– Devemos segui-la! – exclamou o loiro afoito, observando a bela jovem deslizar graciosamente por dentre as pessoas, e fitou o moreno de cabelos bem negros e espetados, que por ser o mais velho do quarteto, havia se autoproclamado líder, cabendo a ele, a decisão de segui-la ou não.

– Se a seguirmos ela saberá... Precisamos de um comum ou de um incomum que consiga se esconder... Já ouvi falar de incomuns assim, mas não conheço nenhum – respondeu Jongjin em meio uma careta pensativa e contrariada.

– Não podemos ficar parados – protestou Yuri impaciente.

– Onde seu irmão está?

– Ele está zangado comigo desde que descobriu que atendi seu celular e não o avisei sobre o desaparecimento do Kyuhyun... Se ele pelo menos soubesse dos meus poderes e do Kyuhyun, poderíamos contar com ele, mas ele não seguirá uma garota só porque eu quero e contar tudo a ele demoraria demais, não temos tempo para convencê-lo a isso – respondeu a jovem fitando ao menor que havia lhe feito à pergunta.

– Vamos perdê-la de vista – reclamou Eunhyuk fitando novamente ao líder, que embora relutante por ter que contrariar o irmão mais novo, acabou concordando com o rapaz de cabelos loiros e iniciaram uma perseguição nada discreta no centro da cidade.

– Ela sabe que estamos a seguindo, ela sabe e não está intimidada, isso não é normal. Eu me sentiria intimidado caso encontrasse um grupo tão grande de incomuns... - dizia Jongjin mais para si mesmo do que para os outros, enquanto seguia a jovem que caminhava tranquilamente do outro lado da rua.

– É, mas você é um medroso e sua habilidade é passiva, se alguém lhe atacar no meio da rua você não poderá reagir – retrucou Eunhyuk sem ao menos pensar ou medir suas palavras, recebendo como resposta um tapa na cabeça que partiu de Yesung – O que eu fiz? - perguntou ele massageando o local do golpe, enquanto reprimia uma careta de dor.

– Não fale assim do meu dongsaeng – advertiu o moreno.

– Mas ele tem razão – retrucou Jongjin de imediato – Detectores conseguem apenas sentir a habilidade e o grau de desenvolvimento dela, se eu estivesse sozinho na rua e sentisse que um trio como vocês estava me seguindo, eu entraria em desespero.

– Talvez ela tenha mais de uma habilidade... - sugeriu Yuri pensativa.

– Não, isso não existe. Apenas os diferentes possuem mais de uma habilidade e eu posso afirmar com toda a certeza do mundo de que ela é uma incomum, uma detectora para ser mais específico.

– E falando em diferentes, você sabe dizer quais são as habilidades do senhor Donghae? - perguntou Eunhyuk como quem não queria nada, mas havia uma curiosidade oculta e totalmente pessoal em sua pergunta.

– Não, eu só consigo sentir uma força incomum dentro dele, o poder dele é o que eu chamaria de indefinido, geralmente as crianças incomuns são indefinidas até seus dez anos, depende muito da idade com o qual elas desenvolvem suas habilidades, mas com o Donghae é diferente, ele é extremamente forte para alguém que suspostamente não desenvolveu seus poderes ainda, eu nunca senti nada assim, nem mesmo o nosso mestre que se julga o poderoso dos poderosos é forte como o Donghae.

– E quais são os poderes do mestre? - perguntou Yuri curiosa, afinal, ela havia se juntado ao grupo do acampamento apenas com o ideal de libertar os incomuns e treinar seus poderes, mas como todos os jovens ali presente, nem sequer sabia o nome real daquele que se nomeava apenas como mestre.

– Eu nunca o vejo e quando consigo isso há sempre muitos incomuns envolta, é difícil se concentrar desta maneira... - resmungou o menor fitando ao chão, mas subitamente suas pernas paralisaram – Esperem! – pediu ele fazendo sinal para os outros também parassem – Tem outro incomum chegando.

– Qual o poder? - perguntou Yuri, a única garota que normalmente se unia aquele grupo, buscando com os olhos a pessoa mencionada, mas não havia ninguém para ser visto, não de primeiro instante. Uma densa nuvem escura cobriu o sol, enquanto a respiração do novo tornava-se pesada e descompassada.

– Corram! - foi tudo o que Jongjin respondeu em meio a um grito rouco e saiu correndo na direção oposta que eles seguiam.


