O percurso até o apartamento do Heechul hyung foi extremamente silencioso, nem mesmo meus pensamentos se atreviam a dizer algo tamanha era sua confusão. Ao mesmo tempo em que meu coração batia acelerado sentindo os lábios macios de Hyukie sobre os meus, eu queria acreditar naquilo tudo. Eu queria entender o mais velho e principalmente precisava de um tempo para pensar. Assim que parei defronte com a porta branca, relutei por preciosos segundos. Os hyungs certamente estariam preocupados e eu nem ao menos sabia quanto tempo havia ficado fora, poderiam ter sido minutos, como horas, mas vendo que ninguém atenderia a porta, cerrei o punho e bati suavemente com os nós dos dedos. Encarar o branco da porta desestabilizava minha respiração. Era estranho toda aquela demora, mas depois de alguns instantes Kyu abriu a porta ofegante.

– Vocês o... – dizia ele abrindo a porta bruscamente, mas assim que me viu, ele paralisou surpreso – Pedro! – foi tudo o que ele conseguiu dizer antes de me abraçar. Eu não me recordava do Kyu que demonstrava afeto, mas antes que eu pudesse entrelaçar os braços em sua cintura como forma de retribuir aquele caloroso abraço, ele se afastou e tocou meu maxilar – O que aconteceu com sua bochecha? Você está bem? – perguntou ele me analisando com um olhar crítico e sem qualquer tipo de controle, ergueu sua mão direita levando ao sangue que havia secado em minha bochecha, mas empurrei sua mão com o dorso da minha e recuei dois passos.

– Eu estou bem, só preciso tomar um banho – disse me desvencilhando do mais velho que bloqueava o caminho e parei somente quando ouvi o som da porta ser fechada. Eu esperava que naquele momento os outros hyungs já estivessem ali, felizes por eu ter voltado, mas notando o quão calmo estava o apartamento, perguntei ao nerd – Onde está o Leeteuk?

– O tio Heechul teve uma espécie de bloqueio quando você desapareceu, ele não conseguia prever nada quanto o seu desaparecimento, apenas algumas imagens borradas e sem nexo algum, então tio Kangin e tio Siwon falaram que iam procura-lo e por fim todos saíram a sua busca, apenas eu fiquei caso você voltasse sozinho.

– Oh! Então liga para eles, diga que estou bem e não se preocupe Kyu, eu me regenero, só não comente sobre o sangue com os mais velhos, tudo bem? Não quero preocupa-los atoa, foi apenas um arranhão – expliquei com a voz bem suave, tentando colocar verdade em meu tom, e dei as costas indo em direção ao banheiro.

– Foi difícil fugir? – perguntou ele em tom receoso, eu diria até desconfiado. Realmente não seria nada fácil fugir, não com DooJoon quebrando meus ossos, mas tentando manter minha mentira, parei e olhei sutilmente para trás.

– Um pouco... – disse com confiança, mas meus olhos buscaram pelo chão e completei em um fio de voz - Confesso que tive ajuda, mas eu estou bem – disse voltando a fitar a face do mais velho e forcei um torto sorriso. Sua expressão pensativa deu lugar a um leve sorriso e só então pudesse seguir tranquilo para o banheiro.

Leeteuk provavelmente ficaria furioso comigo, mas que culpa tinha eu, se alguém havia me sequestrado? Heechul hyung também devia estar bravo por eu ter renegado o seu poder, mas eu não queria ter um poder que me transformava em um picolé. Simão devia estar do lado do hyung-nim, apenas de tio KangIn que eu não sabia o que esperar. Tentando me esquecer de todo o ocorrido, liguei o chuveiro quente e entrei debaixo dele com roupa e tudo. Logo a água transparente tomava uma coloração avermelhada e até mesmo marrom dos grãos de terra que haviam se instalado nas pequenas falhas do solado do meu tênis, mas não me importei, pensei apenas em esquecer.

Passado alguns minutos deixei o banheiro com uma toalha cinza enrolada em minha cintura e em minhas mãos estavam às roupas e calçado encharcados, mas mal sai do cômodo e fui abraçado por alguém que não se importou com as peças molhadas. Pela rapidez não consegui identificar, mas pelo perfume tão familiar de sua pele, eu conseguia dizer quem era.

– Por que você fica me dando sustos dessa forma? – perguntou o líder bem baixo em meu ouvido, fazendo meu corpo tremer. Meus braços quentes tocavam minha pele fria e úmida, fazendo meu coração acelerar e minha respiração falhar. Eu sentia que desmaiaria se ele não me soltasse.

