– Você me paga – ameaçou um dos Heechuls se erguendo primeiro, mas como minha expressão e de tio KangIn não mudaram em nada, ele franziu o cenho confuso – O que foi? Nunca me viu antes? - ainda pasmado, tio KangIn pousou a mão esquerda no peito e apontou discretamente para o lado, sem tirar os olhos da face do mais velho. Franzindo o cenho mais ainda, se é que era possível, Heechul seguiu o indicador do alcoólatra - Que bruxaria é essa? - berrou ele quando viu seu sósia coçar aos cabelos e olhar para os lados desorientado.

– Você não pretende me atacar, não é mesmo? - perguntou tio KangIn engolindo em seco, agora eu entendia o porque de seu desespero, ele estava com medo de levar uma surra coletiva e se um Heechul eu não tinha coragem de enfrentar, imaginem um monte de Heechuls?

O mais velho sorriu com escárnio.

– Bem que poderia.

– Não, nem pense nisso! Cópias são difíceis de controlar, ainda mais três de uma vez. Elas costumam ser muito bobas, comece com uma apenas, depois você aumenta a quantidade e... - notando um sorriso maléfico crescer na face do mais velho, tio KangIn subitamente ele se calou – Espera! Eu aceito o acordo, não vou mais usar seus poderes e você não usa os meus, beleza?

– Agora está com medinho? - perguntou hyung-nim repleto de desdém, e o pior era que tio KangIn estando com as mãos erguidas em forma de rendimento, não tinha como negar o medo.

Houve uma troca intensa de olhares, e não sei o que aconteceria se eu não tivesse caído no chão. Não que fora intencional, longe disso, eu estava curioso para saber se hyung-nim conseguiria controlar seus sósias, porém em meio aquele silêncio escutei um zumbido tão alto dentro da minha cabeça, que minhas pernas bambearam e eu caí. Tio KangIn que estava mais próximo, foi o primeiro a vir ao meu encontro perguntando se eu estava bem e Heechul apareceu longo depois com expressão preocupada. Com a ajuda dos dois, me ergui do gramado e segui para o sobrado, mas minha cabeça doía com tanta intensidade, que me contentei em ficar no sofá.

– Vou procurar um remédio para dor de cabeça – avisou Heechul e correu para cozinha, enquanto tio KangIn me ajudava a me deitar em uma posição confortável.

Minhas mãos pressionavam minhas têmporas com força, a dor era insuportável, era como se milhares de agulhas fossem cravadas nas minhas têmporas de dentro para fora, me deixando totalmente impotente. Meus dentes cerraram para evitar que eu gritasse, mas os grunhidos e gemidos escapavam descontrolados pela minha garganta.

– Tome Donghae – disse Heechul me entregando dois comprimidos brancos e um copo com água.

Tio KangIn imediatamente me ajudou a erguer minha cabeça, para que eu não me afogasse com a água, e hyung-nim pediu que eu abrisse a boca. Senti o remédio rasgar minha garganta, o ar se perdeu por uma fração de segundos e quando a água deslizou garganta abaixo, senti o mundo balançar e meu corpo amolecer. Sendo efeito do remédio ou não, acabei inconsciente.


***


– Eu deixo vocês com o Pedro por algumas horas e quando volto ele está desacordado! Como isso é possível? – escutei o líder brigar irritado com os outros mais velhos.

– E que culpa nós temos? - escutei a voz pacífica de Heechul se defender-se.

– Você fique quieto, ninguém pediu sua opinião – e novamente Heechul falava, mas com tom imperativo, nada mais confuso para alguém que está acabando de acordar – E que culpa nós temos? Ele caiu sozinho, não tivemos nada a ver com seu desmaio e muito menos com sua dor de cabeça – retrucou o hyung-nim que pela voz idêntica ao primeiro, não havia como saber se era ou não o original, mas aquilo só deixava algo em evidência, ainda havia quatro Heechuls desfilando pela casa, ou pelo menos dois.

– Eu vou encher a cara, me avisem quando algo de importante acontecer – escutei a voz entediada de tio KangIn dizer, enquanto gradativamente tornava-se mais baixa, como se ele caminhasse para longe de mim, provavelmente para a cozinha.

