Em outro ponto da vasta natureza intocada era possível escutar os pesados passos de uma jovem. Após o fracasso em uma missão tão simples e considerada ganha, Taeyeon rangia os dentes de tanta raiva. Sem perder sua postura arrogante, ela adentrou a mais bonita tenda, onde o homem taxado de mestre, estava de olhos fechados e tocava superficialmente a uma mapa.

– Você sabia, não sabia? - questionou ela ferozmente. Seu mestre por sua vez, abriu aos olhos calmamente - Você sabia e me deixou ir até lá para fazer papel de idiota! Eu cansei de ficar procurando por aquele moleque infeliz! Você devia ter acabado com ele há muito tempo, mas não, eu tenho que ter um irmão otimista que acha...

– Não me chame assim, não quero que ninguém saiba disso – falou o mestre se erguendo exaltado, mas ao notar a expressão surpresa da jovem, respirou profundamente voltando a sua calma - Pelo menos não por enquanto... Mas me responda sinceramente, você não faz mesmo ideia de onde o seu querido Leeteuk possa estar? - seus passos lentos cercaram Taeyeon que franzia o cenho pensativa – Pense com calma, eu preciso do que está ai dentro.

A jovem que permanecia imóvel enquanto o seu mestre, e agora revelado irmão, andava a sua volta, pendeu a cabeça levemente para a direita, enquanto pensava. Tantas coisas haviam acontecido entre eles e a tanto tempo, que por um longo tempo ela pensou em pleno silêncio até que sua memória começou a recuperar uma imagem feliz.

O ambiente onde se passava toda a ação era uma mediana sala, que pela vista da janela ao fundo, era a sala de um apartamento. O espaço grande parecia maior ainda pela ausência de móveis, mas ao fundo um casal entrou carregando um sofá. Ambos sorriam carregando ao móvel, Leeteuk não ostentava nada de sua frieza tão peculiar, Taeyeon não se assemelhava em nada com a atual, a começar por sua aparência, na qual possuía uma pele mais corada e cabelos mais escuros. Quando ambos depositaram o sofá de dois lugares bem ao meio do cômodo, o maior esticou os braços para sua dongsaeng e abraçou enquanto sorriam.

– Isto aqui vai ficar tão bonito depois da mudança – disse a jovem sentando-se no sofá ao lado do companheiro e ostentando um sorriso e um olhar sonhador.

– Ainda acho que aquela parede deveria ser branca – retrucou o sorridente rapaz com a perna direita sobre o sofá e o braço esquerdo por trás das costas da jovem, ambos bem próximos e descontraídos.

– Omo oppa! Pare com essa obsessão por branco – brincou a jovem dando um tapa de leve no ombro do mais velho, o que acabou resultando em outro abraço, mas desta vez ela permaneceu com a cabeça encostada no peitoral do oppa, enquanto analisava seus dedos entrelaçados – Oppa, onde você morava?

– Em uma casa distante... - respondeu ele da mesma forma descontraída que a pergunta havia sido feita, mas ao receber o olhar interrogativo da jovem, ele fez uma careta enquanto pensava em suas palavras – Eu fui criado em um bairro distante, pequeno e com poucos vizinhos, então onde eu moro não possuo vizinho nenhum, é bem tranquilo, nada de poluição, nada de trânsito, apenas o cantar dos grilos – riu Leeteuk abrindo um par de covinhas em suas bochechas e um sorriso na face sadia de Taeyeon – Mas é muito distante do hospital, morar aqui será bem melhor – finalizou o mais velho com um beijo no topo da cabeça de Taeyeon.

– Sem vizinhos, tranquilo, nada de poluição, nada de trânsito, apenas o cantar dos grilos... - refletiu o mestre voltando a sua poltrona – Isso não te parece familiar?

– Ele mora... Na floresta como nós – disse a loira em um sobressalto e sorriu com desprezo – Buscarei os melhores rastreadores e detectores e avisarei a C.L que uma grande batalha se aproxima. Lee Donghae não passa desta noite!