– E-e-eu – comecei completamente desorientado. Seu toque, sua confortante voz, a preocupação estampada em seu tom e sua respiração em meu pescoço, me deixava zonzo. Eu nunca havia me sentido daquela forma, com ‘borboletas no estômago’, mas antes que eu perdesse os sentidos, ele se afastou.

– Nós vamos voltar para a minha casa, aqui você está muito vulnerável. Eu devia ter imaginado que isso aconteceria – disse o líder segurando meus ombros e com os olhos fixos nos meus. Apenas arfei.

– Tudo bem Jung-su hyung, você venceu, você pode levar o Donghae, mas faça isso amanhã, hoje todos vocês dormiram aqui – disse o hyung-nim que o tempo inteiro se encontrava apoiado no batente da porta que ligava a sala de TV ao corredor dos quartos.

– Com quem vou dormir? – perguntou Kyu surgindo animado e curioso na porta ao lado do Heechul que ostentava uma expressão indiferente.

– Durma com o Siwon, no quarto dele tem duas camas de solteiro – respondeu o hyung-nim com pouco interesse, seguindo para a sala, mas rapidamente protestei fazendo um enorme bico.

– Omo! Não quero dormir sozinho! – resmunguei com a maturidade de uma criança de cinco anos – Durma comigo Kyu, onde está o Simão? - perguntei indo direto ao ponto. Sem a autorização do maior, eu nada podia fazer. O nerd abanou a cabeça em direção à sala e rapidamente segui para ela, esquecendo-me das roupas molhadas que o tempo inteiro estava em meus braços e esquecendo-me até do líder, simplesmente parei na porta da sala, onde encontrei Simão e tio KangIn assistindo a um filme de ação – Simão, durma no meu quarto para que eu durma com o Kyu no seu – pedi ao mais velho, enquanto meus olhos imploravam por misericórdia, mas como ele estava completamente perdido em nosso diálogo, apenas depois de ter-lhe explicado a situação que o mais velho se pronunciou.

– Nem pensar, olha a sua idade Pedro, vai dormir sozinho – afirmou tio KangIn sério.

Fiz um enorme bico diante da injustiça, tio KangIn dormiria com o Leeteuk, Simão com o Kyu e nem correr para o quarto do Heechul durante a madrugada eu podia, porque ele não parecia nada contente comigo. Eu estava perdido em meus pensamentos desesperados quando tio KangIn, tentando mudar o clima e o assunto, perguntou como eu havia fugido do teletransportador uma segunda vez.

– Ele não é muito esperto – disse dando de ombros e voltei meus olhos desconfortavelmente para o piso, mas ao notar que eu continuava de toalha, senti minhas bochechas queimarem – Então né? Vou vestir roupa – disse completamente constrangido por ter meu peitoral magrelo exposto para todos do apartamento e corri para o meu quarto.

Vesti uma bermuda azul e uma camiseta branca de mangas compridas e segui para a área de serviço, sendo obrigado a passar pela cozinha onde Heechul terminava de aprontar o jantar. Seu humor em nada havia melhorado, então preferi manter o silêncio.

Após o corriqueiro jantar, fui para o meu quarto. Preso em uma mistura de sentimentos, eu só conseguia ficar tristonho por ter que voltar para a casa do líder, que era longe de tudo, mas como eu diria aquilo para ele? Sentei na cadeira do computador e cruzei meus braços sobre a mesa, repousando minha cabeça sobre ele. Maldito Hyukie! Praguejei em pensamento, como alguém podia ser tão bipolar como ele a ponto de em um dia me beijar, no outro me entregar para o inimigo e no seguinte me salvar? Talvez ele estivesse jogando comigo o tempo inteiro, talvez fosse tudo um plano para confundir minha cabeça, alguma coisa assim, mas por que ele me beijaria? Por que daria um sorriso constrangido a cada vez que eu o flagrava me observando? Por que prometeria me proteger? Era tão difícil entender o que se passava na cabeça do Hyukie, tão difícil quanto entender o que se passava na minha, afinal, mesmo depois dele me salvar, eu não podia simplesmente tê-lo abraçado, ele havia me traído, e eu, muito bobo, ainda havia o convidado para morar comigo, como se os hyungs depois de verem ele me sequestrando fossem aceitar, mas eu só queria ficar um pouco mais de tempo com ele, porém eu sabia que assim que eu voltasse para a casa do líder, ficaria sem vê-lo por um bom tempo. Minha cabeça girava e girava seguindo de pensamento em pensamento quando escutei um suave toc-toc sendo seguido pela abertura da porta. Era o líder.

