas seus olhos se mantinham a maior parte do tempo fixo ao chão.

– O que os dois estão fazendo aqui? - perguntou o guarda de feições orientais que acompanhava o casal até seu superior.

– Nós... Estávamos fazendo uma trilha... Eu já expliquei isso ao guarda, mas ele não quis me ouvir. Não faço ideia do que isto seja, eu só quero ir pra casa – respondeu a jovem finalizando com um longo suspiro, mas o homem não parecia muito convencido de sua versão.

– Sei...

– Mas é verdade... - começou a jovem novamente, tentando ser convincente para ganhar tempo, porém suas palavras demoravam tanto a serem ditas, que fica explicito que ela estava formulando aquela desculpa no momento. Ela foi interrompida.

– Noona... - chamou Jongjin baixinho – Estamos no aproxi...

– Fiquem quietos! - ordenou o homem irritado e sem pensar duas vezes bateu com a coronha do fuzil nas costas de Jongjin que cambaleou pela força do golpe.

Yuri bufou enraivecida e virou-se bruscamente para o homem ao mesmo tempo em que se livrava das cordas que prendiam aos pulsos. Não houve tempo para reagir, ele foi arremessado para trás causando um alto estrondo quando seu corpo tocou o piso e deslizou para perto da entrada.

– Pensei que só atacaríamos na saída – disse o menor soltando suas mãos em meio uma careta surpresa.

– Isso foi antes do Yesung oppa ficar do lado de fora... - respondeu a mais velha correndo em direção ao homem e se ajoelhou ao seu lado tateando seus bolsos até encontrar um molho de chaves. Quando ela sorriu para as chaves, a porta da entrada foi aberta pelo guarda que havia ficado.

– Vocês... - disse ele colocando a arma em posição de atirar, mas foi atingiu por uma descarga elétrica tão forte que o fez voar pelos ares.

– Vamos! - respondeu Yuri se erguendo apressada e iniciou uma corrida tentando encontrar o local de onde vinha o poder que Jongjin sentia, mas o som de um alarme estridente a fez parar e encarar uma das câmeras de segurança – Eunhyuk! - esbravejou irritada.

– Não podemos perder o Kyuhyun – disse Jongjin tocando-lhe o braço e a puxou consigo.

Eles viraram no primeiro corredor a direita e seguiram para outra abertura a esquerda, porém, essa que dava para uma longa escadaria, estava fechada por um enorme e resistente portão de ferro.

– Eu sinto, bem de leve, mas eu posso afirmar a você que tem um tecnólogo nesta direção – disse Jongjin tocando as grades que barravam a entrada para o piso inferior.

– É, eu sabia que precisaríamos de chaves, cartões, algo assim – respondeu a jovem escolhendo uma chave aleatória do molho e tentou abrir o portão, mas a chave não quis girar – Próxima – Yuri pensou alto trocando de chave, mas quando tentou girá-la na fechadura, escutou um barulho vindo do corredor que a fez paralisar.

– Corre negada! - gritou Eunhyuk surgindo correndo no início do corredor, sendo seguido por Yesung. A jovem separou os lábios incrédula, mas quando viu os quatro guardas armados que seguia aos seus amigos, se desesperou tentando abrir a porta.

– Eunhyuk! - gritou Jongjin desesperado enquanto Yuri tentava a terceira chave, mas suas mãos trêmulas dificultava um pouco o processo – O que estão fazendo aqui? – questionou o rapaz boquiaberto.

– Da guarita só podíamos ver as câmeras de fora, então quando escutamos o alarme de emergência decidimos... - dizia o loiro ofegante, mas foi interrompido pelo grito vitorioso de Yuri que acabava de abrir o portão.

– O que estão esperando? - esbravejou Yesung parando ao lado dos jovens – Vão logo! - e os empurrou em direção as escadas, mas ao invés de segui-los, ele trancou o portão e jogou a chave para Yuri, que parou ao escutar o violento som do portão sendo fechado – Pegue e vão – ordenou ele, mas diante da relutância da jovem, ele gritou - Vão! - o rapaz ofegou com força e virou-se para o corredor de onde vinha, mas antes que conseguisse fazer o que quer que tivesse em mente, seu corpo moveu-se sem controle.

– Hyung! - gritou Jongjin desesperado ao ver o irmão ser eletrocutado por uma das armas de choque que os guardas carregavam consigo.