– Por que a pressa irmãzinha? Primeiro o encontre e depois eu decidirei o que fazer – retrucou o homem tornando frio e inexpressivo novamente e sentou-se a sua imponente poltrona que se assemelhava a um trono, nada mais digno, pensava ele.

– É melhor que fique, não quero que se exponha, não quero correr o risco de falhar, e não digo isso porque duvido de você, caro irmão, apenas não quero subestimar o quarteto. Além do mais se esperarmos demais, HeeChul preverá nosso ataque e eles fugirão novamente. Deixe-me atacá-los imediatamente.

– Primeiro os encontre! - ordenou o homem um tom mais alto que o normal.

Mesmo explodindo por dentro, Taeyeon respirou profundamente e assentiu com a cabeça. Sua submissão era palpável, mas assim que deu as costas, ela revirou aos olhos bufando de irritação.


P.O.V – LeeTeuk on

Depois de HeeChul fazer algo que feria completamente seus princípios, eu sentia no ar que ele precisava ficar sozinho e nem precisava do meu sexto sentido para perceber isso, sendo assim me juntei com os dois mais novos para fazer o almoço.

Quando os chamei, imaginei que ambos teriam algum talento na cozinha por serem filhos únicos e morarem apenas com um dos pais, tendo que se virar para se alimentar, mas quando comecei a dar as ordens, percebi que Kyuhyun continuava o mesmo desastre de sempre e Pedro queria lhe usurpar o primeiro lugar.

– Você está cortando errado – falei para Pedro que esquartejava uma cenoura que eu havia pedido muito gentilmente que ele cortasse em tiras finas – É assim – disse pegando outra cenoura bem madura e lavada, que estava sobre a pia próximo a tábua que ele usava para cortar os legumes, e fiz uma breve demonstração – Aprendeu? - perguntei ao fim lhe devolvendo a brilhante e afiada faca, algo muito perigoso de se fazer, mas mais perigoso que isso era colocá-lo no fogão junto comigo e Kyuhyun.

– Omo! Mas é isto que estou fazendo – protestou o menor fazendo um bico mimado, mas minha expressão incrédula o irritou mais do que ele estava ficando por tentar cortar a cenoura do modo que eu queria - Olhe – disse ele juntando as sobrancelhas na base da testa e cortou uma parte da cenoura bem mais rápido e bem mais torto do que já estava fazendo.

– Você chama isso de tirinhas? - perguntei erguendo um dos fiapos mal feitos que ele havia cortado e peguei a cenoura que eu estava usando como demonstração – É assim que se faz – colocando-a sobre a tábua, passei por trás do menor e segurei suas mãos para guiá-lo – A mão esquerda tem que segurar bem firme assim, enquanto a direita lentamente vai riscando o que deseja cortar... - enquanto eu explicava passo a passo, senti a mão do menor esfriar e seu corpo enrijecer. Ainda perguntei se ele estava bem, se queria continuar, mas com uma resposta afirmativa continuamos até que o legume estivesse muito bem cortado - Viu Pedro, não é difícil... Pedro? - perguntei ao perceber a ausência do som de sua respiração.

– Ele congelou! Ele congelou! - riu Kyuhyun que fingia fritar batatas, sendo que na verdade estava morrendo de medo do óleo que espirrava.

– Eu entendi hyung – finalmente respondeu Pedro saindo de seu transe e aproveitou-se do meu descuido para afastar suas mãos das minhas – Ee-ee-eu cortarei tudo... Tudo certinho - disse o menor com suas bochechas salientes tornando-se rubras, aquilo pelo menos era um bom sinal, seu corpo devia estar esquentando novamente. Apenas sorri.

– Tio Jung-su, essa carne vai queimar – disse Kyuhyun me chamando de volta ao fogão.

Tentariamos fazer uma grande variedade de alimentos, quem sabe assim receberíamos um elogio de HeeChul – não que eu me importe. De volta ao fogão mexi a carne de aparência degustável e provei um pedaço.