Neste momento abri os olhos e os pisquei diversas vezes tentando acostumá-los a luz artificial. Ainda escutei Heechul resmungar algo ao tio KangIn, dizendo que ele não devia beber em uma situação com aquela, com o maknae desacordado, mas ele não parecia se importar.

– Pedro! - escutei o líder dizer surpreso, juntamente com o som de suas passadas – Você está bem? - perguntou o mais velho sentando na beirada do sofá e tocou suavemente meu rosto com expressão preocupada. Balancei a cabeça positivamente ao perceber que minha cabeça não doía mais, apenas me sentia cansado, sonolento, mas a dor havia passado – Sente-se – pediu o líder me puxando delicadamente pelas mãos – Eu vou buscar um copo d'água para você – ele avisou e se ergueu apressado.

– Quem é você? - escutei uma voz ao meu lado, muito conhecida perguntar. Heechul hyung em encarava com expressão curiosa.

– Eles são tão bestas quanto uma porta – disse o provavelmente Heechul verdadeiro revirando os olhos – Mas o que importa é que você acordou – completou ele sorrindo e voltou a atenção para sua sósia – Venha pra cá – ordenou ele.

A cópia muito obediente, ainda me observou por longos segundos, mas acabou se erguendo e caminhou para o mais velho. Hyung-nim entortou os lábios quando este parou defronte com ele e fechou os olhos enquanto levava as mãos às têmporas. Respirando com muita calma, ele começou uma suave massagem no local, sendo acompanhado de uma misteriosa fumaça clara que começou a emanar de seu corpo. O sósia ainda olhou para os lados confuso, mas então um flash o absorveu para dentro do mais velho.

– Aqui está a água - ofereceu o líder sentado no sofá aos meus pés.

Eu nem havia notado sua presença, tamanha era a minha curiosidade em relação aquele poder. A duplicação parecia incrível, assim como os outros poderes de tio KangIn. Ele sem dúvidas era um sortudo. Ainda perdido em meus pensamentos, peguei o copo e tomei um gole pequeno enquanto voltava meus olhos para o líder que agora prestava atenção no noticiário, ou pelo menos fingia muito bem.

Aish! Como posso trabalhar deixando o Heechul e o KangIn com o Pedro? Cedo ou tarde os dois vão matar ao maknae, tenho que pensar em outra coisa, mas... - dizia o líder sem mover um músculo sequer, quando seus olhos pousaram em minha face – Você está bem Pedro? Parece pálido – disse ele finalmente movimentando seus lábios bem desenhados.

Engoli em seco.

Por favor… – escutei a voz de tio KangIn, fazendo meus olhos pousarem em sua face preocupada. Na mão direita estava uma garrafa transparente de vodka e ele estava espalhado no sofá menor - Faça o que fizer, mas não desmaie novamente, quero ter um teto para morar – implorou ele sem mover os lábios.

Engoli em seco novamente, arregalando aos olhos.

– Pedro? - chamou o líder – Como você se sente? - perguntou ele com seus olhos críticos analisando minha face e completou mais uma vez sem o movimento dos lábios - Por favor, pare de me preocupar garoto e responda-me de uma vez.

– Eu estou ficando louco – falei entrando em desespero.

Sério que só descobriu agora?– perguntou o único hyung-nim que havia sobrado, mas quando pousei meus olhos em sua face, ainda no meio de sua pergunta retórica, ele apenas revirava os olhos entediado.

– Fiquem longe de mim! - esbravejei apavorado e saltei por cima do sofá com a ajuda da telecinese.

Sem dar tempo para que qualquer um dos mais velhos dissesse algo, corri para as escadas. Primeiramente pensei em correr para o meu quarto, mas lembrei-me que Heechul estava o ocupando, então pensei em correr para o quarto do líder, mas rapidamente essa ideia foi descartada. Eu precisava de um lugar onde eu pudesse ficar sozinho... Banheiro, pensei completando as escadas, mas balançando a cabeça negativamente, adentrei ao meu quarto. Não que aquele fosse o melhor lugar, porque primeiro não havia chave na porta e segundo Heechul hyung não me deixaria ficar ali por muito tempo, mas meu objetivo estava em seguir para outro lugar. Aproveitando que a janela estava aberta, saltei por ela e sentei com as costas escoradas na parede que ficava entre a janela de tio KangIn e a minha própria. Temendo cair ou voltar a ouvir vozes do além, abracei minhas pernas e solucei.