P.O.V – Pedro on

– Não, isso não está certo! Eu não tenho uma filha, eu nunca tive filhos! - afirmava Heechul hyung caminhando de um lado para o outro da sala, enquanto literalmente bagunçava seus cabelos.

– Durante a festa na agência do Siwon, eu previ que a Jessica lhe contaria, mas não previ o porquê, deve por isso, a Krystal vai ser sequestrada, então desesperada ela te conta para que ajude nas buscas – sugeriu tio KangIn, que agora estava sentado com as pernas cruzadas sobre o sofá, por causa do líquido fumegante que ele havia derrubado no tapete.

– Mas eu não senti nada de especial perto da Krystal, ela me parece comum – retrucou o líder pensativo que havia descido do andar superior ao ouvir o som da caneca se partindo e o escândalo do hyung-nim.

– Talvez quem sequestrou o Kyu, saiba que a Krystal é filha do Heechul hyung e ache que ela pode ser uma diferente como ele, sendo que na verdade ela não possui habilidade nenhuma. Isso é possível né? – perguntei depois de muito pensar sobre o assunto, mas eu ainda não conseguia entender o porquê do hyung-nim ter uma filha. Eu pensava que diferentes não pudessem ter filhos.

– Mas ontem ela me contou que seu pai era um americano, que ela morou com ele até seus cinco anos e além do mais faz vinte anos que eu não vejo a Jessica... Como elas podem ter enganado a todos dessa maneira? Não acredito que a Krystal possa ser minha filha – retrucou Heechul ainda sem parar quieto.

– Sendo sua filha ou não, eu previ que ela seria sequestrada. Nós não podemos ficar aqui de braços cruzados, precisamos ligar para o Siwon - disse tio KangIn ignorando minha pergunta junto com o hyung-nim. Se eu quisesse uma explicação para tudo aquilo, precisaria pedi-la em um momento mais calmo.

– Não! - gritou o hyung-nim batendo o pé com força no chão – Eu não quero que aquele infeliz chegue perto da Krystal novamente até eu esclarecer toda essa história com a Jessica.

– E eu nem te conto o que o eles fizeram no dia em que o Kyuhyun desapareceu... - disse tio KangIn em meio a um sorriso malicioso apenas para aumentar a confusão.

– Eu vou matar aquele desgraçado! - esbravejou Heechul apertando os dentes e os punhos com força. Bufando, ele pegou as chaves de seu carro que estava sobre a mesa de jantar e saiu marchando em direção a ele.

O líder fitou ao tio KangIn balançando a cabeça negativamente, ele não tinha nada que aumentar a confusão daquela maneira, mas como Leeteuk não tinha tempo para dar uma bronca no mais velho, apenas correu para a porta da sala. Fitei ao mais velho entortando os lábios, mas ele apenas riu e fez sinal para que seguíssemos os mais velhos.

P.O.V – Pedro off


O vento forte atingiu as pessoas de surpresa, algumas foram obrigadas a segurar suas roupas, como saias e vestidos, para não mostrar mais do que devia, mas uma jovem em especial buscou o céu com os olhos. Yuri paralisou vendo o céu ser tomado por densas nuvens negras, mas nada se comparava com a visão de um círculo formar-se rapidamente nas nuvens e desprender-se do céu descendo violentamente para o asfalto, fazendo tudo ao meu alcance mover-se sem controle. Yesung foi o primeiro a notar que a garota havia parado e parou também. Levando os olhos ao céu, ele fez com que os outros dois rapazes parassem também.

– De onde isso veio? - questionou Eunhyuk boquiaberto, que até a pouco, estava transpirando por causa do sol forte que estava previsto para o dia todo.

– Leve-os daqui! - ordenou Yesung ao loiro, fazendo este fitar sua noona e dongsaeng apreensivo, mas por fim concordou com a cabeça.

– O que vai fazer? - perguntou Jongjin aflito, fitando fixamente a face séria de seu irmão mais velho. Enquanto questionava a ordem do mais velho, Eunhyuk tocou seu pulso com a intenção de levá-lo para longe daquele tumultuo.

– Eu vou controlar a situação! - respondeu Yesung decidido e sem tirar os olhos daquela espécie de tornado que se formava diante de seus olhos, a uma distância aproximada de quatro metros.

Yuri vacilou. Sua mente foi povoada por pensamentos complexos, mas em uma fração mínima de segundos, ela respirou profundamente e fitou a face serena do mais velho. Seus cabelos dançavam com os ventos, sua respiração havia se tornado tão pesada, que chegava a doer os pulmões, mas mantendo uma calma aparente, ela tocou o ombro de Yesung.