– Falta sal – o pensamento escapou dos lábios, mas antes que eu voltasse com o sal, Kyuhyun me pediu para experimentar também, provavelmente por duvidar do meu bom gosto, mas após Pedro se sacrificar daquela forma para parar uma briga desnecessária entre mim e KangIn, eu estava com toda a minha paciência disponível.

De cabeça baixa e olhar perdido, chegou KangIn a cozinha. Ele estava tão absorto em pensamentos, que simplesmente tentou integrar ao ambiente encostando-se no batente da passagem e mantendo seu olhar fixo ao chão, mas não demorou para que o curioso Pedro o notasse.

– Tio KangIn, você está bem? - perguntou o menor deixando por segundos a faca de lado, enquanto franzia o cenho preocupado.

– Oh! Pedro – disse o recém-chegado aéreo, mas tratou de forçar um sorriso para o pequeno – Estou bem sim... – mas com o meu olhar e o de Kyuhyun sobre sua face, era óbvio que sua mentira não estava convencendo, porém, KangIn não parecia disposto a nos contar o que o afligia – Esqueçam isso, eu tenho uma grande notícia para vocês.

– Ai minha cabeça – reclamou o maknae levando a mão à testa, enquanto reprimia uma careta de dor. Preocupado como eu sempre me mantinha, ainda mais quando o assunto era o desastrado e desobediente do Pedro, corri até o menor e o envolvi em meus braços para evitar que ele caísse ou se machucasse com a faca que se mantinha na tábua frente a si.

– Você está bem? - perguntei um tom mais baixo que o normal próximo ao ouvido do menor, que nos mesmo instante enrijeceu seu corpo e escapou dos meus braços com a mesma velocidade e intangibilidade do vento.

– Estou sim, estou sim, estou sim – disse o menor em uma mistura de nervosismo com desespero. Pedro era extremamente confuso e tentando não deixa-lo mais constrangido ainda, apenas sorri e balancei a cabeça negativamente – Mas então tio KangIn, não me diga que seus poderes voltaram ao normal?

– Omo! Que bruxaria é essa? Como você adivinhou assim tão facilmente? - questionou o moreno arregalando aos olhos.

– Já estava na hora – brincou Kyuhyun rapidamente e com a mesma velocidade, completou – O que vocês fizeram para desfazer a troca? Onde está o tio HeeChul?

– Ahn... A Cinderela deve estar por ai comemorando por recuperar seus poderes, vocês sabem como ele é, não é mesmo? Isso significa que ele pode voltar para o seu confortável apartamento e me esquecer, isso será muito significativo para ele, tenho certeza que sim.

– Aigo! Não diga isso tio KangIn, pode não parecer, mas o hyung-nim se preocupa com você, você devia se preocupar com ele também – retrucou Pedro em meio a um beicinho tristonho, mas ao mesmo tempo irritado. Eu adoraria ser defendido por ele daquela forma.

– Ha-ha-ha, piada boa essa. Tem outras do mesmo estilo? E não me olhe desse jeito, eu conheço o Heechul há mais tempo que você para saber exatamente como ele é, como ele age e principalmente com o que ele se importa.

– E pode ter certeza que eu não me importo com algo insignificante como você, Kim Youngwoon – completou Heechul em uma entrada triunfal a cozinha – O que vocês estão fazendo em minha cozinha hein? Já basta eu destrui-la, agora vocês querem destruir nossos estômagos? Vamos, saiam todos, eu termino isso – ordenou o dongsaeng expulsando a todos com um olhar frio preso em sua face, mas houve alguém que ele ordenou que ficasse.

– Por que eu tenho que ficar? - questionou Kyuhyun, um dos primeiros a tomar o rumo da saída, em meio a um enorme bico decepcionado.

– Porque você cozinha pior do que o meu pai, e olha que ele nunca passou perto de uma cozinha, e pelo seu tamanho... Hoje você só sai daqui como uma dona de casa – disse HeeChul pegando aventais limpos em um dos armários.

– Epa tio Heechul! Dona de casa não.

– Você entendeu, agora lave essas mãos novamente, muito bem lavadas, e coloque o avental, você vai aprender tudo o que é necessário para se alimentar de forma simples e saudável. Vamos garoto, eu não tenho o dia todo! – resmungou o dongsaeng ao perceber a falta de vontade do tecnólogo.