– Pedro, você está bem? – perguntou ele calmamente fechando a porta atrás de si. Preguiçosamente ergui a cabeça e assenti – Olha Pedro, eu sei que morar na cidade é bem interessante, você pode ir a diversos lugares, até mesmo voltar a estudar sem ter que acordar bem cedo e encarar horas na estrada, mas com todos esses incomuns a solta e com você na fase de descobrir poderes, sinto que você está mais vulnerável... – disse o líder sentando na ponta da minha cama, e tocou a mesa – Mas eu quero saber de você, você prefere ficar aqui ou voltar para a minha casa?

Minha respiração desacelerou, era exatamente sobre aquilo que eu queria conversar com ele, mas com seus olhos meigos presos em minha face, senti meu coração fraquejar. Por segundos inflei as bochechas deixando os olhos vagarem pela madeira. Voltando a fitar a face serena do mais velho, abri um torto sorriso.

– Eu quero estar onde você estiver líder.

– Onwt, venha aqui Pedro – disse ele esticando a mão esquerda para mim enquanto se erguia do colchão. Assim que me coloquei de pé, ele me abraçou. Cuidadosamente Leeteuk apoiou seu queixo no topo da minha cabeça e acariciou meus cabelos enquanto eu abraçava fortemente a sua cintura, mas a porta foi bruscamente aberta fazendo-nos interromper nosso abraço.

– Omo! Eu descuido de você um segundo e você vem atrás do Pedro? – perguntou tio KangIn entrando apressado em meu quarto e sem pedir licença, e agarrou o braço do líder – Venha, preciso conversar com você.

O mais velho revirou os olhos, mas não impediu que tio KangIn o arrastasse para fora do quarto e novamente sozinho deitei em minha cama de bruços e fiquei observando a porta fechada. Com tantas coisas para serem pensadas, não tardou para que eu pegasse no sono.


***


Abri os olhos sonolento, cansado, e para completar a luz do meu quarto estava acessa, o que incomodou minhas pupilas, mas assim que meus olhos se acostumaram com aquela claridade notei que havia um anjo loiro dormindo tranquilamente em minha cama. Pelo susto cai da cama, mas quando abri os olhos o quarto estava escuro novamente, mergulhado em uma silenciosa escuridão. Ainda corri para acender a luz e buscar pelo Hyukie, mas a varanda estava trancada e não havia sinal dele. Muito calmamente abri a porta do meu quarto e segui para a cozinha. Eu estava com sede e meu coração acelerado, precisava me acalmar. Da sala percebi que a luz da cozinha estava acessa, o que me fez desacelerar os passos. ‘Um ladrão’ foi a primeira coisa que pensei, mas eu era um diferente e por mais que não dominasse todos os meus poderes, pelo menos eu podia contar com os campos de força e a telecinese. Tomando coragem caminhei sorrateiramente até a entrada.

– Ai! – gritamos em coro, mas o líder seguiu sozinho - Aish! Por que me assustou dessa forma? – perguntou o mais velho pousando a mão no lado esquerdo de seu forte peitoral – O que faz acordado? Acabei de apagar a luz de seu quarto...

– Tive um sonho estranho... – disse voltando os olhos para o chão, mas antes que o líder perguntasse, fiz questão de completar – Não um pesadelo como aqueles que eu tinha, mas um sonho comum, do tipo, se você pensar muito em algo, você acaba sonhando com isso – disse entortando os lábios completamente constrangido.

– E com o que sonhou? – perguntou o mais velho analisando o conteúdo da geladeira.

– Com nada demais, estou com sede – eu sentia minha voz tremular e meu estômago revirar diante daquela mentira, mas eu esperava apenas que o Leeteuk não percebesse.

– Eu pego – falou o líder. Preguiçosamente caminhei até a bancada e sentei em cima dela. Se o hyung-nim visse, provavelmente ficaria bravo, mas minha diferença de altura com a do líder era tão grande que sentar na cadeira me deixaria muito mais baixinho – Aqui – disse ele me entregando o copo.

Bebi a água de uma só vez e assim que terminei o líder guardou o copo na pia.

– Você vai dormir comigo? – perguntei com um sorriso maroto enquanto balançava as pernas no ar.

