Eu e Kyu nos encontramos na porta do hyung-nim, ambos com a mão na maçaneta. Houve uma breve troca de olhares intensos, mas antes que eu conseguisse abrir o caminho, ele me jogou com o ombro na porta do quarto ao lado e adentrou correndo ao socorro do hyung-nim. Tentei ultrapassa-lo na corrida até o banheiro secreto, de onde vinham os pedidos de socorro, mas ele era espaçoso o suficiente para me manter atrás de si. Na pequena pausa que ele fez para abrir a porta do banheiro, fechei os olhos e bufei com força. Antes que ele empurrasse a porta, atravessei a ambos e corri para a banheira de onde voava água para todos os lados.

– Hyung-nim! – gritei parando por uma fração de segundos, enquanto observava a situação, e corri ao encontro do maior que se afogava na banheira – Eu te salvo hyung-nim – disse agarrando ao seu tórax por trás e o puxei para cima, mas imediatamente ele protestou.

– Não! Eu estou desnudo! Não! – gritou o maior desesperado, enquanto Kyu ainda tocava a sua própria barriga assustado. Aquela devia ser a primeira vez que alguém literalmente atravessava seu corpo.

– Desculpe hyung-nim! – choraminguei soltando ao maior e recuei, mas no mesmo instante ele afundou na banheira e voltou a emergir pedindo por socorro – Oh! O que eu faço? – perguntei ao Kyu que estava parado ao meu lado.

– Salve ele logo! – esbravejou o maior me sacolejando pelos ombros.

Fiz uma careta. Se eu não podia tirá-lo da água, como o salvaria? Em meios a gritos e sacolejos, não tive tempo para pensar, simplesmente fechei os olhos, estiquei minha mão direita espalmada para o mais velho e desejei que ele se salvasse de alguma forma. Quando abri meus olhos, a banheira estava congelada, até mesmo a espuma havia se tornado gelo. O rosto pálido do mais velho estava preso na superfície congelada. Ele ensaiou dizer algo e após algumas tentativas, conseguiu falar muito lentamente.

– Me des-con-ge-le – os lábios arroxeados do mais velho tremulavam pelo frio.

– Eu... – cocei ao meu braço esquerdo desconfortavelmente – Eu não sei descongelar – disse por fim escutando o grunhido alto do mais velho, mas nada foi mais assustador que o sorriso do Kyu.

– Vou buscar um maçarico – anunciou o nerd com um sorriso psicopata em seus lábios cerrados e saiu do banheiro saltitante, enquanto eu o acompanhava com os olhos, assustado.

– Um maçarico? Ele disse maçarico? Você tem um maçarico hyung-nim? O que você faz com um maçarico em casa? – e aquilo era só a ponta das minhas inúmeras perguntas sobre a existência de uma arma tão perigosa em uma residência.

– Argh! Inútil – rosnou Heechul irritado e inspirou o ar com força – Eu vou me soltar sem a ajuda de qualquer um dos dois, agora saia!

– Mas hyung-nim... – disse me aproximando sorrateiramente – Eu só queria ajuda-lo, e a propósito, como conseguiu se afogar em uma banheira tão rasa? – perguntei ao observar que a banheira batia na metade da minha coxa.

– Aigo! Saia! – esbravejou o mais velho, com sua face voltando a cor normal, somente pela irritação que esquentava seu corpo. Sem contestar, deixei o banheiro cabisbaixo, encontrando com Kyu na primeira entrada.

– Ele não quer ver ninguém, acho que vai se descongelar com o poder do tio KangIn... – minha tristeza era tamanha que eu evitava olhar nos olhos de Kyu, mas subindo o olhar lentamente por seu corpo esguio, me assustei ao ver que de fato ele havia buscado um maçarico... – Acho que nem isso o protegerá da fúria do hyung-nim... – avisei caminhando em direção a enorme cama de casal e esparramei tranquilamente por ela - Onde encontrou isso? – perguntei por fim, apontando sutilmente para o maçarico.