– Pensei que agora você voltaria correndo para o seu lindo apartamentinho – provocou KangIn ostentando um sorriso cínico nos lábios. Mesmo sem saber o motivo da troca, só pela forma extremamente fria com a qual ambos estavam se tratando, ficava claro que não havia sido fácil.

– Cale-se KangIn! Sua voz me enoja! - retrucou Heechul tão munido de desprezo, como alguém era capaz de suportar. Ainda houve uma troca de olhares intensos entre os dongsaengs até que KangIn se rende-se e seguisse conosco para longe da cozinha.

– Tio KangIn – chamou o menor, enquanto este seguia para a varanda – Como foi ter os poderes do Heechul hyung?

– Oh... Você quer mesmo saber sobre isso? – perguntou o dongsaeng que simplesmente havia ignorado o chamado de Pedro, provavelmente por pensar que o menor tentaria uma reconciliação entre ele e Heechul, mas ao perceber que não era isso, parou e encarou ao Pedro que assentiu animadamente com a cabeça – Alguns poderes eram legais, outros não cheguei a desenvolver... Venha, vamos conversar na varanda – completou KangIn esticando seu braço para Pedro e o acompanhou com um entusiasmado sorriso.

Depois do farto almoço, convenci Pedro a treinar comigo seus campos de força e intangibilidade, uma combinação interessante, se ele soubesse controlar melhor a segunda. A criocinese que também estava na lista, acabou sendo deixada de lado, mas a cura instantânea ficou para os diversos hematomas em seu corpo, em especial no tórax e nas costas.

Durante o jantar, também feito por HeeChul e Kyuhyun, ele não parava de reclamar de dores, mas também não deixava que ninguém visse aos seus roxos, que segundo ele, estava ficando verde. Houve é claro, algumas implicâncias entre HeeChul e KangIn, mas ao fim do dia, nem HeeChul nem KangIn haviam deixado o sobrado, o que era algo bom, mas ao mesmo tempo ruim.

– Jung-su hyung, ajude-me com a louça – pediu sério o segundo mais velho, que recolhia calmamente as tigelas, enquanto Pedro, KangIn e Kyuhyun corriam para a televisão para saber com quem ficaria o controle remoto. Até mesmo por não ter nada de interessante para fazer, a não ser rir dos três por se digladiarem por causa de uma televisão, aceitei ajudar ao mais novo.

Quando trouxe a última tigela, ele terminava de ensaboar a primeira e pediu que eu a enxaguasse e secasse, que assim que ele terminasse, ele me ajudaria. Sem contestar comecei a fazer o que me havia sido pedido, porém em determinado ponto, Heechul começou a sussurrar:

– Jung-su hyung sinto que algo de muito ruim acontecerá, acho que o quanto antes ligar para Siwon, melhor será. Precisamos ficar juntos, precisamos proteger ao Donghae. Minha visão... – ele hesitou e olhou para trás, conferindo se não havia mais ninguém no ambiente – Minha visão com o Donghae...

– De qual visão está falando?

– Você se lembra de quando o Donghae usou um campo de força para me proteger do Young-woon? – perguntou ele sempre preocupado em estar sendo ouvido por terceiros. Assenti com a cabeça – Então, pouco depois eu previ que o Donghae seria...

– Hyung-nim, onde você dormirá? – perguntou o assunto de nossa conversa, adentrando repentinamente a cozinha, mas devido ao nosso silêncio pela inesperada entrada, ele completou – Quero tomar um banho e cair na cama, então se não se importa, eu adoraria ficar no meu quarto...

– Nem pensar – disse o novamente vidente enxaguando suas mãos e caminhou em direção ao mais novo – Ajude o hyung que irei para cama primeiro que você. E quero tudo limpinho! – gritou o dongsaeng das escadas.