– Eu vou ficar com você.

Ele a fitou sem nada dizer ou expressar. Houve apenas uma troca intensa de olhares e por fim ele assentiu levemente com a cabeça.


***


– Nós precisamos ficar! – esbravejou Jongjin que corria em meio uma multidão desesperada para longe do tornado - Para ela ter chamado um reforço desse porte, ela está sem dúvida alguma envolvida em algo grande.

– Sem chances! - retrucou Eunhyuk que segurava firmemente ao pulso do mais novo, enquanto procurava um lugar vazio para se teletransportar sem ser visto. Encontrando um beco mal iluminado e vazio, entrou nele apressado e parou ofegante defronte com o mais novo.

– Não posso perdê-la, não depois de colocar o hyung e a noona em risco – implorou o menor com seus olhos brilhantes pelas lágrimas que ele bravamente continha. Hyukjae fraquejou diante daqueles olhos pedintes e chorosos, mas ele sabia muito bem o que devia fazer, ele sabia, mas não tinha certeza se era o certo.

– Aish! Tudo bem.

Jongjin sorriu e fez uma curta reverência agradecido.

– Agora só precisamos encontra-la... – seus olhos pousaram na saída, observando superficialmente todas as pessoas que passavam gritando e correndo - Ela está distante e se movimentando rápido, precisamos correr para alcança-la – avisou o menor afoito e saiu correndo para a saída. Notando a relutância do loiro, olhou para trás e disse-lhe apenas um ‘vamos!’ desaparecendo em seguida no meio da multidão desesperada.

Eunhyuk teve que correr bem rápido para alcançar o menor, mas assim que o fez, pode identificar a jovem, que caminhava apressada para um carro todo preto e que para completar possuía vidros bem escuros, sendo impossível ver quem estava ali dentro.

– Vamos perdê-la – disse Jongjin parando a uma distância considerável quando viu a jovem levar sua mão a maçaneta do carro – Nunca vamos conseguir segui-la sem que ela perceba.

O mais velho parou um pouco a frente do menor, pensativo. Ele não havia andando tanto sob o sol forte, corrido toda aquela distância e ainda por cima posto em risco tanto a sua quanto a vida de seus amigos por nada. Raciocinando com muita rapidez, ele esticou sua mão esquerda e exigiu o celular do menor.

– Para quê?

– Vamos! Não temos tempo! – esbravejou ele impaciente.

Embora relutante Jongjin buscou o celular no bolso traseiro de sua calça jeans largar e entregou ao loiro. Eunhyuk lançou lhe um sorriso torto e sem se importar com a plateia de curiosos e desesperados, simplesmente desapareceu, deixando para trás apenas sua costumável e densa névoa negra.


***

– O que faremos? – perguntou Yuri preocupada, mas sem tirar os olhos do forte tornado que violentamente girava em direção ao solo.

– Faça parecer comum – retrucou Yesung sério e respirou profundamente quando o tornado tocou o asfalto. Seus músculos tencionaram-se, ele gostaria de parecer forte para sua dongsaeng, ainda mais em uma situação como aquela, na qual não havia reforços, mas era impossível demonstrar-se confiante diante de um incomum tão forte e insolente como aquele.

Em meio aquela massa de ar violenta, era possível ver uma silhueta, silhueta essa que vagarosamente caminhou para fora do tornado, finalmente se revelando aos jovens. Era o homem robusto, de longos cabelos brancos azulados e sobrancelhas da mesma cor. Sua pele era excessivamente clara e suas feições não eram das mais belas. Sorrindo com escárnio, ele se dirigiu ao Yesung.

– Nos reencontramos.

– Estava contando os dias – retrucou o moreno com desprezo, enquanto duas sombras nasciam das palmas de suas mãos e tomavam a forma de dois longos e fortes chicotes tão negros quanto à noite. Calmamente ele olhou para os lados. Algumas pessoas se afastavam correndo, mas outras acompanhavam aquele excêntrico encontro boquiabertas.

– Você é corajoso, mas... – o homem que parecia mais um bloco de gelo animado, fazia seu discurso nefasto, quando foi interrompido pela dor. Sua mão esquerda cobriu o lado esquerdo de sua face e quando observou o líquido vermelho que molhava sua mão em um contraste impressionante com sua pele branca em demasia, completou realmente irritado – É um cara morto! – e lançou com ambas as mãos duas tormentas de ventos que fizeram Yesung voar pelo asfalto.