– Vamos! - gritou Yuri segurando o menor que tentava chegar ao irmão, mas em uma situação como aquela, não havia outra saída – Nós vamos voltar para busca-lo, eu prometo a você, agora vamos! - ordenou ela o empurrando escada a baixo e fitou a Eunhyuk – Quem acionou o alerta de invasão?

– Da guarita não se tem visão de todas as câmeras de segurança, deve ter outra pessoa para fazer a segurança interna local... O que você dois fizeram de errado? - retrucou ele enquanto corria pelo longo corredor branco.

– Deixa pra lá.

– Precisamos continuar reto – avisou Jongjin, que seguia a frente do trio, ao passar por um corredor a direita, mas paralisou quando viu um grupo de homens uniformizados aparecerem no fim do corredor.

– Acho que não – retrucou Eunhyuk parando um pouco a frente do menor e deu meia volta enquanto os empurrava na direção oposta – Vão rápido! Rápido! - gritou ele, mas Jongjin atropelou a parede desajeitado e caiu no chão – Levante-se – disse o loiro praticamente levantando-o sozinho e o empurrou para o corredor.

– Onde está o Kyuhyun? - gritou Yuri que agora tomava a frente do grupo.

O menor hesitou por longos segundos, ainda atordoado com a batida, mas tirando a mão esquerda da testa, apontou para o corredor de onde havia saído cinco homens, todos vestidos com os macacões azuis e munidos de armas de choque, um jeito bem eficiente de deter incomuns sem machucá-los, para que depois pudessem ser usados para estudos depois.

– Está naquela direção – disse ele ainda apontando para o fim do corredor que agora era invadido pelos guardas.

– Vamos achar uma rota alternativa – respondeu a jovem ao chegar ao fim do corredor e se deparar com uma longa escadaria que levava mais uma vez ao piso inferior.

– Estamos nos distanciando cada vez mais do tecnólogo.

– Não tem problema, vamos! - disse Yuri agarrando a mão do mais novo que relutava em segui-la e o puxou apressada escadaria abaixo, mas antes que chegasse ao andar inferior, apontou sua mão espalmada para uma câmera ao fim da escada e soltou uma descarga elétrica na mesma, fazendo-a explodir.

Os homens apareceram no início da escadaria quando o trio a deixava, mas se aproveitando da eletricidade, Yuri espalmou a mão para todo o corredor à direita e eletrocutou as três câmeras de segurança que monitoravam o corredor que era repleto de portas e adentrou com os jovens na segunda porta a direita.

O local era um laboratório bem equipado, mas que para sua sorte, no momento não estava sendo usado. Apreensiva, ela puxou Jongjin para trás de uma maca, provavelmente usada para cirurgias e afins e fez sinal para que os meninos ficassem em silêncio.

– Você pode senti-los? - perguntou Eunhyuk aos sussurros se referindo aos guardas.

– Eles são todos comuns.

– Que merda – respondeu Yuri que não mais se preocupava em esconder sua irritação e apreensão e se ergueu do esconderijo – Venham!

Eles se ergueram silenciosamente e caminharam sorrateiramente até a porta. Tomando todo o cuidado possível, Yuri girou a maçaneta e abriu a porta, mas foi surpreendida por um dos guardas. Tomada pela adrenalina, Yuri soltou um de seus raios no homem, fazendo voar em direção à parede. Isso não teria problema algum, se não fosse pelo alto barulho que seu corpo fez ao cair com tudo no piso. A jovem fez menção de seguir para as escadas novamente, mas Eunhyuk agarrou seu braço e a puxou na direção oposta quando viu o início do corredor ser tomado pelos guardas. O corredor era um beco sem saídas, a não ser por um metálico elevador. Jongjin que seguia na frente, foi o primeiro a alcançar o elevador e apertou seu botão desesperadamente enquanto ofegava pela corrida.

– Vamos! - implorou Jongjin no exato momento em que a porta dupla se abriu, mas os guardas estavam tão próximos, que não houve tempo de escolher o andar, Yuri que entrará primeiro, simplesmente apertou um botão aleatório e fitou ao corredor.

– Vamos! Vamos! - se desesperou a jovem socando ao botão de fechar, mas os guardas estavam tão próximos que não daria tempo. Percebendo isso, Eunhyuk se teletransportou quando as portas começaram a ser fechadas e surgiu novamente em cima dos homens derrubando praticamente a todos, a não ser o primeiro, que se virou assustado e antes que a porta se fechasse por completo, mirou em Eunhyuk e apertou ao gatilho.