Não demorou para que eu ouvisse a voz do líder chamando meu nome, mas eu queria manter distância de tudo aquilo, então simplesmente fiquei em absoluto silêncio. A luz do meu quarto se acendeu, mas pular pela janela não devia ter passado pela cabeça líder, ainda mais depois do meu acidente naquele mesmo local, pois rapidamente a luz foi apagada e depois foi a vez dele me procurar no quarto de tio KangIn. Depois de me procurar por um longo tempo, achei que ele desistiria, mas eu estava redondamente enganado.

– O que está fazendo ai? - perguntou o líder colocando praticamente todo o seu tórax para fora da janela.

Levei um susto quando o vi ali, ainda mais porque ele iniciou sua pergunta, antes mesmo de me ver encolhido naquele teto, era como se ele tivesse adivinhado que eu estava ali, ou talvez tivesse apenas usado seu sexto sentido, de qualquer forma meu esconderijo havia sido descoberto, eu não podia ficar ignorando ao mundo depois daquilo.

– Eu estou ficando louco – choraminguei, fazendo um sorriso divertido crescer na face do mais velho.

– Claro que não Pedro – disse ele passando cuidadosamente pela estreita janela e sentou ao meu lado com as pernas também flexionadas e os antebraços apoiados nos joelhos – Por que acha que está enlouquecendo?

– Eu estou ouvindo vozes.

– Ouvindo vozes? - perguntou ele franzindo o cenho com um sorriso torto em seus lábios. Assenti com a cabeça – Você anda vendo muita televisão e essas dores de cabeça... Os dongsaengs estão te estressando não é mesmo? Pois então, amanhã você vai comigo para o hospital.

– E quem cuidará do Heechul hyung e do tio KangIn? - perguntei inocentemente em meio a um beicinho choroso, eu temia que aqueles dois se matassem se ficassem sozinhos.

– Eles vão se virar bem sozinhos, agora vamos descer deste telhado? Porque se bem me lembro, você já teve um acidente feio com ele – disse o líder fazendo-me lembrar do meu primeiro dia ali, no qual eu havia fechado a porta em sua face e pulado da janela.

O líder havia sofrido bastante comigo, não tanto quanto eu, que tive meus olhos queimados pelo Kyuhyun, mas havíamos sofrido bastante antes de chegar a este estado de paz. Seguindo as instruções do mais velho, voltei a casa pela janela de Heechul e em seguida ele deixou o telhado. Ele me orientou a tomar um banho morno para relaxar e foi exatamente isso que eu fiz.

Assim que conclui meu banho e me vesti com roupas leves, desci para a cozinha e comi a macarronada que Heechul havia feito enquanto eu estava desacordado. Como sempre a comida estava divina, o que não fazia sentido, já que Heechul era o mais rico dos quatro, tendo assim muitos empregados para lhe fazer comida. Um dia eu ainda lhe perguntaria o porquê de tão bons dotes culinários, mas naquele momento eu queria apenas me deitar um pouco e esquecer aquela dor terrível que eu havia sentido no período da tarde.

Assim que entrei no quarto, o líder deixava ao banheiro usando apenas uma toalha branca enrolada na cintura. Senti de imediato um frio na barriga, acompanhado de falta de ar. Seus cabelos não estavam úmidos como da outra vez, mas seu abdômen definido sim e por mais que eu evitasse, era impossível não olhar para aquela região que ia sendo explorada por gotas sortudas de água.

– Pedro! - disse ele em meio a um sorriso, enquanto caminhava na direção do guarda-roupa, que ficava ao lado da porta – Vá escovar... - ele movimentava os lábios tentando forma uma frase, ou seja lá o que fosse, eu estava completamente perdido, não sabia o que pensar, tremia involuntariamente e nem estava o escutando mais, quando ele gritou encolhendo em volta da barriga.