Por estar ao lado do moreno, Yuri também foi lançada para longe, mas não tão distante quanto Yesung. O moreno de cabelos espetados olhou para os lados desorientado, ele sentia a dor em suas costas, dor essa que havia sido minimizada pelo casaco fino que usava por cima de uma camiseta azul, mas nenhuma dor era maior do que o simples fato dele presenciar uma cena.

– Yuri! – gritou ele quando o homem de cabelos azuis parou defronte com a jovem que se encontrava no mesmo estado de desorientação.

– Então você está com ele? – a resposta era óbvia, mas Yesung havia terminado de delatar sua amiga. Sem dar tempo para resposta ou uma simples defesa da jovem, o incomum espalmou sua direita para o corpo da jovem.

O ar começou a girar em torno do corpo da jovem a tirando do jovem. Seus olhos se arregalaram enquanto ela tentava se mover, mas ela flutuava no ar, algo que jamais havia experimentado, ela não tinha ideia do que fazer. Quando uma ideia iluminou sua cabeça, um sorriso repleto de desprezo formou-se nos lábios do homem e ele a lançou com toda a força possível em direção ao asfalto. O golpe foi tão duro, que o asfalto rachou e consciência de Yuri oscilou entre se manter forte ou perder os sentidos.

– Deixe-a em paz! – esbravejou Yesung novamente de pé e impulsionou o chicote na direção do homem.

Rapidamente o incomum ergueu seu braço esquerdo para se proteger, mas acabou tendo este preso pelo chicote. Não satisfeito, Yesung tentou lhe atingir o com chicote da mão esquerda, que sempre trabalhava junto com ele, mas novamente capturou ao antebraço do homem. Com um sorriso irônico, o homem de cabelos azulados, torceu os braços estabilizando em uma posição que ele conseguisse segurar os chicotes e puxou o moreno para si.

Por conta de Yuri que estava entre o homem e o rapaz, o segundo soltou seus chicotes, fazendo estes se desfazerem, e sem controle algum, Yesung teve que saltar por cima da jovem para não machuca-la, mas com isso ele foi completamente desprotegido ao encontro do incomum que lhe pegou habilmente pelo pescoço.

– Você vai dar um bom espécime – disse o homem em meio a um sorriso torto, enquanto erguia Yesung do chão.

O rapaz tentou se soltar, mas os pulmões careciam de ar e o homem era muito forte. A bochecha esquerda do homem que parecia ser feito de gelo e neve, estava coberta pelo seu próprio sangue, motivo pelo qual ele apertava mais e mais o pescoço do jovem, que começava a ficar roxo. Mas subitamente o poderoso incomum foi atingido por um raio tão forte que desfez seu tornado no mesmo instante, lançou Yesung de suas mãos e ele caiu no asfalto estrebuchando e soltando fumaça de sua roupa. Embora houvesse sido arremessado para longe, o moreno ainda assim recebeu um pouco da descarga elétrica, entrando em um estado de desorientação momentânea.

– Precisamos sair daqui – disse Yesung se erguendo com dificuldade. Yuri respirava ofegante, mas mantinha uma expressão fria e cruel. Seus olhos estavam presos nos movimentos do homem, ou na falta deles. Apenas quando Yesung o chamou pela segunda vez, ela correu em direção a ele e o ajudou a se levantar – Vamos – disse ele notando a multidão curiosa se aglomerar próximo a eles.


***


A jovem misteriosa, que já havia dado o ar de sua graça outras vezes, estava prestes a entrar no carro quando Hyukjae apareceu a suas costas e a agarrou pelo braço direito. Em um movimento instintivo e até mesmo mal pensado, ele a virou bruscamente para trás e selou a distância de seus lábios com um forte beijo. A jovem pequena arregalou os olhos surpresa, enquanto Eunhyuk afrouxava o aperto em seu braço e aproveitava da mão livre para explorar o corpo da jovem, pousando-a em sua cintura e descendo-a vagarosamente. Quando a mão do loiro chegou a um lugar completamente inapropriado, a mulher finalmente conseguiu ter uma reação. Ela agarrou os braços do loiro enquanto interrompia o beijo e o empurrou para trás. Hyukjae abriu os olhos em meio a um sorriso maroto e encarou a mulher, mas ela ficou tão furiosa que lhe deu um soco forte o suficiente para que ele cambaleasse para a direita.

– Se não gostou poderia ter me dito – resmungou o loiro massageando o maxilar dolorido, enquanto a mulher adentrava ao carro lhe praguejando com os mais diversos xingamentos. Quando o carro que era dirigido por outra pessoa saiu à alta velocidade, Eunhyuk sorriu.