– Oh Meu Deus! Como iremos embora? - gritou Jongjin desesperado, levando as mãos à cabeça, mas Yuri estava tão surpresa quando o menor, levando alguns instantes para responder sua pergunta.

– Nós... Nós daremos um jeito – respondeu a jovem sentindo um aperto no peito, acompanhado da falha na respiração.

A porta dupla do elevador se abriu relevando mais um longo corredor branco. A jovem hesitou por saber o quão longe de Kyuhyun provavelmente estava, mas Jongjin ergueu a cabeça incrédulo e saiu do elevador correndo.

– O que foi Jongjin? - perguntou a jovem correndo para alcançar ao menor.

– Temos que entrar ali – disse ele apontando para uma abertura bem no meio do corredor, à direita.

Correndo, eles adentraram a um curto corredor que possuía uma entrada a direita. Assim que puseram os pés no outro corredor, deram de cara com um homem uniformizado, mas que não representava perigo algum pela ausência de armas. Irritada com toda aquela situação, tudo o que Yuri fez foi cerrar o punho direito com força e socar a face do homem com toda a força que possuía, levando-o a nocaute e também explodindo sua mão em dor, mas tentando se mostrar forte, apenas reprimiu uma careta amarga e correu para as celas.

– Kyuhyun! - exclamou a jovem aliviada ao ver a figura do maior preso na primeira minúscula cela à esquerda - Viemos te salvar – informou a jovem tocando no vidro com ambas as mãos, mas focando-se em seu objetivo, buscou o molho de chaves do bolso da calça e procurou por uma fechadura.

Embora o choque de encontrar Yuri, em uma missão de salvamento, fosse gigantesco, ainda mais sendo ela a jovem que tanto o desprezava, ele conseguiu sinalizar para ela, indicando o homem que estava desmaiado no chão.

– O homem! O homem! Ele está com um cartão – dizia ele gesticulando devido a careta confusa de Yuri. Por mais que houvesse pequenas aberturas na parte superior do vidro, a jovem estava com dificuldade para escutá-lo.

Jongjin que se mantinha atrás de sua noona, entendeu a mensagem primeiro que ela e procurou pelo cartão no pescoço do homem como o maior indicava. Sem dificuldade alguma, ele tirou a cartão do pescoço do coreano e colocou na fechadura eletrônica.

– Vamos! – disse Yuri para o maior agarrando ao seu braço, mas este se negou a acompanhá-la.

– Não! Precisamos pegar o Yoseob! - respondeu Kyuhyun soltando-se da mais velha e correu para sua cela. Mesmo sob os protestos de Yuri e Jongjin mandando-o ir com eles, ele pegou o cartão de sua cela e colocou na caixa da cela de Yoseob que havia acabado de retornar a ela – Venha comigo – pediu o tecnólogo estendendo sua mão trêmula para o menor.

– Eu... - disse o menor, que era apenas alguns centímetros maior que Jongjin, relutante, mas sem tempo para convencê-lo a segui-lo, Kyuhyun tomou Yoseob pelo pulso e o puxou para cima – Vamos morrer – completou ele por fim com expressão de choro.

– Hoje não – afirmou o tecnólogo entrelaçando suas mãos e correu junto com Yuri e Jongjin em direção a saída.

– Mas e os outros? - perguntou Yoseob virando-se para trás.

– Vamos dizer que agora estamos sem... – falava Yuri um tom mais alto que o normal, porém paralisou boquiaberta frente ao grupo no início do curto corredor. Eles estavam encurralados por homens e mais homens uniformizados, todos armados com as pequenas e modernas armas de choque.

– Voltem! - gritou Yuri para a proteção dos rapazes, mas seu simplesmente ato de recuar foi tido pelos guardas como uma ameaça, que disparam em direção a jovem, que só teve tempo de abrir os braços e receber toda a eletricidade sozinha.

Seu corpo tremeu violentamente sem controle diante de tantos ataques. Quando a energia cessou, ela ainda mantinha um pouco de sua consciência, mas sem o controle de suas pernas, ela caiu de joelhos e apoiou as mãos no chão, fazendo assim com que os cabelos caíssem sobre a face. Ela ainda tentou resistir, tentou encarar aqueles homens que caminhavam em sua direção com olhares curiosos ou sorrisos zombeteiros, mas seu braço direito fraquejou, sendo seguido pelo esquerdo. Seu ombro direito recebeu todo o peso da queda e sua cabeça se apoiou no chão encarando a parede branca.