– Não importa – respondeu o nerd fazendo um enorme bico, que nada se comparava ao meu aegyo, e sentou-se na beirada da cama.

Fiquei observando ao nerd por um tempo, em sua mente havia apenas pensamentos relacionados ao hyung-nim, mas meu interesse não estava nisso, meu interesse estava em seu físico. Por possuírem idades parecidas e serem dois sedentários magrelos, seus corpos eram tão parecidos, que me arrepiei quando o nerd deitou na ponta da cama. Lembrar-me de Hyukie, ainda mais deitado em uma cama, não era o tipo de coisa construtiva.

– O que vocês estão fazendo aqui? - questionou o bravo hyung-nim, que deixava o banheiro usando um roupão rosa bebê e enxugava seus cabelos com uma toalha de rosto. Kyu saltou rapidamente da cama, enquanto eu apenas me sentei, mas a preocupação ainda era algo que me assolava.

– Hyung-nim, você está bem? - perguntei um tom mais baixo que o normal – Como conseguiu se afogar em uma banheira?

– Agradeço sua preocupação Donghae – respondeu o mais velho com um sorriso irônico.

– Tio Heechul, por que não admite que estava se afogando? Mas não se preocupe, não contaremos para nenhum tio, a não ser que nos diga o motivo – propôs Kyu, recebendo de resposta um rosnar ameaçador do mais velho.

– Aigo! Tudo bem – disse o hyung por fim. Nos contar o motivo devia ser menos constrangedor do que os outros tios saberem do ocorrido – Pirocinéticos não respiram embaixo d'água, satisfeito? Agora você e o... - começou o mais velho caminhando em nossa direção, mas subitamente se calou e farejou o ar – Que perfume masculino é esse? - perguntou ele se aproximando vagarosamente e fungou próximo ao meu pescoço – De quem é esse perfume? - questionou ele me encarando com os olhos arregalados.

– Perfume? - perguntei erguendo a gola da camiseta e praguejei quando percebi que o perfume de Hyukie estava impregnado em mim pele – Ahn... Eu não sei, deve ser do Sungmin hyung...

– Você não o abraçou na praça – retrucou Kyu de imediato com os olhos semicerrados e aproveitou-se da situação para sentir o perfume que exalava da minha pele – Verdade, é perfume masculino e não é de nenhum dos mais velhos.

– Você que não percebeu – retruquei no mesmo tom áspero, em conjunto com os olhos semicerrados – Agora vamos, deixe o hyung-nim descansar – disse me levantando rapidamente e encarei ao mais velho – Se precisar de algo é só chamar.

– Tá, tá, agora saia – respondeu Heechul fazendo um rápido movimento com a mão direita.

Muito contragosto Kyu me acompanhou, mas quando escutei o som da porta do hyung-nim bater a minhas costas e toquei a maçaneta da minha, o nerd agarrou meu braço esquerdo e me virou para si.

– Você – disse ele sério me soltando – De quem é esse perfume? E nem me venha com a do Sungmin porque eu sei muito bem que você não o abraçou.

– Claro, se eu tivesse abraçado o hyung você teria surtado como estava fazendo. Eu sei tudo o que se passa na sua cabeça Kyu hyung.

– Oh! Então é verdade? Você é mesmo um telepata? – questionou o nerd abrindo um sorriso maroto. Imediatamente comecei a tossir desesperado, há quanto tempo ele sabia daquilo? Quais seriam as chances dos outros hyungs saberem?

– De onde você tirou isso? É óbvio que não – consegui dizer após um longo tempo sem ar.