– Você está muito grandinho para ter medo de dormir sozinho – retrucou o mais velho sorrindo genuinamente.

– Omo! Deixe de ser cabeça-dura – resmunguei sendo o mais manhoso possível, fazendo o mais velho rir alto.

– Cabeça dura? Eu? – perguntou ele fingindo indignação, mas sem esconder o sorriso de sua face, sorriso esse que formava um par de belas covinhas em suas bochechas cheias - Venha, vamos dormir – disse ele fazendo sinal com a mão e apagou a luz da cozinha.

Saltei da bancada e corri para alcança-lo. Ainda conversamos por um tempo, mas só consegui dormir depois que apoiei metade do meu corpo no peitoral forte e quente do mais velho. Era tão bom estar com ele, eu me sentia tão seguro, e por mais que nossa relação nem sempre fosse pacifica, seria melhor voltar a morar com o líder.

P.O.V – Pedro off


P.O.V – Siwon on

– Vamos Pedro! – gritei para o menor que muito vagarosamente trazia uma mala do elevador.

Como uma grande e boa família, seguiríamos todos para a casa do líder. Eu, Heechul e Pedro em um carro e Leeteuk, KangIn e Kyuhyun em outro. É claro que eu e Heechul não ficaríamos por lá, passaríamos apenas o dia e depois seguiríamos para nossas casas, inclusive Kyuhyun se ele quisesse voltar, ainda mais considerando que na casa do líder havia apenas uma cama de casal e duas de solteiro, mas isso ficaria a critério do nerd.


***


– Estava começando a sentir falta dessa tranquilidade – disse o menor observando a vasta floresta que se erguia diante do sobrado mais velho. Embora eu preferisse a minha residência, sem dúvidas ele havia escolhido um bom lugar para morar.

– E vamos voltar aos treinos Pedro, você ficou muito tempo parado – disse rapidamente com um sorriso perverso a adornar meus lábios. Os métodos de treinamento do Leeteuk sempre eram os melhores.

– Mas primeiro vamos limpar a casa, trocar os lençóis, tirar o pó dos móveis, porque ela ficou muito tempo fechada – afirmou Heechul acabando com toda a diversão, em um momento como aquele, eu preferia vê-lo bem concentrado na cozinha.

– Omo! Nem foi tanto tempo assim – retrucou o líder, tentando evitar a arrumação, mas quando Heechul colocava algo na cabeça não tinha jeito.

Tivemos que varrer e passar pano pela casa toda, pelo menos com a ajuda de todos, em pouco tempo ela estava limpa. Pedro entregou um balde preto para Heechul, que guardava tudo na despensa, e correu para a sala onde eu estava. Cansado como o menor estava, apenas se espalhou ao meu lado no sofá e descansou a cabeça no estofado.

– Vamos treinar Pedro – chamou o líder parando sorridente ao lado do menor e lhe deu um leve chute no pé, mas Pedro estava tão cansado, que abriu apenas um dos olhos e observou ao líder sem fazer qualquer menção de se mover.

– Aish! Façam isso de tarde, deixe o meu menino descansar! – resmungou Heechul hyung sendo o último a deixar a cozinha, mas KangIn hyung que estava no outro sofá, tinha que ser perspicaz demais para ficar me silêncio.

– Seu menino? – perguntou o hyung bravo.

– Meu afilhado, meu menino, meu pupilo, o chamo da forma que eu achar melhor – retrucou Heechul dando de ombros.

– Omo! Pare com isso Cinderela! O Pedro não é uma posse sua para que você o chame de ‘meu’, e ele vai treinar sim, porque ele não é um garoto fraco como você que varre um quarto e fica morrendo de cansaço – disse o hyung se erguendo decidido do sofá.

– Nem você aguentaria treinar depois de limpar a casa Young-woon, e olha que você não fez nem metade do que o Donghae fez, então fica quietinho ai.

– Está me desafiando? – perguntou KangIn indignado.

– Não vale a pena desafiar alguém como você – retrucou Heechul com desprezo e arrogância.

– Vamos lá pra fora agora! – disse KangIn investindo contra Heechul hyung e o arrastou pelo pulso até o gramado na frente da casa do líder.

Kyuhyun foi o primeiro a correr atrás de ambos, enquanto Pedro parecia relutante, mas acabou vencendo a preguiça e correu para varanda. Sentei-me nos degraus para apreciar melhor aquela briga épica. Heechul protestava e resmungava enquanto era arrastado pelo KangIn, mas o segundo pouco se importava. Quando ele parou próximo as árvores, ele soltou ao pulso de Heechul e virou sério para encará-lo.