– Prendam as cobaias dois-dois-cinco e três-um-um novamente e levem a garota para o doutor – ordenou o homem que parecia ser líder do grupo e passou ao lado de Yuri caminhando vagarosamente na direção dos três assustados rapazes. Sua arma era a única comum do grupo e parando defronte com Jongjin, colocou-lhe na mira – O que você é? Outra aberração como seus amiguinhos? Você achou mesmo que sairia daqui com eles? - notando o medo e impotência do garoto e riu e desferiu uma rápida coronhada em sua face. O menor se encolheu com os olhos marejados e cobrindo o local do golpe que ardia, enquanto adquiria uma coloração rubra – Idiota! - disse ele dando as costas rindo, mas se calou ao dar de cara com Yuri de pé a uma distância menor que um metro. Seus cabelos caiam bagunçados sobre sua face e havia dois chicotes de pura energia brilhando em suas mãos.

– Considere-se um homem morto! - disse ela cerrando os dentes com força e impulsionou um dos chicotes na direção da face do homem, o prendendo pelo pescoço. Em um movimento mais rápido que o anterior, ela o arremessou nos guardas que se mantinham atônitos pela recuperação da garota.

Yoseob fechou seus olhos e escondeu a face atrás de Kyuhyun escutando o barulho da eletricidade e o cheiro de queimado no ar. Quando o garoto tomou coragem para abrir os olhos, todos os quase vinte e cinco homens, sem exceção, estavam desacordados e no chão. Com um movimento rápido de mãos os chicotes desapareceram.

– Noona...? - perguntou Jongjin assustado, tocando suavemente o pulso direito de Yuri.

– Vamos – respondeu a jovem friamente.

O quarteto refez o caminho até a entrada do prédio e para a sua sorte, parecia não haver mais homens para detê-los, a não ser por um. A alguns metros da entrada do prédio, eles foram surpreendidos pelo guarda de feições ocidentais que lhe apontavam o fuzil parado no meio da porta.

– Um movimento e eu atiro – ameaçou o ocidental fazendo o quarteto paralisar. Para aumentar ainda mais a tensão, ao longe era possível ouvir o barulho de passos, provavelmente de um grupo de guardas que finalmente chegava para dar o reforço.

– Não temos tempo... – resmungou Jongjin sentindo seu coração acelerar e deu um passo a frente, mas antes que homem de expressão sadista e instinto vingativo apertasse o gatilho de seu pesado fuzil, uma pessoa surgir atrás dele, o abraçou e tornou a desapareceu restando apenas uma densa e escura névoa negra para trás.

– Corram! – ordenou Yesung relevando-se na entrada do prédio, o que foi alívio para todos, mas quando seu irmão mais novo passou por ele, ele agarrou seu braço com força e o espreitou com os olhos.

– Nunca mais coloque sua vida risco! – ordenou o mais velho rígido e voltou a sua corrida em direção aos portões que haviam sido deixados abertos propositalmente pelos próprios rapazes, mas sua fuga não seria inteiramente a pé, havia um carro esperando por eles.


P.O.V – Pedro on

– O que você disse mesmo sobre voltar para o sobrado? - perguntou Simão repleto de sarcasmo ao observar o líder Leeteuk esparramado em um dos sofás com um bico tristonho enorme, enquanto abraçava uma almofada sem dizer ou responder nada.

Bufei alto revirando os olhos. Primeiro Heechul hyung se recusava a sair do quarto e segundo, Leeteuk evitava falar com qualquer um independente do assunto, e nem mesmo vasculhar a sua mente eu era capaz, porque um bloqueio havia se apoderado de mim e tudo o que eu conseguia ler era a mente zombeteira de Simão.

Meus olhos vasculharam a longa escadaria quando ouvi um barulho de passos vindo do piso superior, mas me aliviei ao ver a imagem de Heechul, infelizmente ele não parecia mais animado do que o líder. Vagarosamente ele desceu degrau por degrau até chegar ao sofá, onde sentou ao meu lado com a cabeça apoiado no encosto e encarou a almofada com a qual acabava de se abraçar.

– Hyung-nim, você se sente melhor? - perguntei encarando sério ao mais velho, que tinha os olhos vermelhos pelo choro, mas não houve resposta por parte do hyung - Vamos hyung-nim, se anime, ter uma filha não é uma coisa ruim, é algo para se comemorar.