– Não minta pra mim Pedro! Eu sei tudo o que se passa na sua cabeça – disse ele imitando minha voz – E eu sei muito bem como você faz para sabê-lo, e além do mais sua dor de cabeça e resposta para os meus pensamentos está tudo relacionado, mas a pergunta que não quer calar é: Por que não contou para o quarteto? Por que todo esse segredo? - questionou o mais velho me deixando boquiaberto – Responda de uma vez ou eu mesmo contarei ao tio Heechul.

– Tudo bem, tudo bem, tudo bem. Você venceu Kyu, eu posso mesmo ler mentes, descobri isso há alguns dias, mas preferi manter em silêncio para sondar livremente as mentes do quarteto. Afinal, eles são tão misteriosos que acreditei que esta minha nova habilidade me faria conhecê-los melhor, porém, se eles soubessem, provavelmente evitariam pensar coisas que não teriam coragem de dizer a nós.

– E você conseguiu ouvir algo assim?

– Não, minha habilidade tem falhado ultimamente, tanto que no momento em que reclamei de dor de cabeça foi o instante em que ela voltou e voltou tudo de uma vez, todas as pessoas da praça falando juntas, porém sem se importar com as vozes ao redor.

– Oh! Então você leu meus pensamentos sem querer? - perguntou ele mais calmo. Simplesmente assenti com a cabeça – Então faremos um acordo, você para de ler minha mente e eu não conto nada para os nossos tios.

– Normalmente quando a telepatia vem de forma intensa, eu não consigo 'bloquear' um pensamento, mas farei o possível para ignorar seus pensamentos hyung – disse abrindo um largo sorriso.

Ele sorriu com o canto dos lábios.

– Ler pensamentos deve ser tão legal... - disse ele em meio a um sorriso bobo e bagunçou meus cabelos – Desculpe-me ser tão rude, mas é que a ideia de ter alguém em minha cabeça estava me irritando e não se esqueça... - disse ele endurecendo seu tom – Nada de ler meus pensamentos.

– Certo Kyu hyung.

– Agora vá dormir Pedro.

– Boa noite – desejei ao nerd magrelo e entrei em meu quarto fechando a porta em sequência.

Finalmente só, respirei profundamente e me joguei em minha cama. Ainda era possível sentir o perfume do Hyukie no ar e a lembrança de seus lábios tocando minha pele, me arrepiava todo. Respirando pesadamente, abracei meu travesseiro. Hyukie havia quase me estuprado no meu próprio quarto, pensei em um sobressalto arregalando aos olhos, eu nem gostava de imaginar o que teria acontecido caso Heechul não tivesse misticamente se afogado. A única coisa que eu conseguia pensar era que nunca mais chamaria Hyukie para entrar em meu quarto.

Pensando um pouco mais sobre o risco que eu havia passado com o pedófilo de lábios nervosos, lembrei-me do que me levou a tudo aquilo. Era um agradecimento por ele ter levado Kyu são e salvo para casa, o que me fazia crer que...

– Ele sabe o que aconteceu com Kyu! - exclamei me sentando no colchão – Eu preciso falar com o hyung – disse saltando da cama, mas então me lembrei dele me agarrando na minha cama e voltei a me sentar – Aigo! Não posso ligar para ele... Kyu me desculpe, mas você ficará sem memória por mais um tempo – conclui me jogando na cama novamente.

P.O.V – Pedro off


Com tão negra escuridão escondida por trás das paredes, as preocupações eram deixadas de lados, as aflições e até mesmo medos, todas as pessoas eram envolvidos pelos braços calorosos de Morfeu e convidados a sonhar, mas na gigante Seoul havia alguém acordado. Uma jovem de cabelos dourados que cobriam os ombros, observava a cidade adormecer do alto de um prédio. Cada vez que uma pessoa fechava seus olhos, ela farejava no ar o seu espírito livre a voar. Tão livres, pensava a jovem distante, mas ela não estava ali para sondar os sonhos das pessoas, ela estava ali, pois queria encontrar uma pessoa em especial.