– Lee-Leeteuk, você está bem? – perguntei com dificuldade sem saber se tocava suas costas descobertas ou se simplesmente corria para pedir ajuda aos outros hyungs.

– Por que me congelou? - esbravejou ele voltando a postura normal, deixando a mostra seu abdômen definido. Me segurei para não rir quando vi todas aquelas gotinhas de água congeladas em seu corpo, eu havia feito mesmo aquilo? - Pode descongelar - retrucou o mais velho visivelmente irritado.

– E-e-eu não seeeei como fiz isso - disse novamente com dificuldade perdendo ao fôlego.

– Pedro! - resmungou o mais velho e voltou bufando para o banheiro.

Rapidamente me deitei na cama e embrulhei até a cabeça. Eu que não estaria acordado quando o líder saísse do banheiro, mas por mais que eu apertasse os olhos e contasse carneirinhos, o sono não vinha. Quando o líder deixou o banheiro, paralisei de tal modo, que deixei de respirar, mas isso não demorou mais que alguns segundos. Eu podia escutar os seus passos ecoarem pelo quarto, o barulho do guarda-roupa e por fim o barulho do interruptor sendo seguido pela escuridão. "Estou salvo", pensei otimista, mas assim que o colchão afundou do seu lado da cama, ele me descobriu.

– Por que está encolhido ai? - perguntou ele me encarando de cima com uma expressão que pela penumbra, não tinha como ter certeza, mas ele parecia calmo e estava mais alto porque estava apoiado nos joelhos e nas mãos.

– Me desculpe líder, eu não tinha intenção de congelá-lo - foi tudo o que disse pensando que o motivo dele ter falado comigo, era esperando um pedido de desculpas, mas sua primeira reação foi rir baixo.

– Esqueça isso Pedro, acidentes acontecem, ainda mais com poderes novos, agora venha, deita-se comigo, não estou bravo com você, se é isso o que pensa - disse ele deitando-se ao meu lado, e ergueu um pouco o lençol para que eu me acomoda-se junto a ele.

Soltei um suspiro aliviado, agora sim eu podia dizer que estava 'salvo', mas sem querer deixar o líder esperando, me deitei de bruços em parte de seu peitoral forte e quente, que estava coberto por uma camiseta totalmente branca, e toquei suavemente seu tórax.

– Durma Pedro e tenha bons sonhos – desejou o líder acariciando meus cabelos bagunçados.

– Boa noite líder – respondi passando a mão suavemente por uma pequena extensão do seu tórax e o abracei fortemente, enquanto escutava as batidas fortes e uniformes de seu coração.

P.O.V – Pedro off


P.O.V - Kyuhyun on

Um novo dia se iniciava, um dia no qual eu ainda estava com medo de voltar para casa e ainda queria manter distância de Sungmin. O melhor de tudo seria não pensar no hyung, mas isso era pedir demais. Contentando-me em apenas não citar seu nome, abri os olhos e encarei o forro branco. As paredes do quarto no qual eu havia me instalado eram todas na cor azul turquesa, havia uma cama de solteiro na parede da esquerda e uma pequena varanda na parede defronte com a porta. O piso era branco e ao lado esquerdo da cama havia um pequeno e marrom criado-mudo.

Em cima do criado-mudo havia um relógio de mesa prateado, onde calmamente conferi as horas. Não passava das oito da manhã, mas mesmo assim eu estranhava o silêncio daquela casa, não era possível que tio Siwon havia me deixado dormindo, era? Pensei confuso e me ergui do macio colchão de lençóis branco com estampas abstratas na cor azul marinho. Passei primeiro no banheiro para fazer minha higiene matinal e só então desci para a cozinha.

A cozinha de tio Siwon não era tão grande, mas como na cozinha de tio Jung-su, havia uma bancada de granito bem no meio dela. Ela não parecia ser usada com frequência, tio Siwon não era do tipo que cozinhava, preferia comida congelada ao pedir ajuda ao tio Heechul, mas se eu fosse ele, creio que faria a mesma coisa. Ainda sob os braços do silêncio, peguei cereal no armário e depois o leite na geladeira. Minha cara de sono devia ser terrível, mas eu estava com fome, isso era o mais importante. Quando dei minha primeira colherada, escutei o som da campainha.

