Acordei pela manhã escutando a doce voz de Heechul me chamar. Ele gentilmente havia levado o café da manhã na cama para mim, e agora exibia um gigantesco sorriso satisfeito. Vagarosamente bocejei e pisquei os olhos diversas enquanto me espreguiçava.

– Vamos dongsaeng – disse o mais velho batendo suavemente em minha perna, temos muitas coisas para fazer hoje – completou levando a bandeja do café da manhã até mim.

Enquanto eu me alimentava, Heechul hyung foi tomar um banho e pelas vestes do mais velho, conclui que íamos há algum lugar luxuoso. De fato eu não estava inteiramente enganado. Naquela manhã conheci a empresa na qual Heechul era o diretor. Vestido com um simples blazer cinza escuro, eu me sentia importante caminhando ao lado do mais velho, e por onde passávamos, obviamente eu era o centro das atenções. As noonas principalmente, apertavam minhas bochechas e me enchiam de elogios. Quando chegamos ao último andar, minhas bochechas estavam doloridas, elas não aguentavam mais serem apertadas, mas quem disse que as noonas se importavam?

– Senhor Kim, finalmente o senhor chegou – disse uma bela jovem caminhando em direção ao elevador com uma pasta azul claro em mãos. Seu cabelo liso e castanho escuro estava caído sobre os ombros e ela usava uma leve maquiagem, que apenas reforçava sua beleza natural – Venha, o representante da China está lhe esperando – falou ela o guiando para uma sala a direita.

Desacelerei meus passos constrangido, aquilo era importante para o hyung, mas o que eu faria? Antes que Heechul entrasse na sala de porta dupla e madeira escura, ele virou-se para a jovem e pediu que ela tomasse conta de mim, seu afilhado. No mesmo instante ela abriu um sorriso encantador me fitando e prometeu que cuidaria muito bem de minha pessoa. A porta mal se fechou atrás do mais velho, e ela voltou-se para mim sorrindo.

– Donghae, você tomou café da manhã? Está com fome? Está bem agasalhado? - perguntou a mais velha de modo atencioso, mas como uma criança comportada, apenas balancei a cabeça negativamente e olhei em volta.

O espaço onde estávamos era como uma enorme e aconchegante sala. A temperatura ali dentro era baixa por causa do sistema de ar condicionado, mas em contrapartida, as paredes eram todas cobertas por um material semelhante a madeira, que dava ao local uma sensação de calor.

Ao lado direito do elevador, estava a alta bancada da recepcionista e do lado esquerdo uma rica sala de espera. Havia um enorme sofá vermelho e em formato de L para quem precisasse esperar, circundando uma mesa de madeira e vidro com revistas e jornais. Havia também duas poltronas medianas de estofamento branco e almofadas vermelhas. Em um dos cantos estava uma mesinha com o filtro de água e mais duas garrafas térmicas, provavelmente de chá e café. O que me chamou a atenção no balcão de atendimento foi uma porta simples. Fiquei curioso para saber onde ia dar, mas nada comentei apenas abri um simpático sorriso para a doce noona e lhe disse:

– Não preciso de nada noona, obrigado – fiz uma pequena reverência para a mais velha e passei os olhos pelo sofá – Ficarei ali esperando, não se preocupe comigo noona - reforcei minha fala com um encantador sorriso. Tudo o que eu menos queria era atrapalhar em seu trabalho.

– Se precisar de algo é só falar – avisou ela antes de voltar aos seus afazeres.

Apenas concordei com a cabeça e dirigi-me ao sofá, mas uma voz conhecida vindo do corredor à esquerda, fez-me parar antes que chegasse a ele.

– Ya! Donghae – falou a voz masculina atraindo minha atenção. Busquei-a rapidamente com os olhos e ao encontrar o dono de tal voz tão familiar, um sorriso cresceu em meus lábios.

– Dongwoon hyung – falei animando-me, por mais que ele trabalhasse com Heechul, eu não sabia quando o veria novamente e meu coração se encheu de alegria ao reencontrá-lo, mas recordei de um pequeno fato que me fez franzir o cenho intrigado – Você não deveria estar na reunião com o Heechul hyung?

– Quem se interessa por chineses? - perguntou ele fazendo uma careta – Venha, conheça minha sala – chamou o mais velho indicando o caminho com o braço direito.

Como havia dito para a noona que ficaria ali sentado, passei meus olhos primeiramente por sua face, como se pedisse permissão, e ao receber um sinal positivo feito com a cabeça, praticamente corri até onde DongWoon estava. O hyung bagunçou meus cabelos quando cheguei a ele, mas não me importei, apenas o segui até sua sala.

A sala de Dongwoon hyung era enorme. Ela também estava fria como a sala de espera, mas a decoração estava invertida. O assoalho de madeira no chão que trazia a sensação de calor para o ambiente, pois as paredes eram completamente brancas. A sala era bem iluminada e possuía uma enorme janela de vidro com persianas brancas a cobrindo. Embaixo da janela estava um balcão de madeira um tom mais escuro que o assoalho. A mesa ao centro e a estante na parede ao fundo, eram do mesmo tipo de madeira e estava tudo bem organizado. Para trazer charme ao local de trabalho, a parte superior da mesa era feito de vidro incolor.

– O que está fazendo aqui hoje Donghae? Heechul decidiu lhe apresentar sua futura empresa? – perguntou o mais velho me conduzindo sutilmente ao frigobar da parede da esquerda – Quer alguma coisa? Suco, refrigerante, café, chocolate... Algo?

– Você guarda chocolate no seu frigobar? – perguntei franzindo o cenho confuso, esquecendo-me completamente de sua citação, na qual sendo eu o único herdeiro de Heechul, eu seria o próximo dono da empresa. Se ele soubesse que Heechul não morreria tão cedo, ele não diria coisas desse tipo.

– Descer até o térreo para comprar uma barra de chocolate é complicado e não gosto de ficar abusando da secretária como o seu padrinho, prefiro ter um frigobar abastecido comigo – falou o mais velho abrindo a pequena portinha branca.

– Wow – falei recuando pela quantidade de doces comprimidos em um espaço tão pequeno, isso porque ainda havia diversas latas de bebidas e outras coisas como frutas, iogurtes e semelhantes – Por que você tem uma sala só sua Dongwoon hyung? - perguntei ao me lembrar que ele havia sido apresentado como um sócio, o que geralmente empresas têm de sobra.

– Vamos dizer que eu sou o subdiretor – respondeu o mais velho pegando uma lata de refrigerante.

Enquanto DongWoon foi buscar uns documentos com a secretária, coisa que ele estava indo fazer quando me encontrou, fiquei mexendo em seu computador e quando ele voltou, me mostrou alguns jogos populares na Coréia. Jogávamos no computador, comíamos chocolate e tomávamos refrigerante quando Heechul entrou na sala.

– Aigo, por que você roubou o meu afilhado? - perguntou Heechul deixando a porta entreaberta e parando na frente da mesa com um enorme bico em seus lábios, que por si só, formava constantes bicos.

– Talvez ele queira ser roubado – respondeu Dongwoon com bom humor, mas aquelas palavras não sairiam tão facilmente da minha mente – O que acha de irmos a um fliperama? - perguntou o mais velho para mim entusiasmado, mas rapidamente ele fez uma careta pensativo – Se bem que não acho que fliperamas ainda existem... Mas podemos ir a uma lan house ou a cyber café... Quem sabe um parque, o que acha de irmos a um parque? - perguntou o hyung se animando novamente.

– Se o hyung deixar – respondi passando meus olhos pedintes e inocentes pela face séria de Heechul.

– Omo! Vocês dois juntos? Nem pensar, vocês se perderiam e se machucariam bastante, vocês precisam de um adulto com vocês – respondeu o mais velho arqueando a sobrancelha com arrogância.

– Não se preocupe Donghae, ainda vamos ao parque e jogar videogame juntos. É uma promessa – disse o sócio bagunçando meus cabelos, enquanto sorria.

– Vamos Donghae, você tem aula de coreano hoje – disse o hyung esticando a mão para mim.

– Aula de coreano? – perguntei franzindo o cenho confuso, desde quando eu tinha aula de coreano? Refleti ainda confuso, mas então a imagem de Simão veio em mente – Verdade... Veremos o Simon? – perguntei erguendo-me calmamente da cadeira.

– Simon? – questionou o mais velho confuso – Ahh! Você quer dizer Siwon... – falou Heechul rindo, mas bruscamente ficou sério – Então é por isso que ele não te suporta? Por que você vive errando o nome dele? Se fosse eu, você aprenderia meu nome nem que fosse a tapa.

– Omo! Então você conhece o grupo super secreto do Heechul hyung? Você conhece os três? – perguntou DongWoon também se erguendo de sua cadeira.

– Super secreto? – retruquei franzindo o cenho – Pensei que o Park e o Simão fossem conhecidos, além do mais, eles estavam no jantar e... – me interrompi quando Heechul segurou minha mão e me puxou em direção a porta.

– Meus amigos não têm nada de super secreto – falou Heechul com a face totalmente homogênea para mim, tornando difícil saber se havia algo ou não ali no meio, mas para me interromper daquela forma, coisa boa não tinha. E espreitando os olhos para o sócio, Heechul completou – E você, pare de colocar coisas na cabeça do meu afilhado.

– É só uma curiosidade hyung, quero saber que tipo de creme vocês usam para não envelhecer – falou Dongwoon com um sorriso torto – Daqui a pouco estarei parecendo mais velho que você Heechul hyung.

– Vamos Donghae – foi tudo o que Heechul disse.

Acenei para Dongwoon sorrindo e corri para alcancar o hyung. O mais velho parecia incomodado com o ocorrido na sala de seu sócio, muito diferente de modo como ele havia agido no jantar, mas também não dei atenção a isso, minha mente voltava-se para uma frase em especial.

Talvez ele queira ser roubado... – repeti em um pensamento alto. Será que era isso mesmo? Será que no fim, eu queria fugir de tudo e todos? Dar um tempo na vida maluca na qual eu havia me metido?

Isso eu não sabia responder, tudo o que sabia, era que eu precisar manter certa distância do líder, quanto mais tempo eu passasse com Heechul hyung, conhecendo a Coréia sobre outra perspectiva, melhor seria. Simão nos esperava no estacionamento ao lado de uma enorme moto preta, que parecia ter sido roubada de algum filme de ação. Eu queria ter ido com ele, mas Heechul não permitiu.

– Para onde vamos? - perguntei entrando tristemente no carro do mais velho.

– Para onde mais iríamos? - respondeu o mais velho carregado de arrogância - Para casa do líder e nem tente se opor que eu te levo desmaiado se for necessário – completou ele me espreitando com aqueles olhos perigosos.

– Mas...

– Está se opondo? - perguntou o mais velho me interrompendo. Semicerrei os olhos em resposta e cruzei meus braços resmungando. Como alguém podia ser tão ditador como o hyung? Onde estavam meus direitos? Pensei fazendo bico – Coloque o cinto – ordenou o maior fazendo-me bufar mais alto.

P.O.V - Pedro off


P.O.V – KangIn on

Quando escutei o roncar alto do motor da moto de Siwon, saltei do sofá e corri para a varanda. Pedro deve estar vindo, pensei abrindo um sorriso. Não demorou para que a moto preta de Siwon estacionasse próximo a casa, sendo seguido pelo carro da Cinderela. Sem me importar com o quão estranho aquilo pareceria, corri até o carro do hyung para recepcionar o mais novo.

– Pedro! - falei com entusiasmo, mas ao notar sua expressão triste, fechei meu sorriso – Por que está assim? Não me diga que a Cinderela te forçou a comer comidas saudáveis? - perguntei boquiaberto, pelo menos alguns doces ele tinha direito por ter ficado desaparecido e por si próprio ter nos procurado.

– Hã? – perguntou o mais novo franzindo o cenho.

– Deixa pra lá – falei fazendo uma careta desapontada, mas rapidamente voltei a sorrir - Venha comigo, o líder quer vê-lo – disse segurando levemente seu pulso direito e o puxei para fora, mas Pedro se recusou a sair do carro.

– Não quero ver o Leeteuk – falou o menor fazendo um típico bico de criança mimada.

– E por que não? – perguntou uma voz grave vindo da varanda. Não fui o único que quase correu quando viu o líder descer os poucos degraus da varanda e caminhar até o carro. Pedro paralisou com os olhos arregalados, enquanto eu recuava sutilmente para longe do carro – Vamos, desça daí! Você terá aula de coreano com Siwon dongsaeng e depois treinará seus poderes comigo – avisou Leeteuk sem representar absolutamente nada em sua face, além da indiferença, mas aquilo não era o suficiente para Pedro.

– Não vou – retrucou o menor cruzando os braços.

– Você quer treinar primeiro? – perguntou o mais velho cerrando os punhos com força – Então pare esse golpe – falou o líder soltando um golpe de direita em direção ao maknae, mas bruscamente seu braço paralisou no ar.

Pela sua expressão de surpresa, rapidamente busquei a face de Pedro, mas ao notar que ele estava tão surpreendido quanto o líder, voltei meus olhos para a única pessoa corajosa o suficiente para ir contra o Leeteuk: Cinderela.

– O que pensa que está fazendo? – perguntou o líder fuzilando o afeminado com os olhos.

– Não farei o almoço sozinho, então enquanto fazemos o almoço, ele terá aula de coreano com o Siwon e só depois que ele estiver muito bem alimentado e ter me ajudado com a louça, você pode torturá-lo.

– Omo! Por que não pede ajuda para o Siwon ou o KangIn? – questionou o líder parecendo mais uma criança crescida que se recusa a ajudar a mãe para ficar no computador, mas a Cinderela era com certeza uma mãe bem chata e insistente.

– Porque eles não sabem cozinhar, agora venha – falou o hyung soltando o braço do líder da telecinese e se movendo em direção a casa.

– Eu sei cozinhar – retrucou Siwon com expressão tristonha, mas foi ignorado pela Cinderela, que mais uma vez chamou pelo Leeteuk em alto e bom som.

– Se eu fosse você, começaria a rezar desde agora – ameaçou o líder encarando Pedro com os olhos semicerrados e saiu marchando para o sobrado.

O maknae esperou que o líder pisasse na varanda para finalmente me perguntar:

– Por que ele está agindo assim?

– Aigo! E você acha que eu sei? Ontem à noite, depois que você foi para o apartamento do Heechul, ele ficou inquieto. Estava preocupado com você, ele sentia que você estava machucado, com hematomas, algo sim. E hoje pela manhã eu o encontrei dormindo em sua cama. Não sei porque ele foi tão rude.

– Eu também não me importo – retrucou o mais novo cheio de desdém – Se ele quer me odiar, que me odeie, mas daqui para frente morarei com o Heechul hyung e se o Heechul não me quiser em seu apartamento eu volto para o Brasil nem que seja literalmente voando.

– E já pensou em como vai dizer isso ao líder? – perguntou o maknae musculoso que até então apenas nos observava de longe.

– E preciso disso? – perguntou Pedro todo inocente, arrancando uma alta risada do outro maknae. Era óbvio que sim, mas nos silenciamos com um único objetivo, queríamos ver se o campo de força de Pedro seria útil contra um líder furioso.


***

– É só dizer de uma vez, não precisa ter medo – falei sentado na cadeira de balanço e com um jornal em mãos. Depois de ter aula com Siwon, almoçado e ajudado a Cinderela com a louça, havia sobrado para Pedro o treino com Leeteuk e por sugestão de Siwon ele diria que iria morar com Heechul, mas ao ver o líder com o taco de beisebol, ele ficou receoso.

– Tudo bem, dizer de uma vez, mas se o Park tentar me matar você me salva né tio Kangin? – perguntou Pedro me encarando com aqueles enormes olhos puxados. Era difícil acreditar que ele era brasileiro com olhos tão orientais como aqueles, mas no momento eu tinha que lhe passar confiança, então tudo o que me restou foi abrir um largo sorriso e assentir com a cabeça.

– Você vai ficar bem, mas se precisar de ajuda, é só chamar pelo seu tio preferido – falei levando minha mão a cabeleira bagunçada de Pedro. Aquele menino não conseguia passar mais de uma hora com aquele cabelo organizado, mas ficava melhor do que aquele cabelo perfeitamente liso e arrumado no qual ninguém podia tocar.

Pedro sorriu em resposta e deu as costas. Percebi ele suspirar, mas nada disse, ele se sairia bem... Ou talvez nem tanto. Aquele taco de beisebol estava me intrigando. Pedro tinha um alto treinamento com a telecinese, então provavelmente o líder treinaria seus campos de força para estar com o taco, mas aquela função não havia ficado para o Siwon? Pensei franzindo o cenho. De todo modo o mais novo parou defronte com o líder e ficou o encarando em silêncio.

– Já começou? Já começou? – perguntou o maknae musculoso atravessando a varanda correndo com uma tigela repleta de pipocas em mãos.

– Ainda não – respondi sorrindo e aproveitei para beliscar a pipoca do maknae.

Escutei o barulho de passos, mas não me atrevi a olhar para trás, apenas por ter certeza de quem se tratava. Timidamente e um tanto preocupado, Heechul encostou seu ombro direito no batente da porta e ficou imóvel esperando o desenrolar do treino.

– Park – chamou o menor visivelmente nervoso.

– Diga – falou o líder trocando o taco de mão.

– Daqui para frente eu vou morar com o Heechul hyung – falou Pedro de uma vez, como eu havia lhe orientado, mas muito rápido para ser entendido. Notando a expressão confusa do líder, o maknae revirou os olhos bufando e repetiu com mais calma – Eu disse que daqui para frente eu vou morar com o Heechul hyung.

– O quê? – perguntou Heechul caindo sozinho.

– Omo! Que tipo de complô é esse? – perguntou o mais velho voltando-se para a Cinderela.

– Não Jung-su! – repreendeu Siwon - É para você ficar bravo com o Pedro, não com o Heechul – meus olhos se arregalaram com tamanha petulância e rapidamente me escondi atrás do jornal aberto – Ya! Lute com o Pedro, queremos ver por quanto tempo o campo de força dele suporta.

– Quando ele diz ‘queremos’ isso não me inclui – fui rápido ao dizer, apenas pelo risco de morte iminente.

– Mas eu vou mesmo me mudar para o apartamento do Heechul hyung, e você não deve ficar bravo, você não é ninguém para que me impedir de morar onde e com quem eu quiser – falou o menor brincando perigosamente com a vida.

– Então você vai mesmo me trocar pelo Heechul? – perguntou o líder com expressão indignada e olhos semicerrados. Pedro apenas assentiu com a cabeça. Mediante a resposta, o mais velho voltou seus olhos para o céu e moveu-se para trás de modo estranho. Observei o céu por instantes, tentando descobrir o porquê daquilo, quando fui surpreendido por um grito – Aprenda a se defender primeiro e depois você escolhe com quem quer morar – rosnou o líder, encarando o mais novo no chão.

Pedro que estava caído no solo, exibindo uma careta de dor. E segurando o braço esquerdo, cerrou os dentes com força e começou grunhir sons irreconhecíveis como um animal feroz. Eu e Siwon nos entreolhamos enquanto o mais novo se erguia do chão.

– Eu sei me defender muito bem sozinho – retrucou o mais novo parando defronte com o líder, e cerrando os punhos com mais força ainda.

– Não é o que parece – respondeu o mais velho com desdém.

Houve uma troca intensa de olhares, um parecia mais raivoso que o outro. Eu estava contando os segundos para que a Cinderela interferisse, quando Pedro simplesmente abaixou a cabeça bufando e falou:

– Eu não vou apanhar de você... – disse o mais novo fitando o chão sério, mas pousou seus olhos na face do mais velho antes de completar seu discurso – Você me crítica, me trata de forma grosseira, mas você não passa de um mimado, arrogante, prepotente e imaturo que só sabe descontar a raiva em outras pessoas. Agora me diga, de onde vem essa raiva? Seu frustrado, agora eu sei porque não está mais com a jovem da foto, porque você não a mereceu, ela é muita coisa para alguém esnobe e falso como você... – e Pedro continuaria com suas acusações se fosse o tapa bem dado que ele levou na face.

– Você não me conhece – retrucou o líder cerrando os dentes e os punhos com força. Era possível ver seu punho tremer pela raiva que estourava dentro dele. Talvez fosse um bom momento para interferir, mas nenhum de nós três, que estávamos de platéia, sabia o que fazer.

Pedro que estava com a face voltada para baixo, parecia tão surpreso quanto nós três. Era a primeira vez que o líder batia nele sem ser em treino e aquilo era apavorante para qualquer um. Calmamente Pedro levou a mão esquerda à bochecha, e quando a tocou com as pontas dos dedos, recuou fazendo uma careta de dor. Pedro começou a rir, uma risada alta e doentia, que incomodava aos ouvidos. Fitando a face do líder, ele tornou a ficar sério, mas havia algo de diferente em seu olhar, ele parecia fora de si, um tanto louco e sádico.

– Você vai se arrepender por isso – ameaçou o mais novo cerrando os punhos com força e recuando alguns passos.

Leeteuk franziu o cenho confuso, sem tirar os olhos de Pedro, mas ele não era o único confuso. Parando a exatamente cinco passos do mais velho, o maknae que mantinha a respiração pesada e descompassada fez o que ninguém esperava. Ele levou as palmas das mãos à face e despencou para o solo chorando.

– Eu quero a minha mãe! – balbuciava o menor enquanto chorava encolhido na grama.