– Nunca mais me toque! – ordenou Heechul bufando. Seu cabelo estava desalinhado e ele parecia muito irritado.

– Está com medinho do KangIn aqui? – provocou o alcóolatra com um sorriso debochado.

– Eu vou te mostrar o medinho – retrucou o afeminado cerrando os dentes e punhos com força e golpeou o mais novo na face de forma tão forte, que ele apenas pendeu o rosto para o lado direito completamente atônito. Não fui o único ao perder o fôlego e nem mesmo Leeteuk que geralmente interrompia as brigas dos dois antes que elas se tornassem sérias demais, conseguiu fazer algo diante daquele saco.

– Você me bateu – disse KangIn horrorizado tocando suavemente a mandíbula – Agora você apanha – afirmou ele com ódio e direcionou a palma de sua mão direita para a barriga do mais velho. Seu movimento foi tão rápido que quando Heechul olhou para a camiseta ela estava em chamas.

O susto foi enorme, mas mantendo um grande autocontrole, Heechul apontou ambas as mãos para a sua camiseta rosa bebê e lançou jatos d’água o suficiente para apagar ao fogo, mas além de algumas manchas pretas, a sua camiseta havia ganhado um pequeno rasgo na altura do umbigo.

– A roupa não... – sussurou Leeteuk temeroso.

– É importada de Paris – afirmou Heechul grunhido de forma totalmente enraivecida e pulou em KangIn.

KangIn não aguentou o ataque do mais velho e caiu no gramado. Sem qualquer tipo de apoio, tudo o que Heechul fez foi cair por cima do mais novo. Até hoje não sei ao certo o que aconteceu ali, só sei os lábios de Heechul foram direto nos lábios KangIn hyung os pressionando por uma fração de segundos. Naquele instante até mesmo as árvores pararam para observar, tamanho era o silêncio que se instalou. Não havia nada além de caretas pasmadas, enquanto os mais velhos de mantinham imóveis e de olhos arregalados sem saber ao certo o que fazer. Heechul que estava por cima se levantou as pressas, enquanto tio KangIn se ergueu com ânsia e limpou os lábios com o dorso da mão.

– Seu hentai! – reclamou KangIn cuspindo e limpado os lábios freneticamente.

– A culpa é sua! – resmungou Heechul – Você vai me pagar por isso! – ameaçou ele fazendo um rápido movimento com o braço esquerdo, movimento esse que se bem eu o conhecia, transformaria seu braço em água.

Notando o movimento do mais velho, KangIn parou com sua encenação pronto para ativar o mesmo poder, só que no seu caso transformando seu braço em uma mistura de chamas com magma, mas antes que fizesse qualquer coisa, ele simplesmente paralisou observando assustado ao braço do mais velho.

– Seu braço...

Assim que os olhos do mais velho encontraram com seu braço, seu grito de pavor ecoou alto pela floresta. O braço de Heechul estava em chamas, mas não do modo como KangIn, no qual o seu braço era transformado em uma mistura de fogo e lava e sim com chamas dançando por seu braço o consumindo lentamente.

– Meu braço está pegando fogo! – gritou o mais velho horrorizado.

– Espera, eu vou absorver – disse KangIn tentando achar um bom ângulo, mas Heechul agitava ao braço desesperado. Enquanto isso da varanda, apenas assistíamos aquela cena completamente atônitos.

– Vem, vem, vem... – sussurrava KangIn fazendo movimentos com as mãos chamando ao fogo para si enquanto Heechul começava a chorar de desespero, mas vendo tamanha rebeldia do fogo que continuava a dançar pela pele do mais velho, ele se irritou – Então apague! – esbravejou ele fazendo sinal para o fogo ir para longe, mas ao invés disso, dois jatos d’água escaparam de suas mãos apagando ao fogo do modo mais sutil.

Os olhos de Heechul fixaram no braço encharcado pela água e se arregalaram. Eu, Leeteuk, Kyuhyun e Pedro que finalmente chegávamos ao local da briga, observamos ao braço do Heechul preocupados, mas nossa surpresa não podia ser maior.

– Desde quando o hyung-nim se regenera como eu? – perguntou o Pedro confuso analisando ao braço do Heechul que não possuía uma marquinha sequer.

– Não acho que seja regeneração... – respondeu o líder passando os olhos cuidadosamente pela face dos presentes.