Em meio uma careta contrariada, o menor caminhou até mim e perguntou o que deveria fazer. Depois que terminamos, ele subiu para o meu quarto. KangIn e Kyuhyun ainda assistiam televisão quando terminamos, por isso resolvi segui-lo. Infelizmente ele já havia entrado no banheiro e trancado a porta quando cheguei, me impedindo assim de ver se ele ainda estava com algum hematoma.

– Pedro – disse me sentando assim que ele saiu do banheiro, já que o tempo inteiro eu havia ficado deitado na minha cama encarrando a monótona porta apenas para lhe fazer uma pergunta – Como estão os hematomas?

– Estão bem – respondeu o menor tocando superficialmente sua barriga coberta com uma camiseta de mangas longas listrada e desviou o olhar para o chão – Líder, vá tomar um banho, você está fedendo! – brigou ele sem mais nem menos.

– Eu? – perguntei completamente pasmo, se eu estivesse fedendo como o seu tom indicava, Heechul dongsaeng teria jogado água em mim e não seria a água da pia.

– Sim, você! – retrucou o menor com um olhar frio e o cenho franzido – Vá tomar um banho de uma vez, não quero que passe sua catinga para a nossa cama – disse ele do modo arrogante que Heechul costumava ser e fez movimentos com as mãos me mandando descer do móvel.

Embora contrariado e ofendido, me ergui da cama e segui para o banheiro. Enquanto a água gelada olhava meu corpo, comecei a pensar no comportamento do menor. Ele havia perdido um pouco de sua revolta, havia se tornado mais seguro de si, assim como arrogante. Eu não podia culpa-lo, as influências a sua volta não eram das melhores, mas eu daria um jeito de torna-lo mais humilde, nem que fosse com a coisa mais simples do mundo, mas eu pensaria em algo.

Quando deixei o banheiro vestido com uma calça bege e uma regata branca, encontrei com Kyuhyun que passava com muita dificuldade pela porta juntamente com um colchão de solteiro e um travesseiro. Pedro preguiçosamente apenas o observava.

– Como tio Heechul está trancado no quarto do Pedro e tio KangIn no quarto dele, eu vou dormir com vocês – avisou o tecnólogo todo feliz e depositou seu colchão ao pé da minha cama de casal.

– Com medo do escuro hyung? – perguntou Pedro com um sorriso sarcástico nos lábios, aquela devia ser uma das primeiras vezes que eu o via ser tão respeitoso com Kyuhyun a ponto de chama-lo de ‘hyung’, mas não, Pedro não era um garoto muito respeitoso, pelo menos não com o Kyuhyun.

– Ha-ha-ha!

Franzi o cenho observando ao tecnólogo arrumar sua cama, enquanto Pedro estava esticado solitário na enorme cama de casal. Aquilo me parecia tão injusto, que assim que Kyuhyun sentou-se em seu colchão, pronto para se deitar, fiz sinal para que ele deixasse o colchão.

– Vamos fazer uma troca, eu durmo aí e você dorme com o Pedro.

– Eu posso hyung? - perguntou o nerd com seus olhos brilhando. Quando ele era menor eu costumava ser mais gentil com ele, e esse tipo de gentileza depois de tanto tempo, devia ser o motivo do brilho incomum em seus olhos tão escuros.

– Vai logo – respondi abrindo um sorriso torto e me apossei do colchão.

Ainda sem acreditar, Kyuhyun se levantou e pulou na cama. A careta de pavor de Pedro não poderia ser maior, mas a felicidade do nosso mais antigo mascote era mais importante que o egoísmo de Pedro.

– Se você abrir a boca, eu te sufoco com o travesseiro – ameaçou o menor com os olhos semicerrados.

Diante de uma briga como aquela, só me restava rir. E sorrindo me acomodei no macio colchão e fechei meus olhos.

P.O.V – LeeTeuk off


P.O.V – Pedro on

Kyuhyun roncava mais alto do que o motor de um trator. Se não fosse por Park que poderia testemunhar contra mim, eu o sufocaria como na ameaça. Depois de buscar pela décima vez uma posição confortável, e não encontra-la, já que o ronco de Kyuhyun era insuportável, desci da cama e me rastejei até o colchão do líder, que estava deitado de lado e com o braço esquerdo embaixo da cabeça.