A brisa fria cortou-lhe a face como um aviso e vagarosamente ela se afastou do parapeito. A pessoa que ela tanto procurava finalmente havia adormecido, era isso que o vento lhe dizia. Sentada a um metro do parapeito, a jovem fechou seus olhos e mentalizou a imagem do homem. Com tantas pessoas adormecidas, não era assim tão raro ela se enganar vez por outra, mas assim que mentalizou o oppa, seu corpo pálido e esguio, tremulou com violência. O frio na barriga a fez ofegar, mas rapidamente a ventania cessou, sobrando nada além do silêncio.

– Ele não sonha... Ele nunca sonh... - dizia a jovem cabisbaixa, envolvida na escuridão, mas foi interrompida por um riso infantil. A escuridão na qual havia mergulhado, foi tomando luz e forma e quando menos esperava um parque formou-se adiante de ti. A criança que ria contente, surgiu de suas costas e seguiu reto a ignorando por completo.

Habilmente ela se escondeu atrás de uma árvore e observou o garoto de aproximadamente seis anos correr em direção a quem ela procurava. Seu susto foi tamanho, em ver Leeteuk abraçar ao garotinho e tira-lo do chão, que ela virou-se na direção oposta, pensando em deixar aquele sonho feliz, mas uma queimação em sua mão a fez parar.

– Ai! - reclamou a jovem erguendo sua mão esquerda, mas em seu lento movimento ela percebeu de onde partia aquele calor. Embora as copas das árvores cobrissem boa parte do céu, ela havia parado exatamente em uma brecha das folhas, permitindo assim, sentir a intensidade do sonho em sua pele pálida. Resmungando algo inaudível, ela respirou profundamente e caminhou decidida em direção ao homem – Leeteuk!

O mais velho que ria e brincava com o pequeno, olhou em direção ao chamado endurecendo sua expressão. Aquela voz lhe era tão conhecida, que não havia como ele se confundir.

– Taeyeon – respondeu ele colocando o garotinho de cabelos castanhos escuros de volta ao chão – O que você quer?


***


O sol beijou as copas das árvores trazendo brilho e calor a escura floresta, mas isso não era o suficiente para acordar aos jovens que ali residiam. Cada qual com sua história, sua identidade, mas unidos por um único objetivo. O silêncio foi rompido pelo roncar alto do motor. Uma moto tão negra quanto o céu noturno sem estrelas, cortava a floresta com velocidade. Quando chegou ao acampamento, acordando por consequência meia duzia de jovens, ela foi direto aonde lhe interessava.

– Eu encontrei – disse Taeyeon adentrando aos aposentos de seu superior.

O mestre de feições chinesas e pele bronzeada, ainda acordava de seu descanso quando ouviu a feliz notícia. Imediatamente ele se ergueu da cama e sem ter tempo de ao menos escovar os dentes, ordenou com um sorriso nos lábios:

– Mate-o!


***


Taeyeon não havia sido a única residente a passar a noite fora, havia um jovem, que assim como ela, finalmente dava o ar da graça em seu refúgio. O corpo esguio do jovem Eunhyuk, se materializou na tenda principal, mas isso não significava em nada, que sua mente estava presente, pois a mesma sobrevoava o mais vasto oceano, sonhando com um brasileiro de feições coreanas. Embora interrompidos, Eunhyuk não conseguia definir sua noite anterior com palavra diferente que não fosse 'perfeita'. Perdido em seus pensamentos como ele estava, não percebeu a aproximação sorrateira de uma jovem de longos cabelos negros.

– Hyukie! Onde você esteve a noite toda? - questionou a garota telecinética, que havia sido encontrada no beco, agora com uma aparência bem melhor e roupas novas.

– Aish Saji! - se assustou o mais velho, mas rapidamente tratou de fechar a cara para a adolescente - Já lhe disse para não me chamar assim, me chame por Eunhyuk oppa – resmungou o loiro com expressão brava e rapidamente completou – E isso não é da sua conta.