– Omo! Quem é a essa hora? - perguntei mastigando ao cereal e muito contra vontade me levantei. O chão estava o frio, o que me fazia caminhar aos pequenos saltos, mas quando parei na porta, arrumei a postura para parecer um pouco normal e a abri.

– Kyuhyun... ?

– O que você quer? – perguntei encarando ao Sungmin sério.

– Você está morando com o Choi Siwon? – perguntou ele arregalando os olhos.

– Sim, algum problema? - questionei cruzando os braços sobre o tórax.

– Oh! Não, apenas não esperava... – os olhos do mais velho buscaram instintivamente pelo chão, como se temesse que eu descobrisse a mentira em seus olhos, mas ele havia demorado demais.

– E por que está aqui? – perguntei seco.

– Eu perguntaria ao Choi Siwon onde você mora...

– Qual parte de 'fique longe de mim' você não entendeu? Eu não quero mais ficar perto de você, eu não estava mentindo quando lhe disse que havia conseguido o que queria. Você não passou de uma distração para o jantar beneficente, um menininho rico para me dar abrigo, mas agora como pode ver estou bem melhor, não preciso de você. Por que insiste em me procurar? – perguntei fazendo a cabeça do mais velho pesar.

– Desculpe-me Kyuhyun, se não passei de uma distração para você, eu irei embora e nunca mais lhe procurarei, mas saiba que mesmo tendo nos visto tão pouco, eu considero você como um verdadeiro amigo, ou melhor, meu único amigo – disse ele em um fio de voz e lentamente deu as costas. Minha garganta secou, meus lábios tremularam confusos tentando dizer palavras que de modo algum eu queria que viesse a tona, mas antes que o hyung deixasse à calçada, o telefone tocou.

– Espere – grunhi com muito contragosto e corri para atender ao telefone que ficava na sala - Alô.

– Siwon? – reconheci de imediato à voz do líder.

– Ele saiu e não sei quando volta, é algo importante tio Jungsu? - perguntei calmamente passando os olhos pela porta, pelas quais Sungmin acabava de passar. Franzi o cenho indignado, quem havia o convidado para entrar?

– Na verdade eu queria falar com você mesmo... – retrucou o mais velho com a voz baixa e serena, talvez não quisesse falar comigo, não tinha como ter certeza de nada apenas pelo seu tom de voz, então simplesmente me aquietei e esperei que ele concluísse - O Pedro está indo comigo para o hospital, mas não quero deixa-lo sozinho, então venha fazê-lo companhia ou deixe que eu o leve até você.

– Ahn... Tudo bem tio Jungsu, pode trazê-lo, podemos jogar videogame, passear na praça, assistir programas de culinária... Cuidarei bem dele, não se preocupe, mas o que aconteceu com tio KangIn e tio Heechul? – sorrateiramente Sungmin passeava pela casa analisando a decoração.

– Estão dando dor de cabeça no Pedro. Daqui a pouco chegamos, tchau.

– Tchau tio Jung-su – foi tudo o que respondi antes da ligação cessar.

– Esperava mais da casa do tão famoso Choi Siwon – comentou Sungmin com arrogância, assim que guardei o fone no gancho - E a propósito, é muito mal-educado não convidar uma visita para entrar – ele retrucou me encarando com um torto e leve sorriso em seus lábios róseos.

– Você não é uma visita.

– E por que pediu que eu esperasse? – questionou ele movendo-se lentamente em minha direção, enquanto seus dedos tocavam superficialmente o sofá.

– Porque o telefone tocou e imaginei que ainda teríamos algum assunto a tratar, mas vejo que está tudo acabado, então vá embora de uma vez antes que o Pedro chegue.

– O pequeno Pedro? – perguntou o mais velho abrindo um encantador sorriso, que em nada alterou minha expressão séria – Como ele está? Cresceu alguns centímetros? Ganhou peso? Ele é muito magrinho, se continuar com aquele peso não crescerá muito... Mas e a câmera? Ele está sabendo usá-la? Não precisa responder, eu mesmo o esperarei – disse o mais velho sentando-se no sofá com um enorme sorriso, sem tirar em momento algum seus olhos de minha face.

– Omo! Não seja impertinente! – resmunguei voltando a cruzar os braços, mas tudo que Sungmin hyung fez, foi abrir um sorriso e se acomodar melhor no sofá.

Foram longos minutos de silêncio até que tio Jung-su estacionasse na frente do sobrado. Como a rua era pouco movimentada, o mais velho não se importou em desligar o carro e acompanhar o maknae até a porta. Comemorei quando a campainha tocou e corri para abrir a porta.

– Oi Kyu – disse o menor com um sorriso.

– Bom dia Kyuhyun dongsaeng – disse o líder com um sorriso animador – Cuide bem do Pedro, tudo bem? Qualquer problema é só me ligar. Tentarei almoçar com vocês, mas vai depender do movimento no hospital, então lá pelas seis sem falta eu volto para buscá-lo. E você se comporte – disse ele afagando aos cabelos do mais novo e acenou.

– Tchau tio Jung-su – disse em meio a um aceno e dei passagem para o maknae que carregava uma mochila preta nas costas e estava trajando uma calça jeans azul escura, uma camiseta de mangas longas também azul e um all star vermelho.

– Pedro – disse o hyung abraçando ao pequeno que embora confuso, abraçou ao moreno – Como você está? Usando muito a câmera?

– Na verdade não, não tenho tido coisas interessantes para fotografar, mas o que está fazendo aqui? Veio me levar para algum lugar bonito? Eu trouxe a sua câmera comigo – retrucou o mais novo tirando a mochila das costas com seus olhinhos brilhando.

– Minha não, a câmera é sua, e não deixa de ser uma boa ideia. Podemos passear na praça onde o riacho Cheonggyecheon começa e depois ir a algum daqueles mirantes, se bem que eles são mais bonitos no entardecer, mas podemos visitar o centro, subir em arranha-céus, onde tiver uma paisagem bonita nós estaremos – disse hyung piscando para o mais novo.

Por que ele não era gentil daquela forma comigo? Com certeza não teríamos brigado se ele fosse mais simpático e menos ingênuo.

– Vocês dois brigaram Kyu? - perguntou Pedro imediatamente virando-se para mim. Arregalei os olhos, que raios de pergunta era aquela? Ele por acaso lia mentes?

– N-n-nós? - perguntei suando frio.

O mais novo franziu o cenho e olhou para o chão. Imediatamente espreitei os olhos para Sungmin, ele devia ter dito algo para o menor, Pedro não adivinharia que estávamos brigados, não depois de encontrar somente nós dois no sobrado.

– Deixa pra lá, devo estar imaginando coisas – retrucou o mais novo entortando os lábios em meio um bico mimoso. Seus olhos espertos vasculharam a sala – O que faremos agora? Já tomaram café da manhã? Porque pensei que... - ele relutou por ligeiros segundos – O que acham de começarmos nosso passeio agora? – perguntou o menor com um torto sorriso voltando-se apenas para Sungmin.

– Ótima ideia – respondeu Sungmin entusiasmado – Você vem conosco Kyuhyun? - perguntou ele seguindo para a porta, com Pedro o acompanhando.

– Eu tenho escolha?

– Nenhuma – retrucou o mais velho sorrindo e fez sinal para que nós o seguíssemos.

O carro de Sungmin estava estacionado do outro lado da rua, enfrente a um sobrado verde musgo e embaixo de uma árvore alta que não dava frutos. Sentei na frente junto com o mais velho, enquanto Pedro estava sorridente no banco detrás. O carro de Sungmin era grande, um Rexton prata talvez, meu pai não era o tipo de pessoa que trocava de carro com frequência para eu reconhecê-los com facilidade. Sem delongas chegamos à praça.

Durante o percurso aqueles dois já haviam me esquecido, então fiquei apenas os observando de longe. Vivendo com tantos adultos, não era fácil ver Pedro se divertindo daquela forma, ele sorria como uma criança que descobre um mundo novo, enquanto fotografava ao lado Sungmin.

P.O.V - KyuHyun off

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