– Ter uma filha, ainda mais de dezenove anos... Significa que estou ficando velho e também que terei que matar o Siwon... – respondeu ele com seu olhar tristonho preso a almofada, enquanto da porta da cozinha, Simão, que escutava toda a conversar em silêncio, enrijecia todos os seus músculos.

– Que isso hyung-nim, você não está velho, não está nem um pouco perto disto, agora vamos, anime-se, e além do mais, se você quer tanto matar o Simão, chame o Leeteuk para ajudá-lo, ele está tão triste quanto você, mas acho que adoraria acabar com ele por conta da troca de poderes frustrada.

– Eu daria uma boa mãe... – disse o mais velho me ignorando por completo, exatamente o que o líder estava fazendo desde que se tornou visível novamente.

– Você quis dizer pai? - perguntei franzindo o cenho desconfiado.

– Tanto faz – respondeu o mais velho dando de ombros.

Aquilo não parecia muita coisa; Simão devia estar dando graças a Deus por ninguém ter o matado ainda e tio KangIn havia saído para beber, só para demonstrar o quão preocupado com os hyungs ele estava, mas tudo aquilo estava me irritando de uma maneira, que me ergui decidido diante do 'tanto faz' do hyung-nim.

– Olha hyung-nim, estou cansado deste seu drama! E dai que você é pai? Que diferença isso faz na sua vida? Pra você não faz nenhuma, mas para uma criança que cresceu sem um pai faz toda a diferença, então levanta esta sua bunda branca e delicada do sofá e vá tentar reaver todo o tempo perdido com a Krystal noona porque se tem uma coisa que conheço bem, é o vazio por tão ter um pai amparando, cuidando e amando, dentro de casa. E quanto a você Leeteuk, pare de boiolice! Até eu já superei minha crise de puberdade e você está neste drama todo porque foi beijado por um homem. Você devia é estar feliz por ter sido beijo por um homem como o Simão e não em depressão. Então como o bom líder que você deveria ser, levante-se dai e vá procurar pelo Kyu nem que seja no inferno, porque ele precisa de cada um de nós, especial de você, que como o líder, deve ter a função primordial de nos proteger e nos manter unidos, e nem me venha com este papo de quarteto, porque se você me excluir mais uma vez da porra desse grupo, eu vou bater tanto em você, que ninguém mais reconhecera essa sua cara linda! - esbravejei tudo de uma vez em uma velocidade tão alta, que ofeguei forte quando finalmente tive tempo para respirar.

Os hyungs do grupo me encaravam boquiabertos, em choque, principalmente o líder para quem o discurso havia sido mais longo. Isso porque havia mais coisas para serem ditas, porém o bom senso e autopreservação me impediram de falar o suficiente para causar minha morte.

– Donghae... - balbuciou hyung-nim deixando sua almofada de lado, mas sem perder sua expressão surpresa – Eu sou pai, você não consegue ver o que há por trás disto?

– Desculpe-me hyung-nim, mas independente da idade da Krystal noona ou do que aconteceu entre você e a mãe dela, eu só consigo ver um playboy rico e mimado que não quer assumir sua responsabilidade.

– Eu devia te dar uma surra por tamanha ousadia – retrucou o líder me espreitando com os olhos. Apenas regalei meus olhos, enquanto por uma fração de segundos, olhei em volta, conseguindo capturar a careta atônita de Simão e o olhar discreto de Heechul para o lado oposto, como se toda aquela confusão estivesse bem longe dele.

– Líder, por favor, esqueça os lábios nervosos do Simão e concentre-se em encontrar o Kyu, ele precisa de nós – implorei não só com a voz manhosa, como também com os olhos lacrimejantes, que fazia de tudo para não receber uma surra de alguém maléfico como o Leeteuk.

O silêncio que precedia minha sentença destruía meus sentidos de tal forma, que fiquei eternamente agradecido ao som que rompeu aquele silêncio. O som vinha da porta, o que de primeiro momento, me fez crer que se tratava de tio KangIn, mas assim que tirei os olhos da expressão ameaçadora do líder e pousei no passante que adentrava ao local, congelei assustado.

– Kyuhyun? - chamou Heechul duvidoso, observando ao nerd que fitava ao chão, mas com os olhos movendo-se muito rápidos de um lado para o outro – Como chegou aqui?

– E-eu... Não sei... Eu só le-lem-lembro... De fugir com o Sungmin – disse Kyuhyun parado na porta, completamente inerte em seus pensamentos confusos.