– Oppa! Não seja assim, eu só quero saber onde esteve.

– Não adianta, eu não vou lhe contar nada – retrucou o mais velho cruzando os braços sobre o tórax.

– Yoseob oppa disse que um garoto te ligou, um tal de Donghae, quem é esse garoto? Por que está tão arrumado? - exigiu a saber a mais nova.

– Não é de sua... - dizia Eunhyuk pela milésima vez, quando foi interrompido pelos passos firmes de Taeyeon.

– Eunhyuk, o mestre lhe ordenou que viesse comigo... Sozinho – seus olhos correram ao local desdenhando a figura de Saji, que apenas fez um enorme bico - Mas desta vez Eunhyuk, nem pense em me decepcionar ou eu mesma acabo com sua raça – ameaçou a loira e deu as costas.

– Eu quero ir junto oppa – pediu a telecinética assim que Taeyeon deixou o local com sua postura arrogante e prepotência absurda.

– Você não foi chamada, então fique aqui e não arrume confusão. Além do mais sua telecinese é muito fraca, você precisa treinar muito mais – respondeu o mais velho em seu tom frio e rígido.

– Não oppa, eu já sou...

– Fique! - ordenou o mais velho e saiu marchando.

Desde que havia sido encontrada por Eunhyuk e Jongjin morando nas ruas, Saji havia sido levada para o acampamento onde poderia desenvolver sua telecinese com outros que possuíssem igual ou semelhante habilidade, mas desde o começo ela tentava se aproximar especialmente de Eunhyuk, que sempre se esquivava da garota, dizendo ter outras coisas para fazer. Mas logo sua sorte mudaria, era preciso apenas um pouco de paciência.

Notando uma pequena aglomeração envolta de Taeyeon, Eunhyuk respirou profundamente e arrumou a postura. Pela quantidade de jovens, que na maioria das vezes andava em trio, ele acreditava que seria uma missão realmente séria. Talvez o pedido de Yoseob tivesse sido atendido, pensou ele otimista, talvez eles buscassem os incomuns que ficaram no laboratório, mas ele estava redondamente enganado.

– Para onde vamos? - perguntou friamente Eunhyuk, tentando de alguma forma, demonstrar que fazia parte daquele grupo tão sério e centrado. Taeyeon que finalmente assumia o comando de um grupo, se aproximou cautelosamente do rapaz e sussurrou o nome em seu ouvido – Por quê? O que vamos fazer? - perguntou o rapaz arregalando aos olhos.

– Apenas nos leve – ordenou a mulher.

Muito contragosto, Eunhyuk assentiu com a cabeça e esticou sua mão para a jovem. Taeyeon pousou sua mão direita sobre a dele. As duas jovens, Bom e C.L, tocaram-lhe os ombros, enquanto Yesung e DooJoon apenas se afastaram esperando por sua vez.

Em um piscar de olhos os quatro desapareceram restando apenas uma escura e densa fumaça para trás. Eunhyuk abriu os olhos recuperando o fôlego perdido, teletransportando tantas pessoas consigo, não havia como não se cansar. As duas jovens se afastaram, mas defronte consigo estava Taeyeon que se mantinha agarrada a sua mão.

– Não demore! – ordenou a noona direcionando-lhe um olhar frio e finalmente o soltou.

Eunhyuk apenas abaixou a cabeça em sinal de submissão e voltou a desaparecer.

Todos ali, exceto Eunhyuk, estavam cientes do que aconteceria, e com isso era possível reconhecer em suas faces a apreensão. A única pessoa que parecia realmente segura de si era C.L, uma jovem moldada pela violência e que não temia a absolutamente nada, apenas seguia ordens. DooJoon estava inconformado em ter que subir de elevador até o apartamento desejado, mas ele não era o único.

– Um ataque que se segue pelo elevador... - resmungou C.L de braços cruzados encarando a monótona porta metálica - Somos os mais pacíficos que existem – completou a garota com desprezo, mas foi rapidamente repreendida pela mais velha do grupo.

– Pra que chamar tanta atenção? Quer voltar para um laboratório?

Chaerin rosnou em resposta.

O sexteto seguiu em silêncio até o andar indicado. Seus corações apreensivos e temerosos, Bom principalmente, temia pelo confronto, mas jamais perderia uma oportunidade de mostrar seu treinamento. DooJoon que também não estava muito confiante, respirou fundo quando a porta metálica se abriu. Eunhyuk que desconfiava das intenções do grupo, recuou enquanto os outros saiam.

– Você não vem? - questionou Taeyeon ao notar a relutância do loiro após todos terem saído do elevador.

– O que vocês querem aqui?

– Antes da tacada final, precisamos nos livrar de uma pessoa – respondeu a coreana, também loira, abrindo um sádico sorriso. A porta metálica começou a se fechar, mas antes que ela quebrasse o contato visual entre ambos, ela completou – Não faça nada do qual vai se arrepender.

Eunhyuk ofegou diante de um sorriso tão cruel. A porta terminou de fechar restando-lhe apenas uma imagem e uma indecisão. O que ele poderia fazer para proteger Donghae? Por mais que seu coração gritasse para se teletransportar para o quarto do garoto, ele havia ouvido bem a ameaça de Taeyeon, que a propósito não havia sido feita apenas uma vez, então o que ele poderia fazer?

– Eles são arrogantes o suficiente para se manter no mesmo local... Abra! - ordenou Taeyeon para DooJoon, que sem pensar duas vezes, cerrou os dentes com força, enquanto desejava que seu punho se tornasse tão forte e resistente quanto o ferro.

Uma estaca certeira de C.L atravessou em cheio a câmera de segurança e sem qualquer tipo de impedimento, DooJoon fez a porta principal voar pelos ares. Taeyeon entrou primeiro. Por ter um apartamento no mesmo prédio, ela guiou o grupo até a entrada dos quartos. O apartamento de Heechul estava sendo invadido por um monte de deliquentes juvenis maus intencionados, e pelo horário, ele dormia tranquilamente em seus aposentos...

– Se separem – ordenou Taeyeon indicando os quartos e fez sinal para que DooJoon a acompanhasse. Embora fosse improvável que seu alvo estivesse ali, ela seguiu para a suíte com banheira.

Pouco tempo ela passava em seu apartamento, mas aquele era de fato seu lugar preferido. Cuidadosamente ela abriu a porta e fez sinal pedindo silêncio. O jovem seguiu sorrateiramente atrás de sua noona. O cômodo deveras requintado, escolhido por alguém de muito bom gosto, estava mal iluminado. O pouco de claridade que atravessava as cortinas e iluminava o quarto, não era suficiente, mas ainda assim era possível ver uma cama de casal no centro do cômodo. A saliência na cama, abriu o sorriso de Taeyeon, podia não ser Donghae, mas ela teria prazer em acabar com Heechul. Fazendo sinal para que DooJoon se preparasse, ela tocou o edredom repleto de quadradinhos amarelos e levantou bruscamente. Sua respiração por segundos cessou. A surpresa havia lhe arrancado às palavras, nem mesmo seu subalterno conseguia dizer algo.

– Co-coo-mo...? - gaguejou a mais velha ainda presa a um turbilhão de pensamentos.

– Taeyeon unnie! Taeyeon unnie! - dizia Bom adentrando aos berros no cômodo de Heechul – Não há ninguém aqui!

A expressão surpresa de Taeyeon foi rapidamente substituída pela raiva e indignação.

– Aquele cretino! Ele vai se arrepender! - esbravejou ela e saiu marchando. Os jovens apenas a acompanharam com os olhos, sem saber o que fazer diante daquela reviravolta.