– Líder, você está acordado? - perguntei em um sussurro, cutucando suavemente sua perna.

– Pedro... - disse ele sentando-se vagarosamente e fitou a cama onde Kyuhyun dormia – Como se eu conseguisse dormir com este trator aí do lado.

Foi impossível segurar o riso.

– Estou com sede, desça comigo.

– Ok – respondeu o mais velho sem ao menos pensar, sua cabeça devia estar tão ruim quanto a minha. Em um momento como aquele eu adoraria ter o sono pesado de tio KangIn.

Pela falta de pressa, descemos lentamente para a cozinha e quando Leeteuk acendeu a luz, esperei um bom tempo até que minhas pupilas se acostumassem com aquela claridade excessiva, para só então adentrar completamente e sentar-me no balcão.

– LeeTeuk hyung, uma pessoa mais nova pode se apaixonar por uma pessoa mais velha? – perguntei enquanto ele se movia pela cozinha, indo dos armários com copos a geladeira – Se isso acontecesse elas poderiam... Se casar?

– Nós já conversamos sobre isso Pedro e continuo com a mesma opinião – respondeu o líder sem dar muito importância.

– Mas pra mim isso continua sendo pedofilia – retruquei fazendo um enorme e meigo beicinho manhoso.

– Pedro... – falou o mais velho me entregando o copo com água – Você me ama? – o susto foi tamanho que prendi a respiração e arregalei aos olhos. Nada mais no meu corpo funcionava, nem mesmo pensar eu conseguia, minha reação havia sido tão inesperada, que até mesmo o líder se assustou – Você me ama como um filho, não ama?

– Ahn... Como um filho... Ah! Claro, eu gosto muito de você líder, você no quesito pai, está nota dez nas surras, só falta melhorar um pouco na parte do cuidado – respondi com um sorriso crescente em minha face e tomei um gole da água.

– Ei! Eu estou me esforçando, escutou? E eu cuidado muito bem de você, sou o que mais te protege, apenas tenho métodos estranhos de ensino... – e coloca sadomasoquismo nisso – Mas saiba que meu único sonho é vê-lo como uma criança normal, correndo com as outras no parque, sorrindo e sendo feliz e saudável.

– Omo líder, eu não preciso ser uma criança normal, eu preciso apenas... – um movimento impreciso fez todas as minhas costelas do lado esquerdo do meu corpo, latejarem pela dor e arrancarem um grito baixo do fundo da minha garganta.

– Pedro... – disse o mais velho agarrando aos meus ombros – Você está bem?

– Os hematomas... – respondi desfazendo aos poucos minha careta de dor – Eles continuam iguais...

– Não acredito que bloqueou sua cura instantânea... Seu quinto poder deve estar chegando, espero que ele apareça de uma vez, cura é algo especial, você precisa treina-la... – ao perceber que ele não pararia tão cedo de falar, o interrompi.

– Sabe líder, só porque você é um líder bem legal e me causou muitos hematomas, vou ser sincero com você, mas você tem que prometer não se zangar, muito menos pegar o taco de beisebol.

– O que foi agora Pedro? O que você fez? – questionou ele franzindo o cenho preocupado.

– Omo! Eu não fiz nada, apenas descobri qual é o meu quinto poder, ou seria sexto? Bem sem contar a imortalidade, que até agora não vi agir em meu corpo, e também sem contar a telecinese, eu já sei qual o meu quinto poder.

– Sabe? - perguntou ele arregalando aos olhos.

– Sei... – foi então que hesitei, eu ia apanhar, eu sabia que ele ia se zangar por eu não ter contado nada antes, então pensei em uma forma das coisas ficarem boas para o meu lado - Hoje na cozinha... Eu li a mente do tio KangIn.

– Você... ...lê... ...mentes? – balbuciou ele muito vagarosamente, enquanto eu apenas assenti com a cabeça – Por Deus! Eu preciso avisar ao Heechul, não saia daqui! – ordenou o líder e saiu correndo sem ao menos fazer um teste ou